Qual é a nossa guerra?

Qual é nossa guerra  •  Sermon  •  Submitted
0 ratings
· 4 views
Notes
Transcript

Introdução

Este ano é um ano muito importante para nós, estamos às vésperas desse evento tão aguardado que acaba dividindo muita gente. É um ano que dependendo do resultado que tivermos no evento que se aproxima, vai fazer com que muita gente repense o orgulho de ser brasileiro. Não tem quase ninguém indiferente ao que se aproxima: Muita gente criticando, discordando, outros concordando e defendendo o homem que ocupa o cargo mais importante da nação que é o Tite. Obviamente esse evento é a copa do mundo. Não sei se pensaram em outra coisa.
Brincadeiras à parte, de fato estamos há uma semana de um evento importante, necessário, e como cidadãos, cristãos que somos, não podemos ser indiferentes as questões importantes desse mundo. Mas a grande questão é: Qual o lugar que a política deve ocupar no nosso coração?
No livro por que se enfurecem às nações, o pastor batista norte americano Jonathan Leeman classifica três posturas possíveis:
Desinteresse: Quando um cristão adota essa postura, ele se isola da vida civil e se dedica apenas a sua vida pessoal. Quem adota essa postura, as vezes o faz imaginando ser a postura "mais espiritual". Mas não devemos nos afastar do debate público, uma vez que Deus mada que busquemos amor e justiça para nós e para o próximo.
Sujeição absoluta: Governo nenhum, ideologia nenhuma contempla em sua totalidade os valores do Reino de Deus, logo o apoio acritico a qualquer governo é impossível para um cristão, sem que ele peque.
Engajamento mundano: Essa terceira postura, talvez seja a mais perigosa, que é quando cristãos acreditam e agem como se a eleição fosse a coisa mais importante do mundo. Onde frases de efeitos são ditas que dão a impressão que a nossa agenda política é mais importante que o evangelho, ou como se o evangelho dependesse da nossa agenda política. É como se a gente admitisse que cremos em um Deus que não é tão poderoso assim, e por isso precisamos militar por um governo humano para que Ele prevaleça.
1Pedro 2.9–17 NAA
9 Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamar as virtudes daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. 10 Antes, vocês nem eram povo, mas agora são povo de Deus; antes, não tinham alcançado misericórdia, mas agora alcançaram misericórdia. 11 Amados, peço a vocês, como peregrinos e forasteiros que são, que se abstenham das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma, 12 tendo conduta exemplar no meio dos gentios, para que, quando eles os acusarem de malfeitores, observando as boas obras que vocês praticam, glorifiquem a Deus no dia da visitação. 13 Por causa do Senhor, estejam sujeitos a toda instituição humana, quer seja ao rei, como soberano, 14 quer seja às autoridades, como enviadas por ele, tanto para castigo dos malfeitores como para louvor dos que praticam o bem. 15 Porque assim é a vontade de Deus, que, pela prática do bem, vocês silenciem a ignorância dos insensatos. 16 Como pessoas livres que são, não usem a liberdade como desculpa para fazer o mal; pelo contrário, vivam como servos de Deus. 17 Tratem todos com honra, amem os irmãos na fé, temam a Deus e honrem o rei.
Não só o Brasil, mas o mundo está em guerra, e as discórdias e conflitos do atual momento cultural são apenas mais um exemplo da fúria das nações contra o Senhor. As divergências políticas dentro inclusive da igreja tem origem nessa fúria, ao mesmo tempo que os sites de notícia e as grandes plataformas de mídias sociais se alegram porque essa agressividade gera mais cliques que se traduzem em lucro. Fúria significa milhões de reais para algumas pessoas. A fúria das nações contra o Senhor não se dá a partir de um lado bom ou outro ruim, mas pela cegueira que o homem sem Deus caminha, depositando em governos mundanos uma expectativas de confiança, desejo e obediência. Quando existe esse tripé, nós estamos caminhando para a idolatria. Sim, um ídolo é tudo que eu deposito no lugar de Deus a minha fonte principal de confiança, desejo e obediência. A idolatria tem uma origem, o eu. Sim, a idolatria começa a partir de nós mesmos, de alguma carência individual, que pode até ser legítima, então eu deposito confiança, desejo e obediência absoluta para suprir essa carência. A partir desse pensamento, eu gostaria te dizer que o ateísmo, de forma absoluta não existe, todo mundo presta culto. Como disse David Foster Wallace "Nas trincheiras cotidianas da vida adulta, o ateísmo na verdade não existe. Nem há esfera da vida desprovida de algum tipo de adoração. Todo mundo presta culto. A única coisa que podemos escolher é o que adorar".
Os nossos ídolos motivam todas as nossas decisões, das menores até as maiores. Todo sistema político, ideologias e autoridades tem esse poder, isso não quer dizer que não são necessários, mas nosso coração tem a capacidade de transformar coisas boas e necessárias em ídolos. Como o salmista diz no Salmo 2 por exemplo, os reis da terra se levantam contra o Senhor, essa afirmação diz respeito ao campo de batalha de deuses da esfera pública , e nós cristãos sempre receberemos oposição quando nos opusermos a qualquer um dos deuses desse mundo e suas versões de justiça. Mas quando olhamos para esse texto de 1Pedro vemos a pespectiva cristã sobre os reinos desse mundo:

Menos brasileiro, e mais patriota

Mas como assim, isso é possível? Sim, como lemos nós somos peregrinos, nossa pátria verdadeira não é essa, estamos de passagem e nossa verdadeira identidade não está na nossa nacionalidade terrena. No Salmo 2.1, por exemplo encontramos a seguinte afirmação:
Salmo 2.1–4 NAA
1 Por que se enfurecem as nações e os povos imaginam coisas vãs? 2 Os reis da terra se levantam, e as autoridades conspiram contra o Senhor e contra o seu Ungido, dizendo: 3 “Vamos romper os seus laços e sacudir de nós as suas algemas.” 4 Aquele que habita nos céus dá risada; o Senhor zomba deles.
Logo, como filhos de Deus entendemos que toda a fúria das nações são vista do alto desta maneira. Deus ri e zomba e considera vã todos os governos deste mundo. Talvez você tenha a tendência a olhar para esse salmo e limitar a sua mensagem ao reinado de Davi, mas o que não podemos esquecer que o reinado de Davi é uma tipologia do reinado de Cristo. Não estamos mais a espera de um rei neste mundo, nosso rei já veio e não somos mais cidadãos dessa terra, mas cidadãos de outro reino vivendo aqui como peregrinos. Uma vez que compreendermos a nossa verdadeiramente a nossa identidade, nos tornamos menos brasileiros e mais patriotas. Mas como assim, eu não sou um brasileiro cristão, mas um cristão brasileiro. A minha pátria verdadeira não é essa, isso não anula o nosso amor e cuidado com a nossa pátria terrena, mas sob a pespectiva do Reino de Deus, toda patria terrena é transitória. Assim como no contexto de Davi, Deus olha para as nações em furia e ri. Um riso de desdém, diante da pequenez dessas guerras. É dessa forma que Deus olha as nações em fúria, rindo porque sabe o quão pequeno são os governos deste mundo. Precisamos nos identificar mais com Cristo, para cada vez mais amarmos nossos concidadãos, independente do nome da nossa nação. Quando você se torna cristão, sua identidade muda drasticamanete e você recebe uma nova cidadania. De uma hora para outra, suas caracteristicas mais relevantes mudam, deixa de ser seu sexo, quem são seus pais, sua origem, quanto de dinheiro que você possui, a cor da sua pele, sua nacionalidade, sua inteligência ou beleza, se você é casado ou casada, onde seus filhos estudam, em quem você vota ou qualquer outra coisa que as pessoas geralmente usam para identificaruns ao outros. A coisa mais importante é se você está unido a Cristo em uma nova aliança e passou a ser cidadão dos céus.
Quando amamos primeiramente a Cristo, consequentemente nos tornamos os melhores amigos do nosso país, pois não ficamos cegos diante das falhas dos governos deste mundo. Amamos a justiça e somos livres.
Ser mais patriota do que brasileiro não significa que devamos encarar a política desse mundo com desinteresse, de fato essa é uma postura pecaminosa e irresponsável por aqueles que como filhos de Deus amam a justiça. Como podemos observar nesse salmo a oposição ao reinado de Davi é uma tipologia do reinado de Cristo, e assim como houve oposição naquela época continuou existindo ao longo da história e continua existindo. Se o desinteresse fosse uma postura aceitável para um cristãos, momentos históricos da humanidade protagonizada por cristãos não existiriam como: Abolição da escravatura, estado laico (separação entre igreja e estado), a luta contra o aborto, a saúde pública, escolas públicas, garantia dos Direitos Humanos… todas essas conquistas entre outras surgiram após a Reforma.
Por isso avançando no texto de 1 Pedro, aprendemos que além de peregrinos temos um dever cívico com a nossa pátria terrena, embora ela não represente a nossa verdadeira nacionalidade. Pedro fala que devemos nos sujeitar a toda autoridade humana. Em Romanos 13, o apóstolo Paulo fala a mesma coisa. Jesus conversando com seus discípulos e sendo indagado ao respeito dos impostos o que Ele diz: "Dai a Cézar o que é de Cézar e dai a Deus o que é de Deus". Seria essa sujeição absoluta? De forma nenhuma, foi Deus que instituiu o princípio daa autoriadade, não só gevernamental, mas familiar e também na igreja. Por isso Deus estabelece qualificações para a liderança eclesiástica, especialmente nas cartas a Timóteo e Tito. Por isso Deus estabelece padrões para a liderança familiar em toda a bíblia, assim como em textos como o de Romanos 13 Deus estabelece padrão para a autoidade governamental. Em Cristo, na sua morte todas os governos deste mundo deixaram de ser absoluta, e toda autoridade pode ser questionada quando se desvia do propósito estabelecido por Deus. Então como deve ser a nossa postura especificamente em relação as autoridades governamentais?

Não somos guerreiros, mas embaixadores

Nenhum reino deste mundo contempla e nunca vai representar em sua totalidade os valores do Reino de Deus, por isso somos chamados além de peregrinos, de embaixadores.
2Coríntios 5.14–20 NAA
14 Pois o amor de Cristo nos domina, porque reconhecemos isto: um morreu por todos; logo, todos morreram. 15 E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou. 16 Assim que, nós, daqui por diante, a ninguém conhecemos segundo a carne; e, se antes conhecemos Cristo segundo a carne, já agora não o conhecemos deste modo. 17 E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. 18 Ora, tudo isso provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, 19 a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não levando em conta os pecados dos seres humanos e nos confiando a palavra da reconciliação. 20 Portanto, somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por meio de nós. Em nome de Cristo, pois, pedimos que vocês se reconciliem com Deus.
Somos embaixadores, povo da reconciliação da humanidade perdida com Deus, esse é o nosso papel. Existe uma guerra cultural? Sim. Mas não podemos nos encantar em um engajamento desesperado para vencer a guerra cultural ao invés de com ternura e coragem promover o bem ao próximo.
Se Cristo afirma que devemos sujeição, mesmo que não seja absoluta a governo nenhum desse mundo, o que isso significa? Que não somos revolucionários nem mesmo insurgentes, se até mesmo o governo de Cezar que era injusto e tirano Cristo não convocou uma revolução, por que nós teríamos que agir diferente? E isso não tem nada a ver com omissão, mas sim entender qual é a verdadeira revolução. Agirmos como emabaixadores proclamando a mensagem que diz o seguinte: Governo nenhum, reinado nenhum é capaz de promover justiça plena, segurança e prosperidade absoluta, porque tudo isso um dia vai acabar, mas existe um reino eterno, que é maior que tudo, um reino que jamais terá fim. Somente esse reino eterno pode suprir todas essas expectativas, e como cidadãos desse reino vivemos aqui como embaixadores e proclamamos e demonstramos esse reino ao mundo. O nosso modo de viver deve ser um testemunho visível desse mundo vindouro para queles que não crêem.
Por isso, gostaria de caminhar para a conclusão dizendo o seguinte, o engajamento mundano em uma guerra que almeja os reinos desse mundo como aquele que vai promover um desejo principal, obediência irrestrita e confiança total é pecaminoso. Sobretudo que em nome desse desejo eu inclusive sacrifique a minha identificação e comunhão com os meus verdadeiros concidadãos. O texto de coríntios que fala do nosso papel como embaixadores diz também sobre a reconciliação.
Observe, somos embaixadores e essa nossa identidade está atrelada diretamente ao fato que fomos reconciliados em Cristo. Logo tudo que é provisório/mundano e promove a falta de união do povo de Deus coopera contra o evangelho, mesmo que eventualmente alguns de nossos irmãos estejam equivocados em seus pensamentos a cerca de algum tema.

Conclusão

Baseado em um texto do Pr Mark Dever, gostaria de brevemente destacar três pontos a partir desse texto bíblico:
1 - Cristãos são bons cidadãos - Como tais, devem pagar impostos, se sujeitarem a autoridades e exercerem seus direitos e deveres. Assim, no que tange à questão das eleições, exerçam o direito da cidadania e votem.
2 - Nenhum governo do mundo representa a totalidade do Reino de Deus - Assim sendo, o voto é um cálculo político. Você decide de acordo com os valores que acredita e defende. Devemos nos lembrar que nosso Reino não é deste mundo e que o evangelho não cabe em nenhuma ideologia humana. É claro que você pode e deve avaliar e julgar a melhor dentre as opções disponíveis, mas isso não te dá o direito de tratar como menos cristão, o teu irmão que pensa diferente de você.
3 - Nossa fidelidade última é somente ao Senhor. Devemos dar ao estado o que lhe é de direito, mas isso não nos exime de darmos ao Senhor o que é somente Dele. O governo, seja ele bom ou ruim, é uma instituição temporária. Nosso Deus é o Rei eterno!
Sendo assim, exerça tua cidadania, vote com consciência, mas saiba que a nossa esperança deve estar em Cristo!
Se você tem grandes expectativas nos resultados desta eleição, saiba que como um cidadadão do reino de Deus, essas expectativas sempre serão frustradas, mesmo que seus candidatos vençam.
Related Media
See more
Related Sermons
See more