RITMO E APATIA – Pág. 105-118

SUPEROCUPADO  •  Sermon  •  Submitted
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A opressão, e a pobreza que é o fruto dela, não são consistentes com o Reino de Deus. Por isso, Is 9:4-7 diz que o Messias e o Reino de Deus viriam para libertar os oprimidos. Podemos receber ajuda do pensamento econômico e social de João Calvino. Este pode ser brevemente resumido assim:
1. É necessário começar por saber qual a atitude que o Senhor deseja que tenhamos diante dos bens materiais: quais os meios lícitos de ganhá-los e qual o seu uso adequado e legítimo.
2. Não devemos buscar os bens terrenos por cobiça. Se vivermos na pobreza, devemos suportá-la pacientemente; se tivermos riquezas, não devemos nos prender a elas nem confiar nelas, devendo estar dispostos a renunciá-las se isso convier a Deus. Tanto o possuir como o não possuir devem ser indiferentes e sem maior valor, considerando a bênção de Deus como maior do que todas as coisas, buscando o reino espiritual de Jesus Cristo sem nos envolvermos em ambições iníquas.
3. Trabalhemos honestamente para ganhar a vida. Recebamos nossos lucros como vindos das mãos de Deus. Não usemos de má fé para nos apossarmos dos bens dos outros, mas sirvamos ao próximo com consciência limpa. Que o fruto de nosso trabalho seja o salário justo. Ao vender e ao comprar não usemos de fraude, astúcia ou mentira. Apliquemos ao nosso trabalho a mesma honestidade e lealdade que esperamos dos outros.
4. Finalmente, quem nada possui não deixe de render graças a Deus e de comer seu pão com alegria. Quem muito possui não use de glutonaria, de luxo, de orgulho e de vaidade, gastando dinheiro com coisas supérfluas; antes, seja em tudo moderado, e empregue seus bens em ajudar e socorrer o próximo, reconhecendo-se como quem recebeu seus bens de Deus e que deles há de um dia prestar contas. Devemos nos lembrar que o que tem em abundância use apenas o necessário para que o que nada tem não fique privado.
5. Em resumo, assim como Jesus Cristo deu-se por nós, também comuniquemos ao próximo, com amor, as graças que recebemos, ajudando-o na sua pobreza e socorrendo-o na sua miséria. Isto é o que nos cabe fazer.
Também podemos lembrar aqui o que disse Abraham Kuyper, um dos gigantes da tradição reformada, em seu discurso no Congresso Social Cristão, em 1891:
Quando ricos e pobres permanecem opostos uns aos outros, [Jesus] nunca fica com o mais rico, mas sempre com o mais pobre. Ele nasceu num estábulo; e, enquanto as raposas têm tocas e os pássaros possuem ninhos, o Filho do Homem não tinha nenhum lugar para repousar a sua cabeça... Tanto Cristo bem como muitos de seus discípulos depois dele e os profetas antes dele tomaram, invariavelmente, posição contra aqueles que eram poderosos e viviam no luxo e a favor dos que sofriam e eram oprimidos. Deus não deseja que alguém deva matar-se no trabalho e, mesmo assim, não ter nenhum pão para si e para sua família. E Deus não quer muito menos que qualquer pessoa com mãos e vontade de trabalhar padeça fome ou seja reduzido à condição de mendigo simplesmente por causa de não haver nenhum trabalho. Se temos ‘comida e roupa’, então é verdade que o santo apóstolo ordena que devamos nos contentar com isso. Mas não pode nem deve nunca ser excusado em nós que, enquanto o nosso Pai no céu deseja com bondade divina que uma abundância de comida venha da terra, mediante nossa culpa, essa rica generosidade seja dividida de forma tão desigual que, enquanto um se farta de pão, outro vá com o estômago vazio para seu catre e, algumas vezes, não tenha nem mesmo um catre.
Diagnóstico #6: É melhor você descansar antes que se estrague totalmente.
8.1. O SÁBADO FOI FEITO PARA O HOMEM.
8.1.1. Saber o que crer sobre o sábado é mais complicado do que parece. Alguns cristãos acreditam que pouca coisa mudou com relação ao quarto mandamento, e o domingo é agora o sábado dos cristãos.
8.1.2. Outros argumentam que o sábado foi cumprido em Cristo e agora temos a liberdade quase completa em nossa rotina semanal. Uma minoria acredita que o sábado ainda é o dia correto para o descanso e culto.
8.1.3. Creio que a parte mais importante quanto ao quarto mandamento do sábado é de que devemos descansar SOMENTE EM CRISTO como nossa salvação. Porém, junto a isso ainda existe um princípio permanente de que devemos PRESTAR CULTO no dia do Senhor e CONFIAR em Deus para ter uma rotina semanal, na qual possamos parar com o labor normal.
8.1.4. Quer você assuma os “faça e não faça” específicos do domingo quer não, espero que todos que se chamam cristãos concordem que Deus tenha nos criado do pó da terra, necessitados de tempos regulares de repouso. Ele construiu isso dentro da ordem da criação e ordenou a seu povo.
8.1.5. Ele criou o sábado para o homem, não o homem para o sábado. Marcos 2:27
Deus nos dá o sábado como um presente; é uma ilha para se “chegar” a um mar de “possuir algo”. Ele também nos oferece o sábado como uma prova; é a oportunidade de confiar mais na obra de Deus do que em nosso próprio trabalho.
Quando passo semanas sem tirar tempo adequado de folga posso estar desobedecendo ou não o quarto mandamento, mas com certeza estou exageradamente convencido de minha própria importância e sendo mais que um tolo; se meu alvo é de produtividade que glorifique a Deus através de uma vida de trabalho pesado, existem poucas coisas de que preciso mais do que um ritmo regular de descanso.
8.2. NÃO TEM RITMO.
8.2.1. É fácil encontrar pessoas que acham que o trabalho é bom e o lazer é mau. Também é possível achar gente que ache bom o lazer e mau o trabalho. Mas de acordo com a Bíblia tanto o trabalho quanto o descanso podem ser bons, se feitos para a glória de Deus.
A Bíblia recomenda o trabalho ESFORÇADO. Provérbios 6:6-11; Mateus 25:14-30; I Tessalonicenses 2:9; 4:11-12; II Tessalonicenses 3:10
E também ressalta a virtude do REPOUSO. Êxodo 20:8-11; Deuterônomio 5:12-15; Salmo 127:12
8.2.2. Muitos de nós somos menos ocupados do que pensamos, mas a vida parece constantemente sobrepujante porque nossos dias e semanas não possuem RITMO. Nunca conseguimos deixar o trabalho quando estamos em casa, e assim, no dia seguinte, temos dificuldade para voltar ao trabalho quando estamos no trabalho. Não possuímos rotina. Nada de ordem em nossos dias.
8.2.3. Perdemos tempo no YouTube por vinte minutos no escritório e atualizamos e-mails por quarenta minutos na frente da TV, quando estamos em casa. Com o tempo, a maioria de nós acaba trabalhando com menor efetividade, quer em casa quer no escritório, e temos menos prazer em nosso trabalho quando não temos um intervalo REGULAR, CONCENTRADO E PROPOSITAL.
8.2.4. As pessoas gostam de dizer que a vida é uma maratona, não uma corrida de curta distância, mas na verdade, é mais parecida com uma prova de exercícios de pista de corrida. Corremos muito e depois descansamos muito. Subimos um morro com ímpeto e então tomamos uma garrafa de Gatorade. Subimos uma escada, em seguida, uns duzentos metros, e alguns quatrocentos. Nos intervalos descansamos.
8.2.5. Sem esse descanso nunca terminaríamos a série completa de exercícios. Precisamos de tempo para aprender a parar. Como os israelitas tinham em seu calendário, precisamos de tempo de descanso a cada dia, e uma folga a cada semana, com certas estações de refrigério no decorrer do ano. Não podemos correr sem cessar e esperar que corramos muito bem!
8.2.6. Pense no calendário de Israel. Havia tempo para festejar e tempo para jejuar. Era em favor de sua piedade e produtividade que Deus os colocou em um padrão previsível, cheio de ritmos diários, semanais, mensais, sazonais, anuais e multianuais.
8.2.7. Essa é a razão pela qual devemos nos preocupar quando nossa vida está ficando cada vez mais sem ritmo. Tudo está misturado e indistinto. A vida torna-se em mal-estar, até que não aguentemos mais, e desçamos a espiral da doença, do curto-circuito emocional, ou da depressão.
8.3. AO SEUS AMADOS ELE DÁ O SONO.
8.3.1. Buscar um padrão de equilíbrio entre trabalho e descanso significa mais do que um retiro anual ou um sábado semanal. Significa, de maneira muito prática, uma luta diária por conseguir dormir mais. Deus fez com que precisássemos dormir, e quando achamos que podemos sobreviver sem isso, não só estamos rejeitando o seu dom; também demonstramos a errônea dependência de nós mesmos. Salmo 127:2
8.3.2. Tendemos a assumir que é sempre maior indício de piedade deixar de dormir para realizar outra mais importante; mas Deus nos fez criaturas físicas. Não podemos passar muito tempo sem dormir sem prejudicar muito nosso CORPO E ALMA.
8.3.3. Foi assim que Deus nos fez – FINITOS E FRÁGEIS. Ele nos criou para gastar quase um terço de nossa vida não fazendo nada exceto depender dele. Dormir é nossa maneira de dizer: “Confio em ti, Deus. Sei que serás o mesmo, sem eu tentar fazer tudo.”
8.3.4. Embora nos gabemos de quão pouco sono conseguimos obter, estudos demonstram que uma privação do sono precipita problemas como a diabetes e a obesidade. No mundo atual, sem os fatores ambientais que nos forçam a ir para cama e com inúmeros dispositivos eletrônicos que nos mantém acordados, simplesmente não estamos obtendo as horas de sono de que necessitamos.
8.3.5. Não se pode indefinidamente enganar o sono. Quanto mais você tenta tomar emprestado seu tempo de sono, mais o seu corpo (ou Deus) forçará a pagar essas horas – com juros. A maioria de nós possui uma dívida tremenda de sono a pagar, e quanto mais cedo começarmos a fazer depósitos regulares, melhor será – melhor para o trabalho, melhor para a alma, e melhor para aqueles a quem amamos.
8.4. O DURO TRABALHO DO DESCANSO.
8.4.1. Ao pensar em como andamos ocupados, as pessoas falam como se o trabalho árduo fosse o problema. Mas na verdade, não temos perigo por estarmos trabalhando demais. Simplesmente trabalhamos demais em proporções erradas.
8.4.2. Se você trabalha oitenta horas por semana e nunca vê seus filhos nem tem tempo para conversar com sua mulher, as pessoas poderão chamá-lo de workaholic, viciado no trabalho. E, sem dúvida, está se esforçando muito para progredir em sua carreira. Mas talvez não esteja se esforçando para ser pai ou marido ou homem segundo o CORAÇÃO DE DEUS.
8.4.3. Temos de agendar tempo para viver livre de horários. A vida é assim para a maioria de nós. Ocupação dispersa, frenética, sem limites chegam a nós naturalmente. Os ritmos do trabalho e do descanso exigem planejamento. Mais que isso, eles requerem HÁBITOS PIEDOSOS.
CONCLUSÃO:
O ritmo me dá PROPÓSITO E ORDEM. Ele me dá VIDA. Tem de haver horas em que não estou trabalhando – senão, não conseguirei descansar. E tem de haver tempo para o sono, ou continuarei tomando emprestado, empréstimo que eu não conseguirei pagar. Eu não sou tão importante no universo de Deus a ponto de não ter condições de descansar. Mas minhas limitações, dadas por Deus, são tão reais que NÃO OUSO não descansar.
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