O Fracasso dos Discípulos e o triunfo de Jesus
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Texto
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E Jesus disse aos discípulos:
— Serei uma pedra de tropeço para todos vocês, porque está escrito: “Ferirei o pastor, e as ovelhas ficarão dispersas.” Mas, depois da minha ressurreição, irei adiante de vocês para a Galileia.
Então Pedro disse a Jesus:
— Ainda que o senhor venha a ser um tropeço para todos, não o será para mim!
Mas Jesus lhe disse:
— Em verdade lhe digo que hoje, nesta noite, antes que o galo cante duas vezes, você me negará três vezes.
Mas Pedro insistia com mais veemência:
— Ainda que me seja necessário morrer com o senhor, de modo nenhum o negarei.
E todos os outros diziam a mesma coisa.
Então foram a um lugar chamado Getsêmani. Ali, Jesus disse aos seus discípulos:
— Sentem-se aqui, enquanto eu vou orar.
E, levando consigo Pedro, Tiago e João, começou a sentir-se tomado de pavor e de angústia. E lhes disse:
— A minha alma está profundamente triste até a morte; fiquem aqui e vigiem.
E, adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra; e orava para que, se possível, lhe fosse poupada aquela hora. E dizia:
— Aba, Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice! Porém não seja o que eu quero, e sim o que tu queres.
E, voltando, achou-os dormindo. E disse a Pedro:
— Simão, você está dormindo? Não conseguiu vigiar nem uma hora? Vigiem e orem, para que não caiam em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.
Retirando-se de novo, orou repetindo as mesmas palavras. E voltando, achou-os outra vez dormindo, porque os olhos deles estavam pesados; e não sabiam o que lhe responder. E, quando voltou pela terceira vez, Jesus lhes disse:
— Vocês ainda estão dormindo e descansando! Basta! Chegou a hora; o Filho do Homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores. Levantem-se, vamos embora! Eis que o traidor se aproxima.
Introdução
Introdução
O fracasso de Frodo em o Senhor dos Aneis:
"Frodo realmente “falhou” como um herói, como concebido por mentes simples: ele não suportou até o fim; ele cedeu, rendeu-se. Não digo “mentes simples” com desprezo: elas freqüentemente vêem com clareza a verdade simples e o ideal absoluto para os quais os esforços devem ser dirigidos, até mesmo se for inacessível. Porém, sua fraqueza é duplicada. Elas não percebem a complexidade de qualquer determinada situação no Tempo, na qual um ideal absoluto é enredado. Elas tendem a esquecer daquele estranho elemento no Mundo que chamamos Piedade ou Clemência, que também são exigências absolutas no juízo moral (uma vez que está presente na natureza Divina). Em seu exercício mais alto pertence a Deus. Para juízes finitos de conhecimento imperfeito ele pode levar ao uso de duas medidas diferentes de “moralidade”. Para nós mesmos temos que apresentar o ideal absoluto sem compromisso, porque não sabemos nossos próprios limites de força natural (+virtude), e se não almejarmos o mais alto certamente não atingiremos o máximo que poderíamos alcançar. Para outros, no caso de sabermos o bastante para fazer um julgamento, temos que aplicar uma balança moderada por “piedade”: quer dizer, já que nós podemos com boa fé fazer isto sem o preconceito inevitável em julgamentos de nós mesmos, temos que calcular os limites da força alheia e temos que pesar isto contra a força de circunstâncias particulares."
Trecho da carta 246 [Rascunho de uma carta enviada à Sra. Eileen Elgar em setembro de 1963, onde a leitora comenta sobre o fracasso de Frodo em se render ao Anel nas Fendas da Perdição.]
O fracasso dos heróis da fé e o triunfo de Jesus
I. O fracasso dos seus discípulos (vs. 27-31)
I. O fracasso dos seus discípulos (vs. 27-31)
A. O pastor ferido e as ovelhas dispersas
A. O pastor ferido e as ovelhas dispersas
O abandono dos discípulos
Abandonar - tem um significado de sério fracasso espiritual, até mesmo de apostasia;
Jesus predisse o fracasso dos discípulos nessa hora por três vezes;
Judas fracassou ao traí-lo, Pedro ao negá-lo e os demais, com exceção de João, fugiram, escondidos a portas trancadas;
O cumprimento da profecia de Zacarias 13.7 “Levante-se, ó espada, e ataque o meu pastor e aquele que é o meu companheiro”, diz o Senhor dos Exércitos. “Fira o pastor, e as ovelhas ficarão dispersas. E voltarei a minha mão para os pequeninos.” - Um texto que aponta o juízo divino devido ao fracasso espiritual de Israel; entendido com um sentido escatológico na literatura judaica;
Enfatiza que a morte de Jesus faz parte do plano de Deus (eu ferirei);
Enfatiza que Deus está no controle soberano dos acontecimentos prestes a acontecer;
Ferir - transpassar: ligado a Isaías 53.4-5: “Certamente ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o considerávamos como aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas ele foi traspassado por causa das nossas transgressões e esmagado por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos sarados.” e Zacarias 13.7 ““Levante-se, ó espada, e ataque o meu pastor e aquele que é o meu companheiro”, diz o Senhor dos Exércitos. “Fira o pastor, e as ovelhas ficarão dispersas. E voltarei a minha mão para os pequeninos.”
Ovelhas dispersas - os discípulos aqui cumprem a imagem do Israel fracassado e dispersos pelas nações por causa da sua apostasia;
A promessa da ressurreição - Apesar do fracasso, tudo seria trevas e escuridão
Cumprimento de Zacarias 14.1 “Eis que vem o Dia do Senhor, em que o seu despojo será repartido dentro de você, ó Jerusalém.” e Zacarias 14.8-9 “Naquele dia, águas vivas correrão de Jerusalém, metade delas para o mar oriental, e a outra metade para o mar ocidental; isso acontecerá tanto no verão como no inverno. O Senhor será Rei sobre toda a terra. Naquele dia, um só será o Senhor, e um só será o seu nome.” - a ressurreição de um povo disperso em Zacarias, que seria juntado por ocasião do Retorno do Rei, seria cumprido quando Jesus ressuscitasse dos mortos e reagruparia os seus discípulos;
Jesus, como o Rei-Pastor conduziria o seu povo à vitória e os livraria do fracasso espiritual;
B. As palavras de lealdade dos discípulos
B. As palavras de lealdade dos discípulos
Pedro se recusa a dar crédito a palavra de Cristo e afirma sua lealdade;
Jesus afirma que Pedro o negaria três vezes antes que o galo cantasse duas vezes
Pedro e os discípulos afirmam que não abandonariam Jesus
Pedro professa palavras cheias de exagero e presunção, olhando para si e dizendo que não abandonaria nunca a Jesus;
Ilustração - parecemos bastante com Pedro quando nos dispomos a cantar que o amaremos, que viveremos para o seu inteiro agrado, mas fracassamos à primeira batida da tentação à nossa porta;
Pedro não estava dando ouvidos à exortação de Jesus para negarmos a nós mesmos e tomarmos nossa cruz;
Como afirma Kuruvila, “a sua confiança não está em Deus, mas em si mesmos e em sua capacidade de permanecer fiéis; essa confiança provará ser grosseiramente mal colocada”
Aplicação 01: Enquanto discípulos de Cristo, iremos fracassar.
Aplicação 01: Enquanto discípulos de Cristo, iremos fracassar.
Aplicação 02: Nossos fracassos devem nos conduzir à humilhação e arrependimento e uma confiança verdadeira em Jesus.
Aplicação 02: Nossos fracassos devem nos conduzir à humilhação e arrependimento e uma confiança verdadeira em Jesus.
Aplicação 03: Apesar dos nossos fracassos, Jesus nos perdoará e nos restaurá.
Aplicação 03: Apesar dos nossos fracassos, Jesus nos perdoará e nos restaurá.
II. O triunfo de Cristo em meio ao sofrimento (v. 32-42)
II. O triunfo de Cristo em meio ao sofrimento (v. 32-42)
A. A agonia de Jesus (vs. 32-34)
A. A agonia de Jesus (vs. 32-34)
Jesus leva Pedro, Tiago e João para orarem no jardim do Getsêmani
Jardim Getsêmani - um jardim particular situado no monte das Oliveiras, onde os discípulos e Jesus iam orar. Talvez o dono desse lugar seria um seguidor de Cristo;
Jesus aqui é um antítipo de Abraão quando ele tomou Isaque e subiu o monte Moriá (Gênesis 22.5 “Então disse aos servos: — Esperem aqui com o jumento. Eu e o rapaz iremos até lá e, depois de termos adorado, voltaremos para junto de vocês.” Jesus toma os três discípulos mais íntimos a fim de se entregar como o sacrifício ao Pai.
Jesus começa ser tomado de Angústia e Pavor; pede aos seus discípulos que orassem com ele
O pavor de Jesus, como afirma Osborn, “se deve, por certo, ao seu sofrimento que está por vir, mas talvez seja associada de modo mais intenso ainda ao fato de que ele levará os pecados da humanidade caída e será separado do seu Pai.”
Os termos utilizados por Marcos expressam uma tristeza profunda e entranhada e revelam a natureza do Deus-Homem que, a nossa semelhança, é tomado de medo, angústia, sentimentos depressivos...
Jesus pede aos seus discípulos para permanecer com ele pois estava tomado de pavor - no sentido de estar esmagado pela dor, rodeado de tristeza; isso é evidenciado por Lucas, que registra que o Mestre suou gotas de sangue, conforme Lucas 22.44 “E, estando em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu que o suor dele se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra.”
Jesus se torna o sofredor justo proferido nos salmos, conforme Salmo 55.4-5 “O meu coração estremece no peito, terrores de morte caem sobre mim. Temor e tremor me sobrevêm, e o horror se apodera de mim.” Salmo 42.5 “Por que você está abatida, ó minha alma? Por que se perturba dentro de mim? Espere em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu.” Uma angústia contrastada com confiança resiliente;
A ponto de morte - enfatiza a grande intensidade do desespero;
fiquem aqui e vigiem - Jesus buscava apoio espiritual dos discípulos
B. A submissão de Jesus ao Pai (vs. 35-36)
B. A submissão de Jesus ao Pai (vs. 35-36)
A oração de Jesus - o cálice da ira de Deus
O que levou Jesus a temer essa hora que ele mesmo não só predisse que aconteceria, mas marchou para ela convictamente? O prospecto de tomar o pecado de todo o mundo e enfrentar a separação de seu Pai (2Coríntios 5.21 “Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós, para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus.” e Gálatas 3.13 “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar — porque está escrito: “Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro” —,”
Jesus se prostra em angústia ao chão e passa a orar ao Pai, esmagado pelo peso do pecado;
Aba - Jesus se dirigiu ao Pai sempre usando essa palavra e expressa a profundidade e o amor extraordinários vivenciados pelos com base em Jesus como o Filho de Deus;
Passa de mim esse cálice, se quiseres -
Deus fez promessas aos profetas de que os ímpios, tipificados pelas nações pagãs no AT, beberiam do cálice de sua ira;
Na literatura apocalíptica judaica, cálice e hora representavam esse momento escatológico em que o juízo de Deus viria sobre o mundo;
Jesus ora pedindo a Deus, que em sua soberania, poderia lhe poupar esse momento; no entanto ele se submete a beber da ira e ser o sacrifício perfeito pelos pecadores;
Aqui Cristo triunfa sobre a sua vontade e submete à vontade do Pai, mesmo sob o horrível prospecto do que viria;
Como afirma Kuruvilla, esse relato “expressa vividamente a soberania de Deus, pois é de Deus dar o cálice, e dele também, se assim o quisesse, não dá-lo. No entanto, a aquiescência de Jesus à vontade do Pai é notável. O consentimento à vontade soberana de Deus é um modelo positivo para os seus discípulos”.
Os discípulos respondem com cansaço - no entanto, os discípulos começam a vacilar em sua lealdade aqui, pois não conseguiram resistir ao sono, fracassando em vigiar juntamente com Cristo;
C. O ensino de Cristo sobre a oração (vs. 37-40)
C. O ensino de Cristo sobre a oração (vs. 37-40)
Uma oração vigilante
“É fácil querer resistir a tentação, difícil é resisti-la” NTHL
Dois aspectos aqui podem ser entendidos sobre o ensino de Jesus:
Vigilância para identificar a tentação;
Oração pedindo a força de Deus para vencer a tentação;
Como afirmou Jerônimo em uma de suas homilias “faremos bem em vigiar atentamente e orar com fervor para não cairmos em tentação. Porque, se Cristo não nos conceder graça, então o Judas que há em nós, irá trair. Se Jesus se afastar um pouco de nós, o Pedro que há em nós dormirá.” (Homilia 84 de São Jerônimo)
O fracasso de Pedro e a obediência de Cristo - Pedro, cheio de sono, juntamente com seus amigos, não conseguem permanecer acordados, enquanto Cristo, mais uma vez se dispôs a manter sua vigilância e oração, ao ser levemente tentado;
D. Judas cumpre sua traição (vs. 41-42)
D. Judas cumpre sua traição (vs. 41-42)
Jesus repreende mais uma vez os seus discípulos, mostrando o seu fracasso, dizendo que os olhos deles não estavam abertos para ver o traidor que se aproximava para cumprir com sua traição.
Aplicação 04: Jesus foi feito pecado em nosso lugar, para Deus nos justificar dos nossos pecados.
Aplicação 04: Jesus foi feito pecado em nosso lugar, para Deus nos justificar dos nossos pecados.
Aplicação 05: A rendição total à vontade de Deus é um aspecto crucial da nossa oração a Deus.
Aplicação 05: A rendição total à vontade de Deus é um aspecto crucial da nossa oração a Deus.
Aplicação 06: Vigilância espiritual é um elemento essencial do discipulado.
Aplicação 06: Vigilância espiritual é um elemento essencial do discipulado.
Conclusão
Conclusão
Enquanto discípulos de Jesus, a semelhança de Frodo, fracassaremos em muitos momentos em nossa vida por causa das corrupções as quais ainda estamos sujeitos. No entanto, encontramos vitória sobre ela confiando não em nossa capacidade e espiritualidade, mas no Senhor que nos concede sua graça.