Um Rei Soberano

A Identidade do Rei  •  Sermon  •  Submitted
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Introdução

Você já participou de um processo seletivo? Quais critérios você teve que atender para ser aprovado? Talvez você esteja em um outro grupo de pessoas, que já precisou formar um time para trabalhar. O que você mais valoriza? Conhecimento ou comportamento? Certa vez ouvi em uma conferência de recursos humanos que as empresas contratam o conhecimento e demitem o comportamento, e por isso o grande desafio das empresas era criar ferramentas para descobrir questões comportamentais dos seus potenciais colaboradores e não apenas questões como formação acadêmica, especializações ou habilidades técnicas.
Mas o que esse papo de RH, recrutamento e gestão de pessoas tem a ver com a mensagem de hoje? Tem a ver porque Jesus em determinado momento do seu ministério passou por esse processo, de montar uma equipe de colaboradores que caminhariam com Ele por três anos e desenvolveriam um ministério que impactaria o mundo para sempre.
Marcos 3.13–19 NAA
13 Depois, Jesus subiu ao monte e chamou os que ele quis, e vieram para junto dele. 14 Então designou doze, aos quais chamou de apóstolos, para estarem com ele e para os enviar a pregar 15 e a exercer a autoridade de expulsar demônios. 16 Eis os doze que designou: Simão, a quem acrescentou o nome de Pedro; 17 Tiago, filho de Zebedeu, e João, irmão de Tiago, aos quais deu o nome de Boanerges, que quer dizer “filhos do trovão”; 18 André, Filipe, Bartolomeu, Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu; Tadeu; Simão, o Zelote; 19 e Judas Iscariotes, que foi quem o traiu.
No texto quem lemos podemos ver o relato da escolha daqueles que foram escolhidos como apóstolos, aqueles que foram designados para serem seus colaboradores em seu ministério aqui na terra.
Antes de entrarmos nas aplicações que o texto nos traz, eu gostaria de falar sobre o apostolado.
Aqueles doze homens já eram discípulos de Cristo, e se tornaram depois apóstolos. As palavras discipulos e apóstolos são frequentemente confundidas, embora sejam usadas de maneira intercambiável, elas não são sinônimas. Discípulo é definido como aprendiz, seguidor, alguém que caminhava e aprendia com Jesus (assim como existiam discípulos dos rabinos daquela época). Todo apóstolo era discípulo, mas nem todo discípulo se tornou apóstolo. O apostolado foi um ofício específico e especial para o surgimento da igreja no Novo Testamento. Os apostolo foram doze homens comissionados diretamente por Cristo para o representarem na edificação da Sua igreja, sendo o próprio Cristo o apóstolo supremo da igreja. Jesus foi enviado pelo Pai e falou com a autoridade que o Pai investiu Nele. Rejeitar a Jesus equivale rejeitar o Pai que o enviara.
No Novo Testamento, doze discípulos foram comissionados como apóstolos. Depois o prórprio Jesus após a sua ressureição acrescentou Paulo como um apóstolo especial enviado aos gentios. O apostolado de Paulo se tornou uma questão controversa por conta das qualificações para ocupar tal posição. Essas qualificações eram, primeiramente ter sido um discípulo de Jesus durante o seu ministério na terra. Em segundo lugar, ser uma testemunha ocular da ressureição, e por último ser chamado e comissionado diretamente por Cristo. Como Paulo apenas foi chamado por Cristo após a ressureição e não foi um dos discípulos de Jesus no seu ministério pessoal. Mas além do chamado de Jesus, o ministério de Paulo foi confirmado pelos milagres operados através do ministério de Paulo. Por isso, hoje não existe mais apóstolos oficiais vivos, porque é impossível alguém que possa satisfazer todas as qualificações hoje.
Então, entendendo quem eram os apóstolos e qual a função, o propósito deles, vamos falar como se deu o chamado desses homens:
O chamado de Deus é soberano, Jesus chama de acordo com a expressa vontade do Pai. Deus é soberando e ninguém pode frustrar seus designios, Sua vontade e não a nossa deve prevalecer. Ele chama 12 com um objetivo específico, Jesus aponta para o novo Israel que é a igreja, e cada um desses 12 simbolizava cada uma das 12 tribos. Esse chamado é incodicional, e nenhum desses homens possuia qualificações especiais. Nenhum era rico, não eram socialmente influentes e mesmo uma formação especial. Eram doze homens comuns. Na verdade, Jesus escolheu até mesmo homens limitados, pobres, iletrados, de temperamento explosivo. Nós jamais escolheríamos esses homens. Contudo, Jesus os escolhe, os ensina, os equipa e os reveste de poder. Com esses homens, ele transforma o mundo. Famosos reis tiveram seus nomes apagados da História, mas esses iletrados homens têm seus nomes relembrados todos os dias por milhões e milhões de cristãos ao redor do mundo.
O líder espiritual é alguém vocacionado. Nós não fomos chamados para o mesmo ofício que aqueles homens possuiam, mas compartilhamos da mesma missão. Sendo a mesma missão, como a escolha dos 12 apóstolos que fundamentaram as doutrinas da igreja de Cristo se comunicam conosco que vivemos na mesma missão.
Portanto, podemos encontrar no texto algumas características do processo do chamado dos apóstolos feito por Jesus.

Espiritual

Jesus chama após se retirar para orar. O chamado dos apóstolos foi subsequente a um tempo de oração de Jesus. Isso traz para nós uma grande verdade, a importância de se dedicar a oração antes da tomada de decisão. Jesus agiu assim antes de sair para evangelizar, como vimos há algumas semanas atrás, agiu da mesma forma antes de escolher os apóstolos, esse era o padrão. Se Jesus mesmo sendo perfeitamente Deus agia assim, porque eu e você temos a pretenção que podemos agir diferente. Mas observe, orar nos leva a devoção, a obediênica a Palavra de Deus, que é a autoridade apostólica para igreja nos dias de hoje. Seus sentimentos não são o Espirito Santo, o Espirito Santo não é uma força atuando misticamanete, Ele é a terceira pessoa da Trindade. Ele nos ilumina a a compreendermos o que Deus nos revela pela sua Palavra e nos dá dicernimento para compreender a sua vontade. Um exemplo prático, a própria escolha da liderança, dos oficiais da igreja a partir do fundamento dos apóstolos a bíblia prescreve as qualificações que esses homens precisam possuir. Essa prescrição elimina a oração? Não. Da mesma forma que a oração não elimina a prescrição. Nunca use a oração como justificativa para desobedecer, mas sim como um instrumento para fortalecer a sua fé e vencer a tentação de desobedecer.
A característica Espiritual desta escolha de Jesus se dá também pela forma como Ele escolhe. Jesus escolhe para estarem com Ele. O Senhor da obra é mais importante do que a obra do Senhor. Ter comunhão com Jesus é mais importante do que ativismo religioso. Antes de proclamarmos o evangelho ao mundo, precisamos como Maria, assentar-nos aos pés do Senhor para ouvir a sua Palavra. Nós precisamos aprender dele, imitá-lo, beber do seu Espírito e andar em seus passos. Como João, precisamos dizer: nós proclamamos o que temos visto e ouvido. Era necessário a comunhão, a devoção e a imitação antes da execução. O caráter precede o serviço, e nesse quesito o padrão é Jesus.Jesus é o modelo de caráter. Porque o caráter determina a qualidade do serviço prestado, a formação do caráter precede o serviço.
Deus está mais interessado em quem somos do que no que fazemos. Quando o apóstolo Paulo descreve as características do presbítero, ele faz quatorze referências à vida do presbítero e apenas uma referência à sua capacidade de ensinar. A vida precede o ministério. A vida é o próprio ministério. Mas a liderança cristã e resultado da maturidade cristã, não são qualificações restritas aos líderes, mas o caminho natural do desenvolvimento cristão. Para ser líder é necessário frutos de uma vida cristã em desenvolvimento, e o desenvolvimento na vida cristã é para todos, e não somente para pastores, presbíteros e diáconos.

Coletiva

Outra característica que vemos nessa decisão de Jesus é o aspecto da coletividade. Se de alguma forma, mesmo sendo plenamente Deus ele não excluiu a oração, sendo Jesus plenamente homem não excluiu a coletividade. Se Jesus que foi o único ser humano que pisou nesta terra sem defeitos, que possuia toda a habilidade possível, que foi plenamente estável emocionalmente, totalmente sábio, detentor de todo conhecimento não ousou caminhar nesta Terro sozinho, porque nós limitados que somos por vezes temos essa pretenção?
Existia uma música na minha infância que dizia que eu preciso de você, você precisa de mim, nós precisamos de Cristo. Uma musiquinha simples mas que traz uma verdade importante que por vezes nós ignoramos. A obra de Deus não é solitária, e uma das formas de nos afastarmos de Deus é nos apartarmos da comunhão. Uma das formas que o Diabo usa para agir na pessoas de crentes é levá-las a achar que são boas demais para coniverem com outros pecadores. Isso é frto de quem tirou os olhos de Jesus, porque quando fazemos isso nos achamos mesmo bons demais e achamos sempre outro pior. Comunhão implica serviço e perdão, cooperação e abnegação. Não tente projetar uma maior dificuldade nos dias de hoje ao grupo que Jesus chamou, porque Ele não se cercou de iguais. Jesus formou um grupo heterogêneo não só em dons e talentos, mas de tradições diferentes, culturas diferentes, temperamentos e personalidades diferentes.

Plural

Por isso, pluralidade é outro aspecto que vemos na escolha de Jesus. Os doze apóstolos são um espelho da nova família de Deus. Ela é composta de pessoas diferentes, de lugares diferentes, profissões diferentes, ideologias diferentes. São pessoas limitadas, complicadas e imperfeitas, que frequentemente discordam sobre muitos assuntos. Havia no grupo de Jesus desde um empregado de Roma até um nacionalista que defendia a guerrilha contra Roma. Esse grupo tão heterogêneo aprendeu a viver sob o senhorio de Cristo e tornou-se uma bênção para o mundo.
Quanto mais estudamos essa lista dos apóstolos, mais seguros ficamos de que sua escolha foi soberana, baseada na graça e não nos méritos. Jesus não escolheu os doze por causa da sua fé, pois ela geralmente falhou. Ele não os escolheu por causa da sua habilidade, eles eram muito limitados. A única coisa que destacamos deles é a prontidão para seguir a Jesus.
Pedro. Chamado Simão, era um pescador por profissão. Era um homem que falava sem pensar. Era inconstante, contraditório e temperamental. No início, não era um bom modelo de firmeza e equilíbrio. Ao contrário, ele estava constantemente mudando de um extremo para outro. Pedro fazia promessas ousadas sem poder cumpri-las: Por ti darei minha vida, logo depois negou a Cristo. Pedro, o homem que fala sem pensar, que repreende a Cristo, que dorme na batalha, que foge e segue a Cristo de longe, que nega a Cristo. Mas Jesus chama pessoas não por aquilo que elas são, mas por aquilo que elas virão a ser em suas mãos.
Tiago e João. Eles eram explosivos, temperamentais, um dia pediram a Jesus para mandar fogo do céu sobre os samaritanos.
André. Era um homem que sempre trabalhava nos bastidores. Foi ele quem levou seu irmão Pedro a Cristo. Foi ele quem disse para Natanael sobre Jesus. Foi ele quem levou o garoto dos pães e peixes a Jesus.
Filipe. Era um homem cético, racional. Mas posteriormente é o mesmo que levanta a mão no fundo da classe e pergunta: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta (Jo 14.8).
Bartolomeu. Era um homem que inicialmente era preconceituoso. Foi ele quem perguntou: De Nazaré pode sair alguma coisa boa?
Mateus. Era empregado do império romano, um coletor de impostos. Era publicano, uma classe repudiada pelos judeus. Tornou-se o escritor do evangelho mais conhecido no mundo.
Tomé. Era um homem de coração fechado para crer. Tomé não creu na ressurreição de Cristo e disse, […] se eu não vir nas suas mãos o sinal dos cravos, e ali não puser o meu dedo, e não puser minha mão no seu lado, de modo algum acreditarei (Jo 20.25). Contudo, quando o Senhor ressurreto apareceu a ele, Tomé prostrou-se em profunda devoção e disse: Senhor meu e Deus meu! (Jo 20.28).
Tiago filho de Alfeu e Tadeu. Pouco se tem registrado sobre esses dois. Eles faziam parte do grupo. Eles pregaram, expulsaram demônios, mas nada sabemos mais sobre eles. Eles não se destacaram, nos ensinando que servir nos bastidores não diminui a importância no Reino.
Simão, o zelote. Ele era membro de uma seita do judaísmo extremamente nacionalista. Os zelotes eram aqueles que defendiam a luta armada contra Roma. Ter Simão e Mateus no mesmo grupo era como se Jesus nos dias de hoje estivesse chamando bolsonaristas e petistas para trabalharem juntos. Ele estava no lado oposto de Mateus. Estavam em lados radicalmente opostos. Os zelotes opunham-se ao pagamento de tributos a Roma e promoviam rebeliões contra o governo romano. Mas a escolha desses dois nos ensina sobre o fato que a devoção a Cristo implica a renuncia a qualquer devoção incondicional a qualquer sistema, e qualquer diferença ideológia pode ser superada por aquilo que é maior, que é a promoção do Reino de Deus e o evangelho.
Judas Iscariotes. Era o único apóstolo não galileu. Ocupou um lugar de confiança dentro do grupo. Era o tesoureiro do grupo e administrador do patrimônio do “colégio apostólico”, mas ele não era convertido. Ele era ladrão e roubava da bolsa. A escolha de Judas aponta para nós a realidade que havia e sempre haverá descrentes no meio do povo de Deus. Que isso será um desafio para a igreja ao longo da sua história.
Por isso, olhando para a pluralidade do colégio apostólico de Jesus, aprendemos que Jesus transformou homens limitados em grandes instrumentos para a Sua glória. Nós somos apenas instrumentos, e Cristo é tudo em todos! Não superestime homens, mas confie em Cristo e naquilo que Ele pode fazer através de nós.

Conclusão

A escolha dos doze é um convite a devoção e ao serviço em comunidade, caminhando com diferentes, crescendo através dessas diferenças, superando diferenças, rompendo com crenças e culturas que atrapalham a unidade.
Talvez você esteja desmotivado a servir, e pode ser que o problema seja a sua motivação para o serviço. Ela pode estar ligada ao reconhecimento, e isso é natural, todos nós possuimos o desejo intrísceco de nos sentirmos importantes. Porém, quando olhamos para o trabalho desses homens aprendemos que nem sempre um trabalho fiel e abnegado é contabilizado na terra. Não servimos para agradar a homens nem buscamos glória humana. Devemos servir com fidelidade a Deus, sabendo que dele vem a recompensa. Mas saiba que mesmo que os homens esqueçam o nosso trabalho, Jesus jamais o fará. Até um copo de água fria que dermos a alguém em nome de Cristo não ficará sem recompensa.
Mas quando olhamos para Cristo, vemos que Ele nos amou servindo. Ele se sacrificou por nós, e isso nos leva a trabalhar para Ele e por Ele. Vale a pena servir a Deus. Todos nós temos limitações. Jesus pode transformar um Pedro medroso num ousado pregador. Ele pode transformar um João explosivo no discípulo do amor. Ele pode transformar um Tomé cético e incrédulo, num homem crente. Ele pode usar gente como você e eu na sua obra.
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