Aspectos da Restauração Divina
Carlos Emerson
Salmos • Sermon • Submitted
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Uma exposição do Salmo 126
Uma exposição do Salmo 126
“Quando o Senhor restaurou a sorte de Sião, ficamos como quem sonha. Então, a nossa boca se encheu de riso, e a nossa língua, de júbilo; então, entre as nações se dizia: Grandes coisas o Senhor tem feito por eles. Com efeito, grandes coisas fez o Senhor por nós; por isso, estamos alegres. Restaura, Senhor, a nossa sorte, como as torrentes no Neguebe. Os que com lágrimas semeiam com júbilo ceifarão. Quem sai andando e chorando, enquanto semeia, voltará com júbilo, trazendo os seus feixes.”
Introdução:
Introdução:
O Salmo 126 faz parte da coletânea de salmos de Romagem, que vai do Salmo 120 ao 134. Romagem que significa literalmente “degraus” ou “subida”. Eram os salmos entoados pelos judeus quando eles peregrinavam para Jerusalém - isso pelo fato de Jerusalém ficar a 750m acima do nível do mar. E o Salmo 126 era um desses salmos que era cantado durante a peregrinação.
Falando um pouco do contexto histórico deste Salmo, em 586 a.C. Jerusalém foi destruída pelo Império Babilônico e o povo judeu foi levado cativo. E por cerca de 70 anos eles viveram debaixo do julgo, da opressão dos babilônios. Todavia, em 539 a.C. o Império Persa, comandado por Ciro, destrói , vence os babilônios. E, no ano seguinte em 538, por meio de um edito, Ciro permite aos judeus voltarem para sua terra natal, para Jerusalém. E é com esse ocorrido em mente que o salmista escreve este poema.O Salmo 126 é um louvor a Deus pela restauração que Ele fez tirando o povo de Israel do cativeiro da Babilônia e um clamor por uma restauração definitiva.
Percebe-se que restauração é a palavra-chave deste Salmo. E que significa restaurar? O verbo restaurar, em seu sentido original, significa reparar, renovar, consertar, edificar. A restauração é semelhante a uma reforma de uma casa, tudo é renovado, piso, reboco, telhado, madeira ... É o que Deus fez conosco, quando nos tirou do Império das Trevas, da escravidão do pecado e nos transportou para o Reino de Cristo, nos dando uma nova vida. Todavia, muito embora tenhamos sido restaurados por Deus, por mais que haja muito do Reino de Cristo dentro de nós, aguardamos ansiosamente a glorificação, a restauração definitiva dos nossos corpos (Rm 8.22-23).
Transição: Hoje falaremos um pouco sobre os aspectos da restauração divina realizada em nós. E a primeira verdade sobre essa grande obra que Deus realizou em nós é que ela resulta em uma alegria que não pode ser descrita.
Alegria indescritível - versos 1 e 2a
Alegria indescritível - versos 1 e 2a
O salmista aqui está louvando ao Senhor pela restauração que Ele realizou no seu povo tirando-o do cativeiro e os conduzindo de volta à sua terra. Ele não atribui este feito ao rei persa Ciro que permitiu o retorno deles a Sião, mas exalta o Deus que controla todas as coisas, inclusive, os corações humanos. Para o autor bíblico a restauração de Israel foi uma obra soberana do Deus que a tudo ordena, controla e governa. E o resultado dessa ação foi uma alegria indizível. O efeito foi que a tristeza e as sombras do exílio foram substituídas por riso e cânticos.
Esse é o Deus que cremos! O Deus soberano que pelo seu poder infinito traz restauração para o seu povo. E essa experiência pessoal de restauração com esse Deus maravilhoso resulta em recebermos uma alegria imensa que simples palavras não podem explicar. A restauração de Deus gera em nós uma alegria indizível, um deleite inexplicável que somente entende quem já passou por essa experiência.
O Salmo 137 diz que enquanto o povo de Deus estava cativo na Babilônia suas harpas, seus instrumentos tinham sido pendurados nos salgueiros. Ali o povo apenas lamentava e chorava. Todavia a restauração de Deus chegou, o cativeiro não existe mais, o povo pode agora pegar seus instrumentos e se alegrar diante do Senhor. E da mesma forma aconteceu conosco… Vivíamos em um lugar de lamento, de dor, de choro, de sofrimento, mas nos restaurou, nos libertou de todo aprisionamento e, hoje, podemos cantar e nos alegrar em sua presença.
Essa experiência foi tão maravilhosa que ficamos como salmista descreve no texto: “como quem sonha”. Nos deparamos com algo tão extraordinário que nos levou a ficarmos extasiados. Por quê? Porque recebemos a alegria decorrente da restauração do Senhor. Uma alegria a prova de adversidades: doenças, falta de dinheiro, problemas familiares.
Transição: Um outro aspecto da restauração de Deus é que ela testemunha de seu poder.
Testemunho do poder de Deus - verso 2b e 3
Testemunho do poder de Deus - verso 2b e 3
Além do efeito sobre o povo de Deus, a restauração de Judá também teve efeito sobre outra nações. Os povos que haviam zombado de Israel e do seu Deus têm de agora reconhecer o poder do Senhor. Agora se proclamava entre nações o grande ocorrido: Deus restaurou o seu povo; grandes coisas Ele tem feito por eles!
A vida de uma pessoa que foi alcançada por Cristo e restaurada por sua graça fica notável para outras pessoas. O salmista refletiu que a graça de Deus sobre a vida de Israel fez com que as nações enxergassem o Deus de Israel como “Senhor” e como aquele que faz “grandes coisas” em favor dos seus escolhidos. Aqui podemos enxergar o papel missional de Israel: testemunhar do poder de Deus para atrair as nações ao Deus verdadeiro.
Da mesma forma, nossas vidas precisam ser um testemunho do poder Deus para que as pessoas sejam atraídas para Ele. Precisamos evidenciar ação restauradora do Senhor em nós através do nosso modo de falar, pensar e agir. As pessoas em nosso trabalho, nossa vizinhança, nossa escola devem testificar do poder restaurador de Deus nós. Testemunho é justamente isto, as pessoas falarem sobre o que estão vendo Deus fazer em nossas vidas. Você já foi restaurado por Deus? As pessoas enxergam esta obra divina em sua vida?
Transição: O verso 3 nos informa que reconhecimento da ação restauradora de Deus não foi feita apenas pelas outras nações, porém também por aqueles que regressavam, que com base na experiência pessoal testificavam do poder redentor de Deus. A manifestação do poder salvífico de Deus no regresso do exílio babilônico fez com que o povo nutrisse em seu coração a esperança de uma ainda maior: a vinda do messias. Isso nos leva ao próximo aspecto da restauração divina.
Uma obra continuada - verso 4
Uma obra continuada - verso 4
Os riachos no sul de Israel, o Neguebe, secam nos meses secos de verão, mas tornam-se torrentes grandiosas durante a estação chuvosa. O salmista utiliza essa ilustração para declarar que por mais que eles tivessem sido libertos da escravidão o povo ainda carecia com da ação restaurado do Senhor. Eles precisavam restaurar o templo, retomar as colheitas, e, principalmente, que Deus enviasse o libertador, o messias. O salmista se move da experiência presente da graça de Deus em ter resgatado o povo do cativeiro para a esperança messiânica. Em outras palavras, o povo judeu precisava de uma restauração contínua do Senhor.
Da mesma maneira, nós também precisamos de uma ação continuada de Deus em nossas vidas. É evidente que a restauração divina gera uma alegria extraordinária em nós, todavia não podemos nos esquecer que ainda vivemos em um corpo e mundo corrupto. Que dentro nós ainda há uma inclinação pecaminosa e que frequentemente nos leva a fazer o que não agrada ao Senhor. Não podemos nos esquecer que ainda vivemos em mundo manchado pelo pecado, cheio de mazelas, injustiças, dor e sofrimento. Em em Filipenses 1.6 Paulo afirma “a obra que o Senhor começou a fazer em nós só será finalizada no dia de Cristo”. Enquanto esse dia não chega, precisamos clamar para que o Senhor nos restaure diariamente. Clamar para que Ele nos santifique, que nos ajude a vivermos em conformidade com sua vontade. E, especialmente, clamar pelo seu retorno, para que sua obra seja finalizada em nós e que possamos desfrutar de um novo mundo de paz, justiça e bondade.
Transição: Em último lugar, a restauração divina é que ela nos transmite a certeza de um futuro abundante.
A certeza de um futuro abundante - versos 5 e 6
A certeza de um futuro abundante - versos 5 e 6
O salmista utiliza uma metáfora que fala do tempo do exílio como a semeadura, e da restauração como a ceifa. Para os exilados que retornaram, a agricultura era uma atividade dolorosa, pois o solo se tornara duro e selvagem porque ninguém o havia cultivado. No entanto, o agricultor que trabalhou duro poderia esperar uma rica colheita no futuro. Seu ponto era que, embora os judeus que haviam retornado tivessem dificuldade em restabelecer a vida e as instituições do judaísmo, eles podiam prever que Deus recompensaria seu trabalho. Era tão certo como a colheita segue a semeadura.
Falando sobre nossa realidade nós temos trabalho a fazer, uma semeadura que viver e anunciar o reino de Deus! Entretanto, viver e anunciar o reino de Deus, neste mundo vil, não é algo fácil, muitas das vezes envolve perseguição, injúrias, humilhação, renúncia, e, em alguns casos, até mesmo a morte. No entanto, não desanimemos, pois o santos podem até semear com lágrimas, porém com júbilo ceifarão! Nosso problemas não durarão para sempre, pois esse mundo e suas paixões passarão. Todavia, quando terminarmos o nosso trabalho desfrutaremos de uma grande colheita. O apóstolo Paulo diz em Rm 8.18 “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós.” Portanto, mesmo que vocês esteja semeando com lágrimas hoje, não pare! Continue semeando, porquanto o povo de Deus pode esperar com esperança uma colheita recompensadora no futuro se perseverar fielmente na realização da obra que Ele ordenou. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados para sempre!
Conclusão
Conclusão
No ano de 1874 navegadores alemães encontraram no Oceano Atlântico um navio que, sem rumo, era levado pelas ondas do mar. Nenhuma alma vivente. Alguns marinheiros foram ao navio, e que quadro horrível se lhes deparou aí! Defuntos já em estado de putrefação jaziam sobre o convés, outros nos camarotes. O diário havia sido escrito até dez dias antes. Víveres havia em abundância; mas, o que tinha acontecido? Os reservatórios de água doce se haviam tornado defeituosos; terminara a água de beber, e aí, no meio do oceano, morreram de sede! A água os rodeava mas não podiam com ela matar a sede. Quantas pessoas hoje, em meio de um mar de alegrias e gozos, não sucumbirão, finalmente, por falta da verdadeira alegria e do real gozo que só Deus pode proporcionar! Não exijamos do mundo o que ele não nos pode dar, não procuremos nos prazeres o que eles não têm. Como diz o Salmo 16.11: "Na presença de Deus há abundância de alegria; à Sua mão direita há delícias perpetuamente." Esta é a experiência daqueles que foram restaurados por Deus, o desfrute de uma alegria sem fim, a alegria da restauração.