A ocupada colmeia (I) - São Francisco

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(Obs.: A longa introdução com sobre São Francisco (CA-EUA) é para contextualização e porque servirá de base histórica para os próximos capítulos desta série)
Gostar de mel é fácil. Difícil é encarar a abelha! Pesquisei um pouco [1] e descobri que as colônias geralmente têm apenas uma fêmea reprodutiva: a rainha. Todas as outras abelhas fêmeas da colônia pertencem à casta das operárias... Já os machos, morrem após o acasalamento e... é comum que sejam expulsos por trabalhar menos. (OLIVEIRA, 2021). Se a sociedade das abelhas fosse reproduzida na sociedade humana uma colônia poderia representar uma cidade de 80 mil habitantes, dominada por mulheres trabalhadoras inférteis e uma rainha, mãe de todas elas e muito mais velha. A rainha poderia dizer que conheceu Jesus Cristo. (ROCHA e OLIVEIRA, 2021). [As operárias] buscam alimento e água, coletam pólen, néctar e resinas, secretam e moldam cera na construção de favos, produzem mel e alimentam a rainha e os zangões.
Em 5/jul/1906 (Review and Herald) Elln G. White escreveu:
“Durante os últimos poucos anos a ‘colmeia’ de São Francisco tem sido uma colmeia muito ocupada.”
É no sentido do trabalho das operárias que ela quis dizer que “muitas” necessidades estavam sendo atendidas pela diversas frentes de trabalho. Para uma contextualização histórica, vamos tentar entender quais eram essas frentes de trabalho.

A colmeia de São Francisco

“Assim que possível, devem ser feitos esforços bem organizados em diversos setores dessa cidade [São Francisco]. (Testemunhos para a Igreja, v. 7, pág. 110). Este texto foi escrito em 12/dez/1900 e comparando as datas das citações temos seis anos entre elas. Ou seja, parece que o conselho sobre o investimento no trabalho naquela cidade foi levado a sério e produziu os frutos esperados.
Conforme dados do senso de 2020, São Francisco hoje é a 17ª cidade dos EUA, com mais de 870 mil habitantes, mas em 1900 era a 9ª cidade, com 342 mil. [2] Nesta data já havia algum trabalho desenvolvido por lá porque Ellen G. White escreveu no mesmo testemunho que “foi aberto em São Francisco um restaurante vegetariano; também uma mercearia e salas de tratamento.”
Na Review and Herald de 5/jul/1906 ela descreve as atividades que estava sendo realizadas:
“Durante os últimos poucos anos, a “colmeia” em San Francisco tem sido sem dúvida uma colmeia muito ocupada. Muitos setores do trabalho cristão têm sido desenvolvidos. [...] Neles se incluem a visitação aos enfermos e desamparados, fundação de lares para órfãos e a obra em favor dos desempregados, o cuidado dos doentes, o ensinamento da verdade de casa em casa, distribuição de literatura e [...] classes sobre vida saudável e o cuidado dos enfermos. Uma escola para crianças é dirigida no porão da casa de culto da Laguna Street. Durante algum tempo foi mantido um lar para trabalhadores e uma missão médica. Na Market Street, próximo ao teatro municipal, havia salas de tratamento que funcionavam como sucursais do Sanatório St. Helena. No mesmo local, havia um armazém de alimentos saudáveis. Perto do centro da cidade, próximo do edifício Call1, era [...] um restaurante vegetariano, o qual funcionava seis dias na semana e ficava inteiramente fechado aos sábados. Ao longo do ancoradouro era realizado trabalho missionário a bordo. Em várias oportunidades, nossos pastores dirigiram reuniões em grandes salões na cidade.”
Podemos identificar pelo menos 13 atividades sendo desenvolvida na cidade. Dá para entender poque a “colmeia” estava tão cupada!
A Market Street foi uma importante rua que foi aberta em 1839 e era a mais larga da cidade, com 37m. Já o ed. Call foi erguido em 1897 e era um dos primeiros arranha-céus da cidade. Tinha esse nome porque o jonal Call estava sediado nele. Essas informações são para indicar como o trabalho da época foi feito em locais estratégicos.
Aqui em nossa cidade, em nosso bairro, temos necessidades que precisam ser atendidas. São oportunidades para servirmos à comunidade e portas pelas quais muitos podem ter acesso ao evangelho.
Os exploradores espanhóis chegaram a São Francisco em 1769. Quarenta e sete anos antes (1722), a rota de passagem e descanso para viajantes que iam para Minas e Goiás já estava em uso no que só em 1797, promovida à categoria de Vila, tornou-se a Campinas de hoje, a 14ª cidade mais populosa do Brasil, com mais de 1,2 milhão de habitantes. No bairro em que estamos (Jd. Flamboyant) também são milhares de pessoas com as mais diversas necessidades. Não só as necessidades materiais, mas temos visto (e vivido) como os problemas emocionais estão cada vez mas comuns. A OMS alerta que no primeiro ano de pandemia os casos de ansiedade e depressão aumentaram 25%. [3]
Como a nossa igreja pode levar o evangelho, para a salvação, mas também atender a outras necessidades das pessoas ao nosso alcance? Como contribuir para diminuir o sofrimento daqueles que ainda não têm esperança no futuro glorioso ou mesmo daqueles que crêem, mas estão passando pelo desamparo em suas mais variadas formas?
O interesse divino pela São Francisco do início do séc. XX não mudou quando Ele olha a Campinas do séc. XXI.

Deus está muito interessado em nossa cidade!

O início das cidades

No princípio era um jardim, mas depois do pecado surgiram as primeiras cidades.
Gênesis 4.16–17 RA
Retirou-se Caim da presença do Senhor e habitou na terra de Node, ao oriente do Éden. E coabitou Caim com sua mulher; ela concebeu e deu à luz a Enoque. Caim edificou uma cidade e lhe chamou Enoque, o nome de seu filho.
O “retirar-se da presença de Deus” não tem que ver só com a atitude de mudar geograficamente para longe do jardim ou dos seus pais. Caim afastou-se espiritualmente de Deus!
“O significado de Enoque é “início”, trazendo-nos a ideia de um novo princípio, isto é, um novo começo, não mais a partir de Deus, o criador, mas a partir do ser humano, agora distanciado da comunhão e da intimidade com Deus. O nome do primeiro filho, e da primeira cidade, mostra a vida tomando um rumo independente de Deus” (NEVES, 2014, pág. 46).
“A cidade é o resultado direto do ato criminoso de Caim e de sua negativa em aceitar a proteção de Deus. É criação do homem – homem errante, fugitivo, inseguro – que foge de si mesmo e da presença de seu Criador” (HOFFMANN, 2007, pág. 35).
Em Gn 10:6-14, na descrição da descendência de Cam, está escrito que Ninrode fundou várias cidades, entre elas Babilônia, que se tornou símbolo de tudo que é contrário a Deus. A descrição da Torre de Babel é a de um lugar de afronta ao plano de Deus porque queriam tornar o nome grande e se agrupar em tono da idolatria.

As primeiras cidades aparecem na Bíblia como ato de rebelião!

O plano divino para as cidades

Contrário a condição de violência, opressão, domínio e apostasia, Deus tem uma proposta para as cidades, a partir da formação de um povo e na história desse povo Ele revela sua vontade sobre isso.
Isaías 2.2–4 RA
Nos últimos dias, acontecerá que o monte da Casa do Senhor será estabelecido no cimo dos montes e se elevará sobre os outeiros, e para ele afluirão todos os povos. Irão muitas nações e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e a palavra do Senhor, de Jerusalém. Ele julgará entre os povos e corrigirá muitas nações; estas converterão as suas espadas em relhas de arados e suas lanças, em podadeiras; uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra.
Não os últimos dias da história, mas “os últimos dias de Isaías 2:2 precedem imediatamente o estabelecimento do reino messiânico” (DORNELES, 2013, pág. 92).
Não é que não haveria conflitos ou desentendimentos, mas a maneira de lidar com isso seria diferente. Se alguma disputa surgir, ela não será mais resolvida pela força compulsória da guerra, mas pela palavra de Deus, à qual todos se curvam com submissão voluntária (KEIL & DELITZSCH, 1996, pág. 76-77).
Infelizmente o v. 3 diz que mesmo nas condições ideias, “muitos povos viriam”. Ou seja, a proposta de paz não interessa a todos. Deus tinha um plano de paz e harmonia que resultaria na vinda do Messias, mas as escolhas desastrosas continuaram resultando na apostasia.
Imagine um mundo onde não houvesse mais a necessidade de usar armas para a defesa ao ponto de suas peças serem transformadas em instrumentos pacíficos de uso do cotidiano. As cidades nesse lugar seriam ambientes de paz, acolhimento, não haveria opressão e ainda um ponto em comum: convergência ao plano divino.

Conclusão

O plano de Deus vai além de Is 2.
Apocalipse 21.2 RA
Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva adornada para o seu esposo.
Já que o homem não tem como fazer uma cidade onde “habite a justiça” e onde qualquer tipo de mal não esteja presente; Já que temos falhado pelo menos na tentativa desse lugar, então Deus mesmo construiu essa cidade e prometeu transformar os habitantes que viverão nela. Esse é o lar eterno.

A última cidade mencionada na Bíblia é um lugar de restauração!

Enquanto aguardamos esse lugar, os plano dEle para São Francisco, Campinas e todas as outras cidades continuam em ação. Nós somos os operários em Sua obra; nessa ocupada colmeia do Flamboyant... Ainda há mais a fazer e tenho certeza de que Deus tem o ministério adequado para cada um de nós, para nossa ocupação nessa “colmeia”, a comunidade do Seu Reino.
Assista no Youtube em: l1nq.com/Bn0Nw a partir de 1:45:00.
[1] OLIVEIRA, Jhonny, Professores da UFS explicam curiosidades sobre a sociedade das abelhas. UFS, 2/jul/2021. Disponível em: <l1nq.com/Rqftb>. Acesso em 18/10/2022; ROCHA, Felipe & OLIVEIRA, Jhonny, SE é Ciência: 21# Quando o mel é bom, a abelha sempre volta! Entrevistados: Edilson D. de Araújo e Maxwell S. Silveira. Entrevistadora: Márcia Rooca. Spotfy: jun. de 2021. Disponível em <l1nq.com/NGlgY>. Acesso em: 18/10/2022; Organização social das abelhas. Aprenda Fácil Editora. Viçosa, MG: S/A. Disponível em: <l1nq.com/CbB4E>. Acesso em: 14/10/2022.
[2] United Census Bureal. Disponível em: <l1nq.com/x92XG>. Acesso em 18/10/2022; Censo dos Estados Unidos de 1900. Wikipédia. Disponível em: < l1nq.com/heKTp>. Acesso em: 18/10/2022.
[3] Pandemia de COVID-19 desencadeia aumento de 25% na prevalência de ansiedade e depressão em todo o mundo. Organização Pan-Americana de Saúde. 2/mar/2022. Disponível em: <l1nq.com/6QLjI>. Acesso em: 21/10/2022.
REFERÊNCIAS: DORNELES, Vanderlei. Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia. Vol. 4. Tatuí: CPB, 2013; HOFFMANN, Arzemiro. A Cidade na Missão de Deus. Curitiba: Encontro, 2007; KEIL, Carl Friedrich, e Franz DELITZSCH. Commentary on the Old Testament. Peabody, MA: Hendrickson, 1996. NEVES, Itamir. Comentário Bíblico de Gênesis: Através da Bíblia. 2ª ed. São Paulo: Rádio Trans Mundial, 2014.
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