A ocupada colmeia (II) - Campinas

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Em dezembro de 1900 a sede da igreja adventista foi aconselhada a desenvolver um trabalho em diversos setores da cidade de São Francisco. (WHITE, 2005,p. 110). Em um periódico da igreja, agora em 1906, foi dito que “durante os últimos poucos anos a ‘colmeia’ de São Francisco tem sido uma colmeia muito ocupada. (Idem, 2012, p. 155). Não é necessário um exercício de imaginação para pensar no que estava acontecendo porque logo na sequência são apresentados pelo menos 13 atividades diferentes sendo desenvolvidas ali.
As cidades são temas do interesse de Deus e em episódios como o envio do profeta à cidade de Nínive podemos ver isso de maneira bem evidente. O clima de paz entre as cidades é bem descrito na proposta divina para o desenrolar do plano da salvação.*
Isaías 2.2–4 RA
Nos últimos dias, acontecerá que o monte da Casa do Senhor será estabelecido no cimo dos montes e se elevará sobre os outeiros, e para ele afluirão todos os povos. Irão muitas nações e dirão: Vinde, e subamos ao monte do Senhor e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos pelas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e a palavra do Senhor, de Jerusalém. Ele julgará entre os povos e corrigirá muitas nações; estas converterão as suas espadas em relhas de arados e suas lanças, em podadeiras; uma nação não levantará a espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerra.
Haverá uma restauração final, em uma cidade em que habita a justiça, dor ou luto, onde o próprio Deus estará presente. Enquanto aguardamos esse lugar, os plano dEle para São Francisco, Campinas e todas as outras cidades continuam em ação e nós somos os operários em Sua obra. Somos enviados por Deus!

Enviado de Deus

“Enviado”, na língua do Novo Testamento (NT), também é transliterado como apóstolo (apostolos [ἀπόστολος], ocorre 131 vezes no NT). “Ser ou tornar-se enviado em direção a um objetivo designado.”[1] A raiz dessa palavra aparece 289 vezes em o NT.
Lucas 6.13 RA
E, quando amanheceu, chamou a si os seus discípulos e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de apóstolos:
Mateus 11.10 RA
Este é de quem está escrito: Eis aí eu envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho diante de ti.
João, o batizador, foi o primeiro enviado do NT.
João 1.6 RA
Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João.
Depois dele, Jesus também se revela como missionário no plano divino; como enviado de Deus. Se considerarmos a expressão “me enviou” onde há um claro reconhecimento por parte do enviado e disposição para cumprir a proposta do envio, na versão Almeida Revista e Atualizada, considerando o NT, são 31 vezes que a expressão aparece e destas 27 estão em João.
O Enviado cumpre a ordem de quem o enviou.
João 6.39 RA
E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia.
A mensagem do Enviado é a mesma de quem envia.
João 7.16 RA
Respondeu-lhes Jesus: O meu ensino não é meu, e sim daquele que me enviou.
O Enviado de Deus está sempre acompanhado por Ele.
João 8.29 RA
E aquele que me enviou está comigo, não me deixou só, porque eu faço sempre o que lhe agrada.
Senso de urgência do que precisa ser feito.
João 9.4 RA
É necessário que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar.
Um alerta de que outros seriam enviados.
João 13.20 RA
Em verdade, em verdade vos digo: quem recebe aquele que eu enviar, a mim me recebe; e quem me recebe recebe aquele que me enviou.
Em 17:18 a raiz da palavra é a mesma e está em conexão com 20:21.
João 17.18 RA
Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.
Depois de testemunhar na vida o que é ser enviado por Deus, Cristo agora comissiona Seus seguidores. Embora Donal A. Carson (2007, p. 649), comentando 20:21, ache essa uma abordagem incompleta, ainda assim vejo que “Jesus, deliberadamente, faz de sua missão o modelo da nossa”.
João 20.21 RA
Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio.
Aqui outra palavra é usada, pempo [πέμπω]. Em João essa palavra aparece “lado a lado sem qualquer diferença óbvia” (COENEN & BROWN, 2000, p. 156). E ainda
“Pode ser que desejasse [João] ressaltar os aspectos puramente funcionais do termo em contraste com os conceitos institucionais que já estavam sendo vinculados a apostolos, e também para sublinhar mais fortemente a autoridade do Senhor que envia.” (Idem)
Agora o envio é ratificado com a bênção do Espírito. A autoridade para enviar é a mesma e o conteúdo da mensagem também, com a diferença de que Jesus era o agente e nós os proclamadores.

Só o “dono” da “colmeia” pode enviar as “abelhas”, por isso Ele nos envia!

Missio Dei

Essa expressão foi usada pela primeira vez em 1934 pelo missiólogo alemão Karl Hartenstein.[2] A ideia é a de que
“A Missio Dei é o conjunto ou a somatória de todas as ações divinas compreendidas desde a criação do mundo e cujo clímax culmina com o louvor e a adoração a Deus por toda a eternidade.” (OLIVEIRA, 2021, p. 106).
David Bosch (2002, p. 467-8) em seu conhecido livro Missão Transformadora, explica como a missio Dei se dá com Deus, o Pai, enviando o Filho; o Pai e o Filho enviando o Espírito; e a Trindade enviando a igreja. Assim,
A missão não é primordialmente uma atividade da igreja, mas um atributo de Deus. Deus é um Deus missionário... A igreja é vista como um instrumento para essa missão. Existe igreja porque existe missão, não vice-versa.
Percebendo a igreja por essa órtica, pense comigo:
O que é uma igreja?
Pessoas que saíram do mundo e foram enviadas de volta a ele! Loys Barret (2004, p. x) no livro Treasure in Clay Jars: patterns in missional faithfulness, diz:
Igrejas missionais percebem a si mesmas não tanto como enviadoras, mas como sendo [elas mesmas] enviadas. (apud BARRO, 2018, p. 30).
Como ocupo meu lugar na igreja?
Reconhecendo e exercendo os dons que me foram dados por aquele que me enviou!
Para que construir uma igreja?
Para que, com uma estrutura favorável, possamos melhor cumprir a missão de Deus!
O Deus missionário tem comissionado a muitos ao longo dos séculos. Como Senhor da “colmeia” Ele tem toda autoridade para enviar e ainda promete que vai nos acompanhar. A missão é dEle, mas nós somos os instrumentos para o crescimento do Seu Reino. Sair do mundo pela ação de Deus resulta em voltar para o mundo como instrumentos de Sua glória.
Deus conceda a mim e a você que leu esse texto a graça de fazer parte da missio Dei.
*Veja o estudo anterior em: l1nq.com/760CF
[1] Rick Brannan, org. Léxico Lexham do Novo Testamento Grego. Bellingham, WA: Lexham Press, 2020.
[2] https://en.wikipedia.org/wiki/Missio_Dei
Assista em: https://www.youtube.com/watch?v=35sbNTlr2KM a partir de 1:49:04.
REFERÊNCIAS: BARRO, Jorge Henrique. A igreja missional. Práxis Missional, Vol. 1, nº 1, p. 29-31, maio 2018. Disponível em < https://praxismissional.com.br/a-igreja-missional-por-jorge-henrique-barro/ >. Acesso em 25 outubro 2022; BOSCH, David J. Missão transformadora: mudanças de paradigma na teologia de missão. 3ª ed. São Leopoldo, RS: EST, Sinodal, 2009; CARSON, Donald A. O Comentário de João. São Paulo: Shedd, 2007; COENEN, Lothar & BROWN, Colin. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. 2ª ed. São Paulo: Vida Nova, 2000; OLIVEIRA, Hildomar de J. P. O desafio para a prática missiológica contemporânea: Todos enviando para todos. Revista de Reflexão Missiológica, Vol. 1, nº 1, p. 102-113, jul-dez 2021. Disponível em <l1nq.com/ZJ6NQ>. Acesso em: 27 outubro 2022; WHITE, Ellen G. Ministério para as Cidades: esperança para os centros urbanos. Tatuí, SP: CPB, 2012; WHITE, Ellen G. Testemunhos para a Igreja. vol. 7. Tatuí, SP: CPB, 2005.
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