O dia mau foi vencido
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· 10 viewsICT: Paulo exorta os éfesos a vestirem a armadura de Deus para resistir ao diabo. Tese: Paulo nos exorta a vestirmos a armadura de Deus a fim de resistir ao diabo. PB: Devocional, Ético PE: Exortar a igreja que concentre suas energias na luta contra o verdadeiro inimigo que se encontra nas regiões celestiais com os recursos de Deus. Divisão: - Preparação para lutar no dia mau (v. 10-11) - Quem não é inimigo do dia mau (v. 12a) - Quem é o inimigo do dia mau (v. 12b) - Vitoriosos no dia mau (v. 13)
Notes
Transcript
Introdução
Introdução
Estamos em meio a dois marcos importantes. De um lado, o resultado das eleições para presidente do Brasil e para o Governo do Estado de Pernambuco, e de outro lado, de forma especial para nós cristãos evangélicos, a comemoração à Reforma Protestante marcada para todo dia 31 de outubro.
Apesar de parecerem eventos distintos, vivemos nestes dias de campanha eleitoral um forte envolvimento entre essas duas esferas, a política e a religiosa. Nunca foi tão noticiado, principalmente em referência ao segmento evangélico dentro das campanhas e movimentos eleitorais dos candidatos tanto do âmbito nacional, passando pela disputa para ocupar as cadeiras da Congresso Nacional quanto do local para governadores e deputados estaduais.
Notavelmente houve um boom no crescimento da comunidade evangélica nas últimas décadas no Brasil, e sendo a política e os políticos movidos pelo pragmatismo, muitas vezes desmedido, e observando esse crescimento, estes políticos aproximam-se cada vez mais da Igreja Cristã. Por isso há tantos candidatos que atribuem a seu nome para pedir votos se denominando pastor fulano de tal, missionária ciclana, irmão beltrano e por aí vai.
Por vezes são os políticos que se aproximam da Igreja, e em outros movimentos é a Igreja que se aproxima da política. Mas ambos movimentos concorrendo a uma mesma direção, objetivando poder que se encontra na esfera pública.
E olhando para Reforma Protestante, ocorrida lá no século XVI, como o nome propriamente diz, dentro da Igreja houveram protestos que clamaram por uma reforma desta entidade religiosa. Reforma está dentro de um cenário em que a Igreja Cristã estava muito envolvida com os poderes governamentais de sua época, normalmente as monarquias, mandando e desmandando na vida pública e também na privada das pessoas que compunham a sociedade européia principalmente.
Mas nem sempre foi assim. Se voltarmos para o princípio da origem da Igreja Cristã, iremos ao livro de Atos dos Apóstolos nas Escrituras Sagradas e podemos dizer que no Pentecostes a Igreja startou sua missão, quando o Espírito Santo, em cumprimento da promessa do Senhor (Jl 2.28), foi derramado sobre os discípulos, capacitando-os a se movimentarem e cumprir a grande comissão ordenada pelo mestre Jesus (At 1.6-8).
Mas nesta época a Igreja era perseguida pelos poderes governamentais. Mais especificamente o governo pertencia ao Império Romano que duramente, de forma cruel e sanguinária, perseguiu e executou muitos cristãos. Mas que a despeito de todo poder que havia neste império, obviamente não foi capaz de superar o poder supremo de Deus que operando seus propósitos, nada o impede (Is 14.27).
E como é que a Igreja Cristã foi parar no seio do poder humano? Justamente, após muitos séculos de resistência e de crescimento — apesar de não haver IBGE realizando estatística naquela época, pelos registros históricos, é sabido que a comunidade cristã crescia e se espalhava por meio da proclamação do evangelho —, quando Constantino era o atual imperador romano, este se converteu ao cristianismo e radicalmente a Igreja Cristã passou de perseguida para agora religião oficial de Roma.
O que se sucedeu foi um desvio do propósito da Igreja que nada mais é que ser a fiel depositária do evangelho, tendo como missão proclamar e testemunhar essa boa nova ao mundo, fazendo discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que Cristo nos ordenou (Mt 28.19-20).
O dia mau não foi o período das perseguições, mas o período em que a Igreja esteve no poder secular. A corrupção humana se manifestava agora por promoção da Igreja que já havia sido rompida entre a Igreja Ortodoxa Oriental e a Igreja de Roma no ocidente. E ocorriam venda de indulgências, literalmente era vendido sua passagem para o paraíso, tudo era pretexto para pagamento de indulgências que deixavam cada vez mais rica a Igreja Romana. Propriedades eram adquiridas e doadas e o poder papal cada vez maior.
No quesito clerical, havia regiões na Europa, sobretudo nos centros urbanos, em que o povo leigo estava mais instruído que os próprios clérigos, sendo estes muitos analfabetos que decoravam com os mais antigos as falas em latim das missas, mas que com o tempo acabavam por cometer erros e até haviam esquecimentos mesmo (Alister E. McGrath, O Pensamento da Reforma: Ideias que Influenciaram o Mundo e Continuam a Moldar a Sociedade, trans. Jonathan Hack, 1a edição. (São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2014), 42–43).
Mas Deus cumpre todas as suas promessas! Este não seria o fim ou destino da Igreja do Senhor Jesus. Dentro da própria Igreja, ministros eclesiásticos começaram a promover e criticar as práticas da própria Igreja, até que meados do século XVI, tendo como marco as 95 teses de Lutero publicada, hoje é reconhecida a Reforma Protestante.
Uma das grandes discussões da Reforma implicou na separação dos poderes da Igreja e do Estado. Mesmo sendo os dois reinos — estatal e clerical — instituídos por Deus, cada um possui sua área de atuação. Conforme Sproul trata no seu livro “Qual é a relação entre Igreja e Estado?”
Qual é a Relação entre Igreja e Estado? Capítulo Três: A Espada e as Chaves
A igreja foi chamada a orar em favor do estado e a apoiar o estado. O estado foi chamado a garantir a liberdade da igreja e a proteger a igreja daqueles que procurariam destruí-la.
O povo de Deus estava sofrendo por causa da má influência exercida pela liderança religiosa que possuía poder para tal. Mas graças a Deus homens se revestiram da armadura do Senhor e puderam resistir a esse dia mau, lutando no campo de batalha correto: nas regiões celestiais, no âmbito espiritual.
- Preparação para lutar no dia mau (v. 10-11)
- Preparação para lutar no dia mau (v. 10-11)
Conseguem perceber um paralelismo histórico com nossa atualidade?
Lá trás a igreja expandia, hoje o segmento evangélico está em expansão;
A Igreja estreitou laços com o poder governamental e hoje os evangélicos querem ocupar cada vez mais as cadeiras do congresso e das assembleias estaduais e ocupar cargos do executivo e judiciário também;
A Igreja acabou afundada em corrupção moral, teológica e desviada de seu propósito original. E hoje? E amanhã? Será que os evangélicos vão “dominar” os três poderes constituintes? Será que é esse nosso propósito como Igreja?
O apóstolo Paulo estava exortando aos cristãos de Éfeso a se prepararem contra as ciladas do diabo ao afirmar nos versos 10 e 11 lido: Ef 6.10-11 “Quanto ao mais, sejam fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Vistam-se com toda a armadura de Deus, para poderem ficar firmes contra as ciladas do diabo.”
Uma das lições que podemos tirar nestes dois primeiros versos de nossa perícope é que precisamos nos fortalecer. Assim como é dito às crianças que elas precisam se alimentar bem para ficarem fortes, o mesmo podemos inferir aqui. E a força vem do poder de Deus. Nossa força, na verdade, é a força do Senhor, uma vez que quando somos fracos aí é que somos fortes (2Co 12.10), portando devemos nos alimentar cuja fonte desse alimento vem de Deus, ou seja, de sua Palavra (Mt 4.4).
Alimentados pela Palavra, poderemos com fé suportar os ataques do maligno. Podemos pensar que assim como alguns tentaram se proteger contra o coronavírus com medicações diversas e outros com vacina, de uma forma ou de outra podemos fazer essa analogia quando o apóstolo diz para nos revestirmos com a armadura de Deus, ou seja com a proteção divina e assim ficarmos firmes em meio aos ataques do inimigo.
- Quem não é inimigo do dia mau (v. 12a)
- Quem não é inimigo do dia mau (v. 12a)
Mas quem é esse inimigo? Paulo já disse que é o diabo que nos ataca. Mas ele faz questão de dizer quem não é nosso inimigo. Ele é claro ao dizer: Ef 6.12 “Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, mas contra os principados e as potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestiais.”
Por que Paulo faz esta distinção? Certamente porque ninguém esbarra com o diabo de carne e osso por aí, né? Essa batalha é espiritual. Satanás e seus demônios são seres espirituais que atuam nas regiões celestiais. Portanto, mesmo que possa parecer, não devemos encarar nosso semelhante, um outro ser humano, como nosso inimigo.
É certo que o nosso inimigo atua sobre as pessoas inescrupulosas, sagazes, mentirosas, maliciosas e enganadoras. Mas quem não é mau? Até aqueles que se dizem nossos irmãos, crentes, já nascidos do Espírito, estão sujeitos à influência do diabo, pois ainda estamos todos nós ainda convivendo com a carne, ainda numa realidade imperfeita e corrompida.
Por mais terrível que seja determinada pessoa, lembremo-nos que ela pode estar dominada por poderes espirituais, atuando sobre sua vida. E não é “derrotando” essa pessoa que estaremos lutando contra o mal.
- Quem é o inimigo do dia mau (v. 12b)
- Quem é o inimigo do dia mau (v. 12b)
E é nesta perspectiva que buscamos conhecer o nosso verdadeiro inimigo.
Já sabemos que ele ou eles são seres espirituais. Paulo os chama de principados e potestades, ou seja, governos e poderes que atuam nas regiões celestes. São verdadeiras autoridades que se constituem no campo espiritual e o mundo por esta força é governado.
As potestades se referem aos poderes que exercem influência. E falando em influência, hoje um campo fértil são redes sociais, não é verdade? Nunca fomos tão influenciados a não exercer um pensamento crítico em troca dele supostamente já realizado e facilmente palatável em vídeos curtos que circulam nos mais diversos assuntos.
Como você tem vivida sua espiritualidade?
- Vitoriosos no dia mau (v. 13)
- Vitoriosos no dia mau (v. 13)
Paulo volta a dar a direção correta para combater a batalha do dia mau. O apóstolo escreveu essa carta quando estava preso. Talvez ele estivesse observando um soldado romano que o patrulhava quando escreveu inspirado pelo Espírito Santo, fazendo uma analogia com um soldado que se prepara para batalha.
A batalha aqui não é travada no mundo material, mas é uma batalha espiritual. E somos exortados a vestir toda a armadura de Deus. Toda para não deixar brecha para o inimigo.
Foi Jesus Cristo quem já sentenciou Satanás e seus demônios ao fogo eterno. Eles já estão condenados e derrotados. Cristo é o vitorioso e é lutando ao lado dele que também seremos vitoriosos. É o Senhor que nos dá força para resistir ao diabo.
Da tentação devemos passar a largo e fugir, mas do diabo devemos enfrentá-lo de frente. É ele quem ataca. É ele que vem de assalto. Precisamos estar vestidos com toda armadura de Deus, fortalecidos no seu poder e então resistir aos ataques.
Tenho observado muita discussão entre o povo de Deus ainda por causa da polarização política. E isso muito me preocupa, porque assim como ocorrido na Reforma Protestante onde a Igreja estava afundada na lama imoral, corrompida até o pescoço por causa do poder, minha oração é que possamos estar atentos e revestidos com toda a armadura, olhando para nosso próximo, entendendo que mesmo que ele nos ofenda, ainda assim não se torna nosso inimigo, mas que possamos olhar com misericórdia e amá-lo em suas necessidades.
Que assim seja até a volta do nosso glorioso vencedor Jesus cristo!