A GAROTA QUE NINGUÉM QUERIA
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A GAROTA QUE NINGUÉM QUERIA
INTRODUÇÃO
Ninguém gosta de ser o irmão (a) feio de uma família de boa aparência. A pessoa sofre bullying, é intimidado e tende a se sentir realmente inseguro em relação a si mesmo. Na hora das fotos geralmente ele não deseja está presente, pois tem vergonha das comparações. A bíblia fala de um caso assim. VAMOS LER GÊNESES 29.16-17.
O texto hebraico diz que Raquel, além de bela, tinha um porte formoso. Lia, a filha mais velha, porém, “tinha os olhos baços” (Gn 29:17). Literalmente, “olhos caídos”, “sem brilho” ou “fracos”. Alguns têm assumido que sua visão era deficiente. A passagem, contudo, não diz que Lia tinha olhos deficientes. O ponto da narrativa é claro: Lia era particularmente sem atrativos e teve que sobreviver à sombra de sua fascinante irmã.
Provavelmente, seu pai sabia que nenhum homem jamais iria casar-se com ela ou oferecer-lhe um dote financeiro por essa garota. Por anos, ele deve ter imaginado o que faria com essa filha. Finalmente, ele encontrou a solução para o problema. Labão viu a oportunidade na paixão de Jacó por Raquel. Mas o que isso significou para a filha mais velha? Lia aparece na história como a filha que o pai não desejava e se torna a esposa que o marido não queria.
I – ACORDANDO COM LIA
Jacó, no idealismo de seu amor quase idolátrico por Raquel, julgou que, se ele a tivesse, tudo estaria resolvido em sua vida. Então ele faz uma proposta para o seu tio Labão. VAMOS LER GÊNESES 29.18-20.
Quando chegou o tempo de seu casamento, Jacó procurou Labão, que prontamente preparou um banquete para a festa de casamento. Na noite de sua grande fantasia, ele vai para a câmara nupcial pensando ter a mulher de sua paixão. Contudo, quando acordou de manhã, assim diz o verso 25: “Ao amanhecer, viu que era Lia”. Provavelmente Lia estava usando um véu que cobria todo o rosto, e a câmara nupcial era escura, esses elementos tonaram possível o engano.
Essa parece ser a miniatura das desilusões humanas, experimentadas desde o Éden. O que isso quer dizer? No fim, significa que, não importa onde coloquemos nossa esperança, “ao amanhecer”, encontraremos sempre Lia, nunca Raquel.
Provavelmente, ninguém, em tempos recentes, coloca a questão melhor do que C. S. Lewis, em seu clássico Cristianismo Puro e Simples: “A maioria das pessoas, se elas realmente aprenderam a olhar dentro de seu coração, saberia que aquilo que elas profundamente desejam é algo que nunca terão neste mundo. Há toda sorte de coisas que este mundo nos oferece, mas essas coisas nunca cumprem suas promessas completamente. Os anseios que surgem em nós quando amamos pela primeira vez ou quando pensamos em algum país distante […] são anseios que nenhum casamento, nenhuma viagem ou aprendizado podem realmente satisfazer.”
Lewis não está falando aqui de casamentos malsucedidos ou planos que dão errado. De fato, ele está se referindo ao melhor. O melhor que podemos alcançar será sempre, por uma razão ou outra, sonhos incompletos. Se, como Jacó, você coloca todas as esperanças na pessoa com quem você se casa, você a esmagará com suas expectativas. Nenhuma pessoa pode dar à sua alma tudo aquilo que você anseia. Isso se aplica também às carreiras profissionais, negócios, posses e qualquer outra coisa que seja parte de nossos melhores planos neste planeta. Você pode pensar ter “Raquel” em seus braços, mas a realidade tem sua forma de fazê-lo despertar com “Lia”.
O grande problema é esperar muito daquilo que nunca pode corresponder às nossas expectativas. Então você pode condenar-se, acusar outras pessoas ou amaldiçoar o mundo, tornando-se amargo, cínico e vazio. Ou você poderá, como C. S. Lewis sugere, no fim do capítulo, reorientar o foco de sua vida em direção a Deus. Lewis conclui: “Se eu encontro em mim um desejo que nenhuma experiência neste mundo pode satisfazer, a explicação mais provável é que eu fui feito para outro mundo, algo sobrenatural e eterno.”
II – O SUCESSO DEPENDIA DOS OUTROS
Vamos voltar a Lia. Em seu coração, ela estabelece um plano desesperado para ganhar a afeição do marido, emocionalmente distante dela. Os últimos versos do capítulo 29 do livro de Gênesis estão entre os mais pungentes da história bíblica: “Vendo o Senhor que Lia era desprezada, fê-la fecunda; ao passo que Raquel era estéril” (v. 31). Ao dar à luz os primeiros filhos, Lia desejava que o marido a amasse. Ela disse: “Soube o Senhor que [eu] era preterida” (v. 33). Também afirmou: “Agora, finalmente, meu marido se apegará a mim” (v. 34, NVI).
Deus abriu o ventre de Lia, e ela teve um filho, Rúben, cujo nome contém o verbo ra›ah, que significa “ver”. Porque Deus “viu” que ela não era amada por Jacó (Gn 29:31), essa criança foi uma compensação para ela em sua dor e seu sofrimento.
Depois ela concebeu a outro filho, deu o nome de Simeão, que contém o verbo shama’, “ouvir”, porque Deus “ouviu” (shama’) a profundidade e a humilhação de sua dor e, portanto, teve pena dela assim como tinha ouvido a aflição de Agar (Gn 29:33).
Lia havia colocado todas as esperanças e os sonhos em seu marido. Sua identidade perdera-se nele, julgando que os filhos o aproximariam dela. Contudo, vê-lo cada dia nos braços daquela em cuja sombra ela vivera era como um golpe novo numa ferida antiga. Cada filho parecia empurrá-la mais fundo no inferno de sua solidão.
Lia precisava de uma mudança de atitude. O que é atitude? É um sentimento interno que se expressa no comportamento. A pessoa não diz uma palavra, mas sua atitude é notada. Mostramos atitude inclusive pela linguagem do corpo. Todas as nossas expressões corporais têm que ver com o que temos dentro de nós.
Atitude é uma escolha que pode nos erguer ou nos destruir. Minha atitude determina a minha altitude. Não é a inteligência ou a falta dela que faz alguém crescer ou desabar, mas a forma como reagimos às circunstâncias. O que me faz vencer ou perder não é o que acontece para mim, mas o que acontece em mim. Vivemos nos protegendo para que nada nos aconteça, mas, se acontece dentro de nós, o impacto é muito maior.
Às vezes encontro jovens sofrendo porque foram rejeitados pela família, perderam o namorado ou a namorada, fracassaram no trabalho ou tiveram algum revés na vida. Algumas dessas pessoas se tornam amargas e azedas por causa do que foge ao controle delas. O mais importante não é o que acontece conosco, mas o que acontece dentro de nós. Não podemos controlar as coisas que nos acontecem; só podemos controlar a nossa forma de pensar e agir a respeito delas.
A Bíblia está cheia de conselhos sobre atitude. Ela nos informa que Deus está interessado em mudar nossa maneira de pensar. E a lição mais importante que temos de aprender hoje é que a mesma atitude de Cristo deve ser a nossa!
O que acontece com você não é tão importante quanto o que o Senhor está realizando em você.
III – O SUCESSO DEPENDE DA PESSOA CERTA
Por fim, Lia desvia o foco de suas atenções com a concepção de Judá, de cuja linhagem viria o Messias. Ela não está mais fixada no marido: “Esta vez louvarei o Senhor” (v. 35). Ela usa o nome Yahweh, o Deus pessoal da graça. Lia não se referiu mais à sua dor, nem mesmo à bênção. Não faz nenhuma referência ao marido ou aos filhos, como anteriormente, ela se concentrou em Deus e O louvou por Sua graça. Ela entregara os mais profundos desejos de seu coração nas mãos do Senhor. Labão e Jacó haviam roubado sua vida, mas agora ela a recebe de volta. O que você pode aprender com Lia?
IV – O IMPACTO DA ATITUDE
Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus. Filipenses 2:5
Como imagina em sua alma, assim ele é. Provérbios 23:7, ARA
A nossa felicidade não depende da forma como as pessoas reagem conosco. Não temos como controlar a reação das pessoas, apenas podemos controlar como vamos reagir diante da reação delas. Jovens de valor permitem que Deus controle seu interior. Somos sempre responsáveis pelo que acontece dentro de nós.
Um rapaz que acabara de perder o emprego veio falar comigo. Tinha sido demitido porque não podia se relacionar com os colegas de trabalho. Começou a se justificar dizendo que foi maltratado, rejeitado pelo pai, tratado assim e assado pelo padrasto. Quando parou de falar, eu só conseguia pensar em sua atitude negativa e em como ele próprio criara aquela situação desconfortável. Disse para ele: “Pare de culpar o passado, as pessoas, as circunstâncias. Chega uma etapa na vida em que você tem que ser responsável pelo que acontece em sua vida.”
Coisas ruins também acontecem com pessoas otimistas, mas algumas delas são tão positivas que até o que é negativo se torna positivo em seu ponto de vista. Pessoas pessimistas, por sua vez, veem tudo de modo sombrio e ruim; até as coisas positivas se tornam negativas para elas.
Se você quer ser um jovem de valor, tem que aprender a moldar sua vida com os pensamentos de Deus. Esteja onde estiver, pense como quiser, a responsabilidade é sua. Ninguém é responsável senão você!
Uma atitude cristã inclui pensamentos fundamentados na Bíblia e centralizados em Deus. As Escrituras estão cheias de histórias de jovens que encararam as circunstâncias ruins como desafios para crescer.
Todos nós temos limitações. Muitas vezes faltam-nos dinheiro, força física e preparo. Não permita que essas carências o neutralizem. Se você não pode pegar uma estrada, pegue outra. Não seja refém de si mesmo nem prisioneiro de seu passado. Uma atitude negativa nunca irá construir nada positivo. Como jovem cristão, você deve procurar desenvolver uma visão de si mesmo, dos outros e das circunstâncias a partir da perspectiva de Deus, alinhando seus pensamentos com a Sua Palavra.
CONCLUSÃO
O curioso que, somente quando Lia não conseguiu dar à luz novamente, Deus Se lembrou de Raquel e abriu o ventre dela (Gn 30:22). A esposa amada esperou sete anos após seu casamento e 14 anos após seu noivado com Jacó para ter seu primeiro filho (Gn 29:18, 27; Gn 30:25). Ela deu-lhe o nome de “José” para significar que “Deus tirou [‘asaf]” dela o seu vexame e lhe daria “ainda outro filho” (Gn 30:23, 24). Por mais erradas que fossem algumas dessas atitudes, Deus foi capaz de usar essas ações, mesmo que não as tolerasse, a fim de criar uma nação da semente de Abraão.
Amados irmãos creio que todos iniciam sua jornada com sonhos de como a vida será – sonhos de amor, felicidade, fama, sucesso e fortuna. Esses sonhos, às vezes, significam o desejo de um futuro melhor que o presente ou simplesmente representam nossas expectativas e esperanças. O problema é que, muitas vezes, a vida não “entrega” aquilo que foi sonhado. Em determinado ponto da existência, pode-se concluir que nunca veremos a realização de nossos sonhos. Muitas vezes, isso gera um sentimento de fracasso, vazio, falta de sentido ou mesmo culpa.
De modo contrário às histórias infantis, como Branca de Neve e Cinderela, que terminam com o clássico “felizes para sempre”, a realidade tem sua forma cruel de desmentir os sonhos. O problema daquelas historinhas é que elas têm apenas um capítulo, enquanto a realidade da vida revela os desdobramentos de muitos capítulos.
Tenho encontrado pessoas em “capítulos” avançados, algumas cujo casamento eu realizei ou pude presenciar como convidado. Diante de divórcios, separações e mesmo ódio entre eles, pergunto-me onde estão aquelas pessoas que deixaram a igreja com brilho nos olhos? E o que dizer de crianças e jovens promissores que cresceram para trazer desespero aos que os amam? Ou outros que andaram em círculos? Ou, ainda, pessoas que iniciaram algum projeto promissor para terminarem desiludidas e fracassadas? A realidade demonstra que “príncipes e princesas” se tornam sapos. Sonhos viram pesadelos.
APELO
Coloque seus sonhos no SENHOR, Ele não vai te frustra.