O PROGRESSO DO EVANGELHO! Filipenses 1.12-26

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Grande ideia: O evangelho de Jesus tem avançado no mundo, e somos responsáveis em anunciar a Cristo em todo o tempo. Nisso consiste a nossa missão nesta vida!
Hernandes Dias Lopes:
A Carta de Paulo aos Filipenses é um bilhete de amor, em que Paulo abre o coração e deixa transbordar a sua alegria, a sua gratidão e o seu profundo apreço por essa igreja que foi ao longo do seu ministério sua parceira em seu sustento e encorajamento (4.15,16,18).
1. O avanço do evangelho a despeito dos percalços. (vv. 12-14)
(a) O vocativo “irmãos” revela uma certa formalidade, mas que envolve também proximidade.
(b) O que Paulo quis dizer com “coisas que me aconteceram”?
Paulo: perseguido em Damasco (At 9.23-25), rejeitado em Jerusalém (At 9.26-28), foi dispensado do campo pelo próprio Deus (At 22.17-21), esquecido em Tarso (At 9.30), foi colocado na sombra de outro líder (At 13.2), foi apedrejado e arrastado como morto na cidade de Listra (At 14.19), foi barrado por Deus no seu projeto (At 16.6-10), foi preso e açoitado com varas em Filipos (At 16.19-26), foi escorraçado de Tessalônica e Beréia (At 17.5,13), foi chamado de tagarela em Atenas e de impostor em Corinto (At 17.17.18; 18.12), é preso em Jerusalém e acusado em Cesaréia (At 21.27,28; 23.31; 24.1-9), enfrenta um naufrágio na viagem para Roma (At 27.9-28.1-10), foi mordido por uma víbora em Malta (At 28.1-6), chegou preso a Roma (At 28.16).
(c) A palavra que Paulo usa para “avanço” é especial:
William Barclay:
A palavra que Paulo usa para o “progresso do evangelho” é muito expressiva, prokope. Este termo é usado particularmente para designar o avanço de um exército ou uma expedição. O substantivo provém do verbo prokoptein, que significa “derrubar de antemão”, e se aplica ao corte de árvores e a toda remoção de impedimentos que obstaculizavam a marcha do exército.
(d) Paulo tem a oportunidade de deixar claro a “guarda pretoriana” e “para todos os demais” acerca do evangelho do Senhor Jesus.
William Barclay:
A guarda pretoriana era a guarda de elite do imperador. A palavra grega praitorionpode significar tanto um lugar quanto um grupo de pessoas.87 O termo usado por Paulo aplica-se à guarda do pretório. Essa era a guarda imperial de Roma.
Filipenses 4:22
22 - Todos os santos vos saúdam, mas principalmente os que são da casa de César.
(e) E Paulo alega de que é por conta justamente das suas “prisões” que os crentes tem tido “coragem” para falar a palavra de Deus.
(Flp 1:13) de maneira que as minhas cadeias, em Cristo, se tornaram conhecidas de toda a guarda pretoriana e de todos os demais;
(Flp 1:14) e a maioria dos irmãos, estimulados no Senhor por minhas algemas, ousam falar com mais desassombro a palavra de Deus.
Colossenses 4:3-4
3 - Orando também juntamente por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual estou também preso;
4 - Para que o manifeste, como me convém falar.
Ralph Martin diz que os crentes de Roma descobriram uma nova fonte de energia nas algemas de Paulo.
(f) Em suma:
Hernandes Dias Lopes:
O evangelho é mais importante que o obreiro. A divulgação do evangelho é mais importante que a vida do obreiro. Paulo foca sua atenção não em si, mas na proclamação do evangelho.
2. O avanço do evangelho que gera uma alegria indizível. (vv. 15-18)
(a) Paulo está diante de uma constatação: “É verdade”.
J. B. PHILIPS:
15. Sei que alguns estão pregando Cristo por inveja, a fim de me aborrecer, mas há os que pregam de boa fé. 16. Estes últimos estão pregando movidos pelo amor que têm por mim, pois sabem que estou aqui para defender o evangelho. 17. O motivo dos primeiros é questionável- pregam com espírito de divisão, desejando tornar minhas algemas ainda mais torturantes. 18. Mas que importa? Seja qual for a maneira como encaram a questão, o fato é que Cristo está sendo pregado, com sinceridade ou não, e isso me deixa muito feliz.
(b) O texto nos põe diante de dois grupos:
Aqui o apóstolo Paulo traça um vivo contraste entre os que pregam o evangelho por amor ao evangelho e os que pregam o evangelho por amor a sim mesmos. As diferenças principais são as seguintes:
Pregar o evangelho por motivos escusos e pregar o evangelho de boa vontade (v.15).
Pregar o evangelho para autoafirmação e pregar o evangelho por amor (v. 16-17).
Pregar o evangelho por pretexto e pregar o evangelho por verdade (v.18).
(c) Paulo entende que ele está preso justamente em “defesa do evangelho”.
J. A. Motyer diz que Paulo via a si mesmo como um homem sob ordens. Ele escreve: “... sabendo que estou incumbido da defesa do evangelho” (1.16). O termo usado aqui é militar.
Martyn Lloyd-Jones:
“Parece que a ideia original foi a de um homem se defendendo numa ação legal. Alguém traz alguma acusação contra ele e o homem faz sua defesa e responde ao juiz”.
I Coríntios 9:16
16 - Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho!
(d) Paulo não se promove no ministério, ele promove a Cristo em seu ministério.
Hernandes Dias Lopes:
Paulo não está construindo um reino pessoal. Ele não está lutando para a exaltação do seu nome. O que lhe interessa é a divulgação do evangelho. Por isso, se alegra, pois esses pregadores egoístas estão com a motivação errada, mas estão pregando o evangelho. O foco de Paulo não está nele mesmo, mas em Cristo. O foco do apóstolo está no conteúdo do evangelho, e não na motivação dos pregadores. Sua atenção não está no que as pessoas lhe fazem, mas em como o evangelho avança.
Lucas 9.49–50 (NAA)
49João tomou a palavra e disse: — Mestre, vimos certo homem que expulsava demônios em seu nome, mas nós o proibimos de fazer isso, porque não segue conosco.
50Mas Jesus lhe disse: — Não proíbam, pois quem não é contra vocês é a favor de vocês.
(e) E o anúncio do evangelho completa a alegria de Paulo: 16 vezes na carta, “alegria”.
Filipenses 3:1
1 - RESTA, irmãos meus, que vos regozijeis no Senhor. Não me aborreço de escrever-vos as mesmas coisas, e é segurança para vós.
Filipenses 4:4
4 - Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos.
José Barbosa de Sena Neto:
Finalizando, queremos sinalizar que a alegria não depende de circunstâncias, mas de estar em Cristo. E a alegria é fruto do Espírito. E quais os elementos que contribuem para a alegria? – a oração incessante, a pregação de Cristo, a fé, a fraternidade entre os irmãos, o sofrimento; sim, o sofrimento, o sofrimento é alegria, também; a fidelidade de um companheiro, servo de Cristo, o ganhar almas para Cristo, o sustento de missionários, a liberalidade nas ofertas e nada e ninguém poderá tirar do crente essa alegria em Cristo! Que o Senhor vos abençoe!
(f) Ainda:
Hernandes Dias Lopes:
Certamente o que mais contribuiu para o progresso do evangelho foram essas cartas que Paulo escreveu da prisão (Efésios, Filipenses, Colossenses e Filemom). Essas cartas ainda são luzeiros a brilhar. Elas têm sido instrumento para levar milhões de pessoas a Cristo e edificar o povo de Deus ao longo dos séculos.
3. O avanço do evangelho que resulta no verdadeiro propósito da vida: Cristo sendo engrandecido pela vida ou pela morte. (vv. 19-26)
(a) Paulo adianta que a proclamação do evangelho resultaria em “libertação” para ele. Em outras palavras, embora preso por fora, ele nunca estivera tão livre!
(b) E essa noção de urgência em relação à sua missão o fazia ter uma “intensa expectativa”. Que sentimento nobre! Paulo não tinha outra prioridade em sua vida.
αποκαραδοκια apokaradokia
de um comparativo de G575 e um composto de kara (a cabeça) e G1380 (no sentido de assistir); TDNT - 1:393,66; n f
1) expectativa ansiosa e persistente.
Atos dos Apóstolos 16.7 (NAA)
7Chegando perto de Mísia, tentaram ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu.
(c) E merece destaque aqui a palavra “esperança” usada aqui no verso 20:
Hernandes Dias Lopes:
A palavra que usa para “esperança” é muito gráfica; é um termo inusitado. Trata-se de apokaradokia. Aposignifica “fora de”; kara, “cabeça”; dokein, “mirar”. Assim, apokaradokia significa a mirada ardente, concentrada e persistente que se aparta de qualquer outra coisa, para fixar- se somente no objeto do seu desejo.
(d) A fala seguinte é assustadoramente magnífica: “Cristo será engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte.”
NVT:
20 Minha grande expectativa e esperança é que eu jamais seja envergonhado, mas que continue a trabalhar corajosamente, como sempre fiz, de modo que Cristo seja honrado por meu intermédio, quer eu viva, quer eu morra.
2Coríntios 5.7–10 (NAA)
7Porque andamos por fé e não pelo que vemos.
8Sim, temos tal confiança e preferimos deixar o corpo e habitar com o Senhor.
9É por isso que também nos esforçamos para ser agradáveis a ele, quer presentes, quer ausentes.
10Porque é necessário que todos nós compareçamos diante do tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo.
(e) Paulo condicionava sua vida a Cristo e o seu morrer como “lucro”:
κερδος kerdos
de afinidade incerta; TDNT - 3:672,428; n n
1) ganho, vantagem.
William Barclay:
O grande paladino do cristianismo, o idoso e surrado apóstolo, diz que Cristo é a razão da vida. Para Paulo, Cristo marcava o começo, a continuação, o fim, a inspiração e a recompensa da sua vida.
(f) Mas, ele para também para pensar no “fruto” que ele colhia na vida dos seus novos convertidos. E esse ponto deixa o missionário em conflito.
(g) Repare na contraposição de “desejo (επιθυμια) de partir e estar com Cristo” com “acho mais necessário (αναγκαιος) permanecer no corpo”.
αναγκαιος anagkaios
de G318; TDNT - 1:344,55; adj
1) necessário.
1a) indispensável.
1b) ligado por laços naturais ou de amizade.
1c) o que deve ser feito de acordo com o princípio do dever, o que é requerido de acordo com as circunstâncias.
Interessante é o termo “partir”: A metáfora do verbo poderia ter sido emprestada da terminologia militar (retirar-se do campo) ou da linguagem náutica (libertar o barco de suas amarras).
(h) O foco do missionário deve estar nos outros, e não em si mesmo, sob a pena de “jogar a sua vida fora”.
NVT:
4 Contudo, por causa de vocês, é mais importante que eu continue a viver.
25 Ciente disso, estou certo de que continuarei vivo para ajudar todos vocês a crescer na fé e experimentar a alegria que ela traz. 26 E, quando eu voltar, terão ainda mais motivos para se orgulhar em Cristo Jesus pelo que ele tem feito por meu intermédio.
(i) Olha o perigo:
Bruce Barton diz que a respeito dessa matéria devemos evitar dois erros: primeiro, trabalhar a ponto de perder de vista nossa gloriosa morada com Cristo; segundo, desejar somente estar com Cristo e negligenciar a obra que Ele nos chamou para fazer.
(j) Piper chama essa atitude de entrega do apostolo Paulo ao fato dele “arriscar-se por Jesus”.
John Piper:
O que isso significa? Significa que Paulo nunca sabia de onde viria a pancada seguinte. Arriscava a vida todos os dias pela causa de Deus. As estradas não eram seguras. Não eram seguros os rios. Seu próprio povo, os judeus, não era seguro. Os gentios não eram seguros. As cidades não eram seguras. O deserto não era seguro. O mar não era seguro. Nem os assim chamados irmãos cristãos eram seguros. A segurança era uma miragem. Não existia para o apóstolo Paulo. Ele tinha duas escolhas: jogar fora a vida ou viver com risco. E ele respondeu a essa escolha claramente:
2Coríntios 1.23–24 (NAA)
23Eu, porém, por minha vida, tomo Deus por testemunha de que foi para poupar vocês que ainda não voltei a Corinto.
24Não que tenhamos domínio sobre a fé que vocês têm, mas porque somos cooperadores da alegria de vocês. Porque, pela fé, vocês estão firmes.
Atos 20:24
24 - Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus.
4. Outras aplicações:
(a) A agenda de Deus não mudou: o evangelho precisa avançar, e para isso precisamos nos unir a Deus naquilo que Ele está fazendo no mundo.
I Coríntios 3:6-9
6 - Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento.
7 - Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento.
8 - Ora, o que planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho.
9 - Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus.
(b) Temos de entender que nossas “prisões” e “algemas” fazem parte do movimento de Deus para alcançar mais pessoas com o evangelho de Jesus Cristo.
Colossenses 1:24-25
24 - Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja;
25 - Da qual eu estou feito ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir a palavra de Deus;
(c) Nossa coragem em testemunhar de Jesus não deve ter como base a nossa performance pessoal. Temos de cuidar para não idolatrarmos homens e métodos!
I Coríntios 3:3-7
3 - Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens?
4 - Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais?
5 - Pois, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o SENHOR deu a cada um?
6 - Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento.
7 - Por isso, nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento.
(d) Em nosso contexto evangélico brasileiro vamos encontrar grupos que se utilizam de motivações erradas (eles serão julgados pelo Senhor).
Mattew Henry:
É prerrogativa de Deus julgar a motivação das pessoas ao anunciarem o evangelho. Isso não cabe a nós. Paulo não invejava em nada aqueles que tinham a liberdade de pregar o evangelho enquanto ele estava preso; por isso ele se regozijava na pregação do evangelho mesmo por aqueles que o faziam por fingimento e não em verdade.
(e) Sua alegria precisa estar completa no fato de que Jesus ter salvado a você e demais pessoas por seu intermédio. Essa deve ser a sua maior satisfação na vida.
Lucas 10:17-20
17 - E voltaram os setenta com alegria, dizendo: Senhor, pelo teu nome, até os demônios se nos sujeitam.
18 - E disse-lhes: Eu via Satanás, como raio, cair do céu.
19 - Eis que vos dou poder para pisar serpentes e escorpiões, e toda a força do inimigo, e nada vos fará dano algum.
20 - Mas, não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus.
Ilust.
John Harper: Evangelista
Mark Dever
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1
Deixe-me lhe contar uma história maravilhosa sobre uma pessoa com a qual você gostaria de parecer. E, por favor, seja paciente com alguns dos detalhes. Não consigo contar histórias de outra forma. John Harper nasceu num lar cristão em Glasgow, Escócia, em 1872.
Quando tinha aproximadamente quatorze anos, tornou-se ele mesmo um cristão, e dali em diante, começou a falar aos outros sobre Cristo. Aos dezessete anos, começou a pregar, ir às ruas do seu vilarejo e derramar sua alma enquanto suplicava com paixão que os homens se reconciliassem com Deus.
Após cinco ou seis anos de labor nas esquinas das ruas pregando o evangelho, e trabalho na usina durante o dia, Harper foi recebido pelo Reverendo E. A. Carter da Missão Batista Pioneira em Londres. Isso deixou Harper livre para devotar seu tempo e energia integral à obra que o seu coração amava tanto – o evangelismo. Um pouco depois, em setembro de 1896, Harper iniciou sua própria igreja. Essa igreja, que começou com apenas 25 membros, passou a mais de 500 membros quando ele saiu de lá, uns treze anos mais tarde. Durante esse tempo ele casou-se e ficou viúvo. Antes de perder sua esposa, Deus abençoou Harper com uma beleza menininha chamada Nana.
A vida de Harper foi agitada. Ele quase morreu afogado várias vezes. Quando tinha dois anos e meio de idade, caiu num povo, mas foi resgatado e reanimado por sua mãe. Aos vinte e seis, foi arrastado mar adentro por um vento reverso e quase não sobreviveu. E aos trinta e dois anos viu de frente a morte no Mar Mediterrâneo, quando estava num barco com o casco rachado. Na verdade, esses “contatos” com a morte parecem ter apenas confirmado John Harper em seu zelo pelo evangelismo, algo que o marcou pelo resto dos dias de sua vida.
Enquanto pastoreando sua igreja em Londres, Harper continuou seu evangelismo fervoroso e fiel. De fato, ele era um evangelista tão zeloso que a Moody Church em Chicago pediu que ele viesse até a América para uma série de encontros. Ele o fez, e muito bem. Uns poucos anos depois, a Moody Church perguntou se ele não queria ir novamente. E foi assim que certo dia, Harper adentrou num navio com um ticket de segunda classe em Southampton, Inglaterra, para uma viagem até a América.
A esposa de Harper tinha morrido uns poucos anos antes, e Harper tinha com ele sua única filha, Nana, de seis anos. O que aconteceu após isso sabemos principalmente por duas fontes. Uma é Nana, que morreu em 1986 aos oitenta anos. Ela lembrava-se de ter sido acordada pelo pai umas poucas noites na jornada deles. Era por volta de meia-noite, e ele disse que o navio onde eles estavam tinha batido num iceberg. Harper disse a Nana que outro navio estava para chegar, a fim de resgatá-los, mas, como precaução, ele a colocaria num barco salva-vidas juntamente com uma prima mais velha, que os acompanhava. Quanto a Harper, ele aguardaria até o outro navio chegar.
O restante da história é uma tragédia bem conhecida. A pequena Nana e sua prima foram salvas. Mas o navio onde tinham estado era o Titanic. O único motivo de sabermos o que aconteceu com John Harper depois é que, numa reunião de oração em Hamilton, Ontário (Canadá), alguns meses depois, um jovem escocês caiu em lágrimas e contou a história extraordinária de como ele foi convertido. Ele explicou que estava no Titanic na noite em que o mesmo atingiu o iceberg. Ele tinha se apegado a um pedaço de mastro que estava flutuando nas águas congelantes. “Subitamente”, disse, “uma onda trouxe até mim um homem, John Harper. Ele também estava agarrado a um pedaço dos destroços. Ele bradou: “Homem, você é salvo?” “Não, eu não sou”, respondi. Ele gritou de volta: “Crê no Senhor Jesus Cristo, e serás salvo”. As ondas afastaram Harper de mim, mas um pouco depois, ele foi trazido de volta e ficou ao meu lado de novo. “Você está salvo agora?”, ele exclamou. “Não”, respondi. “Crê no Senhor Jesus Cristo, e serás salvo”. Então, perdendo o seu destroço, Harper afundou. E ali, sozinho na escuridão da noite com 50 metros de água abaixo de mim, confiei em Cristo como meu Salvador. Eu sou o último convertido de John Harper.
Fonte: The Gospel & Personal Evangelism, Mark Dever, p. 13-15.
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