30-Oct-22 - Justificação pela fé

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30-Oct-22 - Justificação pela fé

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Texto

21Mas, agora, sem lei, a justiça de Deus se manifestou, sendo testemunhada pela Lei e pelos Profetas. 22É a justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que creem. Porque não há distinção, 23pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, 24sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, 25a quem Deus apresentou como propiciação, no seu sangue, mediante a fé. Deus fez isso para manifestar a sua justiça, por ter ele, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos, 26tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, a fim de que o próprio Deus seja justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus.

27Onde fica, então, o orgulho? Foi totalmente excluído. Por meio de que lei? A lei das obras? Não! Pelo contrário, por meio da lei da fé. 28Concluímos, pois, que o ser humano é justificado pela fé, independentemente das obras da lei.

Introdução

Como ouvimos pela manhã da história da Reforma um ponto que destacaremos com firmeza essa noite é a doutrina da Justificação - Justificação pela fé somente.
Dentro da história de Martin Lutero vemos um reformador que de fato não sabia o tamanho do impacto que seria os movimentos de seu período na história da igreja.
Tomando emprestado aqui uma porção do que escreveu meu breve colega e professor a quem estimo muito Tiago Cavaco em sua breve passagem pelo Seminário Martin Bucer em 2017 nos deixou, um recém lançado, por ele livro - Cuidado com o Alemão: 3 dentadas que Martinho Lutero dá à nossa época.
Específicamente a primeira dentada à nossa sociedade moderna está a questão do pecado original, que de tão pouco falado e entendido a religião o tornou algo de foro íntimo, algo que vem aqui de dentro para fora… DEIXE ME LER - PAG 30
Esse é o pano de fundo que o livro dá para introduzir o que é ser protestante, então olhamos para o que Lutero fez na história - bem breve:
1483 - Nasce Lutero - Bom filho e com uma harmonia muito grande com os pais (mineiro) - desejo do pai que fosse advogado
1502 - Os monges agustinianos se unem a Universidade de Wittenberg
1508 - Se torna professor e ja conhecia Roma com outros colegas e então começa a se debruçar em escrver seus somentários em Salmos e Romanos.
E nesse entendimento por ter bebido tanto de Agustinho de Hipona, ao Ler o que lemos - O Justo viverá pela Fé (Rm 1.21), e olhando sua realidade em 1511 suas primeiras teses e aqui estamos falando de 99 testes foi contra a escolástica sim exatamente foi contra a Filosofia medieval - impregnada dentro das igrejas. Olhem como isso já era parte da vida na Igreja e precisava ser combatida - o DEUS NA BARRIGA, pois precisavam espulsar Aristósteles, Platão de dentro dos pensamentos eclesiásticos - de dentro da igreja - e trazer de volta o evangelho da cruz tomando como central a justificação pela fé.
Sabem meus irmãos - A experiência de Lutero foi dramática:
Em algum momento, entre 1514 e 1519, Lutero foi radicalmente convertido a Cristo no que é chamado de sua “experiência da torre”. Mais tarde, Lutero escreveu sobre essa dramática experiência: Eu desejava muito entender a epístola de Paulo aos Romanos e nada se interpunha no caminho a não ser aquela expressão “a justiça de Deus”, porque eu a entendia como aquela justiça pela qual Deus é justo e age com justiça ao punir os injustos... Noite e dia eu meditei nisso até... que compreendi a verdade que a justiça de Deus é aquela justiça pela qual, por meio da graça e da pura misericórdia, ele nos justifica pela fé. A partir daí, senti como se eu tivesse renascido e entrado pelas portas abertas do paraíso. Toda a Escritura ganhou um novo significado. Enquanto anteriormente “a justiça de Deus” me enchia de ódio, agora ela se tornou inexpressivamente doce e muito amada. Essa passagem de Paulo tornou-se para mim uma porta de acesso ao céu.
R. Beeke, Joel ; R. Beeke, Joel ; J. Lawson, Steven. Raiz e Fruto: Harmonizando Paulo e Tiago sobre a Doutrina da Justificação (p. 9). Kindle Edition.
Meus irmãos antes de irmos ao texto uma questão que sempre paira no ar diante do texto que lemosé: Deus é tão gracioso e como é que nós, pecadores, podemos ter comunhão com ele?
Então vamos ao texto.
Em Romanos 3:21, Paulo escreve: “Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus, tendo o testemunho da lei e dos profetas”. Paulo quer dizer que a justiça que vem de Deus é totalmente distinta das obras da lei. As tentativas de cumprir a lei de Moisés não podem salvar. Ninguém no Antigo Testamento, que viveu debaixo da lei ou dos profetas, jamais foi salvo pela obediência à lei. Nenhuma quantidade de boas obras fruto de observância à lei poderia trazer um pecador a uma posição de justo diante de Deus. No versículo 22, Paulo continua: “Isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo”. Em outras palavras, Deus concede a sua justiça àqueles que a recebem somente pela fé em Cristo. Lutero chamou essa justiça de uma justiça “de fora” ou uma justiça “de outro”. Isso significa que é uma justiça que está fora da pessoa que a recebe, uma justiça que vem de Deus e é dada gratuitamente ao pecador que crê em Jesus Cristo. Essa justiça que vem de fora não se origina no crente; o crente não a realiza a partir de si mesmo. Ao contrário, ela vem do alto, é concedida livremente ao pecador que crê somente em Jesus Cristo para a salvação.
Seja judeu ou gentio, essa justiça é para todos os que creem. Não há absolutamente nenhuma menção a qualquer contribuição de qualquer obra humana para a justificação. De fato, no início do versículo 21, Paulo diz enfaticamente que a justificação é sem as obras da lei. Nada poderia ser mais claro do que isso.
Por que todos precisam ser justificados pela fé? Paulo explica em Romanos 3:23-24: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; sendo justificados...”. Ser justificado é Deus declarar o pecador culpado como justo, o que concede a ele uma posição de plena aceitação diante de Deus.
A justificação não é um processo, mas um ato declaratório de Deus.
A justificação é a declaração forense de Deus, que credita (imputa) a perfeita observância da lei (Tudo aquilo que a lei deveria produzir) e da justiça do seu Filho ao pecador que crê.
Meus irmãos a Bíblia é clara em afirmar que nenhum homem pode ser justificado por aquilo que é. O homem é condenado por aquilo que ELE é e por aquilo que ELE faz, mas é justificado por Deus mediante aquilo que Cristo fez por ele.
Hernandes Dias Lopes, Romanos: O Evangelho Segundo Paulo, 1a edição., Comentários Expositivos Hagnos (São Paulo: Hagnos, 2010), 165.
Para que não haja qualquer mal-entendido, Paulo acrescenta: “Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Ao qual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue” (vv. 24-25).
A justificação é somente pela graça e para pecadores que não merecem. Essa justiça é concedida como um dom gratuito. Ela é recebida exclusivamente pela fé — um fato ensinado de modo claro nos versículos 22 e 25. Além disso, ela está somente em Cristo, como a gente vê nos versos 22 e 24, e sem a lei, de acordo com o versículo 21.
Então, É a partir desses mesmos versículos e do seu contexto que nasceram os grandes solas da Reforma (que o pastor comentou hoje pela manhã). A justificação é sola gratia, somente pela graça; sola fide, somente pela fé; solus Christus, somente em Cristo. Essa é precisamente a essência do Evangelho.
Meu irmãos - Agostinho de Hipona escreve: “Este artigo é a cidadela e o principal baluarte de toda a doutrina da religião cristã; se esta doutrina permanecer intacta, todas as idolatrias, superstições e corrupções que houver, em todas as demais doutrinas, por si mesmas, se destruirão”. Com razão é a justificação pela fé considerada o artigo pelo qual se mantém ou cai a igreja.
Hernandes Dias Lopes, Romanos: O Evangelho Segundo Paulo, 1a edição., Comentários Expositivos Hagnos (São Paulo: Hagnos, 2010), 163.
E nos versículos 25-26 Paulo diz: “para demonstrar a sua justiça pela remissão dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus”. O apóstolo declara que a morte de Cristo é o único motivo da justificação e que a fé é o seu meio exclusivo. Nada poderia ser mais claro do que isto: A justificação é somente pela fé em Cristo.
Infelizmente meus irmãos existe um Contraste entre as Obras e a Fé, que ainda se perpetua.
A fé e as obras são mutuamente exclusivas, nunca inclusivas, no que diz respeito aos meios da justificação. No versículo 27, Paulo pergunta: “Onde está logo a jactância - Orgulho?”. O argumento de Paulo aqui é que se a justificação for por obras, devemos nos vangloriar em nós mesmos. Mas se a justificação for somente pela fé, então não há jactância: “Onde está logo a jactância? É excluída”. Quando Paulo faz essa afirmação, ele se refere à nos vangloriarmos em nós mesmos, como se as nossas obras pudessem alcançar a justificação. O apóstolo continua: “Por qual lei? Das obras? Não; mas pela lei da fé” (v. 27). Ele está dizendo que Deus não justifica com base em — na premissa, princípio ou lei das — obras. Pelo contrário, é pela lei da fé. Na verdade, é somente pela lei da fé. mas o que é essa lei da fé = GRAÇA… O versículo 28 é enfático e certeiro: “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei”.
Quando Lutero traduziu esse versículo do Novo Testamento grego de Erasmo para a língua alemã, uma obra que ele iniciou enquanto se refugiava no Castelo de Wartburg, ele acrescentou a palavra somente. Embora ela não seja encontrada no texto original, o reformador fez isso para que não houvesse mal entendidos entre o povo alemão quanto aos meios da justificação. A tradução, embora interpretativa, é justificável se levarmos em conta a outra única alternativa — a justificação pelas obras — o que Paulo refutou expressamente.
R. Beeke, Joel ; R. Beeke, Joel ; J. Lawson, Steven. Raiz e Fruto: Harmonizando Paulo e Tiago sobre a Doutrina da Justificação (p. 11). Kindle Edition.
Ambos, o AT e o NT, evidenciam a íntima relação entre a justificação e a vida ética dos justificados (Is 59; Rm 5–6; 1Pe 2.24 ). O homem justificado é uma nova criação (2Co 5.17 ), pleno dos frutos do Espírito (Gl 5.22), sabedor da vitória sobre o pecado (1Jo 5.7ss. ), conformado à imagem de Cristo (Fl 3.8ss.) . Ele está “em Cristo” e é uma parte do corpo de Cristo.
O homem justificado vive, então, num contexto de corpo novo onde ele lida com os temas éticos postados pelos requisitos da participação na nova vida entre cristãos, especialmente, coisas como liberdade, lei, pureza (1 Co 6.12ss.; 8.9ss.; Ap 2.3). A justificação pela fé provê a base sobre a qual o cristão, sabendo que é aceito em Cristo, se relaciona com outros, quer cristãos quer não, de forma aberta e graciosa.
Peter Richardson, “Justificação”, trans. Elizabeth Gomes, Dicionário de Ética Cristã (São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2007), 388.
Joel Beek e Steve Lawson, vão dizer em seu Livro Raiz e Fruto
E o que produz essa Fé em Cristo? SALVAÇÃO… é a fé salvífica
Pela fé, então, Cristo vem a nós revestido com as vestes da justificação.
O Evangelho não opera uma salvação em nossas cabeças, mas em nossas vidas. E a maneira como ele o faz em nossas vidas sem jamais comprometer a graça é que o meio pelo qual recebemos Cristo é por definição um meio que não contribui em nada para Cristo, antes recebe tudo de Cristo. A fé é, por definição, a recusa de confiar em mim mesmo e a plena confiança nele.
Como escreveu John Flavel: “A alma é a vida do corpo; a fé é a vida da alma; Cristo é a vida da fé”.
E vocês podem perguntar - Irmão Guilherme como experimento essa fé salvífica e de sua justificação?
Pelo Espírito e pela Palavra de Deus, a fé que justifica é uma graça salvífica que esvazia a nossa alma, nos tornando conscientes da situação desesperada em que nos encontramos por causa do pecado e do trágico juízo que merecemos; ela nos esvazia de toda a nossa justiça própria e nos conduz à justiça de Cristo para que “concordemos de todo o coração com a verdade do Evangelho”
e me faz receber, descansar e viver dependendo de Cristo e de sua justiça para perdão e salvação.
A fé descansa na pessoa de Cristo — vindo, ouvindo, vendo, confiando, recebendo, abraçando, conhecendo, se alegrando, amando e exultando. Lutero escreveu que a fé se une a Cristo como um anel está unido à sua pérola. A fé se apossa com um coração crente da perfeita justiça, satisfação e santidade de Cristo. A fé leva todo o ser de uma pessoa à rendição total diante da pessoa de Cristo.

Conclusão

E para terminarmos fica aqui algumas questões:
Você já exerceu a fé salvífica no Senhor Jesus Cristo? Você conhece a verdade? Você está convencido da verdade? Você tem agido com base na verdade? Pela graça do Espírito, você já foi esvaziado de sua justiça própria e foi levado a concordar totalmente com o Evangelho? Você tem se arrependido verdadeiramente do pecado e crido somente em Cristo para a salvação? Você tem confiado a sua vida a ele e à justiça dele? Você já se uniu a Cristo como um anel está unido à sua pérola, e agora você está vivendo em dependência dele como o seu tudo em todos? Caso sim, então toda a justiça de Jesus Cristo foi transferida por Deus para a sua conta no céu. Se for assim, Deus olha para você e vê a perfeita justiça do próprio Cristo. É somente com base nisso que a justiça de Deus é dada a nós, e isso ocorre somente pela fé. Essa é a raiz da justificação.
R. Beeke, Joel ; R. Beeke, Joel ; J. Lawson, Steven. Raiz e Fruto: Harmonizando Paulo e Tiago sobre a Doutrina da Justificação (p. 22). Kindle Edition.
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