O Poder Salvador de Deus

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O Evangelho é o poder salvador de Deus que revela sua justiça aos que creem.

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Romanos 1.16–17 (RA)
Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.
Introdução
Um tema central de controvérsia na Reforma Protestante foi a doutrina da Justificação pela fé somente. Essa era uma doutrina de importância máxima para os reformadores, como para Calvino que considerava essa doutrina a dobradiça que movia a religião. Mas é especialmente em Lutero que essa doutrina será uma motor para a Reforma. Lutero, enquanto sacerdote católico, se enxergava como o pior dos pecadores e atormentado com a santidade e justiça de Deus, que a qualquer momento poderia recair sobre ele. Para fugir do juízo, Lutero recorreu as obras, mas isso não lhe bastou. Como escreveu certa vez:
Pilares da Graça (AD 100–1564) Perdido em Autojustiça

Torturei-me com oração, jejum, vigílias e congelamento; tal austeridade poderia ter-me matado. […] O que mais eu buscava agindo assim senão Deus, o qual presumivelmente via minha extremada observância da ordem monástica e minha vida austera? Eu andava constantemente em meio a um sonho e vivia em meio a uma idolatria real, porquanto não cria em Cristo: eu apenas o considerava um severo e terrível juiz, pintado como alguém sentado sobre um arco-íris.

Lutero, acreditava em uma doutrina da justificação aos moldes da Igreja de Roma, que é a justificação pela fé mais as obras. Ele acreditava que por meio de suas obras ele alcançaria a justiça necessária para agradar a Deus e se livrar do seu juízo. Mas nada disso trouxe descanso ao coração do Reformador, ele continuava a sofrer e temer a juízo divino, mesmo praticando jejuns, sacrifícios diários, vigílias, orações e outras praticas mais rigorosas. Lutero relata essa tensão que vivia nos seguintes termos:
Pilares da Graça (AD 100–1564) Conversão de Lutero: A Experiência da Torre

Ainda que vivesse como um monge irrepreensível, sentia ser pecador diante de Deus, com uma consciência extremamente perturbada. Eu não podia crer que ele fosse apaziguado por minha satisfação. Eu não amava, pior, eu odiava a justiça de Deus que pune o pecador, e secretamente, se não blasfemamente, com certeza murmurando intensamente, eu estava irado com Deus, e disse: “De fato, como se não bastasse que míseros pecadores, eternamente perdidos através do pecado original, sejam esmagados por todo tipo de calamidade pela lei do Decálogo, Deus, pelo evangelho, ainda adiciona castigo ao castigo, e também pelo evangelho nos ameaça com sua justiça e ira!” Assim, eu me enfurecia com uma consciência incendiada e atormentada. Não obstante, eu me importunava com aquela passagem de Paulo, desejando saber mui ardentemente o que Paulo tinha em mente. Por fim, pela mercê de Deus, meditando dia e noite, atentei bem para o contexto das palavras, isto é, “visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.” Então comecei a entender que a justiça de Deus é aquela pela qual o justo vive por um dom de Deus, isto é, a fé. E este é o significado: a justiça de Deus se revelou pelo evangelho, isto é, a justiça passiva com que ele nos justifica compassivamente por meio da fé, como está escrito: “Aquele que é justo através da fé viverá.” Aqui senti que havia renascido totalmente e entrara no próprio paraíso através das portas abertas. Ali se me mostrou outra face da Escritura totalmente distinta. E assim eu puxei pela memória todas as Escrituras. Também descobri em outros termos uma analogia, a saber, que a obra de Deus, isto é, aquilo que ele faz em nós, o poder de Deus, com o qual ele nos faz fortes, a sabedoria de Deus, com a qual ele nos faz sábios, a força de Deus, a salvação de Deus, a glória de Deus

Em meio ao temor, que aterrorizava Lutero ao pensar na justiça de Deus, a leitura de Romanos 1:16-17 e sua interpretação correta, trouxe alivio e descanso ao Reformador. Como diz Steven Lawson:
Pilares da Graça (AD 100–1564) Conversão de Lutero: A Experiência da Torre

Ele veio a compreender que a salvação era uma dádiva para o culpado, e não um galardão para o justo. O homem não é salvo por suas boas obras pessoais, e sim por confiar na obra consumada de Cristo. Assim, a justificação somente pela fé veio a ser o dogma central da Reforma.

Assim, irmãos, quero que meditemos em neste texto de Romanos 1:16-17, para compreendermos um pouco daquilo que foi o motor da Reforma.
Ideia-chave: O evangelho é o poder salvador de Deus, que revela a justiça que coloca o homem em um relacionamento correto com Ele mesmo, lhe conferindo libertação do juízo e recebida pela fé.
Exposição
O evangelho é o poder salvador de Deus;
Não é mero discurso ou historia;
Não é uma sugestão para as pessoas seguirem;
É o poder salvador de Deus que está em ação no evangelho:
“O evangelho não é um conselho para as pessoas, sugerindo que elas se salvem. Ele é o poder para salvação. Paulo não diz que o evangelho traz poder, mas que ele é poder, e o poder de Deus. Quando o evangelho é pregado, isto não é simplesmente muitas palavras sendo pronunciadas. É o poder de Deus em ação.”
A salvação do evangelho é libertação do juízo;
Paulo fala da justiça revelada pelo evangelho, essa justiça, que por tempos perturbou o reformador Martinho Lutero . Esse cria que Paulo estava tratando daquela justiça punitiva ou retributiva de Deus, que julga e pune os pecadores. Até ele descobrir que não se tratava desta justiça, mas daquela que é imputada por Deus, no seu tribunal, ao crente. Assim:
A justiça de Deus se revela no evangelho primeiramente em que Cristo morreu por nós, recebendo a justa punição por nossos pecados;
Em segundo, por Cristo ter recebido a punição que estava destinada a nós, somos livres da condenação do juízo;
Ainda, essa justiça revelada no evangelho, nos é imputada ou atribuída, e por isso, podemos ter um relacionamento correto com Deus. Como explica João Calvino
Romanos Versículos 16 a 17

Para sermos amados por Deus, devemos antes ser justos diante de seus olhos, porquanto ele odeia a injustiça. Significa, pois, que não podemos obter a salvação de nenhuma outra fonte senão do evangelho, visto que Deus de nenhuma outra parte nos revelou sua justiça, a qual é a única que nos livra da morte.

A justiça do evangelho é recebida pela fé, do começo ao fim:
Deus revela sua justiça por meio do Evangelho e nós a recebemos por meio da fé;
Aqui, a fé parece conter dois elementos significantes: a confiança ou dependência em Deus e a humildade do fiel que reconhece sua dependência em Deus, em oposição aos que confiam em suas próprias obras.
Se é a justiça do Evangelho que nos é imputada para um correto relacionamento com Deus, ela também é revelada para nos direcionar nesse relacionamento correto;
Conclusão
Somente por meio do evangelho, que é o poder de Deus, revelando sua justiça em Cristo e nos justificando, que o homem, por meio da fé pode receber a libertação do juízo e da condenação do pecado. Passando a viver de maneira correta para com Deus e desfrutar das bençãos da salvação. Não há outro caminho, não há qualquer obra humana que nos garanta tais benefícios. Confie na justiça de Jesus que lhe foi imputada, deposite somente nele sua fé, pois a salvação vem somente por essa fé dependente no Cristo e na sua obra redentora. Para concluir, nas palavras de Calvino:
O homem encontra sua justificação única e exclusivamente na misericórdia de Deus, em Cristo, ao ser ela oferecida no evangelho e recebida pela fé.
João Calvino
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