TOMÉ, O PESSIMISTA

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TOMÉ, O PESSIMISTA
TEXTO – Mt 10.3; Mc 3.18; Lc 6.15; Jo 11.16; 14.5; 20.24-29; 21.2; At 1.13
INTRODUÇÃO
Ao contrário de Pedro, que sempre ocupa o primeiro lugar nas listas dos apóstolos, Tomé aparece no grupo liderado por Filipe. Em duas listas, ele é o último relacionado (Mc 3:16-19; Lc 6:14-16). Ou então é referido em lugares secundários (Mt 10:2-4; At 1:13). Tomé, como tantos discípulos ao longo da história, é quase anônimo, preso pelas circunstâncias que envolvem sua personalidade tímida, negativa, tendendo à melancolia, talvez mais vítima do pessimismo do que da dúvida. Sua dedicação, por isso, é pouco vista, exceto em situações críticas, quando seu “eu real” é revelado. No Evangelho de João, Tomé também é chamado Dídimo (Jo 11:16), palavra aramaica para “gêmeo”. Provavelmente ele tivesse um irmão (ou irmã) gêmeo, mas isso não é indicado nas Escrituras.
Mateus, Marcos e Lucas não apresentam detalhes sobre ele. O pouco que sabemos de Tomé vem do Evangelho de João. Parece que ele costumava estar sempre na esquina escura da vida. Alguém que tinha a tendência de antecipar o pior. Apesar disso, com aquilo que é dito sobre ele em João surge um perfil admirável.
VAMOS ABRIR EM JOÃO 11:16. Esse é um texto que o descreve no clima da enfermidade e morte de Lázaro. Maria e Marta enviam um mensageiro para comunicar a tragédia a Jesus. Observe o contraponto: antes de Jesus deixar Jerusalém, indo para a região além do Jordão, os judeus haviam tentado apedrejá-Lo (Jo 10:31).
Quando os discípulos percebem que Jesus planeja voltar, relembram o perigo: “Ainda agora os judeus procuravam apedrejar-Te, e voltas para lá?” (Jo 11:8).
Mas seus amigos em Betânia, a 3 quilômetros de Jerusalém, estavam numa emergência. Nada impediria que Ele fosse em socorro deles. É aqui que se abre perante nós um impressionante traço do caráter de Tomé. Seu espírito de liderança e sua coragem tornam-se evidentes. Tomé eleva-se acima do medo do grupo e diz com firmeza. VAMOS LER: “Vamos também nós para morrer com Ele.” Pessimismo? Certamente. Um otimista teria dito: “Vamos lá, vai dar tudo certo!” “Tenham fé pessoal, Jesus está conosco.” “Vamos, com Jesus ao nosso lado, nada vai nos acontecer.” Ele não respondeu assim. Tomé não vê outra coisa senão desastre à frente. Mas, se o Senhor vai morrer, ele diz: “Vamos juntos para morrer com Ele.” Temos que admirar sua determinação. Tomé tinha a coragem para ser leal face ao perigo. Para otimistas, a coragem é sempre mais fácil, pois ele sempre verá uma saída, mas para o pessimista, as coisas são mais complicadas, pois ele não consegue vislumbrar nada além de tragédia.
O quadro me emociona. Tomé, em sua devoção a Cristo, não tem plano “B”. Ele não podia imaginar a vida sem Cristo. Seu compromisso é incondicional. “Se Ele vai morrer, é melhor morrer com Ele do que ficar para trás”, pensava Tomé. Ele age semelhante a Pedro quando diz: “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós cremos e sabemos que tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”. Jo 6.68
Este é um exemplo de coragem e zelo que desafia indecisos discípulos modernos. O capítulo 10 do livro EVENTOS FINAIS de EGW é intitulado como O Pequeno Tempo de Angústia, é descrito as coisas que o povo de Deus sofrerá pouco antes do fechamento da porta da graça. Em um momento onde a liberdade religiosa irá acabar, os guardadores do sábado serão perseguidos. A igreja e o estado darão as mãos, e sem qualquer remorso conduziram muitos fiéis aos tribunais. Eles serão tratados com desprezo, privado de todo apoio terreno, sofrendo todos os tipos de perseguições.
Como os defensores da verdade se recusem a honrar o descanso dominical, alguns deles serão lançados na prisão, exilados, e outros tratado como escravos. Para a sabedoria humana, tudo isto parece agora impossível: mas, ao ser retirado dos homens o Espírito de Deus, o qual tem o poder de reprimi-los, e ao ficarem eles sob o governo de Satanás, que odeia os preceitos divinos, hão de acontecer coisas estranhas. Quando o temor e o amor de Deus são removidos, o coração pode tornar-se muito cruel. (Eventos finais, p. 130; O Grande Conflito, 608)
Muitos serão encarcerados, muitos fugirão das cidades e vilas para salvar a vida, e muitos serão mártires por amor a Cristo, colocando-se em defesa da verdade. (Eventos Finais, p. 130; Mensagens Escolhidas, vol. 3, p. 397)
Meus amados irmãos. Tomé, no espírito de devoção e desalento, e diz: “Vamos nós também, para morrermos com ele”. De forma alguma ele pensa primeiro em Lázaro ou em si mesmo, mas no seu Senhor, o qual não dever ser abandonado para morrer sozinho! O povo de Deus dos últimos dias, que passará pelo tempo de angústia, assim como Tomé, irão preferir a morte do que a abandonar Jesus.
TOMÉ PREFERIRIA A MORTE
No capítulo 14 do Evangelho de João, nos deparamos novamente com seu pessimismo crônico. Jesus está de partida para a casa do Pai, mas anuncia que voltará. O caminho para Ele, contudo, é conhecido pelos Seus (v. 4). A reação de Tomé é quase infantil: “Senhor, não sabemos para onde vais; como saber o caminho?” (v. 5). Essencialmente, Tomé está dizendo: “Nós nunca chegaremos lá. Melhor seria que tivéssemos morrido antes; assim, não O veríamos partir. Agora, como vamos encontrá-Lo?” Mais uma vez esse texto mostra que Tomé estava preparado para morrer com Cristo, mas não para viver sem Ele. Ele não pode tolerar o pensamento de que Jesus estar partindo, ainda que tenha ouvido de que Ele retornaria. Essa separação, ainda que momentânea era tido por Tomé como algo muito doloroso, ele não podia suportar. É por essa razão que ele faz seu protesto.
Se alguém te separa de uma pessoa que você ama é algo ruim. Doí, machuca, você perde o apetite, deseja a morte. Sei disso, pois esse foi o sofrimento que passei quando na adolescência levaram minha esposa, que naquela época era minha namorada para longe de mim.
Morávamos em BH, e ela se mudou para a Bahia. Não tinha apetite, não tinha sono, não tinha vontade de trabalhar, não tinha vontade de estar com os amigos. Nada era bom, nada satisfazia, nada preenchia. Todos pareciam ter algum tipo de culpa. Todos pareciam querer nos separar. Vontade de dormir e não acordar.
Qualquer coisa da pessoa torna se algo precioso, quase sagrado. Um fio de cabelo, uma carta, uma foto. O cheiro de um perfume te faz lembrar, uma música, não doí mais, porém ainda hoje lembra aqueles momentos em que a separação era uma realidade. E a sensação e de um frio bem dentro do intestino.
Tomé não queria ter essa dor. Separar de seu mestre? É preferível a morte. Mais uma vez ele declara de maneira pessimista, prefiro morrer a me separar do meu Salvador.
TOMÉ – “O INCRÉDULO”
Um pouco depois, seus piores receios se realizaram. Jesus fora crucificado! Morto, sepultado. Ressuscitado, Ele aparece aos apóstolos, devastados pela tragédia. Jesus vem a eles através de portas fechadas, como Ele vem a nós muitas vezes. É isso mesmo, Jesus te contempla quando a porta está fechada. Alguns a fecha para ter paz e comunhão, para que os outros não veja o sofrimento, medo. Outro a fecha para ter a liberdade para pecar e assim esconder de todos seus erros. Mas independente do que você está fazendo em sua casa com a porta fechada, o SENHOR o contempla.
Os discípulos reunidos, trancados, mas Tomé “não estava com eles” (Jo 20:24). Onde estaria? Tão pessimista, atribulado, deprimido e melancólico, provavelmente estivesse arrasado, amargando sozinho sua miséria, seu sofrimento, para pessoas assim o fundo do poço é um pouco mais profundo, somente eles conseguem chegar lá.
Quando finalmente ele aparece, os outros tentam consolá-lo: “Vimos o Senhor.” É por causa de sua reação que Tomé recebeu o apelido (alcunhada) depreciativa de “incrédulo”. Mas não sejamos tão severos com ele. Os outros discípulos também, de início, duvidaram da ressurreição, vocês se lembram? (Mc 16:10-14). Como falei, o fundo do poço para pessoas assim é sempre mais profundo, mais escuro e sombrio. Seu mundo havia acabado quando seu mestre morreu.
Como era franco e honesto com os seus sentimentos, expressou-se até de uma maneira enfática: “eu não acreditarei se não tiver provas sólidas”. Através dessa atitude duvidosa de Tomé, nós podemos ter certeza da ressurreição de Jesus. Que Ele ressuscitou em carne, não era um espírito, uma projeção, mas tinha ressuscitado em carne. Assim como os mortos em Cristo ressuscitarão. Tomé, portanto, nos ajudou em nossa própria convicção.
CONCLUSÃO – PAZ SEJA CONVOSCO
Oito dias depois, Jesus reaparece ao grupo. Nesse momento, dirige-Se a Tomé em suave repreensão: “Vê as Minhas mãos” (Jo 20:27). Jesus então desafiou o seu discípulo duvidoso e incrédulo a tocá-lo e confirmar a sua ressurreição. Mas nesse episódio, o que se ressalta não é a fé vacilante de Tomé, mas o amor cuidadoso e carinhoso de Jesus.
AS EXIGÊNCIAS DE TOMÉ
AS ORDENS DE JESUS
A menos que eu veja em suas mãos as marcas dos pregos
e veja minhas mãos;
e ponha meu dedo no lugar dos pregos,
Ponha aqui seu dedo
bem como minha mão em seu lado,
chegue também a mão e a ponha em meu lado;
definitivamente não crerei.
e não mais seja incrédulo, mas crente.
Jesus atenta para cada um de nós e, por ser onisciente e conhecedor das nossas fraquezas, ele vem ao nosso encontro para solucionar o exato ponto em que temos problemas. Que maravilhoso Salvador nós temos! Jesus se mostrou a Tomé e, em vez de culpá-lo por sua incredulidade, lhe disse com muito amor, mas com toda firmeza: Não sejas incrédulo, mas crente.
Jesus sabia que Tomé era assim por natureza. Ele não ignora que Seu discípulo ainda estava paralisado pela dor, solidão, depressão e tristeza. Entretanto, Ele conhecia a sinceridade de sua devoção. Jesus também sabe de nossas fraquezas, incertezas e dúvidas. Ele é paciente com os pessimistas e incrédulos. Tomé se lança a Seus pés e pronuncia um belíssimo tributo: “Senhor meu e Deus meu!” (v. 28).
Esta é a confissão que precisa ser feita por todos os homens. Todos precisam reconhecer a Jesus como Senhor e Deus. A essência da fé é essa. Mesmo sem vermos, devemos crer que Jesus é Senhor e Deus! Quando cremos assim, somos bem-aventurados, somos felizes com a alegria que só Jesus pode nos dar! É dessa maneira que você crê? Você precisa de evidências para crer? Você precisa ver para crer? Ou pela fé você reconhece e já aceitou Jesus como seu Senhor e Deus! Tenha fé e creia em Jesus!
APELO
Segundo a tradição, Tomé foi missionário na Índia e Síria, onde morreu transpassado por uma espada. Livrou-se afinal de seu pessimismo? Talvez. Mas isso não importa. Jesus não deixou de amá-lo e o aceitou como ele era. Isso é graça! A mesma graça que te alcança, que se importa com você, que te tira do fundo do poço que ninguém consegue tirar, que te remove da lama da incredulidade e põe-te firme sobre a ROCHA ETERNA, que te diz: “Eu lhe aceito, vem me ver. Eu lhe compreendo vem põe na minha ferida o seu dedo. Se ainda assim for pouco, coloque a sua mão do meu lado aberto por uma lança. Mas creia, rompa a bolha do ceticismo e acredite que eu morri, ressuscitei e vivo pelo século dos séculos.
Você gostaria de responder como Tomé, SENHOR MEU, E DEUS MEU? Coloque se em pé.
Hendriksen, W. (2014). João. (J. L. Hack, Trad.) (2a edição, p. 443). São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã.
Neves, I., & McGee, J. V. (2012). Comentário Bíblico de João. (I. Mazzacorati, Org.) (Segunda edição, p. 360). São Paulo, SP: Rádio Trans Mundial.
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