Batalhando com Cristo

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ICT: Paulo, através da armadura romana, ilustra aos efésios os méritos de Cristo na vida do cristão. Tese: Paulo, através da armadura romana, ilustra-nos os méritos de Cristo e nossa vida. PB: Devocional, missionário e doutrinário PE: Animar a igreja, relembrando-a dos méritos de Cristo sobre nossas vidas para que sejamos testemunhas de sua boa nova. Divisão: - Os méritos de Cristo (v. 14-15) - Recebendo os méritos de Cristo (v. 16) - Prontos para a batalha (v. 17a) - Batalhando (v. 17b-18)

Notes
Transcript

Introdução

No domingo passado, 14 pessoas estavam presentes, contando comigo. E foi pregado com base no texto imediatamente anterior:
Efésios 6.10–13 NAA
Quanto ao mais, sejam fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Vistam-se com toda a armadura de Deus, para poderem ficar firmes contra as ciladas do diabo. Porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, mas contra os principados e as potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestiais. Por isso, peguem toda a armadura de Deus, para que vocês possam resistir no dia mau e, depois de terem vencido tudo, permanecer inabaláveis.
E como foi o dia do resultado das eleições e também o dia que antecedeu à comemoração dos 505 anos da Reforma Protestante, foi relembrado que à época da Reforma, um dos temas tratados foi a relação da Igreja com o Estado, pois o poder eclesiástico e o poder estatal estavam tão emaranhados como se fossem uma coisa só e não era algo desejado por Deus, ou seja, a Igreja não foi instituída para governar as pessoas, mas para proclamar o evangelho, sendo a fiel depositária deste, testemunhar essa boa nova ao mundo, fazendo discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas as coisas que Cristo nos ordenou (Mt 28.19-20).
Foi pregado que a liderança da Igreja desviou-se de seu propósito, reconhecidamente porque se deixou cair na cilada do diabo, mas que servos e servas do Senhor, devidamente fortalecidos em Deus, na força do seu poder, revestidos da armadura fornecida pelo próprio Senhor, lutou, mas não no campo material, e sim no espiritual, não contra os semelhantes, mas contra os principados e potestades que atuam nas regiões celestiais. Assim puderam resistir aos ataques do encardido, permanecendo inabaláveis em dias terrivelmente maus.

- Os méritos de Cristo (v. 14-15)

E agora o apóstolo Paulo, que estava preso, muito provavelmente a observar o soldado romano que o vigiava trajado com sua armadura e inspirado pelo Espírito Santo, ao escrever esses versos, base de nossa pregação, detalhou que nossa vitória se dá por meio do vitorioso que é Jesus Cristo.
Como cristãos, tomamos ciência de que não somos merecedores de nada diante de Deus, pois pecamos contra a maior autoridade, o criador de todas as coisas. Nós ofendemos aquele que é Santo, Santo e Santo. Quando ofendemos qualquer autoridade, a justiça requer consequências sobre o ofensor. E a justiça concede proporcionalidade à medida do tamanho da autoridade que é ofendida.
Por exemplo, quando uma criança ofende a seus pais, ou seja, quando os desobedece ou os desonram, ficam de castigo e normalmente lhes é retirado aquilo que desejam, como proibir de brincarem em seus jogos ou de se encontrar com os amigos. Mas quando um adulto ofende uma autoridade policial, por exemplo, agredindo-o, certamente vai parar no xilindró e se o mesmo faz a um juiz em seu exercício, a pena deve ser maior e assim vai. Portanto, nada mais justo que uma pena proporcional ao tamanho infinito da autoridade de Deus, ou seja, uma pena de tamanho infinito: a morte eterna ou se preferirem, pode chamar de inferno.
Pois é isso que merecemos: o inferno. Mas como Deus não é apenas justiça e também amor, sem deixar de ser justo, Ele nos providenciou salvação. Portanto, pecadores que somos, estávamos como que numa prisão aguardando o dia de nossa justa execução, até que apenas um justo, um Santo, Santo e Santo igualmente a Deus, pôde pagar e suportar a pena que nos estava reservada, satisfazendo assim a ira divina. Foi seu filho Jesus Cristo.
Apenas Jesus possui mérito diante Deus. Ele não merece o inferno, mas ele possui todo o mérito para satisfazer a justiça que nos cabia sofrer. Assim Cristo nos libertou. O pecado é que nos levou e nos matinha aprisionados, mas agora, por causa do sacrifício vicário de Jesus, estamos libertos.
Por isso Paulo fala do cinto da verdade ao olhar para a armadura de Deus ilustrada na armadura do soldado romano. O pecado adentrou na natureza humana pelo engano (Gn 3.1-6). Por isso a verdade é que nos liberta (Jo 8.32), porque a verdade é o próprio Jesus, e assim ele mesmo se atribuiu, como o caminho, a verdade e a vida e que somente por ele é que vamos ao Pai (Jo 14.6).
Portanto, um crente não pode viver na mentira. A única opção que ele tem é a verdade. Ainda que sofra alguma consequência dos homens, muito pior seria sofrer com a ira de Deus. Essa verdade traz libertação para nossa alma.
Mas a verdade não só traz a libertação, mas também ilumina aquilo que estava escondido. Agora, iluminados pela luz do Santo Espírito, é ele quem nos revela o pecado que antes desconhecíamos como tal e que antes nos alegrávamos muito na lama e imundícia que ele é em nossa vida.
O Espírito Santo nos convence do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8). O Espírito Santo é o espírito da verdade. É ele quem nos diz que merecemos a morte eterna. É ele quem nos desperta para nossa realidade de miséria e de total dependência de nosso Pai celeste.
Aí Paulo falando da couraça do soldado romano, que apesar do nome, ela era feita de metal e recobria todo o tórax do combatente, protegendo órgão vitais, como coração, pulmões e rins, por exemplo. A esta proteção, o apóstolo associa à justiça.
Jesus fez justiça por nós. A sua justiça nos foi imputada e fomos justificados de todos nossos pecados diante de Deus. Então, a mesma verdade que aparentemente nos condena, por trazer à tona todos os nossos pecados, na verdade nos liberta por meio da justificação.
No tribunal de nossas vidas, onde somos os réus, Jesus é nosso advogado, nos defendendo das acusações do maligno (1Jo 2.1). O advogado é aquele que fala por nós diante do juiz. É ele que nos representa. Se o advogado fala bem e argumenta de forma excelente, assim é como se o acusado estivesse agindo. Portanto sendo Jesus o advogado mais excelente e infalível, a vitória é certa no julgamento. O advogado vencendo, nós como réus saímos vitoriosos.
Livres da acusação, libertos e justificados, agora poderemos experimentar a paz. Cristo nos possibilitou reconciliarmos com nosso Deus, o qual nos quer por filhos. Essa é a grande notícia, que podemos estar em paz com nosso criador.
Paulo ilustra a paz que o evangelho traz consigo por meio do calçado do soldado, a caliga romana, uma espécie de semi-bota com cravos na sola que davam segurança ao guerreiro que não precisava se preocupar com o terreno.
Mas de forma controversa, ao invés da violência da guerra, aqui, Paulo fazendo referência ao arauto da paz anunciado por Isaías (Is 52.7), faz menção à boa nova, ou seja, ao evangelho de Jesus Cristo.
E o calçado é para melhor caminharmos. Não foi feito para que usemos parados, mas em movimento. E tratando-se de um calçado que nos leva a anunciar a boa nova em Cristo, então estaremos caminhando em direção ao território inimigo. Portanto precisaremos de muita segurança alicerçada no evangelho que anunciará paz aos perdidos.

- Recebendo os méritos de Cristo (v. 16)

Até aqui temos nesses três elementos: o cinto, a couraça e o calçado, representações do mérito de Jesus conquistado por meio de seu sacrifício na cruz: a verdade, a justiça e a paz.
Cristo nos possibilitou uma nova realidade, cabendo a nós receber ao que chamamos Graça. Não minha graça, porque minhas piadas são muito ruins e não tenho graça em nada. Não graça como uma benção material ou uma cura de uma doença, mas a Graça Salvífica.
Paulo por meio destas imagens nos trouxe a realidade da salvação. Jesus foi a materialização daquilo que se cria e se ansiava no Antigo Testamento. A salvação é mérito exclusivo de nosso Deus, do nosso Senhor Jesus. Não há nada que façamos ou deixemos de fazer para merecer ou desmerecer, simplesmente assim nosso Pai celeste quis, e seu filho obediente realizou. Por isso é Graça.
Essa Graça só nos alcança por meio de um elemento chamado fé. É aí que Paulo nos menciona o escudo. O escudo romano era grande e suficiente para proteger todo o corpo do soldado, possibilitando se defender de objetos lançados contra ele, exemplificado pelo apóstolo pelas flechas inflamadas do diabo.
Antes, mortos em nossas transgressões e pecados, o diabo não era nosso inimigo, não havia razões para ele nos atacar. Porém por meio da fé que é um dom natural concedido por Deus a nós, a Graça nos alcançou e fomos salvos. Agora sim há razões para sermos atacados pelo coisa ruim.
É por isso que a fé foi simbolizada como escudo, pois ainda estaríamos mortos em nossos delitos se não depositássemos a fé em Cristo e agora do lado de cá, sendo atacados, somos protegidos porque nos apropriamos dos méritos de Jesus através da fé nele.

- Prontos para a batalha (v. 17a)

Então é pela fé que os méritos de Jesus se tornam realidade em nossa vida. A Graça nos alcança. Essa Graça, ou seja, a salvação, é um movimento monérgico, quer dizer, é o trabalho realizado por apenas um ser, uma pessoa. Mas uma vez esse trabalho tendo sido terminado, essa Graça, quando recebida por nós, provoca mudanças substanciais em nosso ser, pois passamos a mortificar nossa carne e se inicia o nascimento de uma nova criatura, agora conduzida pelo Espírito Santo.
Nessa nova etapa, o movimento passa a ser sinérgico, ou seja, agora temos participação colaborativa com nosso Deus. Não para nossa salvação, pois como disse, apenas Cristo é meritório. Trata-se agora de nosso processo de santificação. De nossa separação e consagração para uma novidade de vida que busca agradar a Deus, fazendo sua vontade, agindo em conformidade com o caráter de Cristo, ou seja, agindo como filhos do Altíssimo.
E neste processo que é decisório, afinal de contas é por amor e para o amor que agora vivemos, e amar é uma escolha, que somos comissionados a atuar no mundo de trevas anunciando a boa nova. Mas o soldado romano não batalha sem o seu capacete.
O capacete ilustrado por Paulo aponta para a salvação. Cristo veio, trouxe a verdade, nos justificou, pacificou a ira divina e por meio da fé esta Graça agora é realidade em nossas vidas. A salvação está bem fixada em nossa mente.
O capiroto vai tentar nos enganar, nos atacar e nos seduzir. E o pior é que apesar de nova criatura ter nascido em nós, ainda vivemos na carne e inevitavelmente vamos cair em pecado. Não é à toa que devemos, como Gervásio costuma dizer, sistematicamente, arrependidos, pedir perdão ao pecarmos, tendo em mente que Cristo já pagou por esses pecados também, ou seja, convictos de que Jesus é suficiente para que sejamos perdoados, pois seu sacrifício foi único e suficiente para qualquer um em qualquer tempo.
Satanás tentará nos enganar a respeito de nossa salvação. E como tenho visto tantos crentes achando que perdem todos os dias a salvação por causa de seus pecados. Esquecem do quão poderoso é nosso Senhor e de suas promessas. A Palavra de Deus já disse que todo o que crer será salvo. Crer é como Bispo Leo nos diz: é firmar a vida em Cristo. Ter a vida firmada em Cristo, é como disse anteriormente, ter uma nova natureza, agora de filho, e filho é reconhecido assim por ter um Pai a quem lhe obedece.

- Batalhando (v. 17b-18)

Agora chegamos ao fim da ilustração da armadura do soldado que até então apresentou elementos de pura defesa. O cinturão que segura toda armadura no corpo do combatente, a couraça, o calçado, o escudo e o capacete dão ao soldado a defesa que necessita contra os ataques. Mas numa batalha, nenhum guerreiro só se defende, caso contrário estaria sujeito a sucumbir em algum momento.
É aí que se apresenta a espada. O único elemento de ataque. Para ela é atribuída a Palavra de Deus. Pra gente aqui, está materializada na Bíblia. O pastor e teólogo Hernandes Dias Lopes bem comentou esta passagem ao dizer que foi usando a espada dos homens que Moisés fracassou ao tentar defender seu povo dos opressores egípcios, mas quando usou a Palavra de Deus obteve vitória e todo povo foi liberto do cativeiro.
E de forma semelhante, Pedro fracassou usando a espada dos homens, tentando impedir a prisão de Jesus no Getsemani, ferindo um soldado romano, mas ao ser usado pelo poder de Deus, pela Palavra de Vida, a muitos se converteram através da pregação ocorrida em Pentecostes. A Palavra de Deus foi usada pelo próprio Cristo no deserto ao ser tentado pelo diabo.
Agora a batalha começa valendo. O inimigo é incessante e toda ocasião é oportunidade para nos atacar. Já estamos devidamente equipados e ao lermos a Bíblia ou ao ouvirmos a Palavra de Deus, se inicia uma comunicação a partir de nosso Senhor. Mas se Deus falar sozinho, teríamos um monólogo. E a batalha espiritual ocorre nas regiões celestiais.
Adentramos nas regiões celestiais quando oramos. Oração é falar com Deus. Deus fala conosco e nós também o falamos. Como o inimigo está sempre procurando ocasião para nos atacar, por isso o apóstolo nos exorta a orarmos em todo o tempo. Não qualquer oração, mas a oração no Espírito, pois nós não sabemos como orar, só que agora governados por ele, então eles nos conduz em nossa oração.
O interessante é que Paulo menciona também que devemos orar todo tipo de oração e súplica. Isto nos faz refletir como temos vivido e exercitado a nossa espiritualidade. A oração está em nossas rotinas? Temos dedicado momentos diários de oração?
Quando joelhos se dobram, entramos genuinamente na batalha. Não me refiro a um gesto ritualístico e mecânico de dobrar os nossos joelhos, mas de coração, temos nos dobrado à vontade do Senhor?
A batalha espiritual não é como Hollywood retratou na série Rambo. Os mais experientes aqui sabem de que estou falando. Quer dizer, saiu até um filme mais recente deste soldado chamado Rambo, certo?
Rambo é um soldado que sozinho batalha e derrota o exército inimigo. Só que na nossa batalha, não lutamos sozinhos. Há um exército de crentes orando uns pelos outros. Os soldados romanos possuíam na sua armadura uma proteção frontal, creio que para lutarem sempre juntos e de frente para o inimigo.
A Bíblia nos diz que do diabo devemos resistir. A fuga representa dar as costas ao inimigo. Até nisso a ilustração da armadura nos ajuda a compreender a vontade de Deus.
Falei isto na pregação passada e volto a afirmar que nos vestimos de toda a armadura para não deixar brechas para os ataques do maligno. Mas não somos equipados para sair caçando o encardido. Somos chamados para testemunhar e anunciar a boa nova em Cristo Jesus e só o fato de realizarmos isso, nos coloca em situação de adentrar no território inimigo para o resgate dos amados do Senhor que andam perdidos, por isso o próprio Deus nos equipa com sua armadura e a oração é fundamental para sabermos o que nosso general quer a cada batalha que travamos, seja por nós ou seja por nossos irmãos e irmãs.
Que tomemos posse da vitória que se encontra nos méritos de Cristo, lado a lado em oração e comunhão com nosso Senhor e uns com os outros. Amém!
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