Sermão do Monte (3)
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“Felizes os que choram”
“Felizes os que choram”
Texto: Mt 5.4
Introdução:
O mundo opina: As coisas já são bastante ruins para que a gente ainda fique procurando tribulações; assim sendo, seja tão feliz quanto lhe for possível.
veremos que essa bem-aventurança foi vertida em palavras ainda mais incisivas, porquanto ali é empregada a forma negativa
Lc 6.25- Essa afirmativa condena aquelas risotas, aquela jovialidade e felicidade aparentes que os homens deste mundo exibem, proferindo um “ai” contra os mesmos.
Por outra parte, promete bênção, felicidade, alegria e paz àqueles que choram.
O inferno é um lugar de choro e ranger de dentes (Mt 8.12)
O lamento e o pranto consistem na tristeza e no sofrimento oriundos de grande perda
Nós costumamos associar esse tipo de sentimento — e a bem-aventurança que diz ‘aqueles que choram serão consolados’ — ao luto ou...
frustração que sentimos em alguma amizade
perda de um emprego
quando fracassamos em algum teste
enfermidade
orgulho ferido
Também são formas de sofrimentos.
Jesus está dando um encorajamento e certeza que a tristeza, mesmo após longa espera, perderá forças?Ele estaria dizendo: “Prossiga. Em breve seus problemas irão embora. O tempo curará todas as dores”? Definitivamente, podemos dizer, NÃO!
De forma alguma se qualificam aqui de bem-aventurados a todos quantos choram. Cf. 2Co 7.10.
Jesus está falando da vida no reino de Deus
A pobreza que Ele descreve se encontra no espírito do homem, não em seu bolso. Do mesmo modo, a tristeza narrada por Jesus é a aflição que o homem sente pela pecaminosidade que reside em seu próprio ser; é o arrependimento daquilo que a pessoa já provou ser desagradável ao Senhor.
Agora, atordoado ao descobrir a pobreza de espírito que nela há, esta pessoa aprende a lamentar a própria miséria.
Esse “choro” espiritual é algo que, necessariamente, resulta do fato de ser alguém “humilde de espírito”. Esse é o resultado inevitável.
(Recapitular o v.3 com versículo referente e sitação de autor).
Os pobres em espírito são também os que choram
Essa, tal como a primeira das bem-aventuranças, destaca-se de imediato, caracterizando o crente como alguém inteiramente diferente daquele que não é crente, daquele que pertence a este mundo. De fato, o mundo consideraria tal declaração – e assim efetivamente o faz – como inteiramente ridícula: felizes são aqueles que choram!
NTLH- Felizes as pessoas que choram,
pois Deus as consolará
Lc 6.21- Bem-aventurados vós, os que agora chorais, porque haveis de rir.
v.3 Bem-aventurados (abençoado adj. — caracterizado pela felicidade e ser altamente favorecido “como pela graça divina”) os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.
5.3-12 Estes vs. empregam uma forma literária chamada “bem-aventurança”, freqüente nos Salmos e em outros livros do AT (Sl 1:1; cf. Sl 32:1–2; Pv 8:32,34; Is 56:2). Começam com a palavra bem-aventurados, que significa ditoso, feliz ou digno de ser felicitado. Várias bem-aventuranças nesta passagem são paradoxais, isto é, afirmações que parecem contradizer o sentido comum, porém aqui expressam os verdadeiros valores do Reino de Deus. Além de Lc 6:20–23, notam-se outras bem-aventuranças em Mt 11:6; Lc 11:28; 12:37; Jo 20:29; Rm 4:7–8; 14:22 e sete delas em Apocalipse (Ap 1:3, nota f). Ver Bem-aventurança na Concordância Temática.
Bem- aventurados= Cf:
1Tm 1.11
Tt 2.13
Tg 1.12
At 26.2
Ap 14.13
Choram= afligir-se (sentimento) v. — sentir dor ou tristeza; (Lamentar; prantear).
Afligir-se= sofrer a ponto de desespero; expressado como sendo completamente engolido ou tragado pela tristeza, ou seja, (ser engolido pela tristeza).
A palavra “chorar”, segundo William Barclay, é o termo mais forte da língua grega para denotar dor e sofrimento. Essa é a palavra usada para descrever a morte de um ente querido.Na Septuaginta, é a palavra que descreve o lamento de Jacó quando creu que José, seu filho, estava morto (Gn 37.34).
John MacArthur diz que a expressão “os que choram” usada por Jesus nessa bem-aventurança é a mais forte de todas as nove palavras gregas usadas nas Escrituras para sofrimento
Os que choram: Ou os que sofrem; cf. Sl 126:5–6; Is 57:18; 61:2–3.
Aqui e no v. 6, as expressões estão na forma passiva (serão consolados, serão fartos) e, assim, sugerem que será Deus quem realizará essas ações. Ver Mt 7:1, nota b.
“indica uma tristeza que emana do coração, toma posse da pessoa toda e se manifesta exteriormente” William Hendriksen
ser consolado (estado)
ser ou tornar-se consolado por tristeza ou aflição.
Estar calmo= estar ou tornar-se quieto ou calmo; especialmento no que se refere ao movimento.
2Co 7.13
2Co 13.11
Cl 2.2
1Ts 3.7
Qual é esse tipo de choro?
É claro que não se trata do choro carnal.
Amnom chorou de tristeza até possuir sua própria irmã, para depois desprezá-la (2Sm 13.2).
Acabe chorou por não ter a vinha de Nabote, a qual cobiçava (1Rs 21.4).
O faraó chorou por ter feito o bem, por ter libertado o povo. Ele se arrependeu de seu arrependimento (Êx 14.15).
Esse choro também não é o choro do remorso e do desespero.
Esse foi o choro de Judas Iscariotes.
Ele viu seu pecado e se entristeceu.
Ele confessou seu pecado e justificou Cristo, dizendo que havia traído um inocente.
Judas fez restituição, mas ele está no inferno, não obstante ter feito muito mais do que muitos fazem hoje.
Ele confessou seu pecado.
Ele devolveu o dinheiro que cobiçou.
Sua consciência o acusou de ter adquirido aquele dinheiro de forma vil.
E, embora Judas tenha chorado pelo seu pecado, aquelas não foram lágrimas de arrependimento, mas de remorso.
esse não é o choro do medo das consequências do pecado.
Chorar apenas pelo medo do castigo, apenas pelo medo do inferno, é como o ladrão que chora porque foi apanhado, e não pela sua ofensa.
É o choro que uma pessoa experimenta devido à comunhão que ela tem com o Senhor Jesus.
“não só o chorar devido ao próprio pecado, mas também chorar devido à condição espantosa do mundo, ao rejeitar o Salvador, e o julgamento dos que rejeitam sua misericórdia”.William Mac Donald
Esses que choram serão consolados no dia vindouro quando Deus “… enxugará dos olhos toda lágrima…” (Ap 21:4).
Aqui, então, está mais uma característica do cristão. (De quem nasceu de novo).
Ele não apresenta justificativas para seus pecados, nem os atenua ou os ignora.Antes, ele clama com Paulo “Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?”, e, por conseguinte, é consolado pela resposta: “Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor” que há livramento, conforto e consolo (Rm 7.24–25).
“o homem que genuinamente lamenta por causa de seu pecado já foi afastado de si mesmo para enxergar a Deus em Sua santidade e graça”. Sinclair Ferguson.
John Stott “afirma que, nesse contexto, aqueles que receberam a promessa do consolo não são, em primeiro lugar, os que choram a perda de uma pessoa querida, mas aqueles que choram a perda da inocência, de sua justiça, de seu respeito próprio. Cristo não se refere à tristeza do luto, mas à tristeza do arrependimento”
Como resolver esse lamento?
Boa notícia:
Paradoxalmente, a mesma visão que o homem tem de Deus e, por conseguinte, o faz lamentar é a que também lhe trará conforto. O Deus contra quem ele pecou é o Deus que perdoa a pecadores!
EX: Salmo 130
O salmista sente-se oprimido ao pesar-lhe a percepção de seus pecados
Ele se vê diante do tribunal de Deus e confessa: “Se observares, Senhor, iniquidades, quem, Senhor, subsistirá?” (v. 3).
aprendeu o surpreendente fato de que em Deus há perdão, e que, portanto, Ele deve ser temido
“É a graça que nos faz lamentar por nossa pecaminosidade. Sim, a lei de Deus nos convence do pecado (assim como convenceu Paulo; ver Rm 7.7–12). Mas é a graça de Deus que derrete nosso coração e nos conduz à atitude correta a respeito do pecado, em tristeza, vergonha e pranto”. Sinclair Ferguson.
A tristeza piedosa faz a alma olhar para Deus. Deus, por sua vez, confere consolo aos que buscam para si a ajuda dele. É ele quem perdoa, liberta, fortalece e acalma (Sl 30.5; 50.15; Is 55.6,7; Mq 7.18–20; Mt 11.28–30).
“Essa bem-aventurança contém o maior paradoxo do cristianismo. Poderíamos traduzir: “Felizes os infelizes” Hernandes Dias Lopes.
Em qual sentido o crente é feliz? Bem, o crente é feliz em sentido pessoal. O homem que realmente chora por causa de seu estado e condição pecaminosos é o homem que haverá de arrepender-se; e, na verdade, ele já começou a arrepender-se. E o homem que verdadeiramente se arrepende, em resultado da obra do Espírito Santo, é o homem que certamente será conduzido aos pés do Senhor Jesus Cristo. Tendo-se conscientizado de sua extrema pecaminosidade e desamparo, passa a buscar um Salvador
Diante o exposto, a pergunta que fazemos é, qual é o retrato do cristão?
sentir-se constantemente eufórico,
com o emocional sempre “elevado”.
Mas, por vezes, cristão vive constantemente em um estado de prantos e lamentos pelo seus pecados.
Contudo, podemos aprendaer que...
1- O pecado causa tristeza em nós e no espírito Santo, Ef 4.30.
A sensibilidade ao pecado não significa necessariamente que o cristão estará em constante estado de desespero.
2- O cristão tem a oportunidade de conhecer a felicidade na sua expansão, como também conhecer o lamento na sua profundeza.
Entretanto, bem o que é ser mais sensível ao pranto, mas também conhece conforto mais intenso, agora que pertence ao Senhor.
“O processo da expansão espiritual envolve dor — a dor de descobrir os efeitos de nossos pecados, a vergonha e a tristeza ao compreender quão distorcidos somos” Sinclair Ferguson.
O lamento é focado no meu pecado ou quando me deparo com a santidade de Deus?
Se a resposta for, em mim, então, somos egoístas e individualistas.
Se for em Deus, então, o lamento precisa ser extendido a uma população ímpia, pecadora...
“É compartilhar ativamente das dores e dos pecados do mundo com Jesus. Portanto, inclui não só o chorar devido ao próprio pecado, mas também chorar devido à condição espantosa do mundo, ao rejeitar o Salvador, e o julgamento dos que rejeitam sua misericórdia”. William MacDonald
O regenerado aprende a amar a Deus de tal forma que começará a chorar diante de “todas as obras ímpias” (Jd 14-15).
Os crentes suspiram e clamam não somente diante de seus próprios pecadosmas, mas “por causa de todas as abominações que se cometem no meio de Jerusalém” (Ez 9.4); Sl 119.136; Ver também Ed 10.6. Daniel combina seus pecados pessoais com os de seu povo (Dn 9.1–20; ver especialmente o vv.19-20).
Ministério de Jesus:(Is 61.1–3; Lc 4.16–21).
Jesus chorou:
João 11:35
Lucas 19:41–44
Eis a razão por que nosso Senhor mesmo chorava, eis a razão por que Ele foi um “… homem de dores e que sabe o que é padecer…”; esse foi o motivo que O levou a chorar diante do túmulo de Lázaro. Jesus contemplou aquela coisa horrenda, feia e imunda denominada pecado, a qual invadiu nossas vidas e introduziu na vida a própria morte, perturbando e infelicitando a vida. Jesus chorou diante disso e gemeu em Seu espírito. Ao contemplar a cidade de Jerusalém, que O havia repelido, tornando-se assim passível de condenação, Jesus chorou. Ele chorou
Conclusão:
Catecismo de Heidelberg:
“Pergunta: Qual é o seu consolo tanto na vida como na morte?Resposta: Que eu, de corpo e alma, tanto na vida como na morte, não pertenço a mim mesmo, mas pertenço ao meu fiel Salvador Jesus Cristo que, com o seu precioso sangue, fez plena satisfação por meus pecados e me livrou de todo o poder do diabo, e de tal maneira me guarda que sem a vontade de meu Pai celestial nem um só cabelo de minha cabeça pode cair; antes, é necessário que todas as coisas sirvam para a minha salvação. Por isso também me assegura, por meio de seu Espírito Santo, a vida eterna, e me faz pronto e disposto a viver doravante segundo sua santa vontade.” Adicionem-se a isso 2Tm 1.12; 4.7,8; Ap 17.14; 19.7.As pessoas não têm compreendido que precisam ser convencidas do pecado antes que possam experimentar alegria” D. Martyn Lloyd-Jones
“O que há em mim que me leva a agir dessa maneira? Por que me deixo irritar tão facilmente? Por que tenho tão mau temperamento? Por que não sou capaz de controlar-me? Por que aninho esses pensamentos maldosos, invejosos e ciumentos? O que está havendo comigo?” D. Martyn Lloyd-Jones
O crente sente-se consolado. Ele sabe que há uma glória vindoura; ele sabe que raiará um dia em que Cristo retomará, e no qual o pecado será banido da face da terra. Então haverá “novos céus e nova terra, nos quais habita justiça” (II Pedro 3:13). Oh, bendita esperança! “Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.”
Qual é o consolo ou a promessa?
O seguinte consolo – o consolo da bendita esperança, o consolo da glória vindoura. Por essa razão, mesmo neste mundo, embora gemendo, o crente também é feliz, por causa da esperança que rebrilha no seu horizonte. Ele tem esperança final na eternidade. Naquele estado eterno seremos total e inteiramente bem-aventurados, nada havendo para nos desfigurar a vida, nada havendo para detratar a nossa vida, nada havendo para estragá-la. Tristeza e suspiros não mais existirão; todas as lágrimas terão sido enxutas; e haveremos de aquecer-nos para sempre sob a luz do sol eterno, experimentando um regozijo e uma ventura e glória sem mistura