Não adulterarás o adultério
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Mateus 5.27–32RA
27 Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. 28 Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela. 29 Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno. 30 E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não vá todo o teu corpo para o inferno. 31 Também foi dito: Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. 32 Eu, porém, vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério.
Introdução:
1. Numa época em que é comum o sexo pré-matrimonial e extramatrimonial, precisamos lembrar-nos de que um Deus santo proíbe a imoralidade. Deus está vitalmente interessado na preservação do casamento e do lar. Ele estabeleceu o casamento. Ele que disse que não era bom que o homem estivesse só. Ele que colocou os impulsos sexuais nos seres humanos para serem desfrtuados dentro do ambiente abençoado e seguro do casamento. Ele estabeleceu o seu fundamento: heterossexual, monogâmico, indissolúvel e monossomático. Sendo verdadeiro que toda bênção que Deus tenha dado para benefício da humanidade pode ser pervertida, a Bíblia tem muito que dizer sobre o domínio da moral e de seu efeito no indivíduo, na sociedade e no lar, bem como em qualquer outra esfera da vida humana.
2. Vivemos num mundo de adulteração, adultera-se combustível, produtos (piratas) e conceitos. Entre os conceitos adulterados por essa sociedade pervertida e corrupta está o do casamento e do que de fato é o adultério e seus efeitos a curto, médio e longo prazo.
3. O Senhor Jesus nos encoraja a analisarmos o assunto de uma perspectiva diferente da que os escribas e fariseus faziam. Ele nos convida a olharmos mais atentamente para a nossa própria vida para saber se a nossa justiça está excedendo em muito a dos escribas e fariseus ou não.
· Será que nós somos realmente santos?
· Você se julgaria como uma pessoa adúltera?
· As pessoas que te conhecem diriam que você é uma pessoa imoral?
· Se pudéssemos entrar nos teus pensamentos, o que encontraríamos aí?
· Você tem lutado contra pensamento impuros?
· Os membros do seu corpo estão sendo utilizados como instrumentos de imoralidade?
· Como isso afeta ou afetará o seu casamento?
· Você acha que o diabo tem conseguido destruir muitas pessoas e casamentos por causa da imoralidade dos nossos dias? Ele tem feito isso na sua vida?
Proposição: O adultério segundo Jesus começa no coração, leva à ação e à degradação da família, podendo, inclusive, levar àqueles que o negligenciam ao inferno.
S.T.: A adulteração do adultério acontece quando não se leva em conta que:
1. A COBIÇA COMEÇA NO CORAÇÃO (Mt 5.27-28; Cf. Mt 15.19);
Percebemos no sermão da Montanha que "em Mt 5.21–48, Jesus contrasta sua interpretação de seis passagens da Lei com a interpretação dos líderes judaicos contemporâneos a fim de demonstrar a natureza da verdadeira justiça. Sua ênfase era a superioridade da ética do Reino sobre a piedade hipócrita dos escribas e fariseus. Para o Rei, a verdadeira interpretação e o verdadeiro cumprimento da Lei constituem uma questão de pensamentos e intenções, não de ações externas somente!" (Pinto, 2014, p. 41).
Quando o adultério acontece?
O adultério acontece quando o coração abriga a cobiça e a dispara em olhares imorais sobre outra pessoa. "Mais uma vez o Senhor vai até a raiz, i. é, até o mundo dos pensamentos, o local em que se origina a ação. Pois “do coração procedem os maus desígnios, […] adultérios, prostituição…” (Mt 15:19)"[1]
Stott diz que "assim como a proibição do homicídio incluía o pensamento colérico e a palavra insultuosa, a proibição do adultério incluía o olhar concupiscente e a imaginação. Podemos cometer assassinato com nossas palavras; podemos cometer adultério em nossos corações e mentes"[2].
O sétimo mandamento do decálogo deveria ser lido e explicado à luz do décimo: "Não cobiçarás a mulher do teu próximo" (Ex 20.17; Dt 5.18). Com certeza, não adulterar fisicamente, é um mandamento que deve ser obedecido, mas a questão é mais profunda visto que as motivações que levam ao adultério precisam ser consideradas. Não podemos nos enganar, é do coração que vêm as más deliberações, os homicídios, os adultérios e tudo que há de ruim (Mt 15.19). Os atos exteriores podem e devem ser condenados, mas o problema maior é o que tem levado a esses atos. De acordo com as Escrituras, de acordo com o nosso Senhor, o problema é o coração. Os maus desejos do coração já constituem adultério para Jesus, assim como o ódio do coração já é homicídio.
"No judaísmo predominava a opinião de que a mulher era um ser inferior, que sempre puxava o homem para baixo. Por isso o judeu piedoso não podia olhar para uma mulher. O farisaísmo pensava que, desse modo, estaria servindo severa e conscienciosamente à castidade! Por isso o escriba também ensinava: “Não fale muito com uma mulher. Todo o que fala muito com uma mulher atrai desgraça para si, e no final herdará o inferno. Por isso não fale com uma mulher na rua, ainda que seja sua própria esposa, filha ou irmã. Pois nem todos conhecem seu parentesco!”[3].
Fritz continua dizendo que:
"falar com um ser feminino era proibido porque, ao falar, era necessário olhar para a mulher. Olhar para uma mulher, porém, era pecado, inclusive olhar para seus vestidos coloridos. Havia um grupo entre os fariseus que, para não terem de, por engano, olhar para uma mulher, sempre andavam pela rua com os olhos semicerrados. Por se machucarem frequentemente nesse procedimento, esse grupo se denominava “os fariseus da perda de sangue” […] Tantos esforços para evitar olhar para uma mulher partiam do ponto de vista de que a mulher era apenas um ser sexual que seduzia o homem para o pecado. Dizia-se que a voz da mulher faz parte da indecência, os cabelos da mulher fazem parte da indecência etc"[4].
Ele afirma também que:
"O islamismo apresenta-nos ainda hoje o desprezo à mulher. Precisa usar véu na hora de sair à rua. É trancada no harém. Isso demonstra que, para o mundo dos homens, a mulher deve ser tão pouco visível quanto possível, pois ela nada mais é que o ser que seduz para o pecado. Em algumas sinagogas as mulheres ainda hoje precisam assentar-se no balcão elevado, atrás das grades, para que permaneçam invisíveis aos homens"[5].
Jesus condena essa atitude dizendo que o problema não é olhar para uma mulher, mas olhar com "intenção impura". O problema é a intenção do olhar, o problema é interno, é o coração. O próprio Senhor Jesus não apenas olhava para as mulheres, mas também conversava com elas, o que seria impossível entre os fariseus (cf. Jo 4).
Faz-se necessário enfatizar algumas questões:
i. Jesus não faz nenhuma sugestão de que as relações sexuais naturais dentro dos votos do casamento não sejam algo lindo que Deus nos deu. O problema não é o sexo, mas a imoralidade. Tomara todos os homens olhasse para suas mulheres com desejo e as cobiçassem no coração.
ii. Deus leva em consideração o que se passa no nosso coração e não somente o que fazemos com nossa mão. Coração é tão importante quando ação.
iii. A alusão de Jesus à imoralidade não deve se restringir somente ao olhar imoral do homem à mulher casada, nem da mulher casada ao homem casado, mas, sim, as todas as formas de imoralidade. Concordo com Stott (p.82) quando ele diz que "argumentar que a referência apenas diz respeito a um homem cobiçando uma mulher e não vice-versa, ou que só se refere ao homem casado e não ao solteiro, uma vez que o transgressor está cometendo "adultério" e não "fornicação", é incorrer na mesma casuística que Jesus condenou nos fariseus".
iv. A repreensão recai sobre quem observa e não sobre quem está sendo observado(a). Somos chamados a sermos santos no mundo e não somente na igreja. Podemos advertir as mulheres crentes a se vestirem com modéstia, como as Escrituras ordenam, mas não temos como fazer isso com as mulheres de fora. Somos chamados a estarmos no mundo sem nos deixarmos contaminar com ele. Lembrando que em muitos casos o homem também pode ser cobiçado.
v. Todos os homens devem cuidar do coração, inclusive os líderes. Ídolos se levantam no coração de todos os homens, inclusive de pastores, presbíteros, missionários etc. (Ez 14.1-3).
vi. Mesmo que o pecado surja no coração, o coração corrompido levará o corpo a ações pecaminosas. O coração leva os olhos a olhar e, no ato de olhar, o coração alimenta ainda mais a cobiça existente. Essa é a razão de Jesus introduzir no ensino a respeito do adultério ações práticas para uma vida de pureza sexual.
S.T.: A adulteração do adultério acontece quando não se leva em conta que:
2. É NECESSÁRIO A AMPUTAÇÃO (Mt 5.29-30)
Por não entender a seriedade do adultério aos olhos de Deus, muitos ignoram a necessidade de romper de ver com aquilo que pode conduzir ao pecado da imoralidade.
O que se deve fazer com respeito ao coração e ao olho luxuriosos? A resposta está nos versos de Mt 5.29-30:
29 Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno. 30 E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não vá todo o teu corpo para o inferno.
Cuidado para não tomar essas palavras de forma literal, não saia arrancando seu olho direito, pois você ainda poderia pecar com o esquerdo. A chave de interpretação está em Mt 18.7-9:
7 Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual vem o escândalo! 8Portanto, se a tua mão ou o teu pé te faz tropeçar, corta-o e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida manco ou aleijado do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno. 9 Se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida com um só dos teus olhos do que, tendo dois, seres lançado no inferno de fogo.
De forma ligeiramente diferenciada o mandamento é repetido.
"Dessa passagem se depreende claramente que o olho e a mão simbolizam e representam as “ocasiões de tropeço”, ou, se alguém preferir, a tentação para fazer o mal, as seduções enganosas. O sentido geral da passagem, pois, é este: “É preciso agir de forma drástica a fim de livrar-se de tudo quanto, no curso natural dos acontecimentos, te levará a pecar”. (William Hendriksen, Mateus, trans. Valter Graciano Martins, 2a edição em português., vol. 1, Comentário do Novo Testamento (Cambuci; São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2010), 374.
Jó afirmou em Jó 31.9-11:
“Se o meu coração se deixou seduzir por causa de mulher, se andei à espreita à porta do meu próximo, então, moa minha mulher para outro, e outros se encurvem sobre ela. Pois seria isso um crime hediondo, delito à punição de juízes”.
Jó fugia da imoralidade e, por isso, fez uma aliança com os seus olhos (Jó 31.1).
A lei estipulava poucos crimes capitais e o adultério era um deles. Os que fossem apanhados em adultério deviam morrer. Isto poderia ser feito de imediato, cravando-lhes um dardo ou uma espada. Poderia ser executado por estrangulamento, ou punido com a pena mais severa: o apedrejamento.
Israel reconhecia a justiça da sentença de Deus. Quando os fariseus trouxeram ao Senhor uma mulher apanhada em adultério (João 8), perguntaram-lhe se ele concordava em que ela fosse apedrejada. A nação, mediante a lei do Antigo Testamento, gravara em sua consciência que um Deus santo odeia a imoralidade ao ponto de exigir a pena de morte prescrita pelos juízes. Como disse Jó, é "um crime hediondo" à vista de Deus.
Na nossa passagem, a luta é para não infringir o sétimo mandamento.
Percebemos que o Senhor está querendo nos ensinar detalhadamente três lições importantes:
1. A presente vida não é a única que temos. Estamos destinados à eternidade;
2. Nada, não importa quão precioso possa parecer no momento - olho direito, mão direita - deve permitir que o nosso destino glorioso seja perdido (é a obediência que demonstrará a verdadeira salvação).
3. O pecado, por ser uma força destrutiva, não deve ser menosprezado (mimoseado, mimado). Ele deve morrer (Cl 3.5). Hendriksen disse que:
"A tentação deveria ser arrojada longe imediata e decisivamente. O desperdício de tempo é algo mortífero. As meias medidas tomadas podem causar muito estrago. A cirurgia deve ser radical. Prontamente e sem qualquer vacilação, é preciso que se queime o livro obsceno, que se destrua o quadro escandaloso, que se condene o filme que desfibra a alma, que se corte o laço social muito íntimo, porém sinistro, e que se descartem os hábitos perniciosos. Na luta contra o pecado o crente deve empenhar-se com ardor. Desferir golpes no ar de nada adianta (1Co 9.27)”[6]
Ele continua dizendo que:
"Ao dizer: “É melhor que percas um de teus membros”, etc., Jesus enfatiza quão incomparavelmente mais necessário e muito melhor é o preparar-se para a eternidade do que usufruir (?) os prazeres pecaminosos desta vida"[7].
Jesus diz claramente que é preferível vagar por esta vida com um corpo mutilado (não literalmente) do que, tendo um corpo sadio, ser lançado no Gehenna (inferno). Jesus falou sobre o Inferno. Em Mt 10.28 ele falou sobre a morte da alma e em Mt 16.26 ele falou sobre ganhar o mundo e perder a vida. O que você estaria disposto(a) a fazer em troca da sua vida? Você está disposto a abandonar radicalmente o pecado para desfrutar da vida que Deus tem pra você?
É importante destacarmos o perigo da pornografia nos nossos dias. Ele tem atingido, crianças, adolescentes, jovens, solteiros, casados, separados, idosos, homens e mulheres, crentes e descrentes, líderes e liderados. Corações cobiçosos nunca antes na história mundial encontraram mesas tão fartas e sortidas para se lambuzarem de imoralidade. Espetáculos gratuitos são oferecidos 24h por dia “gratuitamente” para aqueles que estão dispostos a no final da vida irem para o inferno. Stott (p.85) disse que:
“A pornografia ofende o cristão (e, dizendo a verdade, a qualquer pessoa de mente sadia) em primeiro lugar e principalmente porque rebaixa a mulher da sua condição de ser humano para a de objeto sexual, mas também porque oferece ao espectador um estímulo sexual que não é natural. Se temos um problema de falta de controle sexual e se, apesar disso, nossos pés nos levam a ver tais filmes, nossas mãos manejam tal literatura (ou celular, tablet, etc) e nossos olhos deleitam-se com as figuras que nos oferecem, não só estamos pecando, como também abrindo as portas à tragédia”.
Aqui é importante deixar claro que a salvação é pela graça, mediante a fé (Ef 2.8,9). Ninguém é salvo por obras, mas para as boas obras (Ef 2.10). Ninguém será salvo se procurar viver uma vida de ascetismo: não toque nisso, não manuseeis aquilo. Essas coisas tem aparência de piedade, mas não tem poder contra a sensualidade (Cl 2.20-23). Entretanto é importante relembrarmos que a fé em Cristo não é somente uma questão de confissão, mas de submissão à Sua Palavra. Ser cristão é ter a vida de Cristo em Si. É receber de Deus o poder do Espírito Santo, é andar em novidade de vida como um ressurreto dentro os mortos. Deus transformou o nosso querer e nos deu capacidade de fazermos o que nos ordena (Fp 2.13). Uma vez que estamos em Cristo e fomos libertos do poder do pecado, devemos oferecer os nossos membros como escravos da justiça para a santificação e, por fim, para a vida eterna e não mais para o pecado (Rm 6.10-14).
É claro que estamos num processo de santificação, não seremos perfeitos de um dia para o outro. Também é verdade que lutaremos contra a cobiça e o pecado que tenazmente no assedia até a vinda de Cristo, mas a luta precisa existir e o progresso precisa ser visível.
S.T.: A adulteração do adultério acontece quando não se leva em conta que:
3. O ADULTÉRIO É CONSUMADO PELA OMISSÃO (Mt 5.31-32)
Aquele que ignorou a cobiça do coração e não agiu rapidamente na amputação dos membros do corpo, poderá, com muita probabilidade, vivenciar a degradação da família por causa da sua omissão.
O casamento, relacionamento planejado por Deus, também como uma barreira à imoralidade, deve ser visto como um compromisso de buscar o bem do cônjuge em lugar de expô-lo ao mal (Mt 5.31-32).
Depois de falar do coração e da ação, agora Jesus demonstra a possibilidade da degradação da família. Ele vai nos mostrar como alguém que alimenta a imoralidade no coração e se entrega à luxúria pode chegar ao ponto de abandonar a sua mulher (família) inocente por causa dos desejos da sua carne.
Nosso texto diz:
“Também foi dito: Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. Eu, porém, vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério”.
O nosso texto deve ser lido em conexão com Mt 19.2-9. Devido ao nosso pouco tempo terei que ser breve na exposição do assunto, mas espero que seja claro.
Jesus falou sobre casamento tendo em vista a intenção inicial da Lei (Gn 2.24; 24.67; Ex 20.14; Dt 5.18; Ml 2.14-16). Se compararmos com Ef 5.31,32 e com Hb 13.4 e depois pegarmos o texto de Mt 5.32em conexão com Mt 19.2-9 veremos que a Lei era muito clara, quando um homem se casava com uma mulher, somente a morte os podia separar. Aquilo que Deus uniu o homem não pode separar.
Os escribas e fariseus, utilizando-se do texto de Dt 24.1-4, se fixavam na expressão "coisa indecente" (Atualizada) para encontrar uma brecha para conceder carta de divórcio e assim se separar da sua esposa. Jesus, deixa claro que permissão de Moisés ao divórcio, permissão e não ordenação, era por causa da dureza do coração da nação, o que não se encaixa ao cristão que está na nova aliança que não mais tem um coração de pedra, mas um coração de carne (Ez 36.26). Além disse, Jesus volta ao início onde o plano sempre foi casamento vitalício e não divórcio.
Algo importante a se observar é que o contexto de Mt 5 e Mt 19 é coração e perdão e não divórcio. Outra questão é que somente no Evangelho de Mateus teríamos uma possível clausula de exceção nenhum outro escritor do NT abre a possibilidade de divórcio.
Mas o mais importante a se observar no nosso texto é que a mulher que é abandonada, repudiada pelo marido é inocente e se tornará exposta ao adultério uma vez que foi deixada, pois possivelmente se casaria novamente. Com isso Jesus protege à mulher. Como Ele faz isso? Colocando um peso enorme nas costas do homem sobre os danos da sua atitude e declarando que quem se casar com a repudiada comete adultério, evitando assim que ela fosse contaminada por unir-se a outro homem e ficasse impossibilitada de voltar ao seu esposo no caso de arrependimento dele.
O ensino de Jesus, nestes dois pequenos versos é fantástico. Em pouquíssimas palavras Jesus:
• desestimula o divórcio;
• Refuta a falsa interpretação rabínica da lei;
• Reafirma o verdadeiro sentido da lei (cf. Mt 5.17-18);
• Censura a parte culpada (neste caso o marido que quer repudiar a esposa sem que ela tivesse cometido qualquer ato de indecência);
• Defende a parte inocente;
• Mantém o caráter sagrado e inviolável do vínculo matrimonial ordenado por Deus.
Conclusão:
Esses dias eu abasteci o meu carro num posto com uma bandeira conhecida. Pedi para completar o tanque, que estava quase vazio, e segui meu caminho. Não demorou muito para o motor começar a demonstrar sinais de que as coisas não estavam muito bem. O painel do carro começou a acender várias luzes que eu nem imaginava que existiam no meu carro. Parei, chamei o guincho e o carro foi levado à concessionária. Resultado, segundo os técnicos, gasolina ruim que danificou os bicos injetores. Gastei mais de R$ 2.000,00 naquele dia para consertar o dano causado por combustível adulterado. Dou graças a Deus que houve conserto.
O posto poderia sofrer algumas sanções pela adulteração do combustível, desde multa como de fechamento. Ele poderia ser prejudicado (não sei se já foi), mas com certeza, já prejudicou outros, como a mim. Da mesma forma, muitas pessoas com aparência de confiáveis, estão adulterados na sua essência, prejudicam a si mesmos e aos outros à sua volta. Não pensam nas consequências que um coração imoral pode trazer a eles e aos outros à sua volta. Convido você a analisar o seu coração, a santificar o seu corpo e a valorizar o seu casamento para que ele possa espelhar a beleza e a santidade do relacionamento de Cristo com a Sua igreja. Acredito que da mesma forma que meu carro teve conserto, a sua vida também tem. Não importa o que tenhas feito, o sangue de Cristo nos purifica de todo pecado e a graça de Deus está a nossa disposição para nos fortalecer a vivermos uma vida que Lhe agrada.
Perguntas para reflexão:
· Que atitudes práticas posso tomar para que meu coração encontre plena satisfação em Deus e não fique procurando encontrar satisfação em outras coisas?
· Paulo, escrevendo aos coríntios, reconhece a necessidade física do marido assim como da esposa. Deus proveu para esta necessidade: "Por causa da impureza, cada um tenha a sua própria esposa e cada uma o seu próprio marido" (1 Coríntios 7:2). A solução divina para o problema do desejo físico não é abstinência ou controle, mas casamento. Neste vínculo, cada um tem responsabilidade para com o outro no domínio físico que o apóstolo traçou tão claramente em 1 Coríntios 7:3-5. Ele reconheceu a necessidade e mostrou a solução divina. Será que muitos problemas de imoralidade não seriam resolvidos se os namoros não fossem tão longos e os casais não se privassem mutuamente?
· Como você tem sido radical na luta contra o pecado sexual? Como os olhos, ouvidos, mãos e pés cooperam para alimentar a imoralidade? O que deve ser feito?
[1] Fritz Rienecker, Comentário Esperança, Evangelho de Mateus. Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 1998, p.89.
[2]Stott, John R.W. A mensagem do Sermão do Monte: contracultura cristã. Tradução de Yolanda M.Krievin – 3ª edição – São Paulo: ABU Editora, 2001, p.82.
[3] Fritz Rienecker, Comentário Esperança, Evangelho de Mateus. Curitiba: Editora Evangélica Esperança, 1998, p.89.
[4]Idem.
[5]Ibidem, p.90.
[6] William Hendriksen, Mateus, trans. Valter Graciano Martins, 2a edição em português., vol. 1, Comentário do Novo Testamento (Cambuci; São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2010, p. 375.
[7]Idem.