A cidade como o campo da missão

Alcançando a Cidade  •  Sermon  •  Submitted
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Introdução

Ontem a noite falamos sobre um aspecto importante sobre identidade de Cristo, e nisso consiste o fato de Jesus ser plenamente Deus, plenamente homem, a sua família e a nova família em que Ele forma. Hoje começaremos a tratar de um aspecto importante da sua identidade, Jesus é um mestre por excelência, e como mestre Jesus possuia uma forma peculiar de ensinar. Uma dessas formas era através de parábolas, histórias que Jesus contava para trazer uma realidade espiritual.
Você já se pegou indgnado quando alguém não consegue acreditar em algo que para você parece óbvio? Da mesma forma você se espanta como alguém pode tomar por verdade questões que são completamente absurdas. Respostas diferentes para uma mesma informação, é algo que vemos o tempo todo e sempre vai acontecer. Jesus em dado momento fala sobre isso.
Marcos 4.1–12 NVI
1 Novamente Jesus começou a ensinar à beira-mar. Reuniu-se ao seu redor uma multidão tão grande que ele teve que entrar num barco e assentar-se nele. O barco estava no mar, enquanto todo o povo ficava na beira da praia. 2 Ele lhes ensinava muitas coisas por parábolas, dizendo em seu ensino: 3 “Ouçam! O semeador saiu a semear. 4 Enquanto lançava a semente, parte dela caiu à beira do caminho, e as aves vieram e a comeram. 5 Parte dela caiu em terreno pedregoso, onde não havia muita terra; e logo brotou, porque a terra não era profunda. 6 Mas quando saiu o sol, as plantas se queimaram e secaram, porque não tinham raiz. 7 Outra parte caiu entre espinhos, que cresceram e sufocaram as plantas, de forma que ela não deu fruto. 8 Outra ainda caiu em boa terra, germinou, cresceu e deu boa colheita, a trinta, sessenta e até cem por um”. 9 E acrescentou: “Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça!” 10 Quando ele ficou sozinho, os Doze e os outros que estavam ao seu redor lhe fizeram perguntas acerca das parábolas. 11 Ele lhes disse: “A vocês foi dado o mistério do Reino de Deus, mas aos que estão fora tudo é dito por parábolas, 12 a fim de que, “ ‘ainda que vejam, não percebam; ainda que ouçam, não entendam; de outro modo, poderiam converter-se e ser perdoados!’”
Mas o que essa parábola tem a ver com o alcance da cidade? Por vezes, nos sentimos como falar para a cidade uma verdade que parece óbvia, mas para muitos não faz sentido. Olhando para essa parábola, pensemos nas sementes como o evangelo e o solo como os milhares de corações que estão na cidade. Por isso eu gostaria de convidar a você observar alguns pontos que chamam a atenção no texto.
O primeio fato que nos chama a atenção no texto é o local, Jesus está na praia, e alí Ele prega. Isso ocorre porque a Sinagoga havia se tornado um local perigoso para ele, as portas da sinagoga estavam fechadas para Jesus e os líderes já conspiravam para a Sua morte. Mas o ministério de Jesus rompia as barreiras da sinagoga, Ele vai para uma praia. A praia se torna seu templo e um barco o seu púlpito. Logo, uma igreja em missão, comprometida com o alcance da cidade não está limitada ao seu ambiente litúrgico.
Outro fator que nos chama a atenção é o método de ensino neste momento. É como se Jesus abrisse a janela do entendimento para uns e fechasse para outros. Se você conhece a história de Jesus, sabe que Ele nesse momento da sua vida já havia feito milagres, alguns inclusive que somente o Messias podereia realizar, havia pregado a mensagem de arrependimento e feito o que era mais escandalozo: perdoado pecados (a mensagem que mais enfureceu os fariseus - além da parte ofendida, só Deus pode perdoar o pecado de alguém). Aquele público tinha testemunhado e ouvido a mesma mensagem, mas houveram reações diferentes sobre os mesmos fatos e informação. Por isso, a parábola do semeador é uma espécie de introdução para todas as outras parábolas contadas por Jesus. Por isso, Jesus ao explicar, na verdade ele faz uma aplicação sobre essa parábola.
Interessante observarmos no versículo nove em diante que Jesus dá um recado: Quem tem ouvidos, ouça. Logo em seguida Ele se retira e tem um diálogo reservado apenas com seus discípulos e explica uma dura realidade para os corações obstinados em seus pecados. Jesus salva alguns e aqueles que permanecem em seus pecados não vão compreender. Talvez você seja tentado a pensar que Jesus é mau ao afirmar isso, mas essa realidade aponta para toda a história de redenção.
Vemos isso ainda no Antigo Testamento, como por exemplo quando Deus oferece a faraó muitas oportunidades para submeter-se às advertências de Moisés. Diante da sua resistência, Deus disse: Muito bem, faraó, faça-se a sua vontade. O Senhor então endureceu o coração de faraó.
Êxodo 9.12 NVI
12 Mas o Senhor endureceu o coração do faraó, e ele se recusou a atender Moisés e Arão, conforme o Senhor tinha dito a Moisés.
Deus não endureceu o coração de faraó contra sua vontade. Ele simplesmente confirmou o que faraó livremente escolheu, resistir a Deus. Vemos no Novo Testamento o ensino sobre essa realidade também na carta aos Romanos:
Romanos 1.24 NVI
24 Por isso Deus os entregou à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos do seu coração, para a degradação do seu corpo entre si.
Romanos 1.26 NVI
26 Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza.
Romanos 1.28 NAA
28 E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a um modo de pensar reprovável, para praticarem coisas que não convém.
O maior juízo de Deus é entregar o homem ao seu próprio desejo.
Não é fácil compreender a relação entre nossa vontade e a escolha de Deus, nessa vida nunca será fácil compreender isso. A partir da escolha divina reside a nossa responsabilidade. Sim, é Deus que escolhe, mas a nossa vontade faz parte do processo. Como assim? No princípio, o homem decidiu rejeitar a Deus, mas mesmo o homem o rejeitando, Deus interfere no desejo do homem de caminhar longe Dele e nos salva em Cristo Jesus. A realidade não é que os homens naturalmente desejam a Deus, e o Senhor de forma cruel decide condenar alguns e salvar outros. A verdade do evangelho é que todos nós naturalmente não desejamos o Senhor, na verdade o reijeitamos, mas Ele de forma extraordinária e graciosa desrespeita esse nosso livre arbítrio e Ele decide nos salvar. Sim, foi assim que Deus nos salvou, foi assim que Ele nos amou - mesmo quando ainda não o amávamos ou o desejámos - e é por isso que nós nos rendemos em adoração à Ele.
Jesus está falando exatamente sobre o assunto que falei na introdução, as diferentes reações diante de uma mesma informação. Não é uma questão meramente voltada para o intelecto, mas uma condição do coração. Por isso Jesus explica a parábola sobre as diferentes realidades do coração humano e como cada um desses corações respondem a um única verdade que é o evangelho.

Corações endurecidos

Marcos 4.13–15 NAA
13 Então Jesus lhes perguntou: — Se vocês não entendem esta parábola, como compreenderão todas as outras? 14 O semeador semeia a palavra. 15 Estes são os da beira do caminho, onde a palavra é semeada: quando a ouvem, logo Satanás vem e tira a palavra semeada neles.
Interessante que este primeiro resultado não é do tipo, tudo ou nada, mas um solo que aparentemente não é estéril e começa esboçando algum tipo de fertilidade. Se não fosse a ação dos pássaros, o Diabo, certamente germinaria. Por isso a lição que tiramos aqui é que não existe um cenário de consições neutras, o meio externo desempenha algum papel nos acontecimentos. Satanás é o principe deste século e trabalha nas mentes de homens e mulheres afim de criar uma cultura hostil ao evangelho. A nossa confiança no evangelho não exclui uma vigilância ao meio. O toque da Palvara de Deus em um coração não é o fim, pelo contrário, pode ser o estopim para o início da ação satânica.

Corações superficiais

Marcos 4.16–17 NAA
16 E estes são os semeados em solo rochoso, os quais, ouvindo a palavra, logo a recebem com alegria. 17 Mas eles não têm raiz em si mesmos, sendo de pouca duração. Quando chega a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandalizam.
Mais uma vez vemos um coração que aparentemente se parece com um solo fértil, mas não é, são os corações superficiais. Pessoas que se relacionam com Deus superficialmente. Crêem em Deus como um solucionador de problemas, um provedor de coisas e até mesmo de milagres. Tem uma relação de consumo com Deus, logo essa relação com Deus está condicionada a estar tudo bem, diante da primeira dificuldade esse relacionamento se rompe ou é colocado em risco. A vida cristã não é ausente de tribulações, e isso nos leva a uma importante conclusão: se por um lado desejamos ser terrenos férteis, precisamos saber que terrenos férteis são terrenos sujeitos a tribulações. Ninguém deseja tribulações, mas ela de certa forma é o selo de qualidade da fé. Uma fé genuína resiste a tribulações. O coração superficial desenvolve uma relação superficial com Deus, não há convicção de salvação e logo se desenvolve interesses superficiais em Deus. Deus não é o centro da vida da pessoa, mas ela mesma. Um relacionamento superficial com Deus se reflete em um relacionamento superficial com a igreja. Sim, a igreja é o corpo de Cristo, corações superficiais não se relacionam de forma profunda com a igreja porque é desta forma superficial que se relacionam com o dono da igreja. Não resistem a tribulações no mundo, nem mesmo dificuldades na comunidade de fé. O coração superficial não passa pelo teste do discipulado, pois esse exige autonegação, sacrifício, serviço e até mesmo sofrimento.

Corações ocupados

Marcos 4.18–19 NAA
18 Os outros, os semeados entre os espinhos, são os que ouvem a palavra, 19 mas as preocupações deste mundo, a fascinação da riqueza e outras ambições aparecem e sufocam a palavra, e ela fica infrutífera.
Jesus está falando sobre aqueles que ouvem, mas existem outras vozes competindo com a voz de Deus. São corações que possuem preocupações que até são lícitas, mas tomam prioridade em seu coração. Para esses corações nos lembremos das palavras de Jesus no sermão do monte quando Ele disse: "Mas buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e estas demais coisas vos serão acrescentadas". Jesus está falando sobre relação entre aquilo que o crente crê, e aquilo que i crente precisa para o seu sustento material neste mundo. Essa relação não precisa ser vista como um conflito, mas assumir uma ordem de prioridades (exemplos). Jesus não proíbe a sobrevivência aos sues discípulos, mas declara a nossa sobrevivência dependente da busca pelo Reino em primeiro lugar.
A sua verdadeira subsistência não está no seu trabalho, no que você faz, no que você come, bebe ou veste. A tristeza atual para muitos cristãos é que se preocupam em primeiro lugar com o que hão de comer, beber e vestir; com a sua aparência, seu sucesso e todas as demais coisas temporais deste mundo.

Corações frutíferos

Marcos 4.20 NAA
20 Os que foram semeados em boa terra são aqueles que ouvem a palavra e a recebem, frutificando a trinta, a sessenta e a cem por um.
Jesus então fala sobre o quarto e último coração, o coração frutífero. Observe, fruto é uma característica inevitável, mesmo que seja em quantidades diferentes. Jesus não perde tempo explicando, porque pelo fruto nós constatamos o resultado, não se precisa explicar, apenas contemplar. Não é exatamente a quantidade do fruto mas a qualidade dele. Jesus não se deslumbra com a quantidade de frutos, mas qual fruto está sendo produzido, nós é que gostamos de fazer isso. Logo, essa parábola nos ensina que o coração é aquele que recebe, ouve e pratica. E essa prática, o fruto, é constante. Não se desvia por causa de perseguição e não se fascina pelas coisas ou prazeres deste mundo.

Aplicação

O alcance da cidade deve ser pela motivação correta e através da mensagem correta. Muitos focam em métodos para alcançar a cidade, outros focam em eventos, marketing digital, contextualização ou até mesmo em inicitivas culturais e sociais. Qual é o lugar dessas coisas no alcance da cidade? (Sementeira)
Tudo isso é válido, mas funcionam como as máquinas agrícolas que maximizam o trabalho de plantio no campo, mas se não tiver a semente, de nada adianta. Ou até mesmo uma preocupação demasiada em usar a melhor sementeira do mercado (os melhores métodos) mas uma preocupação muito pequena na qualidade da semente ou até mesmo no tipo de semente (plantar uma planta esperando colher o fruto de outra). A preocupação da igreja em primeiro lugar deve ser com a semente, somente depois disso com a sementeira, que sem uma sementeira muito boa o plantio pode ser feito. E que o solo ele vai ser preparado Pelo próprio Deus, e só cabe a nós orar pedindo para que Ele prepare o solo. A nós, só cabe espalghar as sementes independente do onde ela vai cair.

Conclusão

A igreja em sua missão em alcançar a cidade precisa ter algumas verdades em mente:
Não devemos subestimar forças opositoras à semeadura, Jesus fala sobre isso. Se todos os problemas se resolvessem apenas dentro de nós, a bíblia não falaria das ameaças do Diabo e do Mundo, além da nossa própria carne. Então não subestime as ameaças externas à missão.
Não se impressione com respostas imediatas ao plantio, os melhores frutos de uma árvore são resultados de maturidade e saúde. As aparências enganam, muitos vão aderir a fé cristã, mas sem conversão. Jesus não está falando sobre a possibilidade de perda de salvação, mas que muitos que aderem ao cristianismo, valorizam seus valores e princípios, mas nunca se converteram.
Semeie a Palavra de forma fiel e com abundância, pois o Reino de Deus só cresce pela pregação do evangelho, não há outro caminho. Pregue o máximo que puder, não compete a você preparar o solo, apenas a jogar a semente, mas confie que o Senhor fará cair no solo correto.
Por último, guarde o seu coração, peça ao Senhor que Ele sempre seja um solo fértil para produzir frutos que glorificam à Ele.
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