Conversa da Escritura - Epístolas Universais
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CONVERSA DA ESCRITURA
TIME 03
TEXTOS: 1 Pe a Jd
TEMA: ÉTICA E SANTIFICAÇÃO
INTRODUÇÃO
As chamadas Epístolas Universais ou Católicas são textos com forte ênfase na santidade dos discípulos de Jesus, tanto em seu proceder individual quanto na vida comunitária e no exercício da vocação ministerial.
EPÍSTOLAS DE PEDRO
As duas cartas do Apóstolo Pedro apresentam propósitos diferentes. Enquanto a primeira trata sobre conselhos gerais para fortalecimento da fé dos peregrinos e forasteiros dispersos por diversas partes do império romano, a segunda carta traz orientações pastorais para a igreja saber lidar com a ameaça imediata representada pelo surgimento de falsos mestres.
Embora tenham objetivos distintos, os dois documentos apresentam um núcleo comum no que se refere à conduta dos discípulos, identificados como
…sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus (1Pe 2.9).
Os seguidores de Jesus são forasteiros e peregrinos nessa terra, estrangeiros em um mundo caído. Isso significa que sua cultura, de modo geral, deve ser diferente daquela presente no mundo dominado pelos romanos.
Portanto, os crentes devem ter conduta exemplar (1 Pe 2.11-12), precisam agir com elevado padrão moral nas relações com as instituições seculares (1 Pe 2.13-17), precisam, também, buscar desenvolver, cada vez mais a sua maturidade espiritual (2 Pe 1.5-7).
O Apóstolo também dirige seus conselhos para alguns grupos específicos dentro da comunidade. Assim, ele exorta os servos (1 Pe 2.18), as mulheres (1 Pe 3.1), maridos (1 Pe 3.7) e uma palavra para “todos” (1 Pe 3.8).
Digno de nota, também, é a seguinte declaração do velho Apóstolo:
…Não sofra, porém, nenhum de vós como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócios de outrem;
16mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; antes, glorifique a Deus com esse nome (1Pe 4.15–16).
No capítulo 5 da primeira carta Pedro adverte os presbíteros (anciãos) sobre a responsabilidade pastoral e a motivação para o exercício da vocação (1 Pe 5.1-4).
Por fim, cabe destacar as recomendações do Apóstolo quando à perseverança na prática do bem enquanto os crentes aguardam, com paciência, a volta do Senhor.
Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade,
12esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão (2Pe 3.11–12).
Por essa razão, pois, amados, esperando estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis (2Pe 3.14).
EPÍSTOLAS DE JOÃO
De um ponto de vista estritamente literário, a Primeira Epístola de João poderia ser classificada como um sermão ou um discurso teológico. A razão é que não se encontra na carta qualquer menção de autor, destinatário, introdução, saudações e despedida.
No entanto, desde os primeiros tempos do Cristianismo se tem reconhecido que este documento é, se não uma missiva pessoal propriamente dita, uma espécie de carta pastoral dirigida ao conjunto dos membros de algumas igrejas residentes em lugares próximos uns dos outros: pequenas congregações da Ásia Menor, necessitadas de instrução e conselhos que as ajudassem a viver em plenitude o testemunho da sua fé em Jesus Cristo que “veio em carne” (4:2–3).
O propósito da Segunda Epístola de João é prevenir um grupo de crentes sobre os ensinamentos de certos “enganadores”, falsos mestres que andavam pregando doutrinas contrárias à divindade de Jesus Cristo, negando a encarnação do Filho de Deus e fazendo-se merecedores da qualificação de “anticristo” (v. 7).
A Terceira Epístola é dirigida a Gaio, um cristão de quem se elogia a hospitalidade com que recebia os pregadores e evangelistas que visitavam a igreja da qual era membro, “mesmo quando são estrangeiros” (vs. 5–6).
No três documentos são destacados alguns temas relacionados à santidade e ética cristã: amor fraternal, verdade, andar na luz e não amar o mundo.
Em todas as cartas, o Apóstolo do amor enfatiza a necessidade de os discípulos do Senhor Jesus, que têm com Ele um vínculo de amor e verdade, andarem como filhos da luz.
O autor, assim como Pedro, direciona palavras de exortação a grupos diversos da comunidade (1 Jo 2.12-14), inclusive líderes (3 Jo).
A preocupação com a conduta do discípulo em meio a um mundo hostil (1 Jo 5.19) é central nos documentos joaninos.
EPÍSTOLA DE JUDAS
Por que Judas escreveu sua epístola? Ele informa aos seus leitores que ansiava por escrever-lhes sobre a salvação que têm em comum. Ao invés disso, ele os instrui sobre o conjunto de doutrinas cristãs, o qual ele chama de fé. Insta os crentes a batalharem “pela fé que de uma vez por todas foi confiada aos santos” (v. 3). Perto do final de sua epístola, ele encoraja os destinatários a se edificarem na “fé santíssima”, e exorta os leitores de sua epístola a mostrarem misericórdia para com aqueles que estão na dúvida (v. 22).
O propósito de Judas parece ser polêmico. Na maior parte de sua epístola (vs. 4 a 19), ele ensina os crentes a se oporem aos apóstatas que se infiltraram na comunidade. Adverte-os sobre a influência perniciosa desses homens ímpios e inculca-lhes algumas verdades fundamentais. Mesmo que brevemente, menciona várias doutrinas cristãs. São elas: a eleição daqueles que foram chamados (v. 1); a perseverança daqueles que lutam pela fé (vs. 3,21); o juízo final dos incrédulos (vs. 4,6,7,11,15) e a segurança (vs. 1,21,24), salvação (v. 3) e vida eterna (v. 21) dos crentes.
O tema ‘santidade' é explorado na epístola à medida em que o escritor desenvolve seu argumento contra os falsos ensinadores. Exemplos de juízo de Deus sobre os anjos e homens ímpios (judeus e gentios) são trazidos para a argumentação apresentada pelo autor, propondo-se aos discípulos uma vida de consagração ao Senhor e reverência em todo o tempo.
Como os homens destituídos de princípios, sob o título de cristãos, se insinuavam sorrateiramente, cujo principal objetivo era levar os instáveis e fracos a um profano descaso de Deus, Judas mostra, antes de tudo, que os fiéis não devem deixar-se mover por agentes deste gênero, pelos quais a igreja sempre se viu assaltada; e os exorta ainda a se precaverem, cuidadosamente, de tais pestes. E para torná-los mais odiosos e detestáveis, ele lhes anuncia a iminência da vingança de Deus, tal como sua impiedade merecia.
Ora, se considerarmos o que Satanás tem tentado em nossa época, desde quando o evangelho começou a ser vivificado, e quais as artes ele ainda emprega ativamente com o fim de subverter a fé e o temor de Deus, e que utilidade teve esta advertência nos dias de Judas, ela se faz mais que necessária em nossos dias. Mas isto transparecerá mais plenamente quando prosseguirmos na leitura da Epístola.
BIBLIOGRAFIA
Calvino, J. (2015). Epístolas Gerais (T. J. Santos Filho & F. Ferreira, Orgs.; V. G. Martins, Trad.; Primeira Edição, p. 497). Editora FIEL.
Kistemaker, S. J. (2006). Epístolas de Pedro e Judas (S. Klassen, Trad.; 1a edição, p. 474). Editora Cultura Cristã.