A Importância Do Testemunho Cristão

1. O que é o testemunho cristão?

1.1. Definições:

- O testemunho cristão é a postura bíblica - em viver de conformidade com as ordenanças bíblicas. E verdadeiramente ética, ou seja, uma conduta condizente com os padrões morais exigidos por Deus - que exercemos no cotidiano - dia-a-dia-, numa demonstração clara - sem variação de dúvida - de que, realmente, somos discípulos de Cristo - pessoas instruídas na palavra de Jesus Cristo - como está escrito:

Mateus 10.24-25 – “Não é o discípulo mais do que o mestre, nem o servo mais do que o seu senhor. Basta ao discípulo ser como seu mestre, e ao servo como seu senhor. Se chamaram Belzebu ao pai de família, quanto mais aos seus domésticos”

Então o testemunho cristão consiste em viver uma vida como imitador de Cristo.

2. Características do autêntico testemunho cristão:

2.1. Quanto ao verdadeiro testemunho: O cristão tem que ter:

a) A mente de Cristo (1Co 2.16);

“Porque, quem conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo”. (cf. Jo 15.15)

Aqui mente está “como metonímia, indicando o que está na mente, pensamento, conselho, propósito, opnião de Deus ou Cristo” (STRONG, 2011).

Portanto, “a mente de um cristão precisa estar em harmonia com a mente de Deus. Quando o homem é controlado pelo Espírito de Deus, ele deseja cumprir a lei de Deus, fazer a vontade de Deus e refletir a glória de Deus. Deus conhece o homem e o instrui, mas seria um absurdo pensar que o homem é capaz de conhecer e de instruir a Deus” (KISTEMAKER S. , 2003). O cristão não avalia as coisas sob o ponto de vista do mundo, mas vê as coisas à luz da revelação de Deus em Cristo, ele tem, portanto, a mente de Cristo.

b) Os mesmos sentimentos que havia em Cristo (Fp 2.5)

“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus”

Isto quer dizer que devemos ter o “conjunto das qualidades morais de Cristo”[1]; a igreja é instada a ter a mesma atitude de Cristo Jesus, que assumiu a forma de servo e nos deu o exemplo para seguirmos seus passos (Jo 13.15; Mt 20.28). O serviço de um cristão deve ser um ato de amor. Quando o cristão aplica-se a ser um imitador de Cristo tende a ser aperfeiçoado nestas coisas, “até que todos cheguemos a unidade da fé e ao conhecimento do filho de Deus, a varão perfeito, à medida da estatura completa de Cristo” (Ef 4.13).

c) Viver como Cristo em todo o seu proceder (1Jo 2.6) sendo assim um reflexo da conduta e do caráter de Jesus como homem.

“Aquele que diz que está nele, também deve andar como ele andou”. (cf. Jo 15.4-5)

O verbo andar (gr. peripateō) aqui denota “andar no sentido de portar-se ou comportar-se de certa forma. Andar no mesmo sentido de viver; a maneira de viver”. Este andar é como um imitador, seguindo seus passos. Portanto, a maneira pela qual devamos portar-nos nesta geração deve ser a mesma maneira que Cristo se portou e ensinou. Doutra maneira o meu testemunho perde o valor.

Noé foi um homem justo e integro na sua geração, porque Noé andava com Deus, ou seja, se portava conforme a vontade do Senhor (Gn 6.9).

d) Falar como Cristo (Mt 26.73).

“E, logo depois, aproximando-se os que ali estavam, disseram a Pedro: Verdadeiramente, também tu és um deles, pois a tua fala te denuncia.”

O apóstolo Tiago deixa bem claro: “Assim falai e assim procedei, como devendo ser julgados pela lei da liberdade” (Tg 2.12). Jesus também disse: “Porque por tuas palavras serás justificado e por tuas palavras serás condenado” (Mt 12.37). Observa-se que a maneira como se fala e o que e do que se fala faz parte do testemunho cristão, pois como pode um homem de Deus falar coisas de Satanás? Como pode um homem de Deus falar coisas obscenas, licenciosas e profanas?

Tiago também ensina que a lingua é o menor dos orgãos do corpo e é esta capaz de lançar todo corpo no inferno (Tg 3.6). A boca fala do que está cheio o coração (Mt 12.34), por isso um coração cheio das palavras de Deus não podem brotar outra coisa senão o conhecimento de Deus (Ml 2:7). Portanto, aquilo que falamos deve condizer com aquilo que nós somos, pois se só falamos e não somos nos fazemos como mentirosos no meio do povo, posto que nenhum mentiroso entrará no Reino de Deus (Ap 21.8).

2.2. Quanto ao verdadeiro testemunho: O testemunho cristão é:

a) É a luz que brilha nas trevas (Mt 5.14-16);

“Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus”.

"Aqui luz é usada como “metonímia, o autor ou dispensador de luz moral e espiritual, um professor moral” (STRONG, 2011).

Simboliza:

§ A pureza como oposta a depravação;

§ A verdade ou conhecimento como oposto ao erro ou ignorância;

§ A revelação e presença divinas como opostas a reprovação e abandono por Deus.

As boas obras refletem a mente e a vontade de Deus.

b) É o sal que dá sabor a esta terra (Mt 5.13); é o que faz a diferença num mundo pervertido e corrupto.

“Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens”.

Sal (gr. Halas) usado aqui metaforicamente acerca dos crentes; do caráter e condições deles (Mc 9.50). Aqui é símbolo de saúde e vigor espirituais que são essenciais à virtude e neutralizador cristãos da corrupção que está no mundo (STRONG, 2011).

c) É Andar em novidade de vida (Rm 6.4; 7.6).

Rm 6. 4: “De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida”. (cf. Cl 2.12; 3.10)

“Ser batizados “em Cristo Jesus” implica ser introduzido em relação pessoal com o Senhor. Paulo, portanto, realça que batizar pessoas em Cristo Jesus implica batiza-las em - ou seja, em conexão com o sacramento do batismo, introduzindo-as em relação pessoal com - a morte de Cristo, de modo que esta morte venha a ser significativa para elas, ensinando-as que por meio dela a culpa de seus pecados ja foi removida e que já receberam poder para lutar e vencer a contaminação do pecado” (HENDRIKSEN, 2001).

Rm 7.6: “Mas agora temos sido libertados da lei, tendo morrido para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de espírito, e não na velhice da letra”.

Novidade de vida que neste caso é vida moralmente diferenre. Que é notada como diferente (2Rs 4.9).

“Mas agora, diz Paulo, uma grande mudança ocorreu. Por meio de nossa morte - uma morte com Cristo, dai, uma morte para o pecado, que nos mantinha em suas garras - fomos libertados ou desobrigados da lei”.

Nossa vida não mais é governada por nossa natureza pecaminosa.

Isso não remove o fato de que o pecado exercera considerável influência sobre nós, como 7.14-25 indicara, mas, basicamente, já houve uma grande mudança.

3. Tipos de testemunho

O testemunho pode ser demonstrado das seguintes formas:

3.1. Por meio da fala.

3.2. Por meio das atitudes.

Assim funciona o perfeito testemunho cristão:

2Co 2:15 “Porque para Deus somos o bom perfume de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem”.

4. Objetivos do testemunho cristão:

4.1. Serve para glorificar o nome de Deus.

Mt 5.16: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus”.

A luz é a manifestação daquilo que estava escuro, em trevas, que não podia ser visto ou percebido. É tornar visível o que estava oculto. A luz revela como as coisas verdadeiramente são. A luz só pode ser percebida àqueles que tiverem o órgão receptor da luz em bom funcionamento, no caso os olhos.

A nossa luz brilhando diante dos homens é o nosso bom proceder em Cristo Jesus manifesto a todas as pessoas, para que estas vendo percebam a diferença e assim glorifiquem a Deus dizendo: “Este é um santo homem de Deus!” (2Rs 4.9)

4.2. Serve para mostrar a diferença entre aquele que crê e aquele que não crê.

2Co 5.17: “Assim que, se alguém está em Cristo, [nova criatura] é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”.

“Estar em Cristo denota ser parte do corpo de Cristo (1Co 12.27), e Cristo realiza uma transformação radical na vida do crente. Em vez de servir ao ego, o cristão segue Cristo e responde à lei do amor para com Deus e seu próximo” (KISTEMAKER S. , 2003).

Esta nova criação envolve a totalidade da pessoa, todo ser é recriado, “isto é, quando as pessoas tornam-se parte do corpo de Cristo na conversão, a vida delas sofre uma inversão completa. Agora detestam o mundo do pecado e os ex-amigos lhes são hostis. Seu estilo de vida da “pré-conversão” já passou para a história, e “as coisas velhas passaram” (ver o paralelo em Is 43.18, 19)” (KISTEMAKER S. , 2003).

Ef 4.24: “E vos revistais do [novo homem], que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade”.

A expressão “nova criatura” e “novo homem” usados aqui metaforicamente, a respeito de cristãos que são renovados e convertidos do mal para o bem, pelo Espírito de Deus: uma nova criação (Gl 6.15; Ef 2.15) (STRONG, 2011).

A diferença deve ser interna e externa, em casa ou fora de casa, na igreja ou fora da igreja. Não pode simplesmente ser de palavras, mas sim de fato e verdade. O caráter não se mede pelas palavras, mas pelas palavras e atitudes juntas.

Bibliografia

ANDRADE, C. (2º Trimestre de 2008). Lição 10: A Beleza do Testemunho Cristão. Lições Bíblicas: Disciplinas da Vida Cristã: Trabalhando em busca da perfeição., pp. 73 - 78.

GLOW, B. D. (2011). Bíblia Digital Glow. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

HENDRIKSEN, W. (2001). Comentário do Novo Testamento Romanos. São Paulo - SP: Cultura Cristã.

KISTEMAKER, S. (2003). Comentário do Novo Testamento 2 Corintios. São Paulo - SP: Cultura Cristã.

KISTEMAKER, S. (2003). Comentário do Novo Testamento: 1 Coríntios. São Paulo: Cultura Cristã.

PHEIFFER, C. F., VOZ, H. F., & REA, J. (2011). Dicionário Bíblico Wycliffe (11ª ed.). (D. R. Júnior, Trad.) Rio de Janeiro: CPAD.

STRONG, J. (2011). Bíblia de Estudo Palavras Chave - Hebraico e Grego (ARC - 4ª ed.). Rio de Janeiro: CPAD.

[1] Jo 13.15: “Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façai vós também”