A Oração de Jesus

Texto João 17:1-16

João 17.1–26 RA

Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti, assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste. E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer; e, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo. Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra. Agora, eles reconhecem que todas as coisas que me tens dado provêm de ti; porque eu lhes tenho transmitido as palavras que me deste, e eles as receberam, e verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram que tu me enviaste. É por eles que eu rogo; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus; ora, todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e, neles, eu sou glorificado. Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, ao passo que eu vou para junto de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como nós. Quando eu estava com eles, guardava-os no teu nome, que me deste, e protegi-os, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura. Mas, agora, vou para junto de ti e isto falo no mundo para que eles tenham o meu gozo completo em si mesmos. Eu lhes tenho dado a tua palavra, e o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como também eu não sou. Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal. Eles não são do mundo, como também eu não sou. Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo. E a favor deles eu me santifico a mim mesmo, para que eles também sejam santificados na verdade. Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim. Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo. Pai justo, o mundo não te conheceu; eu, porém, te conheci, e também estes compreenderam que tu me enviaste. Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles esteja.

Introdução

No capítulo 17 vemos a oração que Jesus fez, antes de ser preso e iniciar o período em que conhecemos como “Paixão de Cristo”.

O Evangelho de João nos relata que desde o capítulo 13, Jesus estava reunido com seus discípulos num cenáculo. Nesta seção do Evangelho, vemos acontecimentos como o Lava-Pés e a última Ceia. Do capítulo 15 ao 16, vemos o último discurso de Jesus, como que um discurso de despedida.

Após o Discurso, Jesus inicia sua oração, que contém tanto uma síntese de boa parte dos seus ensinamentos, como também algumas petições feitas ao Pai, tanto com relação a ele mesmo, quanto com relação aos seus discípulos que caminharam com ele durante seu ministério, bem como a toda a igreja, ou seja, os eleitos que vieram e que ainda virão a crer em Cristo por meio da pregação do evangelho.

Tendo em mente que Jesus orou inclusive por nós que nos reunimos aqui, vamos analisar mais a fundo o que Jesus pede ao Pai, em sua oração.

Obviamente, o motivo primário pelo qual Jesus orou foi para a Glória do Pai. Mas podemos ainda, obter uma maior compreensão sobre o que Jesus esperava dos seus através da sua oração, uma vez que os pedidos de Jesus, tornam conhecida a sua vontade diante de Deus.

Tendo nós uma correta compreensão do que Jesus esperava quando orou, podemos nos alinhar com a vontade dele revelada ao Pai através desta oração, e também a nós, pois toda Palavra de Deus é útil para nossa instrução.

I. Jesus ora por si mesmo - v. 1-5

Consideremos num primeiro momento, os versículos de 1 a 5. Notamos que no início da sua oração, Jesus está orando em favor de Si e da sua obra, que o Pai lhe confiou para fazer.

1. O Pedido: Para que o Pai o Glorifique

Glorifica o teu filho - É o pedido de Jesus. Ele complementa o pedido relevando que a finalidade deste era a própria Glória do Pai. Não encontramos em Jesus um pedido egoísta, embora sendo Ele Deus, não procurou ser igual a Deus, antes, esvaziou-se de Si mesmo e no seu pedido ao Pai, isso fica claro, o propósito maior da tarefa de Cristo é a Glória de Deus Pai.

2. A Base: Deus deu a Jesus uma missão

Jesus tinha como missão, conceder a vida eterna aos eleitos de Deus. E Jesus estava caminhando para o climax dessa missão. Sua morte na cruz seria a última etapa da missão. Jesus revela que o caminho para a vida eterna é conhecer a Deus, e também a Jesus Cristo e entender que Jesus é o caminho para a Salvação. Durante o seu ministério, Jesus caminhou com os discípulos e apresentou a eles de forma prática, o que é a Salvação. Ele se relacionou de tal forma com os discípulos, que nos deu uma base do que é a fé salvífica. Muito mais do que um mero conhecimento, é uma fé que prova diariamente um relacionamento com Deus. Uma Fé que aprende a depositar no Senhor toda a confiança necessária para verdadeiramente conhecer a Deus. Jesus apresentou essa maneira de ver a Deus aos discípulos durante 3 anos.

3. Ele cumpriu a missão

Agora, faltava somente a consumação: Entregar-se como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, para a remissão dos pecados. Uma vez que Jesus sabia que a sua morte era iminente, encontramos o relato da sua oração, pedindo ao Pai que diante do cumprimento da missão que lhe foi dada, fosse devolvido a Ele a glória que ele tinha junto ao Pai, desde antes da criação do mundo.

II. Jesus ora pelos discípulos - v. 6-19

Na sequencia, Jesus intercede junto ao Pai pelos seus discípulos imediatos, aqueles que haviam crido de fato em Jesus durante o seu ministério terreno.

João 17.6 RA

Manifestei o teu nome aos homens que me deste do mundo. Eram teus, tu mos confiaste, e eles têm guardado a tua palavra.

A Eleição de Deus é evidente nestes versículos. Jesus baseia a sua oração no fato de que o próprio Pai havia dado a Jesus os discípulos. Do mundo, ou seja, da grande quantidade de pessoas existentes, Deus separou alguns para a Salvação, que Jesus lhes apresentou por meio da Palavra de Deus pregada a eles, através do seu ministério terreno. Como notamos anteriormente, a vida eterna, ou seja, a salvação consiste no conhecimento prático e experimental de Deus, e da comunhão com Jesus Cristo. Os homens que haviam tido a oportunidade de caminhar com Jesus e que permaneceram nos seus ensinamentos, eram agora o objeto da oração de Cristo.

Eles haviam entendido que Jesus de fato era o filho de Deus, e largaram seus afazeres para caminharem com Cristo. Estes homens, atenderam o seu chamado.

1. Pela proteção destes

João 17.11 RA

Já não estou no mundo, mas eles continuam no mundo, ao passo que eu vou para junto de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me deste, para que eles sejam um, assim como nós.

Durante o período em que caminharam com Jesus, Jesus os guardou. O Evangelho de João nos remete no capítulo 6 a duas formas de cuidado físico de Jesus para com os seus, uma multidão alimentada e uma tempestade acalmada. Ambos os milagres feitos com base nas Palavras de Jesus. No capítulo 10, Jesus afirma categoricamente que ninguém seria capaz de arrebatar as suas ovelhas de suas mãos, Jesus estava afirmando o seu cuidado espiritual com os seus. Comprovamos com base no próprio relato de João que Jesus de fato os guardou. O cuidado de Jesus é eficaz, não há qualquer menção da capacidade humana de se manter seguro. A ênfase aqui está no fato de que Deus é soberano, e cuida dos seus.

Mas Cristo haveria de partir aos céus e seus discípulos haviam de permanecer no mundo, portanto, Jesus pede ao Pai que continue a preservar os seus.

É interessante notarmos que o mundo que Jesus está se referindo, não é o planeta terra, mas sim o sistema caído em que vivemos, a cosmovisão que é contra o Reino de Deus.

A partir do momento que os discípulos aceitaram o chamado de Cristo, eles passaram a ser odiados pelo mundo. Os cristãos andam na contra mão deste sistema mundano, dos valores mundanos que são contra os valores do Reino. A palavra de Deus diz que o mundo jaz no maligno, que o mundo está sob domínio do maligno e todas as coisas funcionam de acordo com o príncipe deste mundo. Jesus tinha isso em mente, e baseia nisto o seu pedido: Que Deus não os tires do mundo, mas que os proteja do maligno.

2. Pela santificação destes

João 17.17 RA

Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.

O próximo pedido de Jesus é para que o Pai santifique os discípulos.

Santificação é o processo pelo qual nos livramos dos velhos hábitos e das práticas do pecado, das coisas próprias do sistema caído deste mundo. Sabemos que não somos capazes de nos santificarmos a nós mesmos, uma vez que somos pecadores. O pai precisa operar em nós e infundir através do Espírito Santo a sua santidade em nós. Jesus tinha consciência disso, e sabia que o meio pelo qual o Senhor escolheu santificar-nos é a sua Palavra. Ela serve como um espelho que nos confronta e aponta em nós onde estamos errando. Tudo aquilo que precisa ser mudado em nós, o Senhor o faz através de um processo, que tem como base e modelo de santidade, a própria santidade de Deus, revelada em sua Palavra. Uma vez que os discípulos permaneceriam no mundo, uma vida santificada, separada do mundo seria o distintivo destes para realizar a missão que Jesus havia os confiado.

3. Pelo trabalho que haveriam de fazer

João 17.18 RA

Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.

E qual era a missão dos discípulos então?

Assim como Deus havia enviado Jesus para o mundo, agora Jesus estava enviando seus discípulos ao mundo, afim de propagar as boas novas do Reino de Deus. Conforme Mateus 28:19 nos informa, Jesus comissionou os discípulos para dar continuidade a sua missão de propagar o Reino de Deus no mundo. Jesus através do seu sacrifício na cruz, nos deu Vida! Mas o meio pelo qual Deus escolheu chamar os seus eleitos para uma nova vida, foi através da pregação do Evangelho, e essa tarefa, Jesus estava confiando aos seus discípulos imediatos. Ele sabia que essa tarefa seria cumprida, e que havia de colher os seus frutos.

III. Jesus ora por toda a igreja - v. 20-26

Então na próxima seção da sua oração, Jesus começa a rogar pela igreja, pelo corpo de crentes que haveriam de crer no Evangelho, através da pregação dos apóstolos. Embora não saibamos quantos são os eleitos de Deus, podemos compreender que este trecho da oração de Jesus, engloba inclusive a nós, que somos também parte da igreja invisível, fazemos parte do corpo de Cristo, portanto, podemos nos incluir nesta oração de Jesus, onde ele pede:

1. Pela unidade destes

João 17.21 RA

a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.

Que sejamos um. O primeiro ponto da oração de Jesus por todos os crentes é a unidade. A Bíblia afirma que existe uma igreja invisível, verdadeira, que é o conjunto de todos os crentes que já foram e que serão reunidos em um corpo, o corpo de Cristo, ao qual Ele é o cabeça. O propósito do ministério dos apóstolos, é propagar o evangelho para que os eleitos sejam reunidos, participando todos do mesmo aprisco onde o próprio Cristo é o bom pastor. Ele orou pela igreja invisível, para que todos nós sejamos um, uma vez que o corpo de Cristo não está dividido.

Repare que Jesus utiliza um padrão para descrever a unidade da Igreja, ele ora para que sejam tão unidos quanto ele é com o Pai.

Unidade para:

Que o mundo creia que Jesus foi enviado

Que Deus os ama

2. Para que o mundo saiba que tu me enviaste

João 17.23 RA

eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim.

O propósito pelo qual Jesus ora pela unidade dos crentes é um: Para que o mundo saiba que Jesus foi enviado pelo Pai.

Jesus já havia afirmado anteriormente que seriamos reconhecidos como cristãos se amassemos uns aos outros. Jesus agora intensifica esta afirmação, afirmando que para que o mundo venha a ter a vida eterna, haveria a necessidade de que a sua igreja estivesse unida, diante do propósito que ele nos deu.

3. Para que estejamos com ele

João 17.24 RA

Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do mundo.

A Chave para entendermos a oração de Jesus está em seu desfecho: Para que vejamos a sua glória.

Uma vez que Cristo veio a terra com uma missão, e esta era a de tornar o nome de Deus conhecido aos homens,e reconcilia-los com Deus Pai, a consequência do cumprimento desta missão, é a garantia de habitar com Deus na eternidade. Cristo está agora rogando ao Pai, que conceda aos que creram em seu nome a vida eterna propriamente dita, a habitação com Cristo em sua Glória, em seu reino!

Sabemos que o nosso estado de total depravação, gera um afastamento de Deus. A Ira de Deus está sobre os homens pecadores, mas Cristo roga ao Pai, que aqueles que ele os deu, que o Pai os ame, assim como ele ama ao Filho, pois em Cristo, somos reconciliados com Deus.

Jesus está dizendo que ele continuará a sua obra de reconciliar com Deus os homens, para que o amor de Deus também recaia sobre eles.

Aplicações

1. Devemos orar

2. Devemos confiar em Jesus para Salvação

3. Devemos atender as expectativas de Cristo