RESTAURADOS NO AMOR
Semana de reencontro 2021 • Sermon • Submitted
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RESTAURADOS NO AMOR
Texto – Jeremias 31:3, 4
INTRODUÇÃO
Em 1988, o compositor e cantor Bobby McFerrin se tornou mundialmente famoso ao gravar uma música com o título “Don’t Worry, Be Happy” [Não se preocupe, seja feliz]. Essa música roubou a atenção do mundo naquele ano, disparando para o topo das paradas, vendendo dezoito milhões de cópias e ganhando dois prêmios Grammy! O mundo inteiro estava tocando a música. A letra da música diz o seguinte:
Aqui está uma pequena música que escrevi,
Você pode querer cantar nota por nota.
Não se preocupe, seja feliz.
Na vida temos alguns problemas,
Mas quando você se preocupa, aumenta o dobro.
Não se preocupe, seja feliz...
Porque quando você se preocupa, seu rosto fica carrancudo,
e isso vai derrubar todo mundo.
Portanto, não se preocupe, seja feliz!
Mas a questão é que nós nos preocupamos, não é mesmo? Não importa quão cativante seja a admoestação melódica para não fazer isso. Basta olhar para a realidade do mundo em que vivemos; ele é cheio de desemprego, doenças, divórcios, morte, corrupção, etc.
Não basta cantarolar: “Não se preocupe, seja feliz!” Na realidade, como seres humanos, nós nos preocupamos e não estamos felizes.
O site da Organização Pan-Americana da Saúde informa que cerca de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos.
O suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos.1
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) aponta que os impactos da pandemia de COVID-19 colocaram 108 milhões de trabalhadores na pobreza no mundo inteiro. Na estimativa da OIT, em 2022, 205 milhões de pessoas estarão desempregadas em todo o mundo.2
I – A DESTRUIÇÃO IMINENTE
Convenhamos, “não se preocupe, seja feliz” simplesmente não resolve, não é? Podemos cantar as palavras até que estejamos com o rosto azul, mas, no fundo de nossas almas, você e eu sabemos que a preocupação e a ansiedade nunca estão tão longe.
É em razão dessa realidade que estamos vivendo no mundo atual que o texto do profeta Jeremias se torna tão relevante. Jeremias é chamado por muitos de “o profeta chorão”. Se você estudar com detalhes o contexto de vida de Jeremias, irá descobrirá que ele tinha muitos motivos para se lamentar. Com sua caixa de lenços abarrotada de preocupações sobre o que estava por vir à sua amada nação e cidade natal de Jerusalém, Jeremias por décadas vinha alertando seus vizinhos sobre o julgamento e o desastre iminentes.
O problema era que o lema do povo de Israel no tempo de Jeremias era “não se preocupe, seja feliz”, e a mensagem profética de Jeremias era “preparem-se, pois virão desastres e tristeza”. Por isso, os índices de aprovação do profeta despencaram.
Mas então, um dia, as manchetes em Jerusalém começaram a mostrar que Jeremias estava certo. Da noite para o dia, a economia ficou em frangalhos; a cidade vivia uma decadência social sombria; a sociedade estava com uma hemorragia moral incessante. As notícias dificilmente poderiam ser piores. O povo foi levado a se perguntar: será que o rabugento profeta Jeremias estava certo o tempo todo? Estamos sob julgamento divino pela bagunça que fizemos? Ninguém em Jerusalém conseguia mais assobiar “não se preocupe, seja feliz”. E como prova de que as más notícias podiam ficar “piores”, a população acordou uma manhã para encontrar seu inimigo mortal, Babilônia, com milhares de soldados armados acampados literalmente na porta de Jerusalém. O fim estava próximo!
II – A SOLUÇÃO DIVINA
Mas então em meio a todas essas notícias terríveis, o Deus do universo interrompeu sua escuridão e desgraça com uma das mais impressionantes boas notícias já apresentadas à humanidade. Direto do coração do Eterno para eles e, dada a semelhança com o tempo em que vivemos, essas notícias incrivelmente boas são para mim e para você também. Veja o que Jeremias escreveu, VAMOS LER JEREMIAS 31:3-4.
Dançando de alegria com tamborins? Você só pode estar brincando! Parece que Deus está dizendo: “Não se preocupe, seja feliz”, mas isso na véspera da destruição iminente. Não parece loucura? Mas essa é precisamente a promessa de Deus. LEIA NOVAMENTE O TEXTO.
Como é possível que alguém dance de alegria em meio à realidade em que a sociedade de Jeremias estava vivendo? A única explicação para essa alegria desenfreada é a notícia surpreendente de que esse Deus do universo nos ama – você pode acreditar nisso? Ele nos ama com um amor eterno! Pense nisso. Eterno tem que significar exatamente isto – “durar para sempre”, o que significa que não importa quantas vezes os outros desistam de nós, há Alguém que não desistirá, Deus não desiste de você.
Esta semana, escutaremos sermões que terminarão com um apelo para que pessoas entreguem suas vidas a Cristo publicamente por meio do batismo e convidaremos pessoas que um dia passaram pela maravilhosa experiência do batismo, mas que, por essas coisas da vida, se afastaram e necessitam retornar publicamente aos braços de Cristo por meio do rebatismo. Talvez um dos maiores impedimentos para o retorno de alguns para a igreja seja o pensamento de que já foram muito longe para retornar e de que o amor de Deus já não pode alcançá-los.
Esse era o motivo pelo qual Lindsey achava tão difícil retornar (a história é verídica, mas o nome é fictício para proteger a identidade dela). Ela diz que todos os sábados acordava pensando: “Eu deveria ir à igreja hoje”. Porém, tudo o que já havia vivido e experimentado no tempo em que esteve fora da igreja a levava a pensar que não era mais possível retornar. Ela sentia que já havia ido muito além da possibilidade de um retorno ao amor de Deus.
É exatamente para responder a esse tipo de pensamento que Deus fala a Seu povo pelo profeta Jeremias: “Com amor eterno Eu te amei”. Jeremias apresenta a promessa de que Deus não desistirá de nós. Não importa quantas vezes tenhamos falhado conosco, com os outros ou com Ele, Seu amor não nos abandonará.
Não é de se admirar que as pessoas estivessem dançando de alegria! Porque, mesmo quando paramos de confiar em Deus, Ele não para de acreditar em nós. Por quarenta anos, o profeta em prantos implorou à sua cidade natal que voltasse para Deus. Mas por quarenta anos a nação decidiu ficar longe de Deus, e, quando finalmente a consequência chegou e a destruição estava às portas, Deus enviou uma mensagem de bondade, e não de vingança. E qual é a promessa de Deus que Jeremias entregou às pressas aos condenados? “Com amor eterno eu te amei; por isso, com benignidade te atraí.” Para um povo que desperdiçou sua vida e suas chances, vem esta promessa do amor eterno de Deus, “amor eterno”.
A nação de Israel, assim como nós, se tornou um povo “autoamante”. Nada é sagrado demais para ser deixado – se quisermos. Saímos da escola se ficar chato ou difícil; saímos da casa dos pais se não gostamos; deixamos nossos empregos, nossos casamentos e nossas igrejas. E mesmo assim Deus nos diz: “Eu te amo com amor eterno”.
III – O AMOR DO CALVÁRIO
Isso é precisamente o que Jesus estava morrendo de vontade de nos dizer no topo rochoso de uma colina chamada Gólgota. Quando Jesus estendeu Seus braços e eles O pregaram naquela cruz sangrenta, foi o ápice da verdade sobre o amor eterno de Deus. Porque a própria postura em que Ele foi fisicamente imobilizado, os braços estendidos em um abraço aberto com pregos, Sua cabeça e pés perpendiculares a esses braços, Jesus estava suspenso entre o Céu e a Terra. Na cruz, Cristo estava revelando ao mundo um amor eterno, buscando sempre resgatar mais uma vida quebrantada para Si mesmo.
Você ouviu sua última oração na Cruz? “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23:34). Amor eterno, mesmo em face da morte? O retrato de Deus nunca brilhou mais intensamente do que naquela oração à beira da morte, não é? Portanto, ao fazer essa oração, Jesus revelou a verdade suprema que qualquer ser humano pode descobrir sobre Deus – que Ele é, por natureza, um Amante eterno e um Perdoador incondicional. E esse ponto é essencial, pois alguns pintam uma imagem dura e severa de Deus, alegando que Ele precisava da cruz para transformá-Lo de acusador em perdoador. Mas a verdade é que Deus não precisava do calvário para mudar de ideia sobre nós. Ele precisava do calvário para mudar nossa mente sobre Ele.
“Sempre amei vocês com amor eterno”, Ele nos diz. Amor eterno! Perdão incondicional!
E você notou que naquela sexta-feira fatídica, aquela que agora chamamos de Sexta-Feira Santa, não havia uma única alma no topo daquela colina que pedisse perdão, a não ser um ladrão moribundo no final do dia? Nenhum dos guerreiros romanos zombeteiros, nenhum dos espectadores odiosos, nenhum dos clérigos arrogantes – ninguém, exceto um ladrão, pediu perdão. Mesmo assim, Jesus olhou para a multidão ao redor da cruz e murmurou Sua oração: “Pai, por favor! Não importa. Perdoe todos eles. Eles não sabem o que estão fazendo”. Eles assassinaram o Inocente, e, ainda assim, Sua oração por eles foi “perdoe todos eles”.
Em seu livro The Sunflower [Os Girassóis], o falecido Simon Wiesenthal revive a narrativa emocionante e sombria do dia em que foi secretamente removido de sua turma de trabalho forçado quando era um garoto judeu prisioneiro em um campo de concentração nazista, e conduzido por uma enfermeira inexpressiva subindo as escadas e descendo o corredor de um hospital polonês próximo. Por fim, ele se viu ao lado da cama de um soldado nazista moribundo, com o rosto inteiramente enfaixado, exceto por quatro aberturas – uma para a boca, uma para o nariz e duas para as orelhas. Manchas amarelas escorriam pelas bandagens onde deviam estar os olhos. A enfermeira saiu, e o soldado tateou em busca da mão do menino. Então, com um sussurro rouco, o homem confessou que torturou e matou em um único dia cerca de 200 judeus indefesos. Assombrado pelos pesadelos de seu crime terrível, o último pedido desesperado do moribundo à sua enfermeira fora por um judeu, qualquer judeu, a quem ele pudesse confessar seu pecado e pedir perdão. “E então, você vai me perdoar?”, foi o apelo do soldado moribundo. Wiesenthal descreve a batalha violenta dentro de seu próprio coração enquanto ele se sentava ao lado da cama: “Devo perdoá-lo ou não? Por fim, sem dizer uma palavra, ele saiu da sala.
Vinte e cinco anos depois, ainda assombrado por aquela confissão no leito de morte e sua decisão de não perdoar, Simon Wiesenthal – que milagrosamente sobreviveu ao Holocausto, mas perdeu oitenta e seis parentes e entes queridos – termina sua narrativa com estas palavras: “Você, que acabou de ler este episódio triste e trágico em minha vida, pode mentalmente trocar de lugar comigo e fazer a si mesmo a pergunta crucial: ‘O que eu teria feito?’”3.
O que eu teria feito? O que você teria feito? Sabemos o que Jesus de Nazaré teria feito – acabamos de ouvi-Lo orar: “Pai, perdoa-lhes”. É a oração de um amor eterno, não é? E se Ele orou por Seus algozes, se Ele orou pelos ladrões entre os quais foi pregado, se Ele orou aquela oração pela multidão que O acompanhou à cruz, Ele não faria a mesma oração pelo nazista moribundo? Ele não oraria pelos vivos e moribundos como você e eu também? Na verdade, houve um pecado tão hediondo, um pecador tão repreensível que o amor eterno de Deus não pôde perdoar, ou não perdoou, naquela sexta-feira fora de Jerusalém? Considere estas palavras profundas de O Desejado de Todas as Nações, o clássico livro sobre a vida de Jesus:
“Aquela oração de Cristo por Seus inimigos abrangia o mundo inteiro. Envolvia todo pecador que já vivera ou viria ainda a viver, desde o começo do mundo, até ao fim dos séculos. Pesa sobre todos a culpa de crucificar o Filho de Deus. A todos é gratuitamente oferecido o perdão. ‘Quem quiser’ pode ter paz com Deus, e herdar
a vida eterna”4.
CONCLUSÃO
Você entendeu isso? Você e eu – todos nós, o mundo inteiro, toda a raça humana – fomos todos perdoados naquela sexta-feira há muito tempo! “A todos, o perdão é oferecido gratuitamente”. Não importa como você viveu, não importa o que você fez. Existem apenas duas palavras para descrever um perdão tão completo e tão gratuito: “amor eterno”.
“Você percebe o que isso significa? Quando você falha e cai, quando seu pecado está espalhado por todo o seu coração e você está oprimido por sua própria culpa, quando você já confessou esse pecado mil vezes antes, quando sua consciência torturada o provoca para desistir de si e desistir de Deus – lembre-se do que Deus é por natureza. Ele não pode ser de outra forma e ser Ele mesmo – um Amante eterno e um Perdoador incondicional. Em sua culpa, lance-se no abraço estendido do calvário. Não porque Deus precise ser persuadido, mas porque eu preciso ser lembrado do preço exorbitante do meu pecado, do custo exorbitante do Seu amor, amor eterno.
Ouça Deus dizendo hoje: “Não se preocupe – quando você vier a Mim – seja feliz!
APELO
Querido irmão em Cristo, não importa quanto tempo você esteve longe dos caminhos de Deus, hoje você pode dizer: Eu aceito esse amor eterno demonstrado por mim na cruz do calvário. Eu decido retornar para os braços que sempre estiveram abertos para me receber.
O retorno nem sempre é fácil, mas o amor de Deus pode restaurar e trazer você novamente aos braços de amor de Deus. Eu gostaria de orar neste momento por dois grupos especiais de pessoas. Em primeiro lugar, quero orar por aqueles que nunca passaram pela maravilhosa experiência do batismo e que hoje gostariam de tomar essa decisão. E também quero orar por aqueles que gostariam de retornar à casa de Deus e publicamente confirmar esse retorno por meio do rebatismo.
Não perca essa oportunidade. Vou orar por você agora. Não importa se em algum momento de sua jornada espiritual você deixou de experimentar esse grandioso amor de Deus. Hoje é uma nova oportunidade de recomeçar e ser restaurado pelo amor de Deus
BIBLIOGRAFIA:
1. https://www.paho.org/pt/topicos/suicidio. Acessado em 09/09/2021.
2. https://www.redebrasilatual.com.br/trabalho/2021/06/desemprego-oit-mundo-dieese/. Acessado em 09/09/2021.11
3. Simon Wiesenthal, The Sunflower (New York: Schocken Books), p. 98.
4. Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 527.14