Chamados para a liberdade
Sermon • Submitted
0 ratings
· 12 viewsNotes
Transcript
Introdução
Introdução
Na última semana falamos sobre o milagre de Jesus acalmando uma tempestade terrível no mar e refletimos a respeito de como Deus age em nós através das tempestades e sobre o Seu poder sobre todas as coisas, até a natureza. Quantas vezes nós julgamos a fé os discípulos que temeram a tempestade, enquanto na verdade Jesus os repreendeu por duvidarem do Seu amor por eles. Temer uma tempestade é normal, mas Jesus inaugura uma nova dimensão de temor, o temor à aquele que manda na tempestade. A nossa fé não é uma espécie de amuleto para nos blindar das tempestades, mas deve nos levar a temer o Deus que tem poder sobre as tempestades.
Mas, depois da tempestade, vem a bonança, pelo menos esse é o ditado. Acontece que neste caso, a calmaria não veio, ao chegar na outra margem outra tempestade aguardava Jesus e seus discípulos.
1 Jesus e os discípulos chegaram à outra margem do mar, à terra dos gerasenos. 2 Ao desembarcar, logo um homem possuído de espírito imundo veio dos túmulos ao encontro de Jesus. 3 Esse homem vivia nos túmulos, e ninguém podia prendê-lo, nem mesmo com correntes. 4 Porque, tendo sido muitas vezes preso com correntes e cadeias, as cadeias foram quebradas por ele, e as correntes foram despedaçadas. E ninguém conseguia dominá-lo. 5 Andava sempre, de noite e de dia, gritando por entre os túmulos e pelos montes, ferindo-se com pedras. 6 Quando, de longe, viu Jesus, correu e prostrou-se diante dele, 7 gritando em alta voz:
— O que você quer comigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Por Deus, peço-lhe que não me atormente!
8 Ele disse isto, porque Jesus tinha dito a ele: “Espírito imundo, saia desse homem!”
9 Então Jesus lhe perguntou:
— Qual é o seu nome?
Ele respondeu:
— Legião é o meu nome, porque somos muitos.
10 E pediu-lhe com insistência que não os mandasse para fora do país.
11 Ora, uma grande manada de porcos estava pastando ali pelo monte. 12 E os espíritos imundos pediram a Jesus:
— Mande-nos para os porcos, para que entremos neles.
13 E Jesus o permitiu. Então, saindo os espíritos imundos, entraram nos porcos. E a manada, que era cerca de dois mil, precipitou-se despenhadeiro abaixo, para dentro do mar, onde se afogaram. 14 Os que tratavam dos porcos fugiram e foram anunciá-lo na cidade e pelos campos.
Então o povo saiu para ver o que tinha acontecido. 15 Aproximando-se de Jesus, viram o endemoniado, o que antes estava dominado pela legião, assentado, vestido, em perfeito juízo; e temeram. 16 Os que haviam presenciado os fatos contaram-lhes o que tinha acontecido ao endemoniado e também falaram a respeito dos porcos. 17 E começaram a pedir com insistência que Jesus se retirasse da terra deles.
18 Quando Jesus estava entrando no barco, aquele que antes estava possuído pelos demônios pediu com insistência que Jesus o deixasse ficar com ele. 19 Jesus, porém, não o permitiu; ao contrário, ordenou-lhe:
— Vá para a sua casa, para os seus parentes, e conte-lhes tudo o que o Senhor fez por você e como teve compaixão de você.
20 Então ele foi e começou a proclamar em Decápolis tudo o que Jesus lhe tinha feito; e todos se admiravam.
Depois de enfrentar um mar agitado, Jesus encara um homem agitado, essa é a conexão entre esses dois episódios. Se de alguma forma a agitação externa trazia aflição e medo aos disípulos de Jesus, agora vemos um homem agitado por algo que ocorria dentro dele. Tanto o mar, como aquele homem possesso eram humanamente indomáveis, mas Jesus os subjugou, assim como Jesus agiu com a tempestade ele também fez com aquele homem.
Os outros dois evangelhos sinóticos, Mateus e Lucas trazem alguns outros detalhes sobre esse homem possuído. Mateus diz que a condição de opressão tornou aquele homem alguém violento a ponto de impedir as pessoas passarem por aquele caminho (viajantes), Lucas que ele andava nú, além de Marcos dizer que ele se feria com pedras. Agora tente imaginar a cena: Um homem violento e indomável que não podia ser controlado nem por correntes, que ficava no cemitério gritando, praticando atos de violência, atrapalhando viajantes, nú e com o corpo coberto de feridas. Era alguém que trazia medo e caos. Era certamente uma figura assustadora e que certamente a população desejava até mesmo a sua morte, ninguém gosta de viver com uma pessoa assim, era com se fosse um monstro de fato. Mas por trás dessa figura assustadora existe um homem que precisava de ajuda, que tentou ser domado por muitas pessoas, mas só foi ajudado de fato por Jesus. Por isso, a lição que esse texto nos traz é que um feroz endemoniado é curado, e os efeitos de estarmos na presença de Jesus. Não há indiferença possível quando estamos com Cristo.
Ao se encontrar com Cristo aquele homem, antes mesmo de ser liberto, ainda possesso, se prostra diante de Deus pedindo ajuda. O pedido de ajuda e a prostração física demonstram uma atitude de adoração, uma vez que aquele homem reconhece o poder de Cristo em libertá-lo. Isso traz para nós uma outra realidade muito importante a respeito de quem Cristo é: qualquer força espiritual por mais poderosa e negativa que seja não tem outra alternativa diante de Jesus a não ser se curvar. Isso aponta para uma característica fundamental da identidade de Jesus, o seu poder absoluto sob qualquer força do mal. Jesus não está brigando em igualdade de força com Satanás, Ele já o venceu.
Observe que os demonios não ofereceram oposição a Jesus, o que ocorre imediatamente é que eles oferecem um plano de retirada porque sabiam que não havia possibilidade de resistência e por isso pede para que Jesus mande-os para os porcos. Embora haja uma espécie de bipolaridade, o que eles tentam é prolongar a rebelião a autoridade divina (filho que fica tentando enrolar pra dormir). A atitude dos demônios ao sugerir entrar nos porcos é igual quando alguém está diante de uma situação irreversível e pede por clemência minimizar o dano (tropa de elite).
Então nós vemos aquele homem ser liberto e Jesus executa o plano de retirada dos demônios. Aquele homem era um lugar de habitação de muitos demônios. Os demônios entram nos porcos que se jogam no abismo e se afogam, e o que ocorre? Os proprietários dos porcos ficam revoltados por perderem o seu rebanho, eles se comportam como se preferissem o endemoniado lhes ameaçando a vida do que Jesus lhes ameaçando a economia. Se aquele homem antes era temido por ser um lugar da habitação de demônios, agora era ainda mais temido por ser um lugar da ação de Deus. A ação divina para muitos é mais assustadora do que a ação maligna, os proprietários dos porcos repudiaram a Cristo ao invés de adorá-lo ao contemplarem o Seu poder.
Aplicações
Aplicações
Este texto fala muito mais do que uma cena de exorcismo, nem tampouco tem o propósito de ficarmos aqui discutindo sobre possessão demoníacas em animais, mas sobre o propósito pelo qual Jesus agiu dessa forma. Primeiramente sobre a realidade de alguém sem domínio próprio (fruto do Espírito) e que existiam forças que tentavam dominá-lo. Esse episódio nos confirma mais uma vez a certeza de que existe uma realidade espiritual, mas ela não é única, a bíblia diz que existem três fontes para o mal: o diabo, o mundo e a carne. Diante da ausência de domínio próprio essas três fontes tentam nos controlar e de fato nós criamos estruturas que nos tornam reféns. Quantas vezes você conheceu pessoas ou até mesmo agiu assim, criando mentiras para sustentar uma situação e quando você prcebe que precisa de uma nova mentira para sustentar aquela mesma situação e quando você percebe você está completamente dominado e não sabe mais como sair. Quantas vezes você foi imprudente com seus gastos por questões de vaidade e até mesmo ganancia e quando percebe se tornou refém daquela condição. Quantas pessoas se envolvem com esquemas ilícitos e depois se tornam escravos daquela situação para sua sunsistência. Quantas vezes você se envolveu em relacionamentos afetivos ou sexuais ilicitos afim de suprir uma carência que é legitima e agora não consegue mais se libertar dessa situação pecaminosa, simplesmente porque decidiu suprir uma carência que é legitima mas de um modo contrário ao que Deus estabeleceu. Quantas pessoas são escravas do sucesso, vivem em função disso e escravizam sua vida em nome de um sucesso que talvez nem chegue. Pare de criar estruturas que te deixam refém!
Interessante porque no último módulo de hermeneutica, do mestrado que estou fazendo, o meu professor o Pr Ricardo Augusto falou sobre esse texto e lembro de uma colocação importante. Jesus ao perguntar o nome daqueles demônio dá um tiro e acerta dois alvos. Na resposta sobre ser uma legião, o primeiro alvo é a realidade de que eram muitos. Legião era uma companhia do exército romano que possuia cinco mil homens, logo esse primeiro alvo não tem como objetivo dar o numero exato mas uma esécie de referência para uma quantidade enorme de espíritos que dominavam aquele homem. O segundo alvo é sobre o que simbolizava em si aquela opressão. Para o judeu naquele tempo uma legião romana apontava para a opressão política, econômica e militar que eles sofriam. Jesus está fazendo também uma analogia à opressão de Roma. O que isso significa, que além da realidade espiritual, existem estruturas econômicas, políticas, militares e assim como qualquer outra estrutura humana que fica tentando capturar a nossa lealdade e a nossa esperança. Diante de um cenário de iminente opressão, um discípulo de Jesus não pode confiar em uma outra estrutura humana (seja ela econômica, militar, política ou ideológica. Jesus subjuga todas as estruturas desse mundo e a nossa lealdade e esperança deve estar somente Nele.
A atitude dos criadores dos porcos aponta para uma opressão que eles também sofriam, não era só o endemoniado que era refém. Eles ficarm revoltados com o prejuízo econômico dinate da libertação que Jesus operou. Seguir a Jesus as vezes nos gera custos e isso explica por que muitos preferem departamentalizar a vida de forma que naquelas áreas onde seguir a Cristo vai me gerar custos, eu deixo Ele de fora. Se a minha tentação é na área sexual, eu deixo Jesus de fora para não me gerar o prejuízo de obedecer a Ele nessa área. Se o meu problema é com o tempo, eu faço o mesmo. Se a razão da minha vida se tornou o sucesso eu sacrifico meu tempo, minha família, meu casamento, o meu comprimisso com a igreja e tudo mais que for necessário no altar de adoração ao sucesso e as riquezas, porque ser bem sucedido é o que ais importa para mim. Se minha dificuldade é com dinheiro, eu deixo de contribuir com a obra de Deus porque eu encaro como prejuízo, mesmo sabendo que Deus usa esses recuros para a transformação e libertação de muitos. Não deixe Jesus de fora de nenhuma área da sua vida, assuma os custos quando necessário e se maravilhe com o milagre que Deus está operando no mundo.
Por último, Jesus tem uma atitude diferente com aquele homem, ao invés de pedir para ele não contar a outros o milagre, Ele o convoca para a missão a partir do milagre que Ele recebeu. Se antes Jesus aconselhava o silêncio, agora Jesus faz desse homem que era um monstro, agora um missionário. Jesus desafia a contramos como Ele nos libertou enquanto somos tentarmos a criarmos estruturas que nos escravizam e nos impedem para a missão.
Conclusão
Para concluir eu gostaria de te fazer alguns desafios:
Primeiramente, não ignore a realidade espiritual, ela existe e só existe uma forma de enfrentá-la: fortaleça no Senhor, cultive uma vida de oração e leitura da Plavra e se comprometa com Deus através da igreja local, foram esses os meio os estabelecidos por Deus, não existe vida cristã autentica sem uma vida devocional e compromentimento profundo com a igreja de Cristo.
Em segundo lugar, reconheça que muitos dos problemas que talvez você esteja enfrentando foram criados por você mesmo, por atitudes e decisões que criaram estruturas que te escravizam.
Terceiro, quando você ouvir o chamado de Jesus para a ;iberdade, se for preciso assuma o custo, certamente é Ele te livrando de alguma estrutura que te escraviza ou tem potencial para isso.
Por último, confie que na medida que você compromete com o ordinário, Ele faz o ordinário. Busque a Deus, sirva a igreja e anuncie o evangelho. Seguir a Jesus não é para sedentários espirituais, que só esperam receber, mas aqueles que agem por amor à Deus.