FELIZ OUTRA VEZ

Reencontro 2021  •  Sermon  •  Submitted
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FELIZ OUTRA VEZ
Texto: Lucas 15:1-3
INTRODUÇÃO
Nós sabemos por que Jesus comeu com “cobradores de impostos e pecadores” (v. 1). Ele estava preocupado com suas almas. Eles estavam perdidos, e Ele esperava recuperá-los. A autodesignação de Jesus era “o bom pastor” (Jo 10:14), e Ele procurava ovelhas perdidas. E que melhor maneira de fazer isso do que partilhando uma refeição?
No entanto, os cobradores de impostos eram considerados um bando de pecadores, para quem a graça era preciosa demais para ser desperdiçada. Por séculos, antes e depois de Cristo, os cobradores de impostos eram odiados universalmente. Na cultura judaica, eles eram excluídos porque eram judeus traidores que haviam vendido suas almas para comprar franquias romanas de arrecadação de impostos, para que pudessem lucrar às custas de seus companheiros judeus. Eles eram odiados em todos os sentidos. As sinagogas não aceitavam suas esmolas. Seu testemunho não era aceito em tribunais judaicos. Eles eram considerados piores do que os pagãos. Como tal, junto com os “pecadores”, eles precisavam desesperadamente de redenção.
As únicas pessoas mais escandalosas nesse relato eram “os fariseus e os escribas” (v. 2), que não se importavam nem um pouco com os pecadores que Jesus tentava resgatar. Os fariseus ficaram chateados porque Jesus Se importava, de modo que estavam continuamente murmurando: “Este recebe pecadores e come com eles” (v. 2).
No tempo de Cristo, um nobre poderia alimentar qualquer número de pessoas necessitadas e de um nível social inferior, como um gesto de generosidade, mas ele nunca comeria com elas. Jesus, entretanto, não oferece um jantar e Se afasta das pessoas; Ele Se assenta com elas à mesa e as recebe em Seu amor.
O escândalo era que, como líderes de Israel, esses mestres da lei eram considerados subpastores do pastor, Deus. Mas eles estavam falhando em sua tarefa, assim como seus pais na antiguidade falharam quando Ezequiel profetizou contra eles.
Alguém pode se perguntar se alguns deles não se lembraram da profecia de Ezequiel, pelo menos depois de ouvir o que Jesus estava prestes a dizer. Ouça Ezequiel:
“Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Filho do homem, profetiza contra os pastores de Israel; profetiza e dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não apascentarão os pastores as ovelhas? [...] A fraca não fortalecestes, a doente não curastes, a quebrada não ligastes, a desgarrada não tornastes a trazer e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza” (Ez 34:1, 2, 4).
Então, Ezequiel apresenta a solução com as seguintes palavras: “Porque assim diz o Senhor Deus: Eis que eu mesmo procurarei as minhas ovelhas e as buscarei. Como o pastor busca o seu rebanho, no dia em que encontra ovelhas dispersas, assim buscarei as minhas ovelhas; livrá-las-ei de todos os lugares para onde foram espalhadas no dia de nuvens e de escuridão” (Ez 34:11, 12).
O cumprimento da profecia de Ezequiel é claro: uma vez que os subpastores de Israel falharam, o próprio Deus pastorearia e resgataria o povo. Como Deus faria isso? A resposta profética é muito surpreendente e doce: “Suscitarei para elas um só pastor, e ele as apascentará; o meu servo Davi é que as apascentará; ele lhes servirá de pastor. Eu, o Senhor, lhes serei por Deus, e o meu servo Davi será príncipe no meio delas; eu, o Senhor, o disse” (Ez 34:23, 24). Quem é esse Davi? Não é o rei Davi, porque na época da profecia de Ezequiel, o rei Davi já estava morto havia mais de quinhentos anos. Esse Davi não é outro senão o último filho de Davi, o leão da tribo de Judá, Jesus, o Filho de Davi e Filho de Deus. Seria por meio de Jesus, o Bom Pastor, que Deus Pai pastorearia Seu povo!
Ao longo dos anos, muitas pessoas se afastaram da igreja porque aqueles que deveriam pastorear e cuidar falharam em seu trabalho.
Foi o que aconteceu com Mateus, que, aos vinte anos, decidiu se afastar da igreja. Ele havia nascido em um lar cristão, mas em sua adolescência começou a ver a incoerência entre aquilo que seu pai pregava na igreja e aquilo que acontecia em casa. A maneira como ele, sua mãe e seus irmão eram tratados não parecia em nada com as palavras bonitas que seu pai proferia no púlpito. Seu pai sempre dizia que deveria ser respeitado, pois era o sacerdote do lar, e, à medida que crescia, Mateus começou a sentir repulsa pelo papel do sacerdote. Aquele que deveria cuidar estava ferindo e machucando sua família.
Assim que pôde tomar suas próprias decisões, ele decidiu se afastar da igreja e de tudo o que ela representava. Mas sua vida distante de Deus o levou por caminhos vazios e desastrosos. Ele não era feliz, não tinha paz e, para tentar esconder esse vazio, começou a se envolver com vícios que o faziam esquecer por alguns momentos o vazio em que vivia. Um dia, aflito e sem esperança, ele ouviu um sermão sobre Cristo e percebeu que poderia esperar cuidado e amor de Jesus, Aquele que nunca havia falhado com ele ou o decepcionado. A partir de então, ele começou a retornar para a igreja.
É exatamente isso o que Jesus apresenta ao longo do capítulo 15 do evangelho de Lucas. Ao longo de três emocionantes histórias, Jesus afirma que veio buscar e salvar a humanidade perdida.
I – A MOEDA E A OVELHA – VAMOS LER LC 15.3-10
Ambas as parábolas começam com a nota da perda. Um pastor perdeu uma ovelha de seu rebanho (“Qual, dentre vós, é o homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas”, v. 4), e uma mulher perdeu uma moeda (“Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma”, v. 8). O pastor tinha um rebanho considerável de ovelhas. Ele estava moderadamente bem de vida. Em seus documentos, a perda de uma única ovelha não afetaria muito sua propriedade. Por outro lado, a perda da moeda foi muito grave para a mulher, pois ela era aparentemente pobre. A moeda, uma dracma, custava cerca de um dia de salário para um trabalhador – não é uma grande quantia, mas, ainda assim, uma grande perda para a mulher. Tanto o pastor quanto a mulher começaram imediatamente sua busca. Ele procurava porque cuidava de suas ovelhas; ela, porque a moeda tinha um grande valor para ela. O bom pastor sabia que animal indefeso estava procurando. Seus instintos eram virtualmente inúteis e pateticamente indefesos. Ele colocou sua energia na tarefa.
Malcolm Muggeridge foi uma figura famosa na segunda metade do século XX – crítico literário, personalidade da televisão e porta-voz cristão. Em uma parte de sua autobiografia, ele descreveu como o Céu o procurou quando ele estava longe dos caminhos de Deus. Ele escreveu:
“Tive a impressão de que, de alguma forma, eu estava sendo buscado. Sim, o Senhor estava lá, eu sei [...]. Por mais que estivesse distante e por mais rápido que fugisse, ainda por cima do ombro, eu vislumbrava o Senhor no horizonte, e então corria mais rápido e mais longe do que nunca, pensando triunfantemente: ‘Agora eu escapei’. Mas não, lá estava o Senhor, vindo atrás de mim”.
Davi descreveu a mesma coisa com as seguintes palavras:
“Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face? Se subo aos céus, lá estás; se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás também; se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos mares, ainda lá me haverá de guiar a tua mão, e a tua destra me susterá” (Sl 139:7-10).
II – COMO DEUS NOS PROCURA
Deus está à sua procura e, assim como na parábola de Lucas 15, Ele não desistirá até encontrar e trazer você em segurança de volta para casa. Estou convencido de que em algum momento de nossas vidas ouvimos as batidas de Jesus Cristo à porta de nosso coração, embora possamos não ter reconhecido o que era, pois há muitas maneiras diferentes pelas quais Ele nos busca e nos adverte quando estamos no caminho errado e indo na direção equivocada.
Às vezes, é por um sentimento de vergonha e culpa quando nos lembramos de algo que pensamos, dissemos ou fizemos, e ficamos horrorizados com as profundezas da depravação a que somos capazes de afundar.
Ou pode ser o poço profundo e escuro da depressão, ou o vazio do desespero existencial em que nada faz sentido e tudo é absurdo. Ou pode ser o medo da morte ou o pensamento sobre o juízo final.
Ou podemos experimentar o êxtase do amor imerecido ou a dor aguda do amor não correspondido, porque sabemos instintivamente que o amor é a maior coisa do mundo. É em momentos como este que Jesus Cristo Se aproxima de nós, bate à porta e nos convida mais uma vez.
Se nos tornarmos cientes da busca incansável de Cristo, desistirmos de tentar fugir Dele e nos rendermos ao Seu abraço de amor, não haverá espaço para nos gabarmos do que fizemos, mas apenas teremos um profundo agradecimento por Sua graça e misericórdia, e pela firme resolução de passar o tempo e a eternidade em Seu serviço amoroso.
Essa é a experiência de cada homem e de cada mulher que veio a Cristo. Ele sabe onde estamos. Ele conhece suas ovelhas pelo nome. Muitas vezes Ele nos encontra por meio de sonhos desmoronando. Nossos sonhos se desfazem de duas maneiras: uma é não consegui-los – o casamento que desejávamos, o sucesso que buscamos, o lar perfeito; a outra é realizar nossos sonhos, mas ainda assim encontrar um vazio persistente. O efeito é o mesmo. Uma emissora de televisão americana entrevistou o artista pop mundialmente conhecido Justin Bieber no momento em que ele estava no auge da fama, e mesmo assim semanalmente se envolvia com polêmicas relacionadas a drogas e mulheres. A repórter queria saber por que ele estava vivendo de maneira tão destrutiva se estava vivendo o sonho da fama e da fortuna. A resposta dele foi: “Cheguei ao topo, e o topo é muito vazio”.
Muitas vezes Deus nos encontra em meio a uma sensação de incompletude. Uma sensação latente de perda e alienação. E então vem o desejo de encontrar Deus e ser encontrado. Você está procurando por Ele? Ele está procurando você!
III – A ALEGRIA DO REENCONTRO
Os finais das parábolas são idênticos no que diz respeito à alegria do reencontro. Sobre o pastor, lemos: “Achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo. E, indo para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida” (v. 5, 6). E lemos sobre a mulher: “E, tendo-a achado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu tinha perdido” (v. 9).
O pastor, é claro, é nosso Salvador Jesus Cristo. Ele pega pecadores perdidos em Seus ombros poderosos e os leva para Sua própria casa. Ele começou a nos carregar enquanto estava na cruz, onde todos os nossos pecados foram colocados em Seus ombros onipotentes. O próprio Jesus faz a aplicação divina: “Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento” (v. 7). “Eu vos afirmo que, de igual modo, há júbilo diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende” (v. 10).
Deus Se alegra na presença de Seus anjos quando os perdidos são encontrados! Às vezes, os desinformados pensam em Deus como um mar imenso, que não sofre nem se alegra. Mas essa não é a descrição do Pai e de Jesus. O reencontro tem risos, alegria, abraço e regozijo. Observe também que Ele Se alegra mais com um pecador recém-encontrado do que com a multidão que já está em Seu rebanho. Há uma alegria inicial viva que momentaneamente ofusca as alegrias estabelecidas – uma alegria maior pela segurança de quem está em perigo do que pelo que está seguro – assim como uma pessoa se alegra mais com a recuperação de uma criança doente do que com a saúde de sua família.
CONCLUSÃO
Todos nós começamos como pecadores perdidos. “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho” (Is 53:6). “Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus” (Rm 3:10, 11). Mas Deus nos busca. Em seguida, Ele nos ergue sobre Seus ombros soberanos, alargados pela cruz. Cremos e nos arrependemos, Ele carrega nossos pecados e nos leva para casa, enquanto as constelações ressoam com alegria divina. Isso foi poderosamente retratado na música “Amazing Grace” [Graça Excelsa], de John Newton:
Oh, graça excelsa de Jesus
Perdido, me encontrou
Estando cego, me fez ver
Da morte me livrou
APELO
Por quanto tempo mais você resistirá ao chamado maravilhoso de Seu Pastor divino? Por quanto tempo mais você se negará a ter a esperança e a paz que brilham mesmo em meio às dificuldades da vida? Hoje é o dia do reencontro com Aquele que conhece você desde o seu nascimento e nunca desistiu de você, mesmo quando ninguém mais acreditava em você e mesmo quando você mesmo desistiu. Ele está ao seu lado mais uma vez, batendo à porta do seu coração.
Eu gostaria de convidar aqueles que querem aceitar esse maravilhoso convite divino a se colocarem de pé. Aqueles que querem dizer: “Senhor, eu aceito Teu chamado. Já não precisas me buscar. Eu quero ser batizado e me unir a Ti na busca por aqueles que como eu estão afastados e sem esperança”. Se esse é seu desejo, coloque-se de pé, e eu gostaria de orar por você.
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