SERVINDO A IGREJA COM HUMILDA TIAGO 3:13-18
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INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
O cristão não vive isolado, mas na companhia de outros, na comunidade em que Deus o colocou. Essa comunidade é, em primeiro lugar, a igreja de Jesus Cristo. Conforme sua vocação, a igreja está no mundo para fazer brilhar a luz do evangelho.Para atuar de modo correto em seus respectivos lugares, o cristão e a igreja precisam de sabedoria e entendimento.
Na parte introdutória de sua epístola, Tiago diz ao leitor como obter sabedoria: “deve pedir a Deus, que dá generosamente a todos sem encontrar culpa, e lhe será dada” (1.5).
Ninguém pode viver sem sabedoria, pois ninguém deseja ser tolo. Assim, a sabedoria é muito bem guardada por aqueles que a têm e procurada por aqueles que dela são desprovidos. Tiago, portanto, faz uma pergunta um tanto direta:
Dois Tipos de Sabedoria
1. Sabedoria terrena
V 13 Quem de vocês é sábio e tem entendimento? Que mostre-o através de sua boa vida, de obras realizadas na humildade que vem da sabedoria.
Tiago se dirige aos membros da igreja. Ele parte do pressuposto de que eles oram a Deus pedindo sabedoria, de que possuem essa virtude e de que o mundo procura neles a liderança. Sabendo, porém, que esse nem sempre é o caso para os cristãos, Tiago quer que seus leitores examinem a si mesmos.
DEIXEM-ME LEMBRÁ-LOS, OLHEM O VERSO 13 CAP. 1
V 5 - Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida.
UM PONTO QUE PRECISO DESTACAR NESSE VERSÍCULO É O AUTO EXAME QUE TIAGO COBRA DOS IRMÃOS:
a. Exame. “Quem de vocês é sábio e tem entendimento?” Uma pessoa sábia e entendida demonstra, naquilo que diz e faz, que possui sabedoria.
Não está claro se Tiago deseja considerar sábios os mestres de sua época. Se é esse o caso, vemos uma ligação direta entre o começo do capítulo (“não suponham muitos de vocês serem mestres”, v. 1) e a pergunta retórica apresentada aqui (v. 13).
Ao termo sábio Tiago acrescenta a palavra entendido. Isso significa que uma pessoa sábia também tem experiência, conhecimento e habilidade.
A sabedoria consiste em se ter visão interior e capacidade de tirar conclusões corretas. Um antigo provérbio resume esse fato: “Uma visão do futuro é melhor que uma visão do passado, mas a melhor visão é a interior”.
PV 2.6 Porque o SENHOR dá a sabedoria, e da sua boca vem o conhecimento e a inteligência.
PV 8:10-11 Aceitai o meu ensino, e não a prata, e o conhecimento, antes do que o ouro escolhido.
11 Porque melhor é a sabedoria do que joias, e de tudo o que se deseja nada se pode comparar com ela.
PV 9.10 10 O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria,
e o conhecimento do Santo é prudência
O temor ao Senhor é o grande freio moral que nos protege das propostas sedutoras do enriquecimento ilícito e nos blinda da sedução perigosa das aventuras sexuais.
O temor ao Senhor nos afasta dos caminhos escorregadios e firma os nossos passos nas veredas da justiça. O temor ao Senhor nos desvia de companhias erradas e de lugares errados. Temer a Deus é conhecê-lo, honrá-lo, obedecer-lhe.
Temer a Deus é colocar os pés na estrada da santidade e beber das torrentes da felicidade. Quando tememos a Deus, nossos dias são dilatados na terra e somos poupados de muitas aflições.
ESTAMOS TRATANDO DO AUTO-EXAME AQUI COM ISSO QUERO MOSTRAR MAIS UM VERSÍCULO
2 Co 13.5 Examinem-se para ver se estão vivendo na fé; testem a si mesmos. Ou vocês não sabem que Jesus Cristo está dentro de vocês? A não ser que talvez sejam reprovados na prova.
Paulo, então, inverte o assunto completamente com respeito aos coríntios. Eles questionaram se Cristo falava por intermédio dele, mas ele lhes manda examinarem o próprio coração para averiguar se Cristo está habitando dentro deles.
Desejam descobrir se as credenciais de Paulo são genuínas. Mas Paulo dá um desafio à altura, mandando ver se suas próprias vidas são autênticas.
Ele quer que os leitores limpem suas próprias casas espirituais antes que ele chegue em Corinto, para que tanto os coríntios quanto ele possam desfrutar de relacionamentos pacíficos e construtivos.
b. Demonstração. Tiago incentiva o homem sábio a mostrar, por meio de sua conduta, que recebeu o dom da sabedoria. “Mostre-o através de sua boa vida”.
Tiago parece indicar que, entre os homens cristãos, sábios e entendidos são uma minoria, pois nem todos que pertencem à comunidade cristã adquirem sabedoria.
Mas os que a têm são exortados a mostrar, nas palavras e obras, que são, de fato, sábios. Tiago usa o verbo mostrar com o sentido de “provar”. Que o homem ofereça provas verdadeiras de que possui sabedoria e entendimento, que confirme esse fato por meio de sua conduta diária.
O que Tiago quer dizer com a expressão “condigno proceder”? Ele se refere a um comportamento nobre e louvável. É verdade que Tiago enfatiza obras realizadas em mansidão. Contudo, um homem sábio afirma sua nobre conduta por palavras e obras
c. Afirmação. “Gestos falam mais alto do que palavras”. Essa verdade proverbial ressalta a necessidade de se olhar para as obras de uma pessoa a fim de constatar se elas condizem com suas palavras. O que são essas obras? Elas são realizadas num espírito humilde e amável, controlado por um espírito de misericórdia celestial?
A ênfase desse versículo está na característica da sabedoria descrita como humildade. Essa qualidade também pode ser descrita como mansidão ou amabilidade. A amabilidade se expressa na pessoa que é dotada de sabedoria e que a demonstra em todas as suas obras.
PV 16.18 A soberba precede a ruína,e a altivez do espírito, a queda.
(REVISTA E ATUALIZADA)
PV 16.16 NVI O orgulho vem antes da destruição; o espírito altivo, antes da queda.
O orgulho não somente seria seu carcereiro, mas também seria seu carrasco.
V 14 Porém, se vocês acolhem em seu coração a inveja amargurada e a ambição egoísta, não se vangloriem disso nem neguem a verdade.
O oposto de um espírito amável controlado pela sabedoria é um coração repleto de “inveja amargurada e ambição egoísta”. O contraste entre esse versículo e o anterior tem um paralelo direto na epístola de Paulo aos Gálatas, onde ele menciona, entre os frutos do Espírito, “mansidão e domínio próprio” (5.23). Entre as obras da natureza pecaminosa estão “invejas… discórdias, dissenções, facções” (5.20,21).
Como pastor experiente, Tiago sabe que, entre os membros da igreja, há algumas pessoas cujo espírito é caracterizado pela inveja amargurada e por egoísmo (sentimento faccioso).
Ele usa o plural vocês e indica, com uma oração condicional, que as evidências apontam para um fato. Em outras palavras, ele está ciente da condição espiritual de seus leitores. Se continuarem a dar lugar à inveja e ao egoísmo, serão consumidos por eles.
Tiago descreve a inveja com o adjetivo amargurada. Ele não explica a causa dessa inveja amargurada. Sua descrição, porém, aponta para uma transgressão do décimo mandamento: “Não cobiçarás”. Dar lugar à inveja amargurada é pecado, e estar cheio de ambição egoísta vai contra o ensinamento da lei régia: “amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Tg 2.8)
TIAGO DIZ “… não se vangloriem disso [da inveja amargurada e sentimento faccioso], nem neguem a verdade”.
As pessoas cheias de inveja e egoísmo normalmente falam sobre isso para qualquer um que esteja disposto a ouvir. Elas deveriam perceber, entretanto, que tudo o que dizem é contrariado pela verdade.
Cada vez que abrem a boca para expressar seus sentimentos, estão enganando a si mesmas. Quando Paulo admoesta os efésios para que não entristeçam o Espírito Santo, ele lhes diz: “Longe de vós toda a amargura” (4.31). Um coração que nutre “inveja amargurada e ambição egoísta” é desprovido de sabedoria lá do alto.
MEUS IRMÃOS PRESTEM BASTANTE ATENÇÃO AQUI
HB 12.15 - Atentando, diligentemente, por que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe, e, por meio dela, muitos sejam contaminados;
O que evitar?
O escritor reafirma a responsabilidade corporativa dos crentes. “Cuidem para que ninguém perca a graça de Deus” (compare com 3.12; 4.1, 11). Como membros do corpo de Cristo somos responsáveis uns pelos outros. Temos a tarefa de supervisionar uns aos outros nas questões espirituais, para que possamos crescer e florescer na graça de Deus e não ter insuficiência dela.
O autor de Hebreus mais ou menos cita a versão da Septuaginta de Deuteronômio 29.18 (v.17, LXX), onde Moisés diz aos israelitas:
As raízes de muitas ervas daninhas se espalham rapidamente e se reproduzem em todos os lugares onde elas crescem. Essas raízes se desenvolvem sorrateiramente; a rápida multiplicação resultante das ervas é muito preocupante. Raízes e ervas daninhas são sinônimos de problemas para a plantação e para a colheita, pois as plantas ficam desprovidas dos nutrientes necessários e, como resultado, a colheita fica comprometida.Com essa imagem tomada do mundo da agricultura, o autor de Hebreus olha para a igreja e alerta a igreja.
V 15 Tal “sabedoria” não desce do céu, mas é terrena, não é espiritual, é do diabo, 16 pois onde há inveja e ambição egoísta, lá se encontra a desordem e toda prática perversa.
A New International Version apresenta, corretamente, a palavra sabedoria entre aspas para indicar que essa sabedoria não é autêntica. O próprio texto explica de onde vem essa tal sabedoria e quais são suas características.
Sua origem não é celestial, mas terrena; suas peculiaridades não são espirituais; mas, demoníacas.
Tiago usa uma linguagem forte para retratar o contraste absoluto entre a sabedoria que se origina no homem e aquela que vem de Deus.O crente que é verdadeiramente sábio ora continuamente a Deus em nome de Jesus. Na oração, ele está em comunhão com a fonte de sabedoria, pois o próprio Deus a dará liberalmente a qualquer um que lhe pedir (Tg 1.5).
O oposto também é verdade. Sem fé e oração, uma pessoa jamais pode obter verdadeira sabedoria. Suas palavras, movidas pela inveja e ambição egoísta, mostram uma espécie de pseudo-sabedoria que se origina no homem, e não em Deus. Esse tipo de sabedoria não “desce do céu, mas é terrena”.
Tiago prova seu argumento ao observar o seguinte fato: “Pois onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins”. Note a correlação distinta que, se colocada de maneira gráfica, apresenta-se assim:
onde aí
há há
inveja confusão
sentimento faccioso toda espécie de coisas ruins
Uma coisa leva inevitavelmente à outra numa sequência de causa e efeito. Se há inveja, então há confusão.
Além disso, o sentimento faccioso, ou ambição egoísta, invariavelmente leva a toda espécie de coisas ruins, porque seus motivos egoístas se sobrepõem e eliminam o amor a Deus e ao próximo.
2. Sabedoria celestial
V 17 Mas a sabedoria que vem do céu é, antes de tudo, pura; também é pacífica, circunspecta, submissa, cheia de misericórdia e bons frutos, imparcial e sincera.
A verdadeira sabedoria desce do céu como dom de Deus para o crente que a pede (Tg 1.5,17). Essa sabedoria torna-se evidente quando a pessoa toma decisões que são dependentes da vontade de Deus e estão em harmonia com essa vontade.
A sabedoria celeste tem sua própria característica: ela é “pura”.Nesse texto, a pureza é a primeira de sete palavras ou frases que Tiago usa para descrever a sabedoria. Ela representa a sabedoria como imaculada, inviolada, inocente, como o próprio Cristo é puro (1Jo 3.3).
Por que a pureza é mencionada como primeira característica da sabedoria? A sabedoria que tem sua origem em Deus é pura, porque o próprio Deus é puro, isto é, santo. Assim, a expressão pura é sinônima de “santa”.
Comparamos a pureza com a luz que afasta as trevas, que a tudo ilumina, mas que não é influenciada por nada. A sabedoria celestial, portanto, entra neste mundo pecaminoso, mas não é afetada por ele.
a. Atitude. O crente que exercita o dom da sabedoria celestial possui um controle de seu temperamento que expressa paz.
Através de sua atitude para com os outros, ele mostra que ama a paz. A paz de Deus domina seus pensamentos, de modo que todos os que com ele se encontram vêem-no como uma torre forte. De fato, todos os seus caminhos são agradáveis e “as suas veredas [são] paz” (Pv 3.17).
Um outro atributo da sabedoria é a indulgência. A pessoa “indulgente” é justa, razoável, amável em todas as suas deliberações. Calmamente, ela junta todos os fatos antes de dar sua opinião. Ela evita colocar-se em primeiro lugar e sempre considera os outros superiores a si (Fp 2.3; 4.5).
A terceira característica nessa categoria é o ser “submissa”, ou seja, a pessoa sábia está aberta a sugestões, sempre pronta para ouvir as opiniões dos outros e disposta a aceitar admoestações e correções.
b. Ação. A categoria seguinte descreve a sabedoria como “cheia de misericórdia e de bons frutos”. Esses atributos implicam a pessoa sábia envolver-se com aqueles que estão ao seu redor.
A pessoa cheia de sabedoria celestial coloca as palavras de Jesus em prática: “Bemaventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia” (Mt 5.7; ver também Tg 2.13).
Mostramos misericórdia para com as pessoas necessitadas que não a merecem: de outro modo, não seria misericórdia.
MEUS AMADOS ESSE ATRIBUTO AQUI NÃO FÁCIL MAS PRECISAMOS EXERCITÁ-LO
c. Julgamento. A última categoria de características está relacionada ao julgamento discernidor da pessoa sábia. Tiago diz que a sabedoria é “imparcial e sincera”.
Uma pessoa sábia não toma partido numa discussão quando está servindo de árbitro. Ela ouve cuidadosa e objetivamente os argumentos apresentados a ela e oferece, então, um julgamento que é, primeiramente, imparcial e, depois, sincero.
Essa pessoa sábia é capaz de evitar envolver-se pessoalmente e de não mostrar favoritismo e, ainda assim, agir sem fingimento (Rm 12.9; 2Co 6.6; 1Pe 1.22). Tal pessoa recebe o respeito da comunidade na qual vive e trabalha.
V 8 Pacificadores que semeiam em paz cultivam uma safra de justiça.
Ao concluir sua apresentação, Tiago parece lançar mão de um provérbio popular de sua época. Esse ditado soa como algo conhecido e faz lembrar de frases semelhantes nos livros proféticos do Antigo Testamento, das palavras de Jesus e das epístolas do Novo Testamento. Eis alguns textos:
“O efeito da justiça será paze o fruto da justiça repouso e segurança para sempre” (Is 32.17).
“Bem-aventurados os pacificadores,porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5.9).
Qual é a tarefa dos que promovem a paz? Em termos simples, eles são os que procuram unir grupos que estão em conflito e alcançar harmonia e paz. Mas, acrescento logo, também praticam a paz ao lutar para viver em paz com todos (Rm 12.18). Em resumo, farão qualquer coisa que estiver ao seu alcance para evitar disputas e promover a paz.
Uma colheita de justiça é semeada em paz por aqueles que promovem a paz
Em outras palavras, colhe-se aquilo que se plantou.
CONCLUSÃO
Os que promovem a paz semeiam e colhem justiça em paz. No contexto da discussão de Tiago sobre a sabedoria celestial em contraste com a terrena, isso significa que “a justiça não pode ser produzida num clima de amargura e egoísmo. A justiça só cresce num clima de paz”.