O rei rejeitado
A Identidade do Rei • Sermon • Submitted
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Introdução
Introdução
Você já foi rejeitado? Como você lida com a rejeição? Talvez você nunca tenha sido exatamente rejeitado, mas sofra com a falta de aprovação. Rejeição, ou simplesmente falta de aprovação por parte de pessoas próximas é algo ainda pior. E talvez você já tenha sofrido com isso. Por isso hoje, eu gostaria de dar prosseguimento a nossa série falando de um momento na vida de Jesus que Ele experimentou exatamente isso.
1 Tendo saído dali, Jesus foi para a sua terra, e os seus discípulos o acompanharam. 2 Chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga, e muitos, ouvindo-o, se maravilhavam, dizendo:
— De onde lhe vem tudo isso? Que sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se fazem tais maravilhas por suas mãos? 3 Não é este o carpinteiro, o filho de Maria e irmão de Tiago, José, Judas e Simão? As suas irmãs não vivem aqui entre nós?
E escandalizavam-se por causa dele. 4 Jesus, porém, lhes disse:
— Nenhum profeta é desprezado, a não ser na sua terra, entre os seus parentes e na sua casa.
5 Não pôde fazer ali nenhum milagre, a não ser curar uns poucos doentes, impondo-lhes as mãos. 6 E admirava-se da incredulidade deles.
Jesus percorria as aldeias vizinhas, ensinando. 7 Chamou os doze e passou a enviá-los de dois em dois, dando-lhes autoridade sobre os espíritos imundos. 8 Ordenou-lhes que não levassem nada para o caminho, exceto um bordão; nem pão, nem sacola, nem dinheiro; 9 e que fossem calçados de sandálias e não usassem duas túnicas. 10 E recomendou-lhes:
— Quando vocês entrarem numa casa, fiquem ali até saírem daquele lugar. 11 Se em algum lugar não quiserem recebê-los nem ouvi-los, ao saírem dali sacudam o pó dos pés, em testemunho contra eles.
12 Então, saindo eles, pregavam ao povo que se arrependesse. 13 Expulsavam muitos demônios e curavam numerosos enfermos, ungindo-os com óleo.
Jesus retorna a sua terra, e aqui o texto não está se referindo a Belém, local onde Ele nasceu, mas a Nazaré, local onde Jesus cresceu. Jesus ficou conhecido mais pela cidade onde cresceu do que pelo local onde ele nasceu. Essa foi a primeira visita de Jesus a Nazaré após ter saído de lá para se batizar no Rio Jordão. Jesus já estava passando para a segunda metade do seu ministério, ou seja algo entre uma no e meio e dois. Mas essa não era uma visita familiar, mas Ele estava em missão, foi acompanhado dos seus discípulos. Mas a sua chegada teve alguns fatos que nos chama a atenção.
Primeiramente como Jesus é chamado: "O carpinteiro filho de Maria". O texto não deixa claro o motivo por ele ser reconhecido desta forma em Nazaré, mas é algo incomum pois o normal era ser reconhecido pelo nome do pai. Uma possibilidade é que José já havia morridoe as pessoas passaram a chamá-lo só de filho de Maria. Mas, essa possibilidade não é muito grande já que era comum que mesmo com a morte do pai, os filhos continuavam sendo reconhecidos como seus filhos. Logo, a segunda possibilidade ganha força, que é a respeito da repercursão sobre o nascimento de Jesus em meio ao povo de Nazaré. Estamos próximos do Natal e é interessante nos relembrarmos de alguns fatos. Maria ficou gravida de Jesus antes de se casar com José, quando ainda era noiva. José no primeiro momento decidiu romper o compromisso de casamento (tinha esse direito), porém, como homem piedoso que era, iria fazer de forma discreta para não expor Maria a desonra. Mas o que acontece? Um anjo aparece a José e diz que aquele filho era obra do Espirito Santo, e ele confia, assume Maria e também Jesus como seu flho (lhe dá a profissão de carpinteiro). José confiou no Senhor, o anjo apareceu para ele, mas a cidade não confiou nem muito menos viu o anjo. Logo, a fama de Jesus provavelmente era (pelo menos por parte da sociedade) como o filho bastardo que José ajudou a criar.
O salvador do mundo suportou a vergonha e a reprovação durante a sua vida, e isso fica evidente com a admiração do povo de Nazaré ao vê-lo ensinando. Quantas vezes agimos assim ou presenciamos pessoas admiradas com o sucesso de alguém que sempre foi visto como inferior ou incapaz.
Por isso Jesus faz a afirmação que o profeta é desprezado em sua terra. Por isso eu gostaria de começar a falar sobre algumas verdades que o texto nos mostra.
Contraste
Contraste
Jesus conviveu com o contraste entre as conversões por onde passou, milhares de milagres em Cafarnaum e a incredulidade em Nazaré. Você já viveu momentos de contrastes? De ser amado e ao mesmo tempo odiado por pessoas diferentes, mas pelo mesmo motivo?
Suas decisões sempre podem causar efeitos negativos e positivos ao mesmo tempo, logo saiba a quem você deve agradar e ser fiel.
As vezes o contraste vem quando você vive situações opostas na sua vida no mesmo momento. Tudo vai bem no trabalho, mas em casa está tudo em desordem. Quando se sentir assim, saiba que Jesus também experimentou uma situação de contrastes. Quando isso acontecer na sua vida, saiba que a vida também é composta de momentos de contrastes e a superação nestes momentos vem da confiança no Rei que também viveu situações asso. Lembre-se que você tem um sumo sacerdote que se compadece de você em situações de contraste na sua vida.
Desprezo
Desprezo
Mas além da incredulidade, Jesus foi desprezado pelas pessoas que o conheciam desde pequeno. Ser desprezado ou ignorado por pessoas que te conhecem é muito ruim. Com Jesus o desprezo foi resultado da incredulidade, e essa não foi a primeira vez. Em determinado momento da sua vida, a mãe e os irmãos de Jesus achavam que Ele estava fora de si (cap. 2). Os lídres religiosos (por conta de onde ele veio "- Poderia vir alguma coisa boa de Nazaré? ) também não criam nele, inclusive se tornaram em oposição a Ele.
A reprovação da incredulidade. Jesus disse que um profeta não tem honra em sua própria terra. Seus irmãos não creram nele. Sua cidade não creu nele. Os líderes religiosos não creram nele. A familiaridade, em vez de gerar fé, produziu preconceito e incredulidade.
Vejamos alguns pontos de destaque nesse texto:
Em primeiro lugar, Jesus oferece uma segunda chance à cidade de Nazaré. Jesus já havia sido expulso da sinagoga de Nazaré no começo do seu ministério. Naquela ocasião, quiseram matá-lo, então, Jesus mudou-se para Cafarnaum. Agora, Jesus vai outra vez a Nazaré, dando ao povo uma nova oportunidade.
Nazaré era o povo mais privilegiado do mundo, pois ali o Filho de Deus havia passado sua infância e juventude, vendo os nazarenos muito de perto a […] glória de Deus, na face de Cristo. Por trinta anos, Jesus andou pelas ruas de Nazaré e o povo contemplou sua vida irrepreensível, mas quando lhes anunciou o evangelho, eles rejeitaram tanto a mensagem quanto o mensageiro.
Em segundo lugar, o perigo da familiaridade. A familiaridade com Jesus produziu preconceito e não fé. A origem e a profissão de Jesus foram obstáculos para as pessoas de Nazaré. William Barclay diz que, às vezes, estamos demasiadamente próximos das pessoas para ver a sua grandeza. Eles pensaram que o conheciam, mas seus olhos estavam cegos pela incredulidade. Honrar quem está perto é sempre mais difícil, por isso que geralmente as pessoas admiram quem está longe. A internet trouxe sucesso a muitos, porque é muito mais fácil dar crédito a um personagem de um perfil no instagram ou no YouTube do que com aqueles que se convive no dia-a-dia. Jesus mesmo assim era alguém que comia com as pessoas, andava com elas, era alguém relacional afinal de contas o Senhor é um Deus relacional.
Uma das coisas mais belas do evangelho de Marcos é que Ele traz muitos elementos da humanidade de Jesus. Conhecer a identidade de Jesus nos traz consolo de que temos um Rei que se compadece de todas nossas dificuldades, até mesmo o desprezo e a rejeição. Conhecer a Jesus é o remédio para a superação não só da rejeição, mas também da idolatria da aprovação.
Se a incredulidade gerou desprezo por Jesus, ela trouxe também consequências para quem o rejeitou.
Juízo
Juízo
A terceira palavra que me vem a mente diante desse episódio é juízo. No versículo cinco vemos o relato que Jesus não pode realizar ali milagres por conta da incredulidade do povo. A incredulidade limitou a ação de Deus sobre aquele povo. Não que Jesus precisasse da aprovação deles para demonstrar o Seu poder, mas sim que a ação de Deus é consequência da fé que temos Nele como nosso Salvador, como o Filho de Deus. Não é fé no milage, porque certamente haviam muitos dentre os que não criam que desejavam por milagres. O milagre não é um caminho para crer, mas uma bênção (um presente) para aqueles que crêem. Quando pensamos nisso, precisamos entender a incredulidade para além do ceticismo, mas crer em outra coisa que não seja em Jesus ou transfromá-lo naquilo que nós gostaríamos que Ele fosse também é incredulidade.
A consequência da incredulidade. Jesus ficou admirado da incredulidade deles e ali não realizou nenhum milagre, em vez disso, deixou a cidade por causa da incredulidade. Enfermos deixaram de ser curados e pecadores deixaram de ser perdoados. Quão terrivelmente desastroso é o pecado da incredulidade. A incredulidade rouba do povo as maiores bênçãos. Jesus não pôde fazer em Nazaré nenhum milagre. O que significa este “Jesus não pôde?”. Ele não podia querer, nessas circunstâncias. Ele também não deveria. Pois onde se rejeita o doador, a dádiva é sem sentido, talvez até prejudicial. Jesus não deveria, e por isso também não queria. Neste sentido não poderia. Como um princípio geral, o poder segue a fé. Na maioria das vezes, Jesus operou maravilhas em resposta e em cooperação com a fé.
Certamente, isso não significa limitação do poder de Jesus, pois ninguém pode limitá-lo. Jesus não estava disposto a fazer milagres onde as pessoas o rejeitavam por preconceito e incredulidade.
A incredulidade foi o mais velho pecado no mundo. Ela começou no Jardim do Éden, onde Eva creu nas promessas do diabo, em vez de crer na Palavra de Deus. A incredulidade traz morte ao mundo. A incredulidade manteve Israel afastado da terra prometida por quarenta anos. A incredulidade é o pecado que especialmente enche o inferno. Quem, porém, não crer será condenado . A incredulidade é o mais tolo e inconsequente dos pecados, pois leva as pessoas a recusarem a mais clara evidência, a fechar os olhos ao mais límpido testemunho, e ainda crer em enganadoras mentiras. Pior de tudo, a incredulidade é o pecado mais comum no mundo. Milhões são culpados desse pecado por todos os lados. Por isso a salvação só é oferecida aos que crêem, porque ao sermos salvos Deus opera um milagre em nós (o maior de todos os milgres) que é mediante a fé. Deus não está sendo cruel ao não salvar quem o rejeita, Ele apenas está entregando o homem a sua própria vontade.
Interessante observarmos aqui um segundo contraste, mas agora entre os que creram e os que não creram. e para quem não crê o resultado foi o juízo de não experimentar a ação de Deus, para quem creu, o resultado é a missão. Não existe crente que não viva em missão, por isso a conhecida frase do Charles Spurgeon "todo cristão é um missionário ou um impostor".
Missão
Missão
O que vimos até aqui foi Jesus sendo acompanhado por seus discípulos mas era somente Ele que fazia (pregava e operava milagres), mas diante de uma realidade de desprezo, vemos Jesus avançando a história da redenção para um próximo passo. Ele comissiona seus discípulos e reveste-os de autoridade para pregar e operar milagres. A partir disso começa a história de redenção, surge a igreja que é o meio pelo qual Deus soberanamente escolheu para desenvolver a Sua missão. Logo, se você crê, você é adotado como filho, e o lugar onde Cristo te coloca é a Sua igreja, e a consequência disso é uma vida em missão.
Sobre a missão, vemos aqui algumas verdades importantes:
Dificuldade em pregar entre aqueles que te conhecem antes da sua conversão.
Foram enviados de dois a dois. A missão não é algo que se faz sozinho, ela é coletiva e sempre através da igreja. Isso fala de mútua cooperação, mútuo encorajamento, mútuo ensino e também de credibilidade do testemunho. A Bíblia ensina que é melhor serem dois do que um e é pelo testemunho de duas pessoas que toda causa se resolve.
A importância de confiar em Jesus (eles não poderiam levar nada). Vida em missão significa que assim como os apóstolos deveriam confiar no provedor e não na provisão, nós também devemos. Quantas vezes deixamos de servir e contribuir exatamente por isso, porque confiamos mais na provisão do que no provedor. Os apóstolos deveriam confiar na provisão divina enquanto faziam a obra. Jesus estava lhes mostrando que o trabalhador é digno do seu salário. Jesus queria que eles fossem adequadamente supridos, mas não a ponto de cessarem de viver pela fé.
Jesus ensinou que se deve aproveitar as portas abertas e não forçar as portas fechadas. Onde houvesse rejeição, os apóstolos não deveriam permanecer, ao contrário, deveriam seguir adiante. Era preciso buscar portas abertas. Paulo orou por portas abertas e onde elas se abriam permanecia pregando, mas onde elas se fechavam, ele ia adiante. Aprenda a discernir entre perseverança e teimosia quando estiver investindo na vida de alguém, porque as vezes Sataná coloca incrédulos para roubar sua atenção daqueles que precisam de fato ouvir o evangelho e precisam de discipulado. Como identificar? A partir de pessoas que após anos e anos não necessariamente não crêem em Cristo, mas continuam o rejeitando como Ele é sob a pespectiva do evangelho.
Os apóstolos também foram revestidos de autoridade para a missão. Falaram e fizeram. Proclamaram e demonstraram. Eles tinham palavra e poder. A salvação é uma bênção que se estende ao homem integral, ao corpo e a alma.
Conclusão
Conclusão
Gostaria de encerrar dizendo que os apóstolos foram convocados para pregarem a mensagem de arrependimento. A mensagem do evangelho começa com o arrependimento. Arrepender-se significa mudar de mente e logo adaptar a ação a essa mudança. O arrependimento não é lamentar-se sentimentalmente; é algo revolucionário; por isso são poucos os que se arrependem. Devemos chamar as pessoas ao arrependimento se quisermos seguir as pegadas dos apóstolos. Nada menos do que isso deve ser exigido. É impossível alguém entrar no Reino dos Céus sem passar pela porta do arrependimento, da mesma forma que é impossível experimentar da ação e do poder de Deus na sua vida sem o arrependimento. Sabendo que o maior milagre é realizado logo após o arrependimento, deixamos a condição de mortos e somos trazidos a vida.