O ministério de João Batista

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Devemos pregar o evangelho legítimo, sem meias-verdades.

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SERMÃO DE DOMINGO 24/07/2022 – Lc 3.7-14
O modo pelo qual João Batista se dirigia aos que o ouviam
Introdução:
As credenciais de João Batista:
Testemunho notável que Jesus deu a respeito de João Batista, como “o maior profeta dentre os nascidos de mulher”.
Voz que clama no deserto. Preparai caminho. (Is 40.3).
Precursor do Messias (o Elias).
Elo entre o AT e NT.
Depois de quatrocentos anos de silêncio profético, a voz de João Batista ecoou como uma trombeta (de Malaquias a J. Batista).
Esses versículos dão lições preciosas do que foi o ministério de João Batista.
A abrangência da sua pregação: publicanos, fariseus, soldados, Herodes, todas as classes sociais.
O evangelho não é seletivo! Todos são pecadores e precisam se arrepender.
Sua pregação foi poderosa e eficaz. Nisso que temos que nos espelhar.
V.7a
Santa intrepidez com que João Batista se dirigia às multidões que iam até ele para ser batizadas.
Chamou-as de “raça de víboras”. Termo pesado!
As Víboras da região ao nascer devoravam o próprio ventre da mãe (parricídio).
Viu a podridão e a hipocrisia da profissão de fé que as multidões que o cercaram.
Falavam com a boca, mas na prática eram deploráveis.
Porque havia uma disparidade brutal entre a palavra de arrependimento que eles traziam nos lábios e as atitudes perversas que carregavam no coração.
João B. não se importava com quem iria sentir-se ofendido com suas palavras.
A enfermidade espiritual dos que se apresentavam a ele era desesperadora
Ele sabia que doenças graves só podem ser curadas com remédios fortes.
Podemos tirar o primeiro ensinamento aqui.
Bom seria para a Igreja de Cristo se houvesse, nestes últimos dias, mais ministros que usassem a linguagem direta e franca de João Batista.
Infelizmente, o púlpito cristão de nossos dias é notavelmente caracterizado por uma aversão mórbida à linguagem forte, um medo excessivo de ofender, uma recusa constante à conversa franca e direta.
Todavia, não há o menor sinal de amor em agradar os incrédulos ao nos abster de mencionar seus vícios ou dar nomes suaves aos seus malditos pecados.
V.7b
A seguir, na parte B do V.7.
Notamos quão claramente João Batista fala do perigo do inferno aos seus ouvintes.
Ele lhes diz que uma “ira vindoura”.
Fala do “machado” do julgamento de Deus e de árvores infrutíferas sendo lançadas “ao fogo”, no V.09.
A mensagem de João era: arrepender-se e viver, ou não se arrepender e morrer.
Hoje, o tema “inferno” é sempre ofensivo à natureza humana.
O ministro que fala muito sobre esse tema deve esperar receber a fama de grosseiro, violento, insensível e rigoroso.
As pessoas apreciam ouvir temas leves que lhes fale de paz, e não de perigo (Is 30.10).
Porém, se quisermos causar algum bem às almas, não podemos deixar esse assunto em segundo plano.
Jesus, em seu ensino público, abordou esse tema com frequência.
O Salvador amável, que, de modo tão gracioso, falou do caminho para o céu, também fez uso da linguagem mais clara possível para falar do caminho que conduz ao inferno.
Tenhamos o cuidado de não ir além daquilo que está escrito e de não ser mais caridosos do que as próprias Escrituras.
Que a linguagem de João Batista fique profundamente gravada em nossos corações!
Que jamais nos envergonhemos de admitir nossa crença inabalável de que há uma “ira vindoura” para o impenitente e de que é tão possível a alguém perder-se quanto ser salvo.
Não falar a esse respeito é trair as almas. É trair o Ide!
Sem dúvida, nosso melhor amigo é aquele pastor que, honestamente, nos fala do perigo, alertando-nos, como João Batista, a fugir da ira vindoura.
O cristianismo que não fala do inferno não é o cristianismo de João Batista, nem do Senhor Jesus Cristo e de seus apóstolos.
V.8a e 9.
Notemos, também, como João Batista demonstra a inutilidade de um arrependimento que não é acompanhado de frutos na vida da pessoa.
Ele disse às multidões que foram para ser batizadas: “Produzi, pois, frutos dignos do arrependimento”.
No V. 9, ele vai dizer que toda árvore “que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo”.
Nossa vida não tem que ser arrependimento e novamente arrependimento, mas arrependimento e frutos (uma vida) dignos de arrependimento.
Conversas piedosas e confissões religiosas são totalmente vãs se não forem acompanhadas de obra e prática.
Nada vale dizermos com nossos lábios que nos arrependemos se, ao mesmo tempo, não demonstramos isso por meio de nosso viver.
Isso é mais que inútil.
Aos poucos, cauteriza nossa consciência e endurece nosso coração. Começamos a viver assim no automático.
Dizer que nos entristecemos por nosso pecado não passa de hipocrisia, a não ser que demonstremos essa tristeza de forma prática, abandonando o pecado.
Era assim que os ouvintes de João Batista estavam procedendo.
A prática é a alma do arrependimento.
V.8b
Ele vai rejeitar a ideia comum de que, se você está ligado a uma pessoa santa, isso o salvará.
Ele disse aos judeus: “Não comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos por pai Abraão; porque eu vos afirmo que dessas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão”.
Em todas as eras da Igreja, sempre houve milhares de pessoas que pensaram que seriam aceitas por Deus por estarem ligadas a homens piedosos.
Milhares viveram e morrerem na cega ilusão de que, por se terem unido a pessoas piedosas por meio de laços de sangue ou por estarem incluídas no rol de membros de uma igreja, poderiam ter esperança de que seriam salvas.
De que nos adianta sermos filhos de pais tementes a Deus, se não lhe formos tementes? De que nos serve estar no seio da igreja, se não tivermos o vínculo com Deus?
Estabeleçamos para nós mesmos a verdade de que o cristianismo que salva é algo individual.
Trata-se de um fato que acontece entre a alma de cada um e Jesus.
Nada nos adiantará no último dia o fato de havermos sido membros da igreja de Lutero, ou de Calvino, ou de Cranmer, ou de Knox, ou de Owen, ou de Wesley ou de Whitefield.
Nós temos fé igual à desses santos?
Cremos como eles creram, lutamos para viver como eles viveram e para seguir a Jesus como eles seguiram?
Será inútil para alguém o fato de ter corrido em suas veias o sangue de Abraão se não teve a fé exercida por Abraão, nem praticou as obras de Abraão.
V.10 a 14
O interessante é que o apelo não partiu do pregador para os ouvintes, mas dos ouvintes para o pregador.
O que devemos fazer? Como agir? “.
Ele ordenava a cada pessoa que se professava arrependida a começar por se desvencilhar dos pecados que mais a assediavam.
Ele vai indicar a cada grupo quais ações demonstrariam fruto de arrependimento.
A solidariedade, a honestidade e a urbanidade não são o arrependimento em si, mas evidência dele.
Não salvam, mas testemunham da salvação.
A conversão se demonstra com evidencias práticas.
Onde não há mudança, não há arrependimento; e onde não há arrependimento, não há salvação.
Duas túnicas (uma mais fina) apenas os ricos usavam. Não eram tão necessárias.
Os publicanos não deveriam cobrar “mais do que o estipulado”.
Se enriqueciam de forma ilícita cobrando mais que o devido.
Os soldados não deveriam maltratar ninguém e deveriam contentar-se “com o soldo” que recebiam.
Eles eram conhecidos por extorquir dinheiro dos nativos por meio de intimidação ou falsas acusações.
Também se rebelavam, protestando por melhores salários.
Ele não quis dizer que, ao agir assim, as pessoas expiariam seus pecados e teriam paz com Deus.
A salvação não é por obras.
Mas quis mostrar que, agindo dessa forma, as pessoas provariam estar sinceramente arrependidas.
Vale destacar que João não proibiu os publicanos de exercerem seu trabalho, apenas os orientou a serem íntegros na cobrança dos impostos e tributos.
Não é o negócio financeiro que torna o publicano culpado, mas a ladroagem.
O problema não era o emprego, mas as más-práticas.
Conclusão:
A mensagem de João Batista é grave e urgente.
A pregação do evangelho não é um xarope (algo paliativo) para acalmar os corações sobre os sentimentos e circunstâncias.
O evangelho fala sobre uma ira vindoura, um fogo eterno, uma condenação inexorável para aqueles que se tornam rebeldes.
Deixemos essa passagem, levando conosco a profunda convicção da sabedoria que há nessa maneira de lidar com as almas, especialmente com as almas daqueles que estão começando a professar a vida cristã.
Acima de tudo, vejamos aqui a maneira certa de nós mesmos provarmos nosso coração.
Não devemos nos contentar em falar contra pecados que, por nosso temperamento natural, não nos seduzem, enquanto tratamos com brandura aqueles pecados a que nos inclinamos.
Deixemos os pecados que mais nos assediam.
Contra eles, devemos direcionar nossos maiores esforços.
Contra eles, devemos declarar guerra incessante.
Que os ricos abandonem os pecados dos ricos, e os pobres, os dos pobres; que os jovens abandonem os pecados próprios da mocidade, e os velhos, os próprios da velhice!
Esse é o primeiro passo para provar que estamos agindo com seriedade, ao começarmos a reconhecer o estado de nossa alma.
Somos honestos? Somos sinceros? Que cada um analise o seu íntimo.
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