Magnificat – O Cântico de Maria
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Lucas 1.46-55.
Os primeiros hinos cristãos
O Natal de Jesus é a festa do cântico e da música, e Lucas é o primeiro hinologista da história da igreja – a primeira pessoa versada no estudo de hinos e de cânticos cristãos. Para o médico amado, o Evangelho é musical, por isso que há cinco Cânticos de Natal registrados neste Evangelho:
“Beatitude” – O Cântico de Isabel (Lc 1.42)
“Magnificat” – O Cântico de Maria (Lc 1.46-55)
“Benedictus” – O Cântico de Zacarias (Lc 1.68-79)
“Gloria in excelsis Deo” – O Cântico dos Anjos (Lc 2.14)
“Nunc Dimits” – O Cântico de Simeão (Lc 2.29-32)
Estudiosos dos Evangelhos consideram esses poemas musicais registrados por Lucas como sendo “os últimos dos salmos hebraicos e os primeiros dos hinos cristãos”.
A esta altura, penso que pelo menos duas perguntas precisam ser respondidas:
(1) Por que o estilo poético? e
(2) Por que tanta música?
O estilo poético – A poesia é uma forma elevadíssima de expressão. Ela nos força a diminuir o ritmo, e somente quando nós desaceleramos a mente e o coração, concentrando-nos em reflexão, é que somos capazes de compreender, sorver, saborear e regozijar na mensagem que está sendo comunicada.
A música – O que Deus fez em Cristo Jesus requer de nós louvor e adoração.
Não é suficiente simplesmente entender e dizer o que Deus fez para nos salvar. Não basta compreender a obra da salvação. Ela precisa ser celebrada com salmos, hinos e cânticos espirituais, pois é cantando e salmodiando que a alma melhor se expressa e mais se deleita no objeto da adoração.
Sobre a importância da música, Aristóteles documentou o que segue:
A música, usada dignamente, é um dos meios mais eficientes para a educação e a instrução de um povo… Ela tem tanta relação com a formação do caráter, que precisamos ensiná-la às crianças.
A primeira de cinco peças de literatura poética com a natividade como tema central. Em todas as cinco, Deus é o objeto de adoração .
Este sentimento é às vezes acompanhado por uma expressão de assombro. O espírito de humilhação diante de um Senhor tão grande e maravilhoso está também amiúde em evidência aqui.
Quando, com a devida consideração pelo que esses poemas têm em comum, a pergunta vem a lume:
“Qual é o fator que distingue cada cântico dos demais?” a resposta não é fácil. Isso se deve ao fato de que encontramos aqui uma agradabilíssima mescla de diversas atitudes de coração e mente. Não obstante, o seguinte é uma tentativa que poderia merecer alguma consideração:
Cinco peças de literatura poética em Lucas
O Cântico de Isabel 1.42b–45 AMOR
O Cântico de Maria 1.46–55 FÉ
A Profecia de Zacarias 1.68–79 ESPERANÇA
O Cântico dos Anjos 2.14 ADORAÇÃO
O Cântico de Simeão 2.29–32 RESIGNAÇÃO
“Magnificat” – O Cântico de Maria
Estudando o Cântico de Isabel ou Beatitude, descobrimos que benditos, bem-aventurados ou felizes são aqueles que permitem a obra de Deus em suas vidas, que se submetem ao plano do Senhor para eles, que se oferecem para, pela fé, carregarem em si o Salvador.
Hoje nós olharemos para o Cântico de Maria ou Magnificat e, porque o seu cântico é uma belíssima expressão de sua fé e de seu amor pelo Deus da sua salvação, nós aprenderemos quatro lições sobre adoração: o conteúdo da adoração; a forma da adoração; o motivo da adoração; o objeto da adoração.
1. O conteúdo da adoração
É preciso prestar atenção a uns poucos pontos introdutórios:
1º . Este é o famoso “hino de louvor” de Maria. Ele brotou de seu coração e lábios quando visitou Isabel. Seu título popular, O Magnificat, deriva da primeira palavra do hino na versão latina: que significa: “Minha alma magnifica ao Senhor”.
É preciso ter em mente mais um fato. O sistema de educação em Israel era tal que desde sua primeira infância as crianças eram instruídas nas “sagradas letras” (2Tm 3.15).
2º. O Magnificat pode ser dividido em quatro parágrafos ou estrofes. O arranjo é lógico e, portanto, fácil de memorizar.
1ª - Na primeira estrofe (vs. 46–48), Maria enaltece a Deus pelo que ele fez por ela, uma moça de nascimento humilde.
2º - Na segunda estrofe (vs. 49, 50), sua ação de graças e louvor, tendo alcançado um clímax (“Santo é seu nome”), começa – por assim dizer – a abranger um território maior. Seu horizonte espiritual se amplia. Da concentração sobre o modo como a misericórdia Deus a afetou, ela se eleva à contemplação da benignidade que foi revelada “de geração a geração sobre aqueles que o temem”.
3ª - Como indica a terceira estrofe (vs. 51–53), essa misericórdia é vista muito mais claramente quando é posta em contraste com a severidade de Deus para com os que não o temem.
4ª - A conclusão do Magnificat (quarta estrofe, vs. 54, 55) é grandiosa. Expressa o pensamento amiúde negligenciado hoje, mesmo nos círculos conservadores, a saber: que a manifestação da misericórdia de Deus é o cumprimento da promessa pactual de Deus feita aos pais, promessa essa de valor supremo, ainda hoje, aos crentes e sua descendência (Gl 3.9, 29).
Lendo cuidadosamente o Cântico de Maria, é possível notar um fato importantíssimo: o seu poema está encharcado de passagens bíblicas do Antigo Testamento. Além de ecos do Cântico de Ana (mãe de Samuel – 1Sm 2), cada palavra ou expressão do texto parece ser uma citação direta ou uma alusão a alguma passagem do cânon hebraico.
Ela cita pelo menos doze livros: Gênesis, Êxodo, Deuteronômio, 1º e 2º Samuel, Jó, Salmos, Isaías, Ezequiel, Miqueias, Habacuque e Zacarias. Ao todo, são cerca de 40 citações.
A Palavra de Deus realmente habitava com riqueza no seu coração (Cl 3.16).
Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração.
Importante ressaltar que não eram simples citações, não havia distorções teológicas ou de contexto para se provar um pretexto, nada disso. Maria, com idade entre 14 e 16 anos, já conhecia apropriadamente os textos e a teologia do Antigo Testamento.
Naquele tempo, lia-se, memorizava-se, meditava-se e estudava-se as Escrituras desde a mais jovem idade.
Deve ser bíblico o conteúdo da adoração.
Quando lemos as cartas do Novo Testamento, descobrimos que a igreja primitiva utilizava-se da música com conteúdo bíblico com pelo menos três propósitos singulares:
1º comunicar verdades teológicas (Fl 2.6-11);
2º fixar conteúdos bíblicos (Cl 3.16); e
3º expressar louvor e adoração (Ef 5.19). Portanto, deve ser bíblico o conteúdo da adoração.
O coração e a mente não estão naturalmente prontos para se dedicarem inteiramente à oração ou à adoração. Precisamos, aprender a aquecê-los com a recitação oral dos textos bíblicos, pregando às nossas almas. Sejam os Salmos, os Evangelhos, a Lei, toda a Escritura, inspirada por Deus, é apta para nos ensinar e nos estimular na prática da oração e da adoração.
ANTES DE PASSARMOS PARA O PONTO 2 DO NOSSO SERMÃO DE NATAL QUERO MOSTRAR ALGO MARAVILHOSO AQUI NOS VERSOS 46-48:
A PALAVRA USADA AQUI PRA HUMILDADE É:
ταπείνωσις -εως, ἡ; (tapeinōsis), SUBS. humildade
1. humildade — o estado de ser humilde e sem importância. Tópico Relacionado: Inferior.
NÃO É A MESMA PALAVRA USADA PARA HUMILDADE POR EXEMPLO EM ATOS 20.19.
servindo ao Senhor com toda a humildade, lágrimas e provações que, pelas ciladas dos judeus, me sobrevieram
ταπεινοφροσύνη -ης, ἡ; (tapeinophrosynē), SUBS. humildade.
1. humildade — a disposição de valorizar ou avaliar-se adequadamente; especialmente à luz da de um pecado ou criatura. Sentido Antônimo: vaidade (orgulho).
Com seu coração transbordante de gratidão pelo que Deus fizera por ela, Maria disse: “Magnifica, minha alma, ao Senhor”, ou seja, proclama a grandeza de DEUS. Maria faz isso com alegria e entusiasmo, porque acrescenta: “e meu espírito se alegra em Deus meu Salvador”.
É preciso deixar imediatamente bem claro que nessas duas linhas paralelas não pode haver diferença – e certamente nenhuma diferença de importância – entre “alma” e “espírito”.
PRESTEM ATENÇÃO EM MATEUS
V 1.21 Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.
Maria estava profundamente consciente do fato de que era uma mulher de “condição humilde”, a “esposa” (Mt 1.20) de um carpinteiro de aldeia. Aos olhos de muitos ela provavelmente era considerada como alguém a quem dificilmente Deus faria objeto de seu favor especial.
2. A forma da adoração
Quando Maria discerne o cumprimento das promessas de Deus, quando ela identifica o mover do Senhor na vida dela, através dela e naqueles que estão ao redor dela, todo o seu conteúdo intelectual trabalha fazendo mover alma e espírito, ou seja: o seu coração.
Lc 1.46-47 | 46 Então disse Maria: “Minha alma engrandece ao Senhor 47 e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, (…)
A verdadeira adoração, o louvor que agrada a Deus é o que brota do coração. A mente e os lábios não são suficientes. É de coração que se adora a Deus (Is 29.13): em espírito – com alma, com ânimo, com as emoções; e em verdade – com entendimento e compreensão bíblicos ( Jo 4.24).
3. O motivo da adoração
Além do conteúdo (bíblico) e da forma da adoração (coração), Maria nos ensina o motivo da adoração. Pode-se ver no cântico três motivos principais para a adoração.
3.1. A graça salvadora
Lc 1.46-49 | 46 Então disse Maria: “Minha alma engrandece ao Senhor 47 e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, 48 pois atentou para a humildade da sua serva. De agora em diante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada, 49 pois o Poderoso fez grandes coisas em meu favor; santo é o seu nome.
3.2. A justiça divina
Lc 1.50-53 | 50 A sua misericórdia estende-se aos que o temem, de geração em geração. 51 Ele realizou poderosos feitos com seu braço; dispersou os que são soberbos no mais íntimo do coração. 52 Derrubou governantes dos seus tronos, mas exaltou os humildes. 53 Encheu de coisas boas os famintos, mas despediu de mãos vazias os ricos.
3.3. A providência soberana
Lc 1.54-55 | 54 Ajudou a seu servo Israel, lembrando-se da sua misericórdia 55 para com Abraão e seus descendentes para sempre, como dissera aos nossos antepassados”.
Nossa adoração deve ser pelo que Deus é e pelo que ele faz.
4. O objeto da adoração
Maria revela que o objeto da sua adoração não era outro senão o Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Lc 1.46-47 | 46 Então disse Maria: “Minha alma engrandece ao Senhor 47 e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, (…)
A adoração deve ter como objeto o Deus Trino: o Pai amoroso, o Filho gracioso e o Espírito consolador. A alegria dos homens deve ser Jesus, soberano Senhor e amoroso Salvador.