A batalha que discerne ovelhas e lobos

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A batalha que discerne ovelhas e lobos.

Notes
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Introdução

Irmãos, o dia de hoje, o primeiro dia do ano de 2023, é marcado por festas, sonhos e muitos planos. Muitas pessoas, cristãs ou não, já fizeram seus planejamentos anuais, suas projeções profissionais, criaram suas metas pessoais, dentre tantas outras coisas que poderíamos citar. Em geral, não há nada de errado nisso, pelo contrário, muitas dessas coisas estão relacionadas à responsabilidade e organização que devemos manifestar em nossas vidas.
Entretanto, o passar dos anos muitas vezes traz à tona a acomodação espiritual que muitos cristãos têm vivido, quando encontram-se tão imersos nos assuntos terrenos desta era que esquecem-se que uma contagem regressiva muito mais importante que a de fim do ano já se iniciou. Desde a primeira vinda de Cristo, iniciou-se o fim dos tempos, uma contagem regressiva que culminará em Sua segunda vinda e , no decorrer dessa contagem, uma batalha constante é proposta para o povo de Deus.
A Palavra que Deus tem para Sua Igreja nessa noite não é em si uma palavra temática acerca do novo ano que se inicia, mas uma Palavra lembrança e alerta para as responsabilidades que nos são entregues dentro dessa batalha. É acerca dessa batalha e de suas implicações que a epístola de Judas trata.

Contexto

A epístola de Judas é pequena em tamanho e enorme em verdades. Dentre as epístolas, trata-se da quarta menor. Dentre os livros da bíblia, ocupa o quinto lugar em menor tamanho. Um informação talvez óbvia, mas que é sempre válido lembrar, é que esse Judas não é aquele que traíra a Cristo. Quanto à sua identidade, alguns dizem que trata-se do irmão do apóstolo Tiago, filho de Alfeu; outros declaram que, junto a Tiago seu irmão, estavam dentre os irmãos (ou meio irmãos) de Jesus. A segunda opção parece ser a mais correta e mais aceita dentre os estudiosos e comentaristas, já que ao mencionar Tiago em sua saudação, invoca a autoridade que ele tinha em meio à igreja primitiva e traz ainda mais peso às palavras que traz em sua epístola.
Mas afinal, quem foi Judas irmão de Jesus? A bíblia nos fala pouco acerca do autor desta epístola, se restringindo a mencioná-lo junto aos seus demais irmãos. Os evangelhos nos declaram que durante a trajetória de Jesus a caminho da cruz, seus irmãos não creram nele como o Cristo, o Messias de Deus. O relato de Marcos 3.20-21 nos mostra os familiares de Jesus o tratando como “fora de si” pelo ministério que iniciara, em virtude de toda a atenção que se direcionara a Ele. Logo em seguida, em Marcos 3.31-35, vemos o relato deles de algum modo indo até Ele em busca de repreendê-lo e então Jesus traz o ensinamento acerca de Sua família espiritual. Entretanto, talvez a passagem mais explícita acerca da falta de fé dos irmãs de Jesus seja a de João 7.1-5, que diz o seguinte:
João 7.1–5 (ARA)
Passadas estas coisas, Jesus andava pela Galileia, porque não desejava percorrer a Judeia, visto que os judeus procuravam matá-lo. Ora, a festa dos judeus, chamada de Festa dos Tabernáculos, estava próxima. Dirigiram-se, pois, a ele os seus irmãos e lhe disseram: Deixa este lugar e vai para a Judeia, para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes. Porque ninguém há que procure ser conhecido em público e, contudo, realize os seus feitos em oculto. Se fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo. Pois nem mesmo os seus irmãos criam nele.
Entretanto, após a crucificação de Jesus, sua ressurreição e ascensão aos céus, Lucas nos relata no livro dos Atos do Apóstolos que creram, perseverando unânimes em oração. É então que eles começam a dedicar-se à obra do Reino de Deus e se tornam líderes proeminentes na igreja primitiva, principalmente para aquela que encontrava-se em Jerusalém. A epístola de Judas é um reflexo do coração pastoral de seu autor, um homem que, mesmo por muito tempo tendo negado a Jesus como o Cristo, havia recebido o chamado eficaz, o amor e o Espírito de Deus. Um homem que conhecia de perto os perigos de um coração rebelde diante de Deus e se direciona como um pastor diante da Igreja de Cristo para exorta-la quanto a isso.

Divisão do texto

Judas 1 - Uma saudação doutrinária
Judas 3-2 - Discernindo as ovelhas
Judas 4 - Discernindo os lobos

Uma saudação doutrinária (Judas 1)

Judas 1 (ARA)
Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, aos chamados, amados em Deus Pai e guardados em Jesus Cristo,
Judas inicia sua epístola de uma forma muito comum às demais epístolas: identificando o autor da espítola e os seus destinatários. Primeiramente, algo nos chama a atenção quanto à forma como o autor identifica-se: ele declara que para com Jesus Cristo ele é “servo” e para com Tiago “irmão”. O termo usado para servo é “doulos”, alguém que legalmente pertence a alguém e cujos objetivos e subsistência são definidos por seu mestre. Aqui, Judas está deixando extremamente claro, através de sua vida, o poder da obra de Cristo e do seu chamado eficaz para com os seus eleitos.
Os destinatários dessa epístola conheciam os relatos que os evangelhos traziam a respeito de Judas e seus irmãos, de como negaram por muito tempo a Cristo, de como por muito tempo o trataram apenas como irmão e não como Senhor de suas vidas. Agora, Judas declara que uma grande reviravolta havia acontecido em sua vida após o chamado eficaz que recebera: Cristo havia deixado a posição de irmão para ocupar a posição de Senhor de sua vida, Aquele que o sustenta e direciona todos os seus pensamentos, vontades e desejos. E como servo fiel, ele não evoca para si nenhum atributo vaidoso e ganancioso associado ao parentesco com Jesus; para com Tiago sim, era irmão (o que de certa forma já reforçava a sua autoridade, já que Tiago possuía elevada proeminência na Igreja primitiva - líder do Concílio de Jerusalém, autor da epístola de Tiago e citado muitas vezes por Paulo em suas epístolas), mas para com Cristo ele esvazia-se de seu ego e coloca-se no lugar correto, debaixo do Senhorio de Jesus.
Continuando sua saudação, Judas se direciona agora aos destinatários de sua carta. O interessante é que ele não deixa claro à qual comunidade está se direcionando especificamente, apesar de que algumas referências a fatos do antigo testamento (“Caim”, “Corá” e “Balaão”) e a textos da tradição judaica (“Testamento de Moisés” e “1 Enoque”, por exemplo) mostrem que eram conhecedores do judaísmo e, portanto, provavelmente tratava-se de uma comunidade de judeus que haviam crido em Cristo.
Ao invés de identificá-los no tempo e espaço, Judas identifica os seus destinatários através de três atributos que refletem a condição espiritual deles e gritam grandes doutrinas acerca da salvação que vem de Deus ao homem: os destinatários da carta são “chamados”, “amados” e “guardados”. Os dois primeiros atributos são relacionados a Deus:
“Chamados” (“kletois”): Aqueles que receberam uma convocação oficial, que não pode ser recusada;
“Amados” (“egapemenois”): Aqueles que são considerados em grande cuidado e afeição.
Judas está se direcionando àqueles que foram chamados e amados em Deus. Aqueles que receberam o chamado eficaz da eleição divina, aos quais o amor de Deus foi direcionado ao entregar seu Filho como sacrifício pelos pecados deles, apaziguando a Ira que havia entre Deus e eles, substituindo-a pelo seu amor e cuidado contínuo.
O terceiro atributo é então relacionado a Cristo:
“Guardados” (“teteremenois”): Aqueles que tornados mantidos em um estado, posição ou atividade.
Aqui Judas declara que Jesus os guarda constantemente na posição de chamados e amados; é graças a Ele que a eleição e o chamado são definitivos e eficazes, justamente porque Ele executou o amor de Deus na cruz pagando pelos pecados dos seus eleitos e revestindo-os de Si mesmo, preservando-os em sua nova identidade, de filhos amados de Deus. Qual sentido haveria na eleição e no chamado sem Aquele que os consumaria? E como haveria o amor sem Aquele que o executaria e o manteria constantemente?
Até aqui, em sua saudação doutrinária, Judas descreveu os atributos entregues às ovelhas de Cristo por sua graça. A pergunta que surge é: como discernir esses atributos na prática?

Discernindo as ovelhas (Judas 2-3)

Judas 2 (ARA)
a misericórdia, a paz e o amor vos sejam multiplicados.
Judas então continua declarando que as ovelhas chamadas, amadas e guardadas crescessem em três características específicas: misericórdia, paz e amor. O interessante é que o texto original nos traz uma partícula para cada uma dessas características que as especificam e definem: não trata-se de qualquer misericórdia, mas “a” misericórdia; não trata-se de qualquer paz, mas “a” paz e não trata-se de qualquer amor, mas “o” amor.
Primeiramente, a misericórdia. O termo utilizado aqui é “eleos”, que tem o sentido de uma clemência ou compaixão demonstrada a criminosos pessoas culpadas. Quando Judas descreve-a não como qualquer misericórdia vazia e sem sentido, mas como “a” misericórdia, está exatamente descrevendo a misericórdia direcionada por Deus às suas ovelhas, quando manifesta sua clemência e compaixão chamando-as eficazmente, mesmo pecadores culpados que eram.
Depois, a paz. O termo utilizado é “elrene”, que traz o sentido de harmonia entre partes, uma loberdade de litígios. Ao trata-la como “a” paz, está lembrando aqueles irmãos da confiança que deveriam ter na salvação que veio de Deus em Cristo Jesus; a certeza de que não mais a Ira de Deus havitava sobre eles, mas o seu amor.
Por fim, o amor. O termo é “agape”, ou seja, um forte vínculo de relacionamento em emoção, respeito e afeto. Ao trata-lo como “o” amor, está se referindo ao amor de Deus, que agora se relaciona com suas ovelhas em completo amor.
Aqui, mais uma vez Judas traz à memória a obra redentora e salvífica de Deus. Deus manifesta sua misericórdia, sua graça para com pecadores culpados e merecedores de sua Ira, chamando-os eficazmente para si; apazigua a dívida que existia entre Ele e os homens, para com aqueles que chamou, de modo que o relacionamento que havia sido quebrado pelo homem para com Deus através do pecado, agora é resgatado; de modo que agora a relação entre Deus e Eles não é mais de Ira, mas de total amor.
A pergunta que se pode fazer é: se a obra salvífica de Deus em Cristo já foi consumada e essas características remetem a ela, por que Judas está clamando que elas “sejam multiplicadas” na vida daqueles irmãos? Primeiramente, porque deveria crescer em seus corações a confiança em todas essas verdades; aqueles irmãos deveriam constantemente lembrar-se de todas elas e se manterem firmes nessa lembrança, lembrando-se sempre da misericórdia, paz e amor que receberam da parte de Deus de forma irreversível e graciosa. Segundo, porque da mesma forma que as receberam da parte de Deus, deveriam manifestá-las para com o próximo. O relacionamento vertical de Deus para com suas ovelhas deve ser projetado em seu relacionamento horizontal para com o próximo. A misericórdia que recebemos de Deus, mesmo sendo culpados diante dEle, deve ser manifestada em compaixão para com aqueles que nos afligem, nossos inimigos; a paz que recebemos em nosso relacionamento para com Deus deve refletir na harmonia que devemos viver com nossos inimigos, não em sentido de campactuar com eles, mas de não contender com eles; e o amor que recebemos de Deus deve refletir em nosso relacionamento com o próximo, mesmo nossos inimigos. É exatamente o que, mais à frente, Judas irá tratar nos versículos Judas 17-23. As ovelhas de Cristo não respondem aos inimigos em divisões, isso é exatamente o que eles promovem, mas em misericórdia olhando para a eternidade (Mateus 5.44-45). Devemos ter misericórdia, nos compadecer daqueles que são imaturos na fé e encontram-se vacilantes, lutando por eles; também não devemos nos alegrar com a condenação vindoura para com os que vivem em pecado, pelo contrário, devemos pregar a palavra de Deus e confrontar seus pecados (lembremos da pregação de João Batista, quando confrontara o pecado da infidelidade de Herodes e morrera por causa dessa pregação), tomando todo o cuidado, tendo medo, sendo totalmente cauteloso quanto a não subestimar a tentação que vem do pecado em que vivem.
Judas 3 (ARA)
Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos.
Após descrever algumas características intrínsecas às ovelhas de Cristo, aos filhos de Deus, Judas evoca o ponto chave que discerne ovelhas e lobos. Ele inicia o versículo Jd 3 declarando que, a priori, sua intenção era falar-lhes a respeito da “comum salvação”, ou seja, da salvação que todos os santos de Deus compartilham e estava se dedicando árduamente para isso. O interessante é que toda essa diligência aplicada a falar-lhes da salvação que vem de Cristo pode ser percebida na saudação que dedica àqueles irmãos.
Entretanto, apesar de toda a diligência que aplicara para falar-lhes sobre a salvação, algo o obrigou a mudar o assunto de sua epístola. O termo utiizado para “me senti obrigado”, “ananke”, traz o sentido de algo absolutamente necessário, a pressão e aflição de alguém prestes a viver uma calamidade. Judas olha para o contexto da igreja e direciona-lhe a palavra vinda de Deus, não a palavra da sua vontade; ele deixa de lado os seus planos, a palavra à qual tanto se dedicara, em prol da palavra vinda de Deus da mesma forma que alguém, diante de uma calamidade, deixa de lado os pertences pelos quais tanto se esforçou em busca da salvação de sua família. Deus lhe mostra a necessidade da sua igreja e lhe entrega a palavra de exortação, encorajamento e confronto para ela.
Judas então segue com a palavra prioritária vinda de Deus. Ele exorta as ovelhas de Cristo a batalhrarem diligentemente pela fé. A pergunta que podemos fazer ao texto é a seguinte: que fé é essa à qual Judas se refere? Existem alguns sentidos que a a bíblia traz para fé, por exemplo a perspectiva de fé pactual, que manifesta fidelidade à Aliança com Deus; a fé epistemológica que manifesta-se em confiança e crença total em Deus; a fé escatológica, que traz a perspectiva de esperança futura de restauração total para os cristãos. Entretanto, apesar de também abranger todos esses aspectos, a fé à qual Judas se refere não trata de nenhuma dessas especificamente. Dois termos nos ajudam a entender que fé é essa:
Primeiramente, Judas diz que as ovelhas de Cristo devem “batalhar diligentemente” pela fé. O sentido é exatamente o de fazer um esforço árduo e extremo, lutar em nome de algo, defendendo-o a qualquer custo.
Depois disso, Judas nos ajuda a entender melhor ainda que fé é essa. Ele diz que essa fé foi “entregue de uma vez por todas” aos santos. O termo “entregue”, do original “paradidomi”, tem o sentido de algo que foi transmitido como tradição, como ensino autoritário e o termo “uma vez por todas”, do original “hapax”, tem o sentido de algo único, realizado uma só vez, sem espaço para novas ocasiões. Judas está declarando que essa fé foi transmitida como ensinamento autoritário uma única vez, não havendo espaço para alterações, revisões, inserções, exclusões ou releituras.
Desse modo, a qual fé Judas se refere? À fé que deve ser confessada com os lábios e com a vida. À fé que nos foi transmitida com autoridade pelo Evangelho, pelas Boas Novas de Cristo e pelos ensinamentos de seus apóstolos. É essa a fé que nos foi transmitida para crermos em Jesus como o Cristo, o Filho de Deus e para guardarmos seus mandamentos que nos faz vencer o mundo e todos os seus ataques (1Jo 5.1-4). É por essa fé que devemos lutar, nos esforçar árduamente ao vivermos ela perseverantes e ao defendê-la dos ensinamentos heréticos dos falsos profetas.
É responsabilidade das ovelhas de Cristo, até a sua segunda vinda, mostrarem que são chamadas, amadas e guardadas ao viverem perseverantemente em obediência às palavras de Cristo e de seus apóstolos, bem como serem guardiãs delas diante dos ataques malignos dos falsos ensinamentos. As ovelhas verdadeiras de Cristo não dão margem alguma para alterações, revisões, inserções, exclusões ou releituras da fé que foi entregue aos santos de Deus pelo Evangelho de Cristo e pelas palavras de seus apóstolos, combatendo os falsos ensinamentos constantemente, seja em suas vidas, seja no mundo em que vivem.

Discernindo os lobos (Judas 4)

Judas 4 (ARA)
Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo.
Judas agora segue para um alerta importante e o grande motivo de sua carta mudar o rumo inicialmente previsto: a fé da Igreja estava sob ataque. Ele declara que “certos indivíduos se introduziram com dissimulação” no meio deles. A ideia aqui é de pessoas que se aproximaram sorrateira e discretamente, em aparência de piedade, mas que na verdade eram verdadeiros lobos disfarçados de ovelhas. Em aparência até parecem ovelhas, professam ser ovelhas , mas proclamam mentiras sedutoras disfarçadas de verdades, atacando a fé santíssima e ameaçando seduzir ovelhas para si. Os olhos e coração humanos não são capazes de discernir quem verdadeiramente são essas pessoas, na verdade, são facilmente seduzidos por elas.
Entretanto, da mesma forma que as ovelhas de Cristo já foram eleitas para a salvação, estes lobos já foram há muito tempo separados “para esta condenação”, mas qual condenação? Exatamente a condenação de serem lobos que vivem aquém da obra redentora e salvífica de Cristo. O próprio Jesus, assim como seus apóstolos posteriormente, já havia alertado para o cuidado que suas ovelhas deveriam ter para com estes homens:
Mateus 7.15–21 (ARA)
Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis.
Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
O que Judas está declarando, à luz das palavra de Cristo e de seus apóstolos, acerca desses homens é que eles até parecem ovelhas, falam como ovelhas, mas o que os discerne das ovelhas de Cristo é exatamente que eles não batalham em nome da fé, eles vivem aquém da vontade de Deus manifesta na fé entregue aos seus santos pelas palavras de Cristo e dos apóstolos. Isso em si já é condenação para eles, porque para esses, as palavras de Cristo declaram: serão cortados e lançados no fogo; não entrarão no reino dos céus.
Agora, Judas começa a descrever os frutos desses homens que não batalham em nome da fé:
Em princípio, eles são “homens ímpios”, ou seja, não batalham em nome da fé santíssima, mas a rejeitam. Não guardam a fé em suas bocas e corações, mas a rejeitam em ambos.
A consequência imediata de rejeitarem a fé santíssima, sen homens ímpios, é que “transformam em libertinagem a graça de nosso Deus”. O termo “transformar” tem o sentido de tirar algo de uma posição e colocar outra coisa no lugar. É exatamente o que esses lobos fazem, olham para a graça e a vontade de Deus diante deles, recusam-nas e tiram-nas de suas frente, colocando seus desejos pecaminosos no lugar. Não só isso, mas profanam a graça da obra de Cristo ao usá-la para defender a prática de seus pecados.
O fim de tudo, é que a rejeitar a fé santíssima, trocarem a graça de Deus pelo envolvimento com todos seus desejos pecaminosos, esses homens “negam o nosso Único Soberano e Senhor”. Eles tornam os seus desejos os senhores de suas vidas, vivem guiados por eles, são servos deles, pertencem a eles. Com isso, negam o Senhorio de Cristo. Como lobos disfarçados de ovelhas professam com suas bocas “Senhor, Senhor!”, mas com suas vidas profanam a fé entregue aos santos, não vencem o mundo e suas concupiscências e não fazem a vontade de Deus, negando assim o Senhorio de Cristo.

Conclusão e aplicações

Se hoje um ano novo se inicia, a mesma guerra continua. Comecei declarando que a Palavra de Deus nesta noite não era em si uma palavra temática para o momento que vivemos, mas uma palavra de lembrança e alerta, uma palavra que nos chama à autoavaliação. A contagem regressiva de toda a criação para o retorno do Rei está em andamento, Ele não tarda. Durante essa contagem regressiva, os servos do Rei não estão de férias, suas ovelhas possuem responsabilidades, elas não podem viver a acomodação dessa vida ano após ano.
Essa é a batalha que discerne ovelhas de lobos. A batalha de perseverar em guardar, proclamar e cumprir a vontade do Pai expressa nas palavras de Cristo e Seus apóstolos. Nessa batalha só existem dois caminhos e dois destinos diferentes, vencer o mundo através da fé que recebemos de uma vez por todas ou rejeita-la e entregar-se ao mundo. Os dois caminhos levam a dois destinos certos: aqueles que atendem ao chamado do Rei entrarão em Seu Reino, mas aqueles que negam o senhorio do Rei, não entrarão em seu reino, serão cortados e lançados no fogo, afinal, como pode alguém pertencer a um reino quando se rejeita o seu Rei?
Nessa batalha quem é você?
Você está entre as ovelhas de Cristo, que batalham firmemente pela fé que receberam, não medindo esforços ou consequências para isso? Se sim, persevere nessa batalha, sem deixar de lado a confiança em Deus. Saiba que Ele é Poderoso para te preservar até o fim na Sua vontade.
Você está entre as ovelhas imaturas, que vacilam constantemente em sua caminhada, sendo seduzidas por ensinamentos que profanam a graça de nosso Senhor e pelas concupiscências deste mundo? Se sim, clame a Deus no Espírito Santo para que te fortaleça nessa batalha ciente de que Ele é Poderoso para te guardar dos tropeços que te levarão aos caminhos de morte.
Ou você está entre os lobos em pele de ovelha que professam com os lábios “Senhor, Senhor!”, mas com suas vidas rejeitam a fé entregue aos santos, quando a palavra de Deus não tem qualquer relevância em sua vida, vivem fascinados e entregues às concupiscências da carne e dos olhos e a soberba da vida, negando o senhorio de Cristo? Se sim, se arrependa dos seus pecados! Não se iluda ano após ano, saiba que a ira de Deus habita sobre você. Clame a Deus para que derrame sobre você a Sua misericórdia, para que você tenha paz com Ele e seja amado por Ele.
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