Do caos, para a ordem
A Identidade do Rei • Sermon • Submitted
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Introdução
Introdução
Você acredita em milagres? Se acredita, qual é a definição de milagres para você?
Geralmente encaramos os milagres como ações sobrenaturais de Deus em um mundo natural, afim de resolver os nossos problemas. Mas será que Jesus operava milagres para isso mesmo? Sob a pespectiva do que muito se vê hoje em dia, o milagre se resume a isso, e considerando que as pessoas posuem probmemas e vivem em busca de solução, o milagre se tornou em uma indústria muito lucrativa. Quanto mais espetaculoso, quanto maior o show da fé, mais multidões.
Hoje falaremos sobre um dos milagres mais conhecidos realizados por Jesus, um milagre que é registrado nos quatro evangelhos e nos traz lições importantissimas.
30 Os apóstolos voltaram à presença de Jesus e lhe relataram tudo o que tinham feito e ensinado. 31 E ele lhes disse:
— Venham repousar um pouco, à parte, num lugar deserto.
Isto porque eles não tinham tempo nem para comer, visto serem muitos os que iam e vinham. 32 Então foram de barco para um lugar deserto, à parte. 33 Muitos, porém, os viram sair e, reconhecendo-os, correram para lá, a pé, de todas as cidades, e chegaram antes deles. 34 Ao desembarcar, Jesus viu uma grande multidão e compadeceu-se dela, porque eram como ovelhas que não têm pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas.
35 Como já era bastante tarde, os discípulos se aproximaram de Jesus e disseram:
— Este lugar é deserto, e já é bastante tarde. 36 Mande essas pessoas embora, para que, indo pelos campos ao redor e pelas aldeias, comprem para si o que comer.
37 Jesus, porém, lhes disse:
— Deem vocês mesmos de comer a eles.
Mas eles disseram:
— Iremos comprar duzentos denários de pão para lhes dar de comer?
38 E Jesus lhes disse:
— Quantos pães vocês têm? Tratem de descobrir!
Eles foram se informar e responderam:
— Cinco pães e dois peixes.
39 Então Jesus lhes ordenou que todos se assentassem, em grupos, sobre a relva verde. 40 E eles o fizeram, repartindo-se em grupos de cem e de cinquenta. 41 Jesus, pegando os cinco pães e os dois peixes, erguendo os olhos para o céu, os abençoou. Depois partiu os pães e os deu aos seus discípulos para que os distribuíssem. E também repartiu os dois peixes entre todos. 42 Todos comeram e se fartaram, 43 e ainda recolheram doze cestos cheios de pedaços de pão e de peixe. 44 Os que comeram os pães eram cinco mil homens.
Este episódio na vida de Jesus e seus discípulos ocorre após Jesus revesti-los de autoridade para pregar e realizar milagres. Foi o primeiro retorno após o desenvolvimento da obra de Deus pelos discípulos (antes, só Jesus fazia). E logo no versículo trinta vemos uma coisa interessante, prestação de contas. Sim, os discípulos foram enviados relataram para Jesus como foi a viagem missionária, tudo que ensinaram e fizeram, de acordo com o que aprenderam com Jesus.
A importância do descanso
A importância do descanso
No versículo trina e um vemos outro princípio interessante, o descanso. O texto diz que esse tempo em missão os discípulos não tinham tempo nem pra comer, indicando uma jornada de muito trabalho. Jesus então recomenda o descanso, assim como o Pai na criação também descansou após a sua jornada de trabalho. Para o cristianismo o descanso é sagrado, mas precisamos entender o princípio bíblico do descanso. Descanso não é oposto ao trabalho, mas a forma como o trabalho deve ser celebrado após uma jornada. Então como cristãos obedecem a Deus nesse princípio? De forma alguma obedecemos esse princípio com a ausência de trabalho, ou produzindo pouco, sendo preguiçoso… Pelo contrário, Deus celebra e valoriza o trabalho. Porém trabalhar sem descanso também é pecado. A produtividade não pode atropelar as necessidades físicas do nosso corpo de descansar. Não devemos descansar porque trabalhar é ruim, mas descansamos porque trabalhar é bom, esse é o descanso que Deus aprova. É pedagógioco para nós Jesus se preocupando com o reestabelecimento físico dos seus discípulos. Não tenha uma vida osciosa, mas saiba a hora de parar, não se renda a uma cultura pecaminosa de produtividade e sucesso.
O olhar de Jesus
O olhar de Jesus
Mas Jesus não tinha muito descanso, mesmo se retirando para um local deserto muitos o avistaram, a noticia se espalhou e logo se formou uma multidão. Jesus estava exausto, os discípulos estavam exaustos, mas ao invés de rcclamar, Jesus se compadeceu. O olhar de Jesus reconhece a necessidade da multidão. Observe, Jesus não se rende à necessidade da multidão por imposição, mas por compaixão. A forma como a multidão estava importou para Jesus.
Em tempos onde a expressão "está tudo bem virou saudação", Jesus nos mostra o que isso de fato significa para Ele e nos traz uma grande lição.
Conversão não é somente sobre fazer, mas sobre ser. Jesus não nos salva para mudar nossas atitudes, mas nossa consciência (metanóia). Isso é importante salientarmos, porque não existe nada mais destrutivo do que fazer algo bom pela motivação errada. Não nos santificamos pela prática das virtudes, como muitas religiões acreditam (até alguns crentes), mas porque Deus nos justificou e santificou respondemos com virtudes a partir de uma nova conciência. Por isso Jesus certa vez disse:
22 Muitos, naquele dia, vão me dizer: “Senhor, Senhor, nós não profetizamos em seu nome? E em seu nome não expulsamos demônios? E em seu nome não fizemos muitos milagres?” 23 Então lhes direi claramente: “Eu nunca conheci vocês. Afastem-se de mim, vocês que praticam o mal.”
Transformar atitudes sem transformar a conciência deixa qualquer um cansado, sobrecarregado e em crise. Você vai fazer e fazer e nuca vai ficar satisfeito. Antes de mudar nossas atitudes, Deus quer mudar nossa consciência, caso contrário seremos meros legalistas que buscam nas obras, no esforço moral ou religioso redenção. Já percebeu que por vezes agimos assim, estamos em busca de influencias que adequem nossas atitudes?
Jesus tem compaixão a partir de um diagnóstico que ele faz da multidão: "ovelhas sem pastor". A ovelha é um animal altamente dependente do pastor, sem o pastoreio a igreja fica vulnerável aos predadores, anda perdida e até mesmo se joga do precipício. Essa é acondição daqueles que estão sem Cristo, pessoas sem referencial, e essa falta de referencial os leva a morte.
Mas após ensinar, pregar o evangelho, a mensagem de arrependimento afim de produzir novo nascimento e não simplesmente adequar as atitudes daquelas pessoas, Jesus e os discípulos percebem que estão diante de um iminente caos. Sim, pessoas com fome podem produzir um grande caos (pessoas que mudam o humor quando estão com fome - MOçambique, caminhão de alimentos).
Do caos, para a ordem
Do caos, para a ordem
Depois de uma longa pregação, as pessoas estavam em um local deserto, onde não havia possibilidade de adquirir alimento e isso preocupa os discípulos. Então vemos as reações dos discípulos e de Jesus, que de alguma forma representa forma como nós lidamos com os problemas.
Solução dos discipulos: "-Despede o pessoal porque não temos como resolver esse problema". Gente com fome é um caos. Você já ficou preso no trânsito e seus filhos com fome? Pois é, imagina aquela multidão de 5 mil homens, fora mulheres e crianças (estima-se 20 mil pessoas). As vezes agimos assim, queremos nos livrar do problema ao invés de resolvê-lo. Por isso Jesus, ao perceber isso, testa queles discípulos a sairem da sua zona de conforto. Jesus estimula a fé daqueles homens a pensarem não mais como homem natural, mas a partir de uma concsciência transformada.
O teste: Jesus então faz uma proposta absurda, manda os discípulos darem de comera todos. Mateus diz que Jesus estava testando a fé dos discípulos ao fazer essa proposta. E a resposta dos discípulos nos dá a dimensão do problema. Eles precisariam de duzentos denários para alimentar todo mundo. Um denário corresponde a um dia de trabalho, logo eles precisariam o equivalente a oito meses do salário de um trabalhador da época. Trazendo para os dias de hoje, seria o equivalente a uns 10 mil rais, considerando que o trabalhador recebia algo equivalente ao salário mínimo brasileiro. Observe, não há nada de absurdo no questionamento dos discípulos, fazem questionamentos que fazem sentido. Para os discípulos, tudo era desfavorável: o lugar era deserto, a hora estava avançada e eles não tinham dinheiro suficiente. Os discípulos enfatizam o que eles não têm.
A solução de Jesus: Jesus pede que eles mostrem os recursos. E eles respondem, cinco pães e dois peixes. Jesus então organiza o grupo, pede que todos se assentem na grama e dividiu em grupos de 50 e 100. Após organizar o grupo uma atitude de Jesus me chama muito atenção. Ele agradece a Deus pelo alimento antes mesmo de multiplicá-lo. Jesus nos mostra que quando caminhamos com Ele, em alguns momentos caminharemos a partir de ordens que sobrepõesm a lógica.
Gratidão: Como esse gesto simples nos dá uma grande lição! Como nós temos a tendencia de agradecer apenas após o problema ser resolvido e nos esqeucemos de agradecer pelos recursos que temos, mesmo que estejamos diante de um caos (uma multidão com fome é uma situação de caos).
A solução: O milagre acontece nas mãos dos discípulos ao servirem a multidão. O milagre vem de Jesus, mas ele acontece enquanto eles serviam. Essa é a beleza da vida cristã, somos cooperadores da obra de Deus, não temos o pão, ele vem das mãos de Jesus, mas temos o privilégio de servir. A obra de Deus acontece através daquilo que Deus coloca em nossas mãos. O serviço a obra de Deus é um privilégio, é saber que está sendo um instrumento, participando do milagre que Deus está operando. Uma vida cristã autêntica é marcada pelo serviço voluntário e alegre, porque é um privilégio, quem não encontra alegria no serviço à Deus mas faz com peso (achando que está fazendo um favor, etc…) tem um problema de ordem espiritual. Não tem como não se maravilhar diante da realidade daquilo que Deus faz, sabendo que o maior milagre Jesus opera trazendo mortos a vida, condenados a liberdade, adotando inimigos como filhos. Interessante observarmos que todos comeram e se fartaram. Um milgre sem senscionalismo.
O que aprendemos aqui?
O que aprendemos aqui?
Que Jesus é um rei compassivo, e que sentir compaixão é diferente de sentir pena. Compaixão é sofrer pela realidade do outro, e transformar esse sofrimento em ação. O evangelho é a maior prova dessa verdade, ao ver nosso estado de morte Jesus sofre por nós em uma ação para nos dar vida. Ele se sacrifica em nosso lugar para nos salvar, ele vence a morte e a vitória Dele é atribuída a nós. Por isso, compreender o evangelho e encarnar o evangelho deve fazer de nós pessoas compassivas. Por isso eu te pergunto:
-Quando foi a última vez que olhar para alguém te fez sofrer e agir?
-Quando foi a última vez que olhar para alguém te fez sofrer e agir?
Jesus nesse momento está mostrando para todos que Ele é o cumprimento de toda a profecia, aquele povo que ouviu, também provou e viu quem de fato era Jesus. Que Ele era aquele prometido de quem Moisés falou, quando ali haviam 12 cestos, e que de alguma forma nos remete as 12 tribos de Israel, apontando que ali estava o novo Israel de Deus que é a igreja. Que Ele também era aquele pastor de quem Davi falou e aquele povo ouviu. Jesus era o pastor Do Salmo 23, quando Ele convoca todos a se assentarem em pastos verdejantes e lhes serve uma refeição. Jesus está dizendo de forma prática, eu sou o bom Pastor, o supremo Pastor de quem Davi falou.
Jesus é o bom pastor, e é a Ele que devemos recorrer sempre. O alimento que Jesus oferece satisfaz plenamente. Jesus tem pão com fartura. Aquele que se alimenta dele não tem mais fome. Ele satisfaz plenamente. Assim como Deus alimentou o povo com maná no deserto, agora Jesus está alimentando a multidão. O mesmo Deus que multiplicou o azeite da viúva está agora multiplicando pães e peixes. O mesmo Jesus que transformou a água em vinho está agora exercendo o seu poder criador para multiplicar os pães e os peixes.
Conclusão
Conclusão
Jesus traz ordem ao caos de forma simples e natural. Isso porque nós temos a tendência de interpretar os milagres como se fossem ações de Deus manifestando o sobrenatural em um mundo natural. Mas sob a pespectiva do evangelho que começa com a criação e logo em seguida a queda, o milagre é Deus fazendo o natural em um mundo caótico. Por conta do pecado convivemos com um caos que não deveria existir, porque antes da queda não exstia o caos, o mundo estava em ordem. Por isso todo o milagre é um sinal, é uma prova, uma pequena antecipação da restauração de todas as coisas quando Deus trará ordem definitva e acabará de uma vez por todas com o caos. Jesus não tinha o objetivo de chamar atenção, mas trazer ordem ao caos, apontando para o dia em que não conviveremos mais com qualquer tipo de escassez e de nada sentiremos falta.
O milagre não tinha como objetivo de simplesmente resolver o problema dos outros. Nós que temos a mania de interpretar assim porque queremos nos relacionar com Deus dessa forma (nossas orações egoístas, como fruto de um coração egoísta). Ao mesmo tempo que Jesus alimenta a multidão, Ele ensina aos discípluos e a nós também que o evangelho nos traz uma nova conciência e não simplesmente uma adequação de atitudes. Nessa nova conciência o problema do outro, não é so problema dele. O evangelho nos convida a se preocupar com a nossa própria vida sem deixar de olhar ao redor, a ponto de ninguém poder sair de perto de nós dizendo que lhes faltou algo.