Missão dada é missão cumprida

glorificando a Deus por meio do cumprimento da missão

Texto: Mc 1.35-39

Introdução:

1. Sempre ouvi muito essa frase por parte dos militares: missão dada é missão cumprida. Para se cumprir a missão ela primeiro precisa ser dada e os que recebem a missão precisam ter disposição e condição de cumpri-la.

2. O Senhor Jesus recebeu uma missão do Pai e o poder do Espírito Santo para realizar a obra que Lhe fora confiada. Jesus no final do seu ministério afirmou: “Eu te glorifiquei na Terra, consumando a obra que me confiaste para fazer” (Jo 17.4). Quando os que recebem uma missão de Deus completam a obra, glorificam o Seu nome.

3. Como cristãos, devemos ter uma vida frutífera pra Deus e glorificar o Seu nome como Cristo glorificou. Ele é o nosso modelo. Jerry Bridges disse que “o caráter frutífero vem de uma grande devoção, e a maior de todas as devoções é o amor de Deus. Uma vida que cresce em amor a Deus se torna como Deus”. “John Owen escreve: “[Amor] cria uma semelhança entre a mente que ama e o objeto amado... Uma mente cheia do amor de Cristo como crucificado... será mudada na sua imagem e semelhança”[1]. Você ama a Cristo? Então você será mudado à sua imagem e semelhança.

S.I.: Você tem glorificado o nome de Deus por meio do cumprimento da missão confiada a você?

Proposição: O sucesso ministerial de Cristo foi possível por causa da sua profunda intimidade com o Pai e radical compromisso com a missão que Lhe foi delegada.

S.T.: Destaco três atitudes de Cristo que são fundamentais para quem também deseja glorificar a Deus por meio do cumprimento da missão:

I) Desejo por estar com Deus (Mc 1.35) – Jesus queria orar.

Jesus não trabalhava para Deus, mas com Deus. Ele não estava sozinho na missão. Ele entendia que a oração precede a missão. Quem faz a obra de Deus em comunhão com Deus sempre terá a direção, o poder e a paz de Deus. John Charles Ryle diz que um mestre tão comprometido com a oração não pode ter servos descomprometidos com ela. Um servo sem oração é um servo sem Cristo, inútil, na estrada da destruição. Quando há pouca oração, a graça, a força, a paz e a esperança são escassas.[2] Querer estar em missão com Deus e não andar com Deus é o mesmo que desejar descobrir as misteriosas belezas das profundezas do oceano mergulhando de snorkel.

Como percebemos no texto esse desejo de Jesus por estar com Deus? Vemos que Ele:

a) Levantou alta madrugada (horário)

b) Saiu para procurar um local solitário (Iniciativa / Local)

· Jesus orava sempre de madrugada? Não!

· Por que ele se levantou esse horário? Será que perdeu o sono?

· Ele não poderia orar onde estava?

O Senhor Jesus sabia que a multidão iria aparecer logo cedo depois de tudo o que viram e ouviram dele no dia anterior. Ele sabia que os discípulos não o deixariam dedicar o tempo que Ele gostaria de ter com o Pai. Ele sabia que precisava estar com Deus para se manter alinhado à Sua vontade e a missão que Lhe fora confiada. Por isso, precisou sair para orar e precisou fazer isso alta madrugada. É importante lembrarmos que Jesus fez tudo isso depois de um dia de trabalho extenuante. Quantos de nós não colocamos na agenda lotada de trabalho a justificativa para a nossa falta de comunhão com Deus? Nós devemos orar com mais empenho se quisermos ter comunhão com o Pai. Devemos orar com mais fervor se quisermos fazer sua obra. Trabalho sem oração é presunção. Sigamos as pegadas do nosso Mestre![3]

Nada deveria impedir a nossa comunhão com Deus. Hernandes Dias Lopes disse: “Em 1997, estive visitando a Igreja do Evangelho Pleno em Seul, na Coréia do Sul. Certa feita, o presidente da Coréia do Sul ligou para o pastor da igreja, Paul Yong Cho. A secretária lhe disse: “O pastor não pode atender o senhor, pois ele está orando”. O presidente, inconformado, retrucou: “Eu sou o presidente da Coréia do Sul e quero falar com ele, agora!”. A secretária, firmemente respondeu: “Ele não vai atender o senhor, pois ele está orando”. Mais tarde, o presidente ligou para o pastor em tom de reprovação, por não ter sido atendido, mas o pastor lhe disse: “Eu não o atendi, porque estava falando com alguém muito mais importante do que o senhor. Eu estava falando com o Rei dos reis e Senhor dos senhores”.[4]

Quando o encontraram, disseram: “Todos te buscam”. Jesus já havia se tornado famoso na região. As pessoas querem Jesus. Querem as suas palavras, os seus toques, os seus milagres. As pessoas desejam solução para os seus problemas e entendem que Jesus pode ajudar.

Quem não buscaria Jesus? Quem não correria para os seus braços em favor de si e dos seus amados?

II) Desejo por obedecer a Deus (Mc 1.37)

a) Jesus sabia o propósito de Deus para sua vida – “para isso é que eu vim”.

b) Jesus era movido por glorificar a Deus através do cumprimento da sua missão (Jo 17.4)

Tudo fica muito mais fácil quando temos convicção do que Deus requer de nós. Jesus sabia que tinha vindo para pregar. “Ele demonstrou sua confiança na supremacia da Palavra e na primazia da pregação. Ele veio para pregar. A pregação estava no centro do seu ministério. Deve estar também no centro da agenda dos apóstolos (At 6:4). É pela pregação que vem a fé salvadora (Rm 10:13–17)”.[5]A convicção da vontade de Deus para nossas vidas é facilmente encontrada na revelação bíblica. Deus tem ordens gerais e específicas para cada um dos seus filhos. Todos devemos pregar o evangelho e fazer discípulos. Você tem obedecido? Todos temos dons espirituais que apontam para a nossa função dentro do corpo de Cristo. Você tem exercitado o seu dom? Todos temos um papel a ser exercido dentro da sociedade e da família. Você tem obedecido a Deus dentro da sua esfera de atuação?

Saber o que Deus requer de nós coletivamente e individualmente ajuda a obedecermos, é claro, mas só saber sem obedecer é o mesmo que abortar uma gestação no meio. O conhecimento impele ao cumprimento e o cumprimento dá valor ao conhecimento. Nosso texto diz que: “Levantando-se alta madrugada, saiu”; “Jesus, porém, lhes disse: Vamos a outros lugares [...] então, foi por toda a Galileia”. Nosso Senhor tomou iniciativa para fazer o que precisava ser feito. Os planos não ficaram no papel, nos pensamentos, eles foram concretizados.

Quero te desafia a fazer uma lista do que você sabe que é a vontade de Deus, claramente revelada nas Escrituras, e criar um plano de ação para que elas sejam colocadas em prática neste próximo ano. Esqueça o que ficou pra trás, avance para o que está diante de você. Errou? Peça perdão e siga em frente. Não deixe que seus fracassos do passado te impeçam de viver as bênçãos do futuro. Lembre-se, Deus não é glorificado no nosso conhecimento, mas em completarmos a obra que Ele nos confiou a fazer. Glorificar a Deus deveria ser a força que nos motiva a agir.

III) Desejo por agradar a Deus (Mc 1.37)

O Senhor Jesus tinha um desejo profundo de agradar a Deus em todas as coisas. Lemos em Jo 4.34: “Disse-lhes Jesus: A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra”. Em Jo 8.29: “E aquele que me enviou está comigo, não me deixou só, porque eu faço sempre o que lhe agrada”. Destaco que a comida de Jesus era fazer a vontade de Deus. Isso é o que Lhe sustentava, dava-Lhe força. Destaco também para a constância que Jesus agradava ao Pai, “sempre”.

Alguém pode até conhecer a vontade de Deus e obedecer, mas sem o prazer em fazer isso. Já viu uma criança obedecendo ao Pai de cara feia? Pois é, muitas vezes somos como essas crianças que obedecem fazendo birra. A obediência deve ser inteira, imediata, mas também deve ser interna, do coração. Devemos ter prazer em agradar ao nosso Deus.

a) Quem ama a Deus busca agradá-Lo acima de tudo e de todos.

Jesus tinha uma encruzilhada diante de si, voltar para a casa da sogra de Pedro e ajudar as pessoas que O haviam procurado ou seguir adiante para outros povoados. Jesus era um homem do povo, mas não governado pela vontade do povo. Não é fácil ter a paz de espírito que Jesus tinha. A escravidão pela aprovação dos homens e o medo das críticas muitas vezes nos fazem perder o foco do que Deus deseja de nós. O pior é quando o foco está firme, mas não se encontra força para fazer o que precisa ser feito. Muitos amam tanto a glória dos homens, a aprovação dos homens, que rejeitam a glória de Deus e deixam de agradá-Lo. Jesus foi firme na sua decisão e segui na direção da agenda de Deus para Ele não se importando com a opinião das pessoas. Para abençoar outros povoados Ele precisou deixar o povoado em que estava. Para curar alguns, precisou deixar outros doentes. Se Jesus vivesse para agradar os homens Ele não teria cumprido a missão que Deus havia delegado pra Ele.

Tanto nós quanto aqueles com quem convivemos precisamos compreender que estamos limitados pelo tempo e pelo espaço. Não conseguimos nos dividir. É preciso, por amor a Deus e aos irmãos, de discernimento para saber quando ficar e quando partir. Quanto voltar e quando seguir adiante. Quando continuar ministrando a uma pessoa e quando seguir em frente para ministrarmos a outros que também precisam.

Tudo isso só acontecerá a partir do momento que soubermos qual, de fato, é a vontade de Deus para as nossas vidas e estivermos livres do desejo da aprovação dos homens.

Você sabe o que Deus espera de você? Você tem procurado agradá-Lo fazendo o que Ele requer de você? Faça uma lista do que Deus espera de você, coloque em ordem de prioridade e faça uma agenda. Se você não fizer a sua agenda, outros farão. Pessoas bem intencionadas demandarão você. Projetos maravilhosos e edificantes surgirão para te atrair, cuidado! Nem tudo que é de Deus é de Deus para você. Siga na direção que Deus tem mostrado! Se Jesus estivesse voltado e ministrado àqueles que o procuravam Ele estaria fazendo uma coisa boa, mas que não era de Deus pra Ele naquele momento. Conhecer a vontade de Deus para nossas vidas e manter uma vida de oração constante com certeza nos ajudarão a tomarmos decisões mais acertadas.

Conclusão:

Assim como o Senhor Jesus, todos nós recebemos uma missão e a capacitação para realiza-la. Devemos viver nossas vidas levando em consideração o que Deus deseja pra nós. Devemos seguir em obediência à agenda que Deus quer de nós. Cristo glorificou o Pai consumando a obra que Lhe foi confiada. Seja diligente no cumprimento da sua missão. Glorifique a Deus. Deseje sua presença, alegre-se na obediência à Sua vontade e busque agradar a Deus acima de tudo e todos.

[1]Bridges, Jerry. A vida frutífera (p. 9). Editora Cultura Cristã. Edição do Kindle. [2] Hernandes Dias Lopes, Comentários Expositivos Hagnos: Marcos - O evangelho dos milagres; Marcos: O evangelho dos milagres (São Paulo: Editora Hagnos, 2006), 98–99. [3] Hernandes Dias Lopes, Comentários Expositivos Hagnos: Marcos - O evangelho dos milagres; Marcos: O evangelho dos milagres (São Paulo: Editora Hagnos, 2006), 99. [4] Hernandes Dias Lopes, Comentários Expositivos Hagnos: Marcos - O evangelho dos milagres; Marcos: O evangelho dos milagres (São Paulo: Editora Hagnos, 2006), 100. [5] Hernandes Dias Lopes, Comentários Expositivos Hagnos: Marcos - O evangelho dos milagres; Marcos: O evangelho dos milagres (São Paulo: Editora Hagnos, 2006), 101.