O Rei que se revela

A Identidade do Rei  •  Sermon  •  Submitted
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Introdução

Você em ou já teve aquele amigo que sempre te coloca em uma cilada? Aquele amigo que sempre que te chama para fazer alguma coisa ou ir a algum lugar você sabe que vai dar "ruim".
Pois é, as vezes nós nos relacionamos com Deus exatamente assim, como se a vida cristã fosse um eterno dilema entre uma obediência infeliz e uma desobediência alegre. O episódio na vida de Jesus que leremos hoje no evangelho de Marcos fala sobre um momento onde a obediência dos discípulos a Jesus os levou para uma situação bem complicada.
Marcos 6.45–56 NAA
45 Logo a seguir, Jesus fez com que os seus discípulos entrassem no barco e fossem adiante dele para o outro lado, para Betsaida, enquanto ele despedia a multidão. 46 E, tendo-os despedido, ele subiu ao monte para orar. 47 Ao cair da tarde, o barco estava no meio do mar, e Jesus estava sozinho em terra. 48 De madrugada, vendo que os discípulos remavam com dificuldade, porque o vento lhes era contrário, Jesus foi até onde eles estavam, andando sobre o mar; e queria passar adiante deles. 49 Eles, porém, vendo-o andar sobre o mar, pensaram tratar-se de um fantasma e gritaram. 50 Pois todos viram Jesus e ficaram apavorados. Mas Jesus imediatamente falou com eles e disse: — Coragem! Sou eu. Não tenham medo! 51 Então subiu no barco para estar com eles, e o vento cessou. Ficaram totalmente perplexos, 52 porque não haviam compreendido o milagre dos pães, pois o coração deles estava endurecido. 53 Estando já no outro lado, chegaram à terra de Genesaré, onde atracaram. 54 Saindo eles do barco, o povo logo reconheceu Jesus. 55 E eles, percorrendo toda aquela região, começaram a trazer em leitos os enfermos e os levavam para onde ouviam que ele estava. 56 Onde quer que ele entrasse, nas aldeias, cidades ou campos, punham os enfermos nas praças, pedindo-lhe que os deixasse tocar ao menos na borda da sua roupa. E todos os que tocavam nela ficavam curados.
Jesus e seus discípulos estavam cansados, eles planejaram férias e forram frustrados (uma multidão que precisava ser ensinada e alimentada), e isso é muito ruim (Cabo Frio - compra coletiva). Além disso, receberam uma notícia ruim, a decaptação de João Batista, e para coroar essa sequência, Jesus manda os discípulos para o olho da tempestade. Observe, Jesus não sugeriu aquela viagem de barco, mas os compeliu a fazer isso.

Somos guiados por seus planos (Marcos 6:45)

Marcos 6.45 NAA
45 Logo a seguir, Jesus fez com que os seus discípulos entrassem no barco e fossem adiante dele para o outro lado, para Betsaida, enquanto ele despedia a multidão.
Jesus fez com que os discípulos entrassem no barco e fossem adiante. Em outras versões a tradução diz que Jesus os compeliu a fazer isso. O texto usa uma expressão que indica uma intencionalidade de Jesus em mandar os discípulos entrarem no barco para aquela viagem. Interessante que Jesus não vai com eles, ou seja, Ele intencionalmente se separa dos discípulos.
“Sua navegação não foi meramente sob sua sanção, mas por seu comando expresso. Eles estavam no lugar certo e, no entanto, enfrentaram uma terrível tempestade” Charles Spurgeon
Jesus propositalmente os colocou em apuros! Jesus pode realmente nos colocar em problemas e dificuldades, mas com um propósito redentor. Quando isso ocorre, nossa compreensão de Sua providência e poder é aumentada. É nesse lugar que a nossa fé cresce, e também a nossa dependência de Deus e somente de Deus. Seus planos nem sempre são fáceis ou o que queremos, mas são sempre os melhores. Acredite! Não duvide.
Mas por que Jesus faz isso? Interessante observarmos que essa atitude de Jesus não é explicada por Marcos, porém no evangelho de João encontramos um registro interessante.
João 6.14–15 NAA
14 Quando as pessoas viram o sinal que Jesus havia feito, disseram: — Este é verdadeiramente o profeta que devia vir ao mundo. 15 Jesus ficou sabendo que estavam para vir com a intenção de fazê-lo rei à força. Então ele se retirou outra vez, sozinho, para o monte.
Observe que Jesus se despede primeiramente dos discípulos e depois se despede da multidão, e quando olhamos para a explicação de João, percebemos que de alguma forma Jesus estava os livrando da tentação. O povo nutria expectativas equivocadas a respeito de Jesus, eles queriam um libertador político, por isso queriam coroá-lo a força. Essa popularidade poderia confundir também os discípulos que poderiam sim se iludirem com essa possibilidade (seriam os amigos mais próximos do rei). O desejo da multidão era legítimo, afinal de contas vivam sob a realidade de um governo opressor. Jesus estava no auge da sua popularidade, mas Ele não se deixou levar por isso, embora hoje em dia a popularidade esteja fazendo isso com muitas pessoas que foram chamados para fazer a obra de Deus (a popularidade como oportunidade para projetos políticos, negócios, etc…). Mas diante disso, o que Jesus faz? Ele ora.

Somos encorajados por Suas orações (Marcos 6.46)

Marcos 6.46 NAA
46 E, tendo-os despedido, ele subiu ao monte para orar.
Jesus deixa a multidão, sobe a uma montanha e ora. O que aprendemos? Sempre que enfrentava um momento crítico, Jesus orava. Na maioria das vezes, ele se afastava e orava em particular. Em cada instância, tons de conflito e guerra espiritual estavam no ar (cf. Ef 6:18). A oração por Jesus foi intensa. Era guerra. John Piper diz muito bem: “Até que você acredite que a vida é uma guerra, você não pode saber para que serve a oração” (“Prayer”). Jesus sabia disso melhor do que qualquer um de nós. É interessante observarmos que do ponto de vista humano Jesus estava em um bom momento, no auge da usa popularidade (queriam coroá-lo rei). Tendemos a orar mais em momentos de dificuldade, mas Jesus orava sempre. Momentos favoráveis devem nos levar orar da mesma forma que nos momentos difíceis. Jesus aqui ora por ele, pela multidão e certamente pelos discípulso. A oração nos encoraja nos maus, mas também coloca nosso coração no centro para que não sejamos seduzidos pela soberba da vida.

Somos abençoados pelo Seu poder (Marcos 6.47-50)

Marcos 6.47–50 NAA
47 Ao cair da tarde, o barco estava no meio do mar, e Jesus estava sozinho em terra. 48 De madrugada, vendo que os discípulos remavam com dificuldade, porque o vento lhes era contrário, Jesus foi até onde eles estavam, andando sobre o mar; e queria passar adiante deles. 49 Eles, porém, vendo-o andar sobre o mar, pensaram tratar-se de um fantasma e gritaram. 50 Pois todos viram Jesus e ficaram apavorados. Mas Jesus imediatamente falou com eles e disse: — Coragem! Sou eu. Não tenham medo!
Agora é tarde, era entre 3:00 e 6:00 da manhã. O barco está no mar e Jesus está sozinho na terra desfrutando da comunhão de oração com Seu Pai. Ele os vê (milagrosamente!) os discíplos lutando contra as ondas do mar. Sem dúvida movido novamente pela compaixão, Ele faz o que ninguém havia feito antes ou depois: “Ele veio para eles andando sobre o mar”. Caminhando talvez vários quilômetros na escuridão total, nosso Senhor abre caminho para aqueles a quem chamou, ama e cuida. Ele sabe onde eles estão e o que estão passando.
Observe no versículo 48 o texto diz que Jesus queria passar adiante deles, a frase não significa que Ele simplesmente pretendendia ir ao lado deles. Há, no entanto, uma melhor compreensão dessa frase enraizada no entendimento do Antigo Testamento de uma teofania, uma aparição e manifestação do próprio Deus. Em Êxodo 33:18,20-23, Moisés disse:
Êxodo 33.18 NAA
18 Então Moisés disse: — Peço que me mostres a tua glória.
Êxodo 33.20–23 NAA
20 E acrescentou: — Você não poderá ver a minha face, porque ninguém verá a minha face e viverá. 21 Disse mais o Senhor: — Eis aqui um lugar perto de mim, onde você ficará sobre a rocha. 22 Quando a minha glória passar, eu porei você numa fenda da rocha e o cobrirei com a mão, até que eu tenha passado. 23 Depois, quando eu tirar a mão, você me verá pelas costas; mas a minha face ninguém verá.
E em 1Reis 19.11 vemos este encontro com Elias: "Então Ele disse: 'Saia e fique na montanha na presença do Senhor'. Naquele momento, o Senhor passou." Assim como o Senhor “passou por” Moisés no Sinai e Elias no Horebe, agora o Deus do Antigo Testamento, que é Cristo, “queria passar” por Seus discípulos para que pudessem ver Sua glória e crer! Somente Deus pode andar sobre as águas, e Jesus está mostrando a eles, sem sombra de dúvida, quem Ele é! Infelizmente, os discípulos ainda não viam naquele momento. Eles veem alguém andando sobre o mar e concluem que é um “fantasma". Não é surpresa que eles gritem de terror. Suspeito que todos nós teríamos a mesma reação. Um homem - não, Deus - andando sobre o mar não é algo que você vê todos os dias ou todas as noites.
Em Mateus 14:28-31 nos é dado o registro de Pedro saindo do barco, andando sobre a água, afundando e sendo resgatado. Mas Marcos está mais interessado naquele que anda sobre as águas do que naqueles que estão no barco. “O pão da vida” (João 6:35) acaba de alimentar cinco mil homens, além de mulheres e crianças. Aquele que nos dá “água viva” (João 7:38) acaba de caminhar sobre as águas. Marcos escolhe se concentrar Nele e em Seu poder para salvar e libertar.
A ênfase que tanto Marcos quanto Mateus e João dão a Jesus nesse episódio, uma vez que acena com Pedro só é relatada por Mateus (tendência de ver Pedro como protagonista nesse episódio), nos traz a lição mais importante que toda narrativa bíblia apresenta: Só existe um herói, só existe um protagonista e esse é Jesus! É comum você encotrar pregações que ficam tentando encontrar na bíblia exemplos de heróis para você se espelhar. Quantas vezes você ouviu uma mensagem que dizia que você precisava da coragem de Davi para vencer seus gigantes, a fé de Noé para construir sua arca, a perseverança de Neemias e por aí vai… Meu irmão e minha irmã, não é sobre isso que a bíblia está nos ensinando! Ela conta uma grande narrativa de redenção que aponta para um único heroi (que detém todo o poder), e não é um livro com vários exemplos de heróis para que você também seja um heroi e protagonista da sua vida.

Somos abençoados por quem Ele é (Marcos 6.50-51)

Marcos 6.50–51 NAA
50 Pois todos viram Jesus e ficaram apavorados. Mas Jesus imediatamente falou com eles e disse: — Coragem! Sou eu. Não tenham medo! 51 Então subiu no barco para estar com eles, e o vento cessou. Ficaram totalmente perplexos,
Este evento milagroso não foi apenas sobre Jesus resgatar os discípulos de seu problema. Foi uma manifestação de Sua divindade. Agora Ele acrescenta Suas palavras. Procurando acalmar o terror dos Doze, Jesus fala-lhes gentilmente dizendo: “Tenham coragem!”
Primeiramente, os discípulos estão no lugar de obediência, e Jesus está lá.
Em seguida, Ele diz: “Sou eu”.
Em terceiro lugar, Ele diz: “Não tenha medo”, uma ordem dizendo-lhes para parar uma ação em andamento: “Pare de temer!”.
“Então Ele entrou no barco com eles, e o vento cessou”. A resposta deles? “Eles ficaram completamente surpresos.” Mas agora vamos considerar a afirmação: “Sou eu”. No grego é simplesmente “eu sou”. "Tenha coragem!" Jesus diz: “Eu sou”. Estas são as palavras que Deus falou a Moisés na sarça ardente!
Êxodo 3.13–14 NAA
13 Moisés disse para Deus: — Eis que, quando eu for falar com os filhos de Israel e lhes disser: “O Deus dos seus pais me enviou a vocês”, eles vão perguntar: “Qual é o nome dele?” E então o que lhes direi? 14 Deus disse a Moisés: Eu Sou o Que Sou. Disse mais: — Assim você dirá aos filhos de Israel: “Eu Sou me enviou a vocês.”
Nosso Salvador declara ser o grande “EU SOU” (João 8:58) que conduziu os hebreus para fora do Egito e com segurança através das águas do Mar Vermelho. Jesus não só anda onde só Deus pode andar, mas também carrega o nome de Deus! O “EU SOU” passou, mostrando e declarando Sua divindade. A divindade está no barco! Os discípulos estão maravilhados, mas ainda não entenderam, e não entenderão até a ressurreição.
Esté o objetivo de Deus quando sabemos quem Ele é, revelar a sua glória. Todas as circunstâncias tem o mesmo objetivo, quando andamos com Deus. A glória de Deus é revelada quando na adversidade o crente anda em sobriedade. Quando diante da morte o crente não se desespera. Da mesma forma que nós provamos da bondade de Deus nos dias bons. Jesus aqui está mostrando que não era somente homem perfeito, mas que Ele é Deus. Conhecer a Deus é a coisa mais importante para nós, é a razão da nossa existência. Portanto, conhecer a Deus e fazê-lo conhecido é a coisa mais importante para quem caminha com Deus. Quem conhece a Deus não permanece igual, os discípulos sairam diferentes daquela experiência. Jesus não criticou o medo dos discípulos, mas anunciou que estava com eles, por isso não havia mais razão para o medo.

Somos Abençoados por Sua Compaixão (Marcos 6:52)

Marcos 6.52 NAA
52 porque não haviam compreendido o milagre dos pães, pois o coração deles estava endurecido.
Mais uma vez vemos os discípulos sendo expostos por sua falta de confiança em Jesus. O milagre “sobre os pães”, a alimentação de cinco mil, não causou neles uma impressão duradoura. Eles permanecem na ignorância e seus corações estão se tornando insensíveis. Acredite ou não, encontro encorajamento aqui. Eu me vejo neles. Há esperança! Jesus poderia alimentar 20.000 pessoas. Ele já havia acalmado o mar (4:35-41). Ele não poderia protegê-los também nesta situação? Dizemos: “Sim, Deus, sei que podes e que fizeste determinada coisa no passado (alguma ação de Deus na vida de alguém), mas minha situação é diferente. Eu sei que você pode fazer o impossível, mas minha situação é além do impossível.” Não é assim com o Deus de Lucas 1:3737 Porque para Deus não há nada impossível.”
Neste momento, os discípulos não recebem nenhuma repreensão de seu Mestre, porque Ele é o pastor compassivo. Jesus sabia que eles ainda tinham muito a aprender e suportar. Ele não desiste deles. Louvado seja Deus, Ele também não desistiu de nós em nossa ignorância e dureza de coração! Jesus é Aquele em quem devemos ter fé.

Conclusão

J. I. Packer, um teólogo canadence no seu conhecido Livro "O conhecimento de Deus diz: O verdadeiro Deus é grande e terrível, apenas porque Ele está sempre comigo e Seus olhos estão sempre sobre mim. Viver se torna um negócio incrível quando você percebe que passa cada momento de sua vida na presença e na companhia de um Criador onisciente e onipotente” . Jesus te conhece melhor do que você mesmo. Ele ama você mais do que você ama a si mesmo (o que é muito). Ele é mais compassivo do que você jamais poderia esperar. Ele é mais poderoso do que você jamais poderia imaginar. E Ele conhece suas necessidades mais perfeitamente do que você ou eu jamais poderíamos compreender. Este “Pão da Vida” permitiu que Seu corpo fosse partido para que sua alma pudesse receber o alimento espiritual de que necessitava. Ele caminhou pelas águas tempestuosas pela noite escura que levava à cruz, para que pudesse nos resgatar e nunca mais ficarmos apavorados ou com medo. Por meio do toque maravilhoso de Suas mãos redentoras e sangrentas, podemos ser curados para sempre das doenças do pecado e curados para sempre. Ele atravessou as águas tempestuosas do julgamento em nosso lugar e levou nosso pecado em Seu próprio corpo.
Jesus não diz, seja corajoso, acredite em você mesmo, mas tenha coragem porque "EU SOU".
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