O Bezerro de Ouro | Mediação e Juízo
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· 14 viewsO exemplo de Moisés nos ensina sobre santidade, amor pelos que pecam, intercessão e confiança no juízo divino.
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Êxodo 32.1-35
Êxodo 32.1-35
INTRODUÇÃO
A escrita hebraica possui características específicas que em sua maioria é distinta da nossa.
A escrita ser da direita para a esquerda talvez seja uma das mais evidentes diferenças. Outro fato é que era algo muito comum para os hebreus, escrever textos em estruturas que chamassem a atenção do leitor, dando assim a ênfase que gostaria de dar.
Quando olhamos para o livro de Êxodo, podemos enxergar ele sendo dividido em duas partes:
Capítulo 1 ao 18 como sendo o relato de escravidão, libertação e jornada pelo deserto.
Dos capítulos 19 ao 40 é relatada a aliança de Deus no monte Sinai, incluindo os 10 mandamentos, ordem para construção do tabernáculo e a maneira que deveriam construir.
Se você abrir a sua bíblia no capítulo 25, vai perceber que até o capítulo 31 é onde encontramos as ordens de Deus de como deveria ser construído o tabernáculo, e dos capítulos 35 ao 40, temos o povo obedecendo a Deus. Então temos a sessão das ordens, e a sessão do cumprimento dessas ordens.
Só que entre essas duas sessões, existe o relato que iremos estudar nessa manhã que é a construção do bezerro de ouro, e através da leitura do capítulo, tiraremos algumas lições para a nossa vida.
DESENVOLVIMENTO
PARTE I - IDOLATRIA DO POVO - V. 1-9
Mas, vendo o povo que Moisés tardava em descer do monte, acercou-se de Arão e lhe disse: Levanta-te, faze-nos deuses que vão adiante de nós; pois, quanto a este Moisés, o homem que nos tirou do Egito, não sabemos o que lhe terá sucedido. Disse-lhes Arão: Tirai as argolas de ouro das orelhas de vossas mulheres, vossos filhos e vossas filhas e trazei-mas.
Até que que acontece uma mistura idolatria com ordens que o próprio Deus havia dado, pois em
No dia seguinte, madrugaram, e ofereceram holocaustos, e trouxeram ofertas pacíficas; e o povo assentou-se para comer e beber e levantou-se para divertir-se.
A ideia do texto é que tão prontamente as pessoas estavam dispostas a adorarem outros deuses (algo que havia sido proibido por Deus no capítulo 20, e fazerem sacrifícios a eles.
Para o leitor do livro de Êxodo, tendo em mente a história do povo ao saírem do Egito, vivenciando os milagres realizados por Deus tanto no Egito quanto no deserto para alimentá-los por meio do Maná e pela coluna de nuvem e de fogo, agora diante de uma atitude de rebelião, eles estão perdidos.
Esse relato sobre a rebelião do povo ao construir um bezerro de ouro nos traz uma verdade muito profunda só que muitas vezes ignorada por nós: que no final das contas, tanto de dia quanto de noite, a única coisa que temos de fato é a presença de Deus. E semelhantemente ao povo de Israel, ignoramos a presença de Deus por algo que julgamos ser melhor do que o Eterno.
Pelo que você tem trocado a Deus? Por quais motivos você tem achado que é melhor trocar Aquele que te livra da escravidão do pecado para seguir um outro caminho que te conduz novamente para o Egito?
PARTE II - A PROPOSTA PARA MOISÉS - V. 10
E no versículo 10, Deus apresenta uma proposta a Moisés.
Agora, pois, deixa-me, para que se acenda contra eles o meu furor, e eu os consuma; e de ti farei uma grande nação.
Agora imagine a cena:
De um lado (o fiel) - Moisés que está no monte, conversando face-a-face com Deus, está sendo fiel desde o capítulo 3, em que foi chamado por Deus para libertar o povo da escravidão do Egito.
Do outro lado (os idólatras) - nós temos Arão, que ficou responsável por cuidar do povo mas cedeu a pressão de abandonar não somente a Moisés, mas o Deus que estava com Moisés no monte.
Deus então apresenta uma proposta para Moisés: O povo se entregou à idolatria, me abandonou. Vou destruí-lo e através de você que está sendo fiel, farei uma grande nação.
A tentação do coração de Moisés nesse momento foi qual? Uma possibilidade é o que muitas vezes chamamos de “orgulho santo” em que ele estava sendo fiel a Deus, enquanto o restante estava em desobediência.
E sobre desobediência podemos entender de duas maneiras:
A desobediência consciente, em que a pessoa sabe o que é correto e decide não obedecer. A isso chamamos de rebeldia.
Outra forma é a desobediência em que alguém comete algo errado, ainda que essa pessoa não saiba que isto é errado.
No caso específico dos hebreus no relato que estamos lendo, eles estavam agindo de maneira consciente, pois logo no capítulo 20 Deus já os havia orientado a respeito de não terem outros deuses nem mesmo faze imagem ou escultura.
PARTE III - PRIMEIRA INTERCESSÃO DE MOISÉS PELO POVO - V. 11-14
Porém, ao invés de Moisés aproveitar-se da proposta que Deus havia dado a ele, decide na verdade interceder em favor do povo ao falar ao Senhor de como as outras nações veriam o caráter de Deus.
Interessante notar que o argumento que Moisés usa para que Deus venha agir com misericórdia com o povo não é em nenhum momento algo de bom que eles fizeram ou por serem um povo especial. O motivo pelo qual Moisés pede de Deus perdão é o próprio caráter de Deus e as alianças e promessas que o próprio Deus fez com os patriarcas.
Isso nos leva a pensar que quando Deus faz a proposta para Moisés de destruir o povo e continuar através da descendência de Moisés a sua promessa, tem a ver com uma proposta reflexiva, em que Deus deseja gerar uma atitude no coração daquele que o ouve. Vemos isso acontecendo quando os profetas usam de histórias e parábolas para levar os reis e o povo a um pensamento. Jesus, no Novo Testamento, se utiliza através das parábolas também.
PARTE IV - A MORTE DOS IDÓLATRAS - V. 15-29
Nos versículos seguintes, o texto relata a indignação de Moisés diante da idolatria do povo. Ele desce com as tábuas escritas por Deus, contendo mandamentos na frente e atrás conforme lemos em
E, voltando-se, desceu Moisés do monte com as duas tábuas do Testemunho nas mãos, tábuas escritas de ambos os lados; de um e de outro lado estavam escritas.
E então
Logo que se aproximou do arraial, viu ele o bezerro e as danças; então, acendendo-se-lhe a ira, arrojou das mãos as tábuas e quebrou-as ao pé do monte;
Mas por qual motivo Moisés decide quebrar as tábuas da aliança? Ele quebra as tábuas que eram a materialização da Aliança de Deus com o povo. E quebrá-las representa a Aliança então quebrada devido à idolatria e rebelião do povo.
Depois de destruir o bezerro de ouro, ele então chama os levitas e ordenada que executem idólatras dentre o povo numa espécie de fazer justiça diante do erro.
PARTE V - MOISÉS INTERCEDE NOVAMENTE PELO POVO - V. 30-35
Mesmo depois de ordenar a morte dos idólatras com a ajuda dos levitas, ainda sim Moisés declara em
No dia seguinte, disse Moisés ao povo: Vós cometestes grande pecado; agora, porém, subirei ao Senhor e, porventura, farei propiciação pelo vosso pecado.
Provavelmente Moisés entendeu que a atitude com as próprias mãos não resolve o problema de desobediência e erro do outro.
Embora exista repreensão e disciplina com aqueles que estão em pecado, mesmo que seja feita de maneira amorosa e redentiva como costumamos chamar, somente arrependimento pessoal é que é capaz de trazer a real mudança necessária para aquele que está no erro. Isso não quer dizer que orientar, repreender e disciplinar sejam coisas erradas, mas é importante termos em mente que essas coisas em si não são suficientes.
Moisés então decide entregar nas mãos de Deus um pedido
Agora, pois, perdoa-lhe o pecado; ou, se não, risca-me, peço-te, do livro que escreveste.
Quando lemos as palavras de Moisés, precisamos entender a profundidade e o significado do que ele está declarando para o Deus Eterno. Na cultura Egípcia, quando alguém morria e era escrito por toda a parede do seu túmulo a história da sua vida. Em certa parte dos desenhos, existiam quadrados em que eram escritos o nome da pessoa - que significava o desejo da pessoa em ter a vida eterna. E quando essa pessoa tinha inimigos, eles invadiam a túmulo, riscavam o nome da pessoa para que ela não fosse salva. Então quando Moisés diz para Deus para riscá-lo do livro de Deus, ele está usando uma expressão egípcia que significa “não me dê a salvação”.
Já refletimos sobre a proposta que Deus fez para Moisés de fazer através dele uma grande nação no versículo 10 e então destruir o povo. Só que agora, o que vemos é Moisés trazendo uma proposta para Deus em que ou Deus perdoava o povo do pecado que haviam cometido, ou então que Deus tirasse dele a salvação.
E a pergunta que o texto nos levante diante dessa proposta é: Teríamos nós, hoje, a coragem de fazer o mesmo pedido para Deus? Chegarmos diante de Deus e orar: “Senhor, perdoa o fulano, salva ele, ou então não me dá a salvação”?
Qual a disposição que o seu coração tem diante daquele que está em pecado: de condenação e busca por justiça própria como Moisés tentou com os levitas? Ou um olhar de misericórdia e mediador com o Eterno?
Deus declara em
Êxodo 32.33–34 (ARA)
Então, disse o Senhor a Moisés: Riscarei do meu livro todo aquele que pecar contra mim. Vai, pois, agora, e conduze o povo para onde te disse; eis que o meu Anjo irá adiante de ti; porém, no dia da minha visitação, vingarei, neles, o seu pecado.
O que Deus está apresentando para Moisés é que existe sim condenação para o pecado, mas enquanto o dia da condenação não vem, é certo que a presença do Anjo estará com eles para receberem o perdão diante do seu arrependimento. Mas como teriam o perdão?
Ora, Moisés costumava tomar a tenda e armá-la para si, fora, bem longe do arraial; e lhe chamava a tenda da congregação. Todo aquele que buscava ao Senhor saía à tenda da congregação, que estava fora do arraial.
Todos os que estavam verdadeiramente arrependidos, e desejavam voltar ao Senhor, eram instruídos a dirigirem-se para ali [na tenda da congregação] a fim de confessarem seus pecados e buscarem Sua misericórdia.
Patriarcas e Profetas, p. 285-286
CONCLUSÃO
A história de Moisés e o pecado do povo termina nos apresentando pelo menos 3 coisas:
O papel que Moisés exerceu foi de se colocar como mediador não apenas em palavras, mas com a própria vida pelos pecadores.
A condenação pelo pecado é uma obra divina que Deus realizará sem dúvida.
Enquanto Deus não age com seu juízo sobre os que pecam, existe a tenda da congregação para que o povo encontre perdão.