A atração mortal do legalismo

A Identidade do Rei  •  Sermon  •  Submitted
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Introdução

Marcos 7.1–8 NAA
1 Os fariseus e alguns escribas, vindos de Jerusalém, reuniram-se em volta de Jesus. 2 Eles viram que alguns dos discípulos de Jesus comiam pão com as mãos impuras, isto é, sem lavar. 3 Porque os fariseus e todos os judeus, observando a tradição dos anciãos, não comem sem lavar cuidadosamente as mãos. 4 Quando voltam da praça, não comem sem se lavar. E há muitas outras coisas que receberam para observar, como a lavagem de copos, jarros e vasos de metal e camas. 5 Os fariseus e os escribas perguntaram a Jesus: — Por que os seus discípulos não vivem conforme a tradição dos anciãos, mas comem com as mãos impuras? 6 Jesus respondeu: — Bem profetizou Isaías a respeito de vocês, hipócritas, como está escrito: “Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. 7 E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos humanos.” 8 — Rejeitando o mandamento de Deus, vocês guardam a tradição humana.
Você conhece alguem assim: Um frequentador assíduo dos cultos e todas as programações da igreja. Ele lê Bíblia diariamente e memoriza muitos versículos. Ele fica feliz quando tem a oportunidade de fazer uma oração em público durante o culto. Ele é totalmente ortodoxo em sua teologia, acredita no céu e no inferno (infelizmente é um conceito que está fora de moda). É um homem de família e excelente cidadão. Sua reputação na igreja e na sociedade é irrepreensível. Se alguma pessoa já ganhou o direito de ir para o céu, ésta é a pessoa. Sua religião é certamente algo para se admirar. Mas infelizmente, este é um homem pode estar indo para o inferno. Acabei de apresentá-lo a um fariseu do século XXI! Um fariseu no primeiro século não era desprezado como legalista. Não, ele era considerado um cidadão modelo e uma pessoa de piedadosa e religiosa (o exemplo perfeito do que é ser um cidadão de bem). Infelizmente, os fariseus tinham, como diz Paulo, um “zelo de Deus, mas não com entendimento” (Rm 10:2).
Surpreendentemente, podemos ter uma paixão por Deus, mas não conhecê-lo. Podemos ser enganados, capturados e escravizados pela atração mortal do legalismo. Tragicamente, aqueles que foram criados na igreja são os mais suscetíveis a esse engano. Nosso orgulho em nossos rituais religiosos, práticas da igreja e tradições culturais nos cega tanto para nossa grande pecaminosidade quanto para o grande Salvador que é o único que pode nos resgatar de nosso pecado.
C. S. Lewis escreve no livro cristianismo puro e simples que:"Há um vício do qual nenhum homem no mundo está livre; que todo mundo detesta quando vê isso em outra pessoa; e do qual quase ninguém, exceto os cristãos, imagina que eles próprios são culpados. Que é o orgulho. As pessoas admitem mau-humor, vicio com drogas, etc... O orgulho leva a todos os outros vícios: é o estado mental totalmente anti-Deus". (Cristianismo Puro e Simples)
As Escrituras falam duramente sobre a ira do Senhor pelo orgulho: O Senhor protege os leais, mas rejeita os arrogantes. (Sl 31:23) O Senhor destrói a casa dos soberbos. (Provérbios 15:25) O orgulho vem antes da destruição, e um espírito arrogante antes da queda. (Pv 16:18) Pois todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado. (Lucas 14:11) Deus resiste aos orgulhosos, mas dá graça aos humildes. (Tg 4:6) Por que Deus se opõe tanto ao orgulho? É porque o orgulho humano está em oposição a Deus. Por que ele pensa mais em si mesmo do que deveria. Ele pensa mais em si mesmo do que Deus! E, surpreendentemente, esse orgulho pode estar à espreita em locais insuspeitos, como na religião sob o disfarce de escravidão legalista às tradições dos homens. Como é, então, a atração mortal do legalismo?

I. Os legalistas honram a Deus com seus lábios, resultando em falsa adoração (7:1-8).

Fariseus e escribas, mestres da Lei, vêm novamente de Jerusalém em meio à crescente popularidade de Jesus. A essa altura, sabemos que eles não estão tramando nada de bom. Eles têm certeza de que sabem quem é Jesus e estão determinados a derrubá-lo. Freqüentemente, temos nossas mentes decididas com antecedência quanto ao caráter de uma pessoa. Com nossas opiniões firmemente formadas, procuramos apenas evidências que confirmem nossos pré-julgamentos. Os fatos não atrapalharão nossas opiniões. E se não conseguirmos encontrar uma falha que se apegue a ele, iremos atrás de seus amigos, associados e seguidores: “culpa por associação”. Esta é a estratégia que os fariseus seguem. Muitas vezes também jogamos esse jogo.
Eles adoram se comparar aos outros (Marcos 7:1-5)
A elite religiosa e espiritual cerca Jesus procurando por qualquer coisa que possam usar para denunciá-lo. Seus discípulos fornecem a oportunidade perfeita: eles comem com “impuros”, isto é, cerimonialmente impuros, com as mãos não lavadas. Isso não tinha nada a ver com higiene. Era tudo sobre pureza ritual e tradições religiosas que iam além das escrituras. Essas tradições foram usadas para estabelecer a superioridade espiritual dos fariseus e escribas sobre as pessoas comuns. Escrevendo para um público gentio, romano, Marcos fornece uma explicação: Pois os fariseus, na verdade todos os judeus, não comem a menos que lavem as mãos ritualmente, mantendo a tradição dos anciãos. Para eles, se você desconsiderar as “tradições dos anciãos”, você peca.
Rituais religiosos e tradições legalistas tomaram conta de suas vidas, escravizando-os em vez de libertá-los. No entanto, eles estão cegos para sua própria escravidão auto-imposta, então eles desafiam Jesus com um ar de orgulho, superioridade espiritual e farisaísmo, perguntando a Ele: “Por que seus discípulos não vivem de acordo com a tradição dos anciãos? ”
Perceba, eles não citam nem uma justificativa bíblica para sua prática. Por que não importa. Eles se percebem firmemente justificados em “leis religiosas”. Jesus e Seus discípulos não estavam. Toda esse ritual de lavagem religiosa tinha uma boa intenção, a saber, lembrar aos judeus que eles eram impuros diante de Deus. Porém, eles estavam completamente errados quanto à verdadeira fonte de sua impureza. O problema deles não estava fora, mas dentro. Não eram suas mãos, mas seus corações. No entanto, é muito difícil comparar corações, que só Deus pode ver. Então, em vez disso, eles decidiram elaborar uma lista de atividades religiosas externas e ver quem se saía melhor. Isso é muito mais fácil.
Eles realmente se fazem de hipócritas com um coração distante (Marcos 7:6-8)
Uma coisa que Jesus fez consistentemente foi chamar os hipócritas e expô-los por quem eles realmente eram. Jesus não faz referência à conduta de seus discípulos. Em vez disso, Ele expõe o cerne da questão: a verdadeira fonte de autoridade espiritual são as “tradições dos homens” ou a “Palavra de Deus”? O que determinará como você pensa e vive sua vida? Jesus começa com uma acusação contundente, chamando os fariseus e escribas de “hipócritas”! Eles não passavam de atores e fingidores religiosos. O profeta Isaías também condenou sua religião hipócrita (Is 29:13). Eles dizem as coisas certas sobre Deus, mas seus corações ainda são ímpios. A religião deles é só palavras e espetáculo. O resultado foi uma adoração vã e sem propósito – adoração que Deus não acolhe nem recebe. Como evidência, Jesus diz que eles ensinam como doutrinas os mandamentos dos homens, abandonam o mandamento de Deus e se apegam às tradições do homem. Eles sustentavam que a autoridade suprema para a vida espiritual era tanto a Escritura quanto a tradição, mas se houvesse um conflito entre as duas, a tradição sempre vencia. Às vezes, a Bíblia nem era considerada. “Temos nossas tradições. Isso é tudo de que precisamos. Alguns exemplos potenciais desse legalismo na igreja contemporânea podem ser encontrados em reuniões de administrativas da igreja, reuniões de liderança, liturgia da igreja e práticas religiosas (por exemplo, nomes de igrejas, horários de reunião, vestimenta, estilos de adoração). Se tivermos todas as caixas corretas marcadas, estamos bem!
Mas listas são tão fáceis de cumprir e verificar. Mas, examinar nossos corações não é.
Como podemos examinar as raizes das nossas práricas e crenças? Você pode fornecer uma base bíblica para o que você acredita e faz (sem anacronismo)?
Você é um cristão guiado pelo texto ou pela tradição? Essa diferença é crucial.
Os legalistas anulam a Palavra de Deus, resultando na Desobediência Espiritual
Marcos 7.9–13 NAA
9 E disse-lhes ainda: — Vocês sempre encontram uma maneira de rejeitar o mandamento de Deus para guardarem a própria tradição. 10 Pois Moisés disse: “Honre o seu pai e a sua mãe.” E: “Quem maldisser o seu pai ou a sua mãe seja punido de morte.” 11 Vocês, porém, dizem que, se alguém disser ao seu pai ou à sua mãe: “A ajuda que você poderia receber de mim é Corbã, isto é, oferta ao Senhor”, 12 então vocês o dispensam de fazer qualquer coisa em favor do seu pai ou da sua mãe, 13 invalidando a palavra de Deus por meio da tradição que vocês mesmos passam de pai para filho. E fazem muitas outras coisas semelhantes.
Nem todas as tradições são más. Eles se tornam ruins quando os colocamos no mesmo nível das Escrituras ou no lugar das Escrituras. É um tipo de religião “Bíblia, mais”. Ao acrescentar à Bíblia, você, para todos os propósitos práticos, anula a Bíblia e anula sua verdade e poder em sua vida (v. 13). Jesus deixa isso bem claro ao passar para a segunda rodada com os fariseus. Mais uma vez, não há competição. A exposição de corações pecaminosos é dolorosa. Eles rejeitam os mandamentos de Deus e estabelecem seus próprios mandamentos (Marcos 7:9). Eles pensam que estão estabelecendo o mandamento de Deus, enquanto na verdade, eles estão rejeitando os mandamentos de Deus. Durante esse processo, estabelecem suas tradições como se fossem mandamentos de Deus. Eles colocam de lado o que é a Palavra revelada de Deus e a substituem por tradições “inventadas” de homens. Isso além de pecado, é ridículo!
Regras e regulamentos feitos pelo homem tornam-se objeto de obediência, enquanto os mandamentos de Deus são deixados de lado.
Warren Wiersbe diz: “Devemos estar sempre atentos para que a tradição não tome o lugar da verdade. Faz-nos bem examinar as tradições de nossa igreja à luz da Palavra de Deus e ser suficientemente corajosos para fazer mudanças”.
Rejeitar a única fonte confiável e infalível de autoridade é um ato de puro suicídio espiritual. Você viu a triste progressão? Primeiro, eles ensinam os mandamentos dos homens (v. 7). Então eles abandonam os mandamentos de Deus (v. 8). Em seguida, eles rejeitam os mandamentos de Deus (v. 9). E, finalmente, eles invalidam a Palavra de Deus (v. 13). E se não formos cuidadosos, deixaremos de ver nossa própria hipocrisia nessa progressão. Nós precisamos entender que é possível se tornar facilmente o um hipócrita. Conseguimos ver isso claramente nos outros. Mas quando acontece conosco ficamos espiritualmente cegos, surdos e mudos.
Jesus agora dá Seu próprio exemplo que resolve a questão. O veredicto não agrada à elite religiosa. Jesus fala sobre o arranjo jeitoso que os rabinos fizeram para deturpar o quinto mandamento e liberar os filhos avarentos da responsabilidade de cuidarem de seus pais na velhice. Esses líderes proclamavam amar a Deus, mas não tinham amor pelos pais. O mandamento para honrar pai e mãe está fartamente documentado nas Escrituras. Honrar pai e mãe é mais do que simplesmente obedecer-lhes. O que realmente importa é a atitude interior do filho em relação aos seus pais. Essa atitude é o que, na verdade, produz honra. Honra implica amor e alta consideração. Como os escribas e fariseus anularam esse preceito bíblico? Pela errada aplicação da lei de Corbã. Quando um filho mau tinha a intenção de desamparar pai e mãe, sonegando assistência, dizia a eles que não poderia ajudá-los, porque havia dedicado os recursos financeiros como oferta ao Senhor. Dessa maneira, ficavam “legalmente” isentos de socorrer os pais e não necessariamente, dedicavam essas ofertas a Deus. O filho que declarava: É Corbã, poderia, simplesmente, conservar o dom para seu próprio uso.
Que tipo de lógica é esta?! Jesus diz a eles que esse tipo de raciocínio anula a Palavra de Deus, estabelece tradições feitas pelo homem sobre os mandamentos de Deus e abre a porta para muitas outras ações desse tipo (Marcos 7:13). Esse tipo de raciocínio revela a dureza de nossos corações, a hipocrisia de nossa adoração e a desobediência de nossas ações, tudo em nome da religião! Estes não são ateus e secularistas. Estes são os líderes religiosos e espirituais de Israel. Eles colocaram suas tradições no lugar das Escrituras e eles mesmos no lugar de Deus. O coração é realmente uma fábrica de ídolos, e as tradições religiosas são algumas de suas melhores ferramentas. Esta verdade deve interessar a todos nós. Posso ser tão culpado quanto os fariseus da época de Jesus e nem mesmo perceber isso.

Os legalistas estão confusos quanto à origem da impureza, resultando em falta de verdadeiro entendimento

Marcos 7.14–23 NAA
14 E, convocando outra vez a multidão, Jesus disse: — Escutem todos e entendam: 15 Não existe nada fora da pessoa que, entrando nela, possa contaminá-la; mas o que sai da pessoa é o que a contamina. 16 [Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.] 17 Quando entrou em casa, deixando a multidão, os seus discípulos o interrogaram a respeito da parábola. 18 Jesus lhes disse: — Então vocês também não entendem? Não compreendem que tudo o que está fora da pessoa, entrando nela, não a pode contaminar, 19 porque não entra no coração dela, mas no estômago, e depois é eliminado? E, assim, Jesus considerou puros todos os alimentos. 20 E dizia: — O que sai da pessoa, isso é o que a contamina. 21 Porque de dentro, do coração das pessoas, é que procedem os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os furtos, os homicídios, 22 os adultérios, a avareza, as maldades, o engano, a libertinagem, a inveja, a blasfêmia, o orgulho, a falta de juízo. 23 Todos estes males vêm de dentro e contaminam a pessoa.
Todo coração humano tem a raiz de todo pecado humano. É totalmente possível parecer bonito por fora e estar morto por dentro. A contaminação mais mortal não é o que eu toco. A contaminação mais mortal é a que está em meu coração. A impureza tem sua raiz no interior (Marcos 7:14-20) Jesus exorta todos os que estão ouvindo o debate teológico a prestar atenção e entender. Ele então conta uma pequena parábola. Quando Seus discípulos perguntam o significado desta parábola, Jesus mais uma vez os repreende por sua falta de compreensão. Esta é uma das lições espirituais mais criticamente importantes em toda a Palavra de Deus. Jesus explica que a corrupção não é externa, mas interna. A impureza não é uma questão do estômago, mas do coração. A impureza não é o que entra, mas o que sai. O pecado sempre procede de dentro. O problema básico da humanidade caída não é o que fazemos, mas quem somos! A imundície real, a impureza e a corrupção estão dentro e são invisíveis, mas eventualmente elas se manifestarão, como os versículos 21-23 deixam claro.).
O propósito de Jesus era gerar uma consciência da santidade de Deus e da realidade do pecado como uma barreira à comunhão com Deus. Mas uma vez que a impureza do coração é completamente removida e a plena comunhão com Deus se torna uma realidade (através da morte expiatória de Jesus), as leis cerimoniais cumpriram seu propósito e não são mais exigidas. A questão é bem simples: sempre foi sobre o coração. A impureza revela seus frutos por fora (Marcos 7:21-23) Mark Dever chama os versículos 21-23 de “os dedos do pecado”. Eles são evidências de um coração corrupto. Inevitavelmente, a raiz do pecado produzirá o fruto do pecado. Jesus fornece uma lista seletiva dos frutos do pecado. Ele destaca nada menos que 13 características das más ações que fluem naturalmente de um coração pecaminoso — ações que sempre resultam em tristeza, comportamento nocivo e morte.
Essas más ações surgem do coração da pessoa, que é a fonte do pecado que condena.

Conclusão

Existem basicamente apenas duas abordagens à religião, cada uma das quais pode ser resumida em uma única palavra: fazer ou feito.O mundo diz que o problema está lá fora, e a solução é responder à pergunta: O que posso fazer? A Bíblia diz que o problema está dentro de nós, e a resposta é o que Cristo fez!
Veja, no legalismo pensamos melhor de nós mesmos do que Jesus. Mas, na salvação, pensamos o mesmo de nós mesmos que Jesus pensa: somos pecadores sem esperança e desamparados que precisam desesperadamente de um Salvador. Primeiro Samuel 16:7 diz: "O homem não vê o que o Senhor vê, pois o homem vê o que é visível, mas o Senhor vê o coração."
Quando o Senhor examina seu coração, o que Ele vê? Ele vê um legalista hipócrita confiando no que “você faz” ou um humilde pecador confiando apenas no que Jesus fez? Essa diferença tem um significado eterno.
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