Criados para a vida em comunidade - Gn 1.26-28 - Aviva
Comunidade Centrada no Evangelho • Sermon • Submitted
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INTRODUCÃO
INTRODUCÃO
Porque é tão difícil no tempo em que vivemos termos relacões mais longevas seja com pessoas ou com instituicões?
Zygmund Bauman, sociólogo polonês.
explica quando nos apresenta o conceito de modernidade líquida, ele diz que as relações não são mais pensadas para solidez e durabilidade, mas as relações são líquidas, pensadas para prazeres imediatos, e assim como a água não pode ser retida em nossas mãos, assim é o tempo que duram os relacionamentos hoje.
Catherine Jarvei, escritora do Jornal Inglês Guardian Weekend.
Disse que hoje, os relacionamentos são como "relacões de bolso", são chamados assim porque, tudo que guardamos no bolso temos acesso fácil quando precisamos e jogamos fora quando não é mais necessário.
Diante disso, como podemos na comunidade da igreja, ter relações duráveis e que nos fazem continuar acreditando na importância dos relacionamentos?
Precisamos olhar para as escrituras para responder essa questão, e recebermos instruções que irão nos ajudar a lidar com a fragilidade das relações humanas de nosso tempo.
Mas antes de pensarmos no porque fomos criados para a vida em comunidade, isto é, para relacionamentos, precisamos pensar sobre o o Evangelho.
VISÃO GERAL DO EVANGELHO
VISÃO GERAL DO EVANGELHO
Precisamos fazer uma pergunta óbvia.
O que exatamente é a evangelho?
O Evangelho é uma história com 4 capítulos:
O Evangelho é a mensagem a respeito da obra divina de reconciliação entre Deus e os homens, por meio da vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Esta mensagem chama o homem ao arrependimento e fé em Jesus Cristo para a salvação.
Deus no fez para a relação com ele, conosco, com os outros e com a criação, mas o pecado distorceu isso de forma radical.
Pois nós também, no passado, éramos insensatos, desobedientes, desgarrados, escravos de todo tipo de paixões e prazeres, vivendo em maldade e inveja, sendo odiados e odiando-nos uns aos outros. Mas quando se manifestou a bondade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor por todos, ele nos salvou, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo a sua misericórdia. Ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna.
Sabendo o que é o Evangelho, precisamos nos perguntar, o que isso implica em vivermos em comunidade?
Como o Evangelho pode nos ajudar a enfrentar essa tendência de vivermos relacionamentos de bolso, ou descartáveis?
Todo ser humano deseja manter relacionamentos significativos: um ambiente no qual possa conhecer pessoas e ser conhecido por elas.
Do ponto de vista teológico, esse desejo pela vida em comunidade está enraizado no próprio Deus: ele é um ser relacional (três pessoas em uma, como é a Trindade), e nós fomos feitos a imagem dele.
De que maneira o fato de ser criado à imagem de Deus fornece ao homem o fundamento para a vida em comunidade?
Independentemente de seu perfil - seja ele introvertido, extrovertido, sociável ou reservado, algo na sua alma anseia por relacionamentos significativos com outras pessoas.
Apreciamos amizades que nos permitam ser "nós mesmos".
A despeito das tentativas frustadas, das feridas causadas pelos relacionamentos, inclusive na igreja, todos ainda desejamos uma vida profunda, autêntica e verdadeira em comunidade.
Somos assim, e a Bíblia mostra isto, ao explicar que fomos criados à imagem de Deus, porque Deus nos criou para a vida em comunidade.
CRIADOS PARA A VIDA EM COMUNIDADE
CRIADOS PARA A VIDA EM COMUNIDADE
Uma das doutrinas mais antigas e queridas da teologia cristã histórica é a doutrina da Trindade.
A Trindade significa que o próprio Deus está em comunidade. Mais precisamente, Deus é comunidade: um Deus, três pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo, um único e mesmo Deus em eterna comunidade.
Alguém disse:
"Antes de todos os séculos" antes da existência de qualquer tipo de comunidade humana -, lá estava Deus, habitando em harmonia perfeita e amorosa em seu ser trinitário.
No relato bíblico da Criação, o Deus triúno diz: "Façamos o homem à nossa imagem" (Gn 1.26).
Os seres humanos foram feitos para representar a imagem de Deus, para refletir sua semelhança, para uma relação comunitária de amor e serviço.
Essa é a razão pela qual o desejo por uma vida em comunidade parece tão profundo e primordial.
Fomos criados assim, como portadores da imagem de Deus.
Portanto, se a vida em comunidade intensa é algo que todos queremos, se ela é parte de ser feito à imagem de Deus, o que a torna tão dificil de ser alcançada?
QUEDA: O ROMPIMENTO DA VIDA EM COMUNIDADE
QUEDA: O ROMPIMENTO DA VIDA EM COMUNIDADE
Se você refletir por um momento a respeito da natureza dos seus relacionamentos, rapidamente identificará outra tendência presente, algo mais obscuro e sinistro do que o desejo concedido por Deus de integrar a comunidade.
Trata-se da tendência de usar as pessoas para satisfazer suas próprias necessidades em primeiro lugar. Nisso Bauman estava certo.
Não é difícil perceber com que frequência nos encontramos concentrados em nós mesmos, buscando nossos próprios interesses e nos protegendo de outras pessoas e de relacionamentos que exigirão muito de nós.
Por exemplo, pense nas vezes em que você evitou, de maneira intencional, alguém que o incomoda. Ou nas vezes em que falou o que as pessoas gostariam de ouvir só para evitar ofendê-las.
Nas vezes em que você parou de procurar certos amigos porque não lhe eram mais úteis; ou nas vezes em que se apegou a relacionamentos ruins ou doentios apenas para evitar a sensação de estar sozinho.
Essas tendências egoístas revelam que algo muito errado ocorreu em nossa procura pela comunidade e por relacionamentos.
Apesar de termos sido criados à imagem de Deus, decaímos de nosso propósito criacional, por causa do pecado.
Deus no fez para a relação com ele, conosco, com os outros e com a criacão, mas o pecado distorceu isso de forma radical.
Transformamo-nos em algo inferior ao que fomos criados para ser.
Há algo de egoísta em nós que nos impede de espelhar Deus do modo que fomos criados para fazer.
Nosso egoísmo inerente é uma evidência do que a Bíblia chama de "pecado".
Quando ouvimos a palavra pecado, tendemos a pensar em um mau comportamento.
Mas o pecado é bem mais profundo do que ações externas. A Bíblia se refere ao pecado muitas vezes como incredulidade.
Em outras palavras, em vez de crer no que é verdadeiro, damos crédito a mentiras, que obviamente nos levam ao mau comportamento e às emoções negativas.
A incredulidade se encontrava na raiz do primeiro pecado. Eva acreditou na mentira da serpente a respeito de Deus e de suas intenções em relação a eles:
Então a serpente disse à mulher:
— É certo que vocês não morrerão. Porque Deus sabe que, no dia em que dele comerem, os olhos de vocês se abrirão e, como Deus, vocês serão conhecedores do bem e do mal.
A incredulidade é a incapacidade de enxergar a verdade a respeito de Deus, do mundo e de nós mesmos, de crer nela e não aceitar a palavra de Deus, não crer nas promessas dele e não confiar na bondade dele.
E o efeito do pecado não se restringe ao fato de não crermos, mas inclui o fato de que, sem Cristo, somos incapazes de crer, sem Cristo somos incapazes de viver em comunidade.
O pecado nos tornou egoístas e deformou nossos relacionamentos com Deus e com as pessoas.
Precisamos de Alguém que possa nos libertar de nossa incredulidade e de nosso egoísmo, que restaure nossa capacidade de participar de uma vida verdadeira, profunda e duradoura em comunidade com outras pessoas.
Precisamos de Cristo.
REDIMIDOS PARA A VIDA EM COMUNIDADE
REDIMIDOS PARA A VIDA EM COMUNIDADE
E nesse ponto que as boas notícias do evangelho nos encontram.
A palavra evangelho significa, literalmente, "boas-novas"- uma mensagem, uma proclamação, um anúncio.
Um dos paradoxos dessa mensagem é que, antes de poder ser boas-novas, ela deve ser introduzida por más notícias: somos pessoas pecadoras e falidas. Por isso reduzimos as relações a relações de bolso.
Rebelamo-nos contra Deus. Estamos atolados em mentiras e na adoração de nós mesmos, e procuramos por qualquer coisa que nos de identidade e significado.
Não podemos libertar a nós mesmos, fazer com que Deus fique contente conosco, ou realizar boas obras que sejam suficientes para compensar nossos pecados.
Mas, Deus, rico em misericórdia enviou Jesus ao mundo como nosso substituto.
Jesus assumiu nosso lugar em sua vida ao obedecer a Deus de modo perfeito e adorá-lo com todo o seu ser, coisas que não conseguimos fazer.
Ele se tornou nosso substituto em sua morte quando pagou a dívida que tínhamos com Deus como penalidade por nosso pecado e incredulidade.
Se nos humilharmos, reconhecermos nossa necessidade e nos voltarmos para ele, o Espírito Santo aplicará a obra substitutiva de Jesus a nós, pela fé.
A Bíblia chama isso de redenção, palavra que significa "ser resgatado ou libertado"
Jesus nos redime de que?
Do pecado e de todos os seus efeitos.
Jesus redime nossa capacidade de integrar a comunidade, sua igreja.
Não uma comunidade de pessoas que se parecem conosco e que agem da mesma forma que nós, mas uma comunidade composta de pessoas de todas as nações, tribos, povos e línguas. (Ap 7.9).
Deus nos criou para a vida em comunidade, e Jesus nos resgatou para essa mesma vida em comunidade.
Ao fazer isso, ele nos incluiu em sua família (Ef 2.19), o qual é capaz de viver, de amar e de tornar as suas "boas -novas" conhecidas aos nossos amigos e a outras pessoas ao nosso redor.
Mas se Jesus nos redime para a vida em comunidade, por que essa vida em comunidade continua sendo algo tão difícil?
Por que os relacionamentos ainda estão cheios de falhas, mesmo entre cristãos?
Essa é a tensão na qual vivemos.
Mesmo que Jesus já tenha nos libertado da penalidade e do poder do pecado, ele ainda não eliminou o pecado totalmente do mundo.
Por causa da continua presença do pecado, somos propensos à incredulidade.
Esquecemo-nos com facilidade das boas notícias do evangelho e incorremos em mentiras e na adoração de nós mesmos.
Por isso a Bíblia nos encoraja não apenas a receber o evangelho, mas também a "estar firmes" (1Co 15.1) e "permanecer" nele (Cl 1.23).
Em outras palavras, participar da construção de uma comunidade sadia e usufruí-la exigirá que creiamos no evangelho e que creiamos também que os atos realizados por Jesus em nosso favor têm poder e relevância para a forma que nos relacionamos com Deus e com as pessoas.
Isso demanda um enfoque intencional de nossa parte para identificar a incredulidade em nosso coração que atrapalha nossa habilidade de conhecer a Deus, viver em comunidade e servir no mundo.
Demanda também receber as verdades do evangelho que curam e libertam, permitindo que elas sejam absorvidas no cerne de nosso ser.
E adivinhe onde essa obra de transformação contínua ocorre?
Na comunidade.
TRANSFORMADOS NA COMUNIDADE
TRANSFORMADOS NA COMUNIDADE
Você já reparou quão paciente você é, desde que ninguém o irrite?
Ou quão amoroso você é, desde que esteja cercado por pessoas fáceis de amar?
Ou quão humilde você é, desde que seja respeitado e admirado por outras pessoas?
Todos somos santos quando estamos sozinhos!
Mas é na comunidade que nossas fraquezas, nossas falhas e nossos pecados reais são expostos.
Por isso a comunidade é essencial e não opcional para nossa transformação.
Não podemos nos transformar nas pessoas que Deus deseja que sejamos se estivermos fora da comunidade.
Perceba que a redenção não é o fim da história.
Deus está nos preparando para "novos céus e nova terra, nos quais habita a justiça” (2Pe 3.13).
O objetivo dele é a criação renovada, onde os seres humanos redimidos habitarão em perfeita harmonia uns com os outros e com seu Criador.
Deus se dedica à preparação de seu povo para esse futuro glorioso mediante sua transformação agora, um processo que a Bíblia denomina santificação.
O agente da santificação é o Espirito Santo, seu instrumento é a verdade do evangelho e o contexto em que ela ocorre é a vida na comunidade.
Pondere sobre algumas declarações que mencionam "uns aos outros" na Bíblia.
Amem uns aos outros com amor fraternal. Quanto à honra, deem sempre preferência aos outros.
Quanto ao mais, irmãos, adeus! Procurem aperfeiçoar-se, consolem uns aos outros, tenham o mesmo modo de pensar, vivam em paz. E o Deus de amor e de paz estará com vocês.
Porque vocês, irmãos, foram chamados à liberdade. Mas não usem a liberdade para dar ocasião à carne; pelo contrário, sejam servos uns dos outros, pelo amor.
Pelo contrário, sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando uns aos outros, como também Deus, em Cristo, perdoou vocês.
Não é evidente que nenhum de nós pode fazer essas coisas com perfeição?
Esses mandamentos não nos foram dados apenas para que saibamos o que deveríamos fazer.
Eles foram concedidos também para que possamos aplicá-los e, mesmo falhando, cresçamos em nossa experiência com graça de Deus e nos tornemos mais semelhantes a Jesus.
A tentativa de cumprir esses mandamentos "uns aos outros", nos ajuda a revelar nosso pecado, nos impele para Jesus com arrependimento e fé, e nos torna dependentes do Espírito Santo para a transformação.
A comunidade é o laboratório no qual aprendemos a depender da graça de Deus e experimentarmos o poder transformador do evangelho.
A comunidade é também o contexto para a missão, aqui conhecemos a Deus, vivemos em comunidade, e vamos servir no mundo por meio do Evangelho.
Deus quer usar nossa comunidade, por mais desorganizada e frágilque sejam, para atrair outras pessoas para sua história e apresentá-las ao Redentor!
Não se trata apenas de nos tornarmos mais parecidos com Jesus, mas de fazer com que pessoas que não conhecem Jesus, conheçam-no como Salvador e Senhor.
Fomos criados para a comunidade. Fomos redimidos para a comunidade. E somos transformados na comunidade.
E é em comunidade que avançaremos na missão de conhecer a Deus, viver em comunidade e servir no mundo, para a glória de Deus e sua fama por toda a terra.
SDG