Sermão do Monte
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A verdadeira interpretação da Lei
A verdadeira interpretação da Lei
Mateus: Jesus, o Rei dos Reis (Capítulo 11: Jesus, o Verdadeiro Intérprete da Lei (Mt 5.21–48))
No texto em apreço, Jesus se apresenta como o verdadeiro intérprete da lei, contrastando a hermenêutica (A disciplina que estuda as regras de interpretação de um texto e, portanto, no contexto teológico, a disciplina que se preocupa sobre tudo da interpretação bíblica.)
Jesus não está aqui contrapondo-se ao que a lei diz, mas opondo-se à falsa interpretação dos doutores da lei.
William Barclay quando ele diz que Jesus fala com uma autoridade que nenhum outro homem sonhou jamais assumir. Por isso, ao terminar o sermão, as multidões estavam maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade, e não como os escribas (7.28,29).
Os profetas, por exemplo, diziam: “Assim diz o Senhor”. Não pretendiam possuir autoridade pessoal alguma. O único que faziam era repetir o que haviam ouvido de Deus.
Mateus seleciona seis contrastes entre a correta interpretação oferecida por Jesus e a interpretação equivocada dos escribas.
A forma de expressão “vocês ouviram” pressupõe que os ouvintes conheciam o AT a partir da leitura na sinagoga. Os antigos são os antepassados, que haviam recebido de Deus a lei através de Moisés.
Todos os judeus entendiam esta expressão: “Ouvistes que foi dito.” Ao utilizá-la, Jesus estava fazendo referência à halachá – tradição oral dos rabinos transmitida de geração a geração – e é esta a compreensão superficial da lei divina que Jesus está criticando.
Nesta seção, ele contrapõe o entendimento equivocado com o entendimento correto: “Ouvistes que foi dito aos antigos: […] Eu, porém, vos digo […].” Veremos a diferença entre a forma errônea como os rabinos entendiam a lei e a correção que Jesus faz destas más interpretações.
Os rabinos acreditavam que o mandamento para não matar era cumprido quando não se cometia assassinato em primeiro grau, mas Jesus mostra que este mandamento é muito mais profundo do que o ato externo de homicídio. Cristo indica que a lei foi dada por intermédio de Moisés de forma elíptica.
Isto é, nem todo o conteúdo inerente ao mandamento foi expresso em palavras. Sempre que nos deparamos com três ou quatro pontos no meio de uma frase ou um parágrafo, isto indica que determinado conteúdo foi deliberadamente deixado de fora.
Estes pontos são chamados de “elipses”.
Quando há elipses na lei, isto significa que, além da proibição específica, a lei também proíbe o contexto mais amplo relacionado ao ato em questão. Assim, quando Deus diz que não devemos matar, isto consequentemente significa que nós não devemos fazer qualquer coisa que prejudique a vida do próximo.
O homicídio começa com raiva e ódio sem motivo, incluindo ofensas, calúnias e desavenças entre pessoas. É por isso que Jesus disse que ninguém escapa do peso da lei simplesmente abstendo-se do assassinato em si.
Consequentemente, para cumprir o mandamento, é preciso não causar qualquer tipo de mal.
Jesus está dizendo aqui que, além de não devermos jamais matar o próximo por causa da importância da vida humana, também devemos promover a segurança, o bem-estar e a santidade de vida.
Jesus está dizendo que a lei proíbe o homicídio efetivo, mas também o homicídio em potencial. Em outras palavras, o que é proibido não é apenas a morte literal de um ser humano, mas tudo aquilo que representa sua possível destruição.
Jesus está dizendo que a lei proíbe o homicídio efetivo, mas também o homicídio em potencial. Em outras palavras, o que é proibido não é apenas a morte literal de um ser humano, mas tudo aquilo que representa sua possível destruição.
No caso do aborto, segundo algumas pessoas, não há destruição de vida humana propriamente dita, mas apenas de vida humana em potencial. Eu creio que se trata de uma destruição real de uma vida real.
No mínimo, um embrião em crescimento está passando do estado de potencialidade para o estado de realidade, e destruí-lo é destruir uma vida em potencial. Se Jesus diz que podemos ir para o inferno por causa da destruição em potencial de uma vida real, é muito mais grave estarmos envolvidos na destruição real de uma vida em potencial.
(Tolo!)
[…] quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao inferno de fogo. (v. 22).
O insulto proferido aqui, traduzido em algumas versões por raca (5.22), tem origem aramaica e significa “eu cuspo em você”.
Lawrence Richards diz que “raca” vem da palavra aramaica rak, que significa “cuspir”.
Barclay acrescenta que chamar alguém de “raca” era o mesmo que chamá-lo de estúpido, idiota, imprestável
Não sabemos exatamente o que “raca” [ARC] significa, mas a maioria dos comentaristas indica que esta palavra equivale a chamar alguém de estúpido.
Há uma diferença entre ser tolo e ser estúpido. A estupidez está relacionada à falta de capacidades intelectuais; então, chamar alguém de estúpido é ofensivo, mas justificável. Contudo, Jesus diz que o problema não está só em dizer “raca”. Até mesmo chamar alguém de tolo é espiritualmente perigoso.
Chamar alguém de estúpido é um julgamento intelectual, mas, no hebraico, rotular alguém de tolo é um julgamento moral. No Antigo Testamento, a tolice é contrastada com a sabedoria, e somos informados de que o princípio da sabedoria é o temor do Senhor (Pv 1.7; 9.10).
A condição necessária para se obter sabedoria é uma atitude de reverência e temor para com Deus.
O salmista escreveu: “Diz o insensato no seu coração: Não há Deus” (Sl 14.1).
Paulo desenvolve o assunto ao falar sobre a rejeição humana da clara autorrevelação de Deus: “[…] tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato” (Rm 1.21).
O tolo, segundo o critério bíblico, pode ter um Q.I. alto. Ele pode ser um acadêmico brilhante, mas ainda ser cético em relação a Deus.
O tolo permanece rebelde e cínico diante da doçura e excelência de Deus, o qual se revelou de maneira tão clara. As pessoas que não suportam a ideia da existência de Deus rejeitam-no – não por falta de evidência, mas por causa da dureza do coração.
A incredulidade é um pecado, não um erro. Ela é proposital, e temos de guardar nosso coração de praticá-la.
O termo “inferno de fogo” advém de uma ravina ao sul de Jerusalém, nos dias de Jesus, chamada vale de Hinom, onde se atirava o lixo da cidade e onde o fogo não se apagava. Antes, era o lugar no qual os cananeus queimavam seus filhos em sacrifício a Moloque (1Rs 11.7).
A geena tornou-se o símbolo do castigo futuro.
Jesus ilustra sua correta interpretação da lei com dois exemplos: um da vida religiosa e outro da vida comercial.
A oferta agradável a Deus precisa vir de alguém que tenha o coração livre de ofensa e mágoa. Reconciliar-se com os desafetos deve preceder a oferta no altar.
Primeiro Deus aceita a vida do adorador e depois sua oferta. Spurgeon diz que a regra aqui é: primeiro as pazes com o homem e depois a aceitação de Deus.De igual modo, Jesus mostra que uma demanda judicial por causa de uma dívida deve ser resolvida antes que essa pugna seja levada ao tribunal.
Tanto o perdão quanto a reparação precisam ser feitas com pressa, a fim de que tenhamos paz com Deus e com o próximo.
Warren Wiersbe diz que a pessoa que se recusa a perdoar seu irmão está destruindo a mesma ponte sobre a qual precisa andar.
Se Cristo não tivesse sido assassinado, nós iríamos para um lugar do qual nunca seríamos libertos. Contudo, nosso Senhor foi assassinado por nós porque somos assassinos. Nós cometemos homicídio no coração. Nós cometemos homicídio contra ele, mas é deste homicídio que vem nossa salvação.
Antes de examinarmos o significado do matrimônio e a questão do divórcio dentro da cultura judaica, é necessário analisar esse momentoso assunto à luz do seu contexto grego e romano.
Uma das causas que produziram a morte da civilização grega foi o conceito humilhante da mulher. Esse baixo conceito da mulher levou o casamento ao naufrágio.
Entre os gregos, as relações extraconjugais eram tidas como normais. Segundo Demóstenes, o maior orador grego, o homem grego tinha prostitutas para o prazer, concubinas para os interesses domésticos e esposas para gerar filhos legítimos.
Os gregos exigiam fidelidade da mulher em relação ao marido, mas o homem estava livre para viver suas muitas aventuras, sem nenhum compromisso de fidelidade à sua mulher.
Em Corinto, havia o templo de Afrodite, onde mil mulheres serviam como prostitutas cultuais e à noite desciam para o cais, onde se prostituíam com os homens que chegavam e saíam da cidade.
Além da prática da prostituição, na Grécia surgiu um grupo de mulheres chamadas hetairas.
Estas eram as amantes dos homens considerados importantes: constituíam o grupo das mulheres mais cultas e realizadas da época.
Th aís era a hetaira de Alexandre, o Grande, que depois da morte deste se casou com Ptolomeu e chegou a fundar uma dinastia de reis no Egito.
Aspásia era a hetaira de Péricles, grande orador e estadista grego. É sabido que foi ela quem ensinou a ele a arte da oratória e quem escrevia seus discursos.
Epicuro, o famoso filósofo, tinha como hetaira a igualmente famosa Leontina. A hetaira de Sócrates era Diotima. Enquanto os homens mantinham sua esposa em total reclusão, em que a pureza era obrigatória, os gregos buscavam o prazer fora do matrimônio.
Essa cultura de devassidão dos gregos influenciou a cultura romana. Se os romanos conquistaram os gregos politicamente, os gregos venceram os romanos com sua decadente cultura. O divórcio tornou-se tão comum como o casamento.
Hoje
Estamos vivendo em uma época na qual o pensamento de Deus é considerado apenas isto: uma opinião única facilmente anulada pela voz da maioria, que contradiz o parecer dele. Nossa cultura passou por uma revolução moral que se originou com a revolução sexual da década de 1960.
Muitos fatores estiveram envolvidos nessa revolução cultural. Gael Greene, em seu livro Sex and the College Girl, afirmou ter constatado uma mudança radical nos costumes, ou no padrão comportamental, das alunas. Suas descobertas indicavam uma alteração na consciência das universitárias.
Na década de 1950, observou Greene, as garotas tinham a reputação destruída se fosse descoberto que eram sexualmente ativas. Quando a revolução sexual da década de 1960 aconteceu, tudo foi invertido, de modo que as mulheres temiam ter a reputação destruída por não serem sexualmente ativas.
A virgindade tornou-se uma grande vergonha para as jovens solteiras.
Como em nenhum outro momento na história da cultura ocidental, as pessoas hoje são bombardeadas por estímulos eróticos.
Aonde podemos ir sem que sejamos expostos a literatura e imagens eróticas, sexualmente sugestivas?
Certamente não aos filmes de Hollywood, à televisão, aos romances modernos ou à internet.
A igreja hoje precisa lidar com o problema generalizado do vício em pornografia.
O problema é predominante não apenas na cultura secular, mas também dentro da Igreja. Paulo ensinou que os desejos biológicos são fortes e intensos.
As paixões naturais com as quais fomos criados podem ser tão intensas, que nos sentimos como se estivéssemos em chamas. Se o estímulo sexual estava inflamado no primeiro século, como estará ele agora que as influências incendiárias de nossa cultura o intensificaram?
Devemos exigir o padrão bíblico e, ao mesmo tempo, administrar a misericórdia de Deus aos que caem.
(Compromisso Radical)
Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela (v. 28).
O homem é um ser em conflito. É uma guerra civil ambulante. Há uma luta constante entre o espírito e a carne.
O velho homem está sempre querendo erguer sua fronte para nos arrastar para o pecado.
Platão compara a alma a um carro guiado por dois cavalos. Um dos cavalos, manso e dócil, obedece às rédeas e à voz do condutor. O outro, selvagem, ainda não domesticado, procura a todo tempo rebelar-se. O nome do primeiro cavalo é “razão”; o nome do segundo é “paixão”.
A vida é sempre um conflito entre as exigências da paixão e o controle da razão.
Jesus não está dizendo que cobiçar e cometer adultério são atitudes igualmente ruins; mas que, mesmo se nos abstivermos de adulterar, não necessariamente estaremos cumprindo toda a abrangência da lei de Deus.
É neste ponto que Jesus radicaliza: Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno (v. 29).
Como lidar com os pecados da impureza?
Jesus adota um tratamento radical, e não gradual. É claro que ele não defende a amputação física do olho direito e da mão direita, mas a amputação moral, uma cirurgia espiritual.
Jesus não está ordenando a mutilação do corpo, mas o controle do corpo para não se render ao pecado. Não se faz concessão ao pecado
Aqui Jesus volta a atenção para o olho transgressor, pois sabe como o adultério começa. Este pecado geralmente tem início com uma olhadela, uma espiada.
O rei Davi, um homem segundo o coração do próprio Deus, estava por acaso andando em seu terraço quando viu Bate-Seba nua no terraço adjacente. Daquele olhar, veio a cobiça; e, da cobiça, o adultério.
O aspecto visual do estímulo erótico não deve ser minimizado.Todo profissional de marketing sabe que sexo vende, e é por isso que mulheres sedutoras são usadas como suporte para a venda de toda espécie de produtos, desde automóveis até picolés. É por isso que há tanto foco em imagens eróticas na televisão e no cinema, e em nenhum outro lugar elas são mais predominantes do que na internet.
Jesus diz que temos um problema aqui – um problema radical que exige uma solução radical: “Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o”. Há poucos, entretanto, tão comprometidos com a castidade a ponto de se cegarem para garanti-la. Jesus está falando de modo hiperbólico. Ele não está dizendo que devemos operar a vista se tivermos um olhar cobiçoso. Ele está afirmando que preservar a castidade é tão importante, que devemos fazer o que for necessário para isso.
Se você é viciado em pornografia, encontre uma forma de impedi-la de entrar em seu computador. Se não conseguir, jogue o computador no lixo. Não pense que é impossível viver no século 21 sem computador.
Às vezes, os benefícios da tecnologia podem oferecer tanto perigo quanto bênção. Jesus está dizendo que devemos fazer uma autoavaliação para descobrir o que é mais importante: nossa alma ou o computador, nossa santidade ou a pornografia.
Não podemos ter tudo. Nós estamos saturados. Nossa consciência está cauterizada. Passamos pelo que Jeremias disse ao povo de Israel: “Serão envergonhados, porque cometem abominação sem sentir por isso vergonha; nem sabem que coisa é envergonhar-se” (Jr 6.15; 8.12).
Lutero, um homem como todos os outros, admitiu que lutava contra a luxúria, mas afirmou que lidava com isso da seguinte maneira: “Não posso evitar que pássaros sobrevoem minha cabeça, mas posso impedi-los de fazer ninho em meu cabelo.”
Do mesmo modo, Jesus diz que devemos aproveitar todas as oportunidades para manter a castidade antes e depois do casamento. E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não vá todo o teu corpo para o inferno (v. 30). É melhor viver aleijado a ter a alma lançada no inferno. Um teólogo disse que é melhor entrar mancando no céu do que ir saltando para o inferno.
Um dos maiores atrativos ao pecado sexual é o argumento de que todo mundo faz. Outra tentação é a aceitação cultural. É preciso coragem moral para remar contra a maré, mas Jesus é quem nos chama a isso, e ele nunca revogou esse chamado.
Se a Palavra de Deus revela que você pecou, busque a purificação. Moças, se vocês não são casadas e perderam a virgindade, podem voltar a ser virgens aos olhos de Deus, pois quando ele perdoa os nossos pecados, ele nos torna puros.