Sem título Sermão
A oração deve ser perseverante e laboriosa
é geral a tríplice exortação – “pedi […] buscai […] batei”
De fato, refere-se ao pedido pela satisfação de todas as necessidades, especialmente toda necessidade espiritual. Por isso, a mesma exortação tríplice ocorre também num contexto diferente (Lc 11.9,10)
Pedi, buscai, BATEI”. Pedir implica humildade e consciência de necessidade. O verbo é usado com referência a uma petição que um inferior dirige a um superior.
Pedir também pressupõe fé num Deus pessoal com quem o homem pode manter comunhão
Buscar é pedir e também agir. Inclui a petição fervorosa, porém isso só não é suficiente. Uma pessoa deve ser ativa em seu empenho para obter a satisfação de suas necessidades. Por exemplo, o cristão não deve apenas orar por um profundo conhecimento da Bíblia, mas deve igualmente perscrutar e confrontar com diligência as Escrituras (Jo 5.39; At 19.11), assistir aos cultos (Hb 10.25), acima de tudo se esforçar por viver em harmonia com a vontade de Deus (ver nesta mesma seção: Mt 7.21,24,25; cf. Jo 7.17).
Lc 18.1,7; cf. Rm 12.12; Ef 5.20; 6.18; Cl 4.2; 1Ts 5.17
Bater é pedir e também agir e perseverar. O adorador bate repetidas vezes até que a porta se abra. Entretanto, na realidade a perseverança já está provavelmente implícita nos três imperativos, uma vez que todos estão no tempo presente; daí, uma tradução possível seria: “continuai pedindo, continuai buscando, continuai batendo
Quanto à promessa que é consolidada quando o mandamento é obedecido, existe em cada caso a exata correspondência entre mandamento e promessa: assim, pedi é seguido de dar-se-vos-á; buscai, de encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á
A todo sincero seguidor do Senhor é prometida uma resposta à oração que é acompanhada desse buscar e desse bater
Detalhes da interpretação:
1. Se o filho pede pão (o sustento da vida, o prato principal), o pai não lhe dará uma pedra, talvez no formato de pão. Ele não enganará seu filho. Semelhantemente, se o filho lhe pedir um peixe, como um prato secundário – o que seria muito natural naquela região, onde o peixe era abundante –, o pai não lhe dará uma serpente. Estaria Jesus pensando numa cobra em lugar de enguia? Seja como for, para um pai legítimo seria inconcebível um ato tão baixo de trapaça.
2. Com muito mais razão, pois, o Pai celestial não desapontará seus filhos. Todavia, isso não significa que ele lhes dará sempre tudo quanto eles pedem. Significa que ele não lhes dará aquilo que lhes seria prejudicial. Ele dará “coisas boas” aos que lhas pedem. Com base em Lc 11.13, é válido concluir que o Pai celestial dará a seus filhos o Espírito Santo e todos os seus benefícios. Ele os suprirá de tudo quanto carecem.
3. Note-se a importância da oração nesse sentido. O Pai ama seus filhos e cuida deles, porém quer que eles lhe peçam as coisas de que precisam.
Portanto, os seguidores de Cristo podem descansar seguros de que em resposta às suas orações o Pai também proporcionará diariamente soluções para os problemas de relações humanas, as dificuldades que surgem do esforço sincero de seguir as instruções dadas nos v. 1–6. No que diz respeito ao contexto posterior, poderia haver algo mais apropriado do que a introdução do mandamento de proceder para com o próximo como gostaríamos que se procedesse para conosco, segundo a admoestação: “Pedi […] buscai […] batei”? Não é verdade que em questões como essas o constante socorro do Pai é definitivamente necessário?