Conselhos para a Piedade
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Introdução
Introdução
Tiago, na última parte de seu livro, apresenta uma pequena séria de conselhos práticos sobre como viver uma vida de maior devoção, sobre como ser mais piedoso, mais temente e obediente a Deus. Tudo tem a ver com nossas palavras, e com nossa atitude diante dA Palavra de Deus. A maneira como reagimos à Santa Palavra demonstra se nossa vida foi regenerada ou não.
12 Acima de tudo, meus irmãos, não jurem nem pelo céu, nem pela terra, nem por outra coisa qualquer, mas que o “sim” de vocês seja “sim”, e que o “não” de vocês seja “não”, para que vocês não incorram em condenação.
13 Alguém de vocês está sofrendo? Faça oração. Alguém está alegre? Cante louvores.
14 Alguém de vocês está doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor.
15 E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará. E, se houver cometido pecados, estes lhe serão perdoados.
16 Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros, para que vocês sejam curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.
17 Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou com fervor para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis meses, não choveu.
18 Depois, orou de novo, e então o céu deu chuva, e a terra produziu os seus frutos.
19 Meus irmãos, se alguém entre vocês se desviar da verdade, e alguém o converter,
20 saibam que aquele que converte o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma dele e cobrirá uma multidão de pecados.
No verso 12, Tiago apresenta o desafio de vivermos sem jurarmos por aquilo que não devemos. Como Jonathan Edwards diz, os judeus estavam muito acostumados a fazerem juramentos por qualquer coisa. E como haviam muitos judeus convertidos entre os gentios que leram esta carta originalmente, sobretudo eles deveriam estar atentos a estas palavras.
12 Acima de tudo, meus irmãos, não jurem nem pelo céu, nem pela terra, nem por outra coisa qualquer, mas que o “sim” de vocês seja “sim”, e que o “não” de vocês seja “não”, para que vocês não incorram em condenação.
Devemos todos ser simples em nossas palavras. Devemos ter cuidado com aquilo que falamos. Os juramentos devem ser evitados ao máximo, a não ser em situações em que a lei nos exija isso, como, por exemplo, em um tribunal. Porém, invocar e jurar pelo nome de Deus e, pior ainda, por aquilo que ele criou, em vão, constitui-se em um pecado.
12 Não façam juramentos falsos pelo meu nome, pois vocês estariam profanando o nome do seu Deus. Eu sou o Senhor.
Percebam a ênfase do Senhor quanto a não usarmos o seu santo nome de forma indevida. A santidade do nome de Deus deve permanecer intacta em nossos lábios. Por outro lado, voltando a Tiago 5.12,
12 Acima de tudo, meus irmãos, não jurem nem pelo céu, nem pela terra, nem por outra coisa qualquer, mas que o “sim” de vocês seja “sim”, e que o “não” de vocês seja “não”, para que vocês não incorram em condenação.
Veja que suas palavras começam com "Acima de tudo". Isso demonstra que aquilo que ele estava para dizer deveria ser levado muito a sério. Deveria ser tomado como prioridade na vida de quem estivesse lendo. O fato de evitarmos tomar o nome de Deus em vão e evitarmos fazer juramentos é passo para uma vida mais piedosa. Se queremos ser pessoas que agradam a Deus, isto deve fazer parte de nossas vidas.
Deus proíbe que façamos estas coisas para que não tratemos com trivialidade e vulgaridade coisas que são santas. O nosso "sim" deveria ser "sim" e o nosso "não" deveria ser "não", sem titubearmos. Tiago, aqui, está certamente reverberando as palavras de Jesus em Mateus 5:
34 Eu, porém, lhes digo: não jurem de modo nenhum; nem pelo céu, por ser o trono de Deus;
35 nem pela terra, por ser estrado de seus pés; nem por Jerusalém, por ser a cidade do grande Rei.
36 Não jure pela sua cabeça, porque você não pode fazer com que um só cabelo fique branco ou preto.
37 Que a palavra de vocês seja: Sim, sim; não, não. O que passar disto vem do Maligno.
Tiago inclusive diz que ir além desta simplicidade no uso das palavras poderia nos levar a condenação. Por isso, nossas palavras são tão importantes, como ele mesmo já havia dito no início desta carta, mostrando como elas poderiam salvar alguém ou, da mesma forma, destruir a vida de uma pessoa. Você conhece pessoas que possuem uma língua afiada? Línguas afiadas são um perigo, elas podem matar uma pessoa, e é isso que Tiago está dizendo aqui que pode trazer condenação sobre a vida de alguém.
Mas ele continua no verso seguinte dizendo assim:
13 Alguém de vocês está sofrendo? Faça oração. Alguém está alegre? Cante louvores.
Nossas palavras devem também ser uma resposta daquilo que estamos vivendo e sentindo. Se sofremos, devemos usar nossas palavras para orar, para suplicar o socorro de Deus. Mas se estamos alegres, devemos usar as mesmas palavras para cantarmos, para demonstrarmos alegria perante o Senhor. Devemos cantar, especialmente, para ele, sobre ele, falando de nosso amor e gratidão por ele.
14 Alguém de vocês está doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor.
Diante da doença, os presbíteros da igreja deveriam orar. Mais uma vez, o uso das palavras aqui se faz presente, mas agora são as palavras dos presbíteros. A Bíblia nos mostra em alguns lugares a importância da igreja possuir presbíteros, sempre no plural, em cada igreja local, não importando se esta igreja seja grande ou pequena. Veja:
23 E, promovendo-lhes, em cada igreja, a eleição de presbíteros, depois de orar com jejuns, os encomendaram ao Senhor, em quem haviam crido.
5 Foi por esta causa que deixei você em Creta: para que pusesse em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísse presbíteros, conforme prescrevi a você:
Vejam que, em cada cidade, em cada igreja, presbíteros deveriam ser constituídos segundo aquilo que a própria Bíblia diz. E são estes presbíteros que deveriam orar por estas pessoas enfermas para que ficassem curadas. Um ponto interessante do texto é a menção sobre o uso do óleo. Era comum no mundo antigo o uso do óleo e do vinho para cura de feridas. Na própria Bíblia encontramos isso algumas vezes.
6 Desde a planta do pé até o alto da cabeça não há nada são, a não ser feridas, contusões e chagas abertas, umas e outras que não foram limpas, nem atadas, nem tratadas com azeite.
34 E, aproximando-se, fez curativos nos ferimentos dele, aplicando-lhes óleo e vinho. Depois, colocou aquele homem sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele.
23 Não beba somente água; beba também um pouco de vinho, por causa do seu estômago e das suas frequentes enfermidades.
Vinho e óleo era comumente usados tanto pelos de fora quanto pelos de dentro da igreja, além de ervas que eram consideradas medicinais.
Quanto ao texto de Tiago, não se sabe ao certo se a unção com óleo seja algo meramente simbólico, como aludindo ao Espírito Santo (simbolizado pelo óleo no AT), ou se Tiago está, de fato, tratando de algo medicinal, o que me parece mais provável. E Ele conclui afirmando que esta oração deveria ser feita em nome do Senhor. A parte mais importante para os presbíteros aqui não era o óleo em si, mas o nome do Senhor. Onde vocês acham que reside maior poder? No óleo ou no nome de Jesus? É tão certa a convicção de Tiago que ele afirma o assim no verso seguinte:
15 E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará. E, se houver cometido pecados, estes lhe serão perdoados.
Ele realmente cria que a oração traria seus benefícios à pessoa enferma. Ele cria que o Senhor levantaria esta pessoa da cama. Aqui, dois pontos precisam apreendidos. O primeiro é que não sabemos se este "levantar" é agora ou na ressurreição final. Pode ser um ou outro, ou ambos. E, em segundo lugar, quando Tiago diz sobre o perdão de seus pecados, isto significa que há enfermidades que são causadas por pecados cometidos pelas pessoas. Dois exemplos disso são:
14 Mais tarde, Jesus o encontrou no templo e lhe disse: — Olhe, você foi curado. Não peque mais, para que não lhe aconteça coisa pior.
29 Pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si.
30 É por isso que há entre vocês muitos fracos e doentes e não poucos que dormem.
Este caso da Ceia de Corinto é emblemática. Havia pessoas ali que estavam doentes, e algumas que já haviam morrido, e tudo por causa de pecado, do pecado de haverem participado da Ceia do Senhor indignamente.
Seguindo em Tiago, ele diz no verso 16:
16 Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros, para que vocês sejam curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.
Esta é mais uma atitude piedosa na vida dos cristãos. Eles devem sempre confessar seus pecados. E algo que não só Tiago afirma é que, quando estes pecados fossem cometidos uns contra os outros, que a confissão também deveria ser entre as pessoas. Mais uma vez, Tiago parece estar atento às palavras de Jesus:
23 Portanto, se você estiver trazendo a sua oferta ao altar e lá se lembrar que o seu irmão tem alguma coisa contra você,
24 deixe diante do altar a sua oferta e vá primeiro reconciliar-se com o seu irmão; e então volte e faça a sua oferta.
A confissão de pecados a outras pessoas não precisa ser somente no caso de você estar pecando contra alguém, mas também no caso de você se sentir fraco e desencorajado ao confessar somente a Deus, e sentir a necessidade de ser aconselhado por um irmão ou irmã na fé. Nestes casos, também é saudável a confissão a um irmão que, ao invés de te acusar ou julgar, sabendo que você já se confessou a Deus, irá lhe dar conselhos para lhe ajudar a não cair mais naquele pecado. Por isso, a confissão é algo tão poderoso.
Tiago diz para confessarmos e orarmos uns pelos outros, para que sejamos curados. Veja como é poderosa a confissão pública e a partilha de socorro quanto às suas fraquezas e pecados. Porém, Tiago diz que você deve procurar uma pessoa que seja justa, e não qualquer pessoa para se confessar. Tiago diz que você deve procurar a ajuda e a súplica de um justo, ou seja, alguém justificado, salvo, transformado.
17 Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou com fervor para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis meses, não choveu.
18 Depois, orou de novo, e então o céu deu chuva, e a terra produziu os seus frutos.
Elias é apresentado aqui como um modelo de oração, como um modelo de alguém que agiu com suas palavras de forma piedosa e temente a Deus. Sua vida de oração é um modelo para todos nós. A forma como ele enfrentou a impiedade, a maldade, a idolatria e a imoralidade vividas no tempo do rei Acabe, é um exemplo de como também devemos viver temendo a Deus e falando com ele com ousadia. Foi pela oração de Elias que ficou sem chover três anos e meio em Israel. E esta seca foi para que o rei e o povo percebessem que haviam abandonado os caminhos de Deus. Foi somente quando o povo renovou sua aliança com Deus no Monte Camelo que Elias orou novamente pedindo chuva e esta veio, antes que Acabe chegasse ao palácio em Jezreel.
19 Meus irmãos, se alguém entre vocês se desviar da verdade, e alguém o converter,
20 saibam que aquele que converte o pecador do seu caminho errado salvará da morte a alma dele e cobrirá uma multidão de pecados.
As últimas palavras de Tiago antes de encerrar sua epístola são também para pessoas que desejam viver de uma forma piedosa, não somente obedecendo a Deus, mas socorrendo pessoas que estão longe de Deus ajudando-as a se achegarem a fim de tornarem-se tementes a Deus novamente. Ao que parece, Tiago fala de pessoas que estiveram, um dia, no caminho de Deus, mas que, por pecados cometidos e não confessados e arrependidos, se afastaram por um tempo. As pessoas piedosas, que amam a Deus, devem orar por estas afastadas e, na medida do possível, não medir esforços para trazer estas pessoas de volta para os caminhos do Senhor.
O cuidado das almas não é uma tarefa apenas do pastor ou dos presbíteros, mas de toda a comunidade, de cada cristão. Por isso Tiago diz no 20 "aquele que converte o pecador do seu caminho errado". Este "aquele" implica qualquer pessoa da igreja. É óbvio que a conversão não é uma atitude daquele que converte, sabemos disso. Converter aqui simbolizar fazer mudar de caminho, ou melhor ainda, ser um instrumento para trazer de volta ao caminho aquele que saiu dele. E é óbvio também que o cobrir de uma multidão de pecados não é uma atitude da própria pessoa, pois só o sangue de Jesus tem este poder.
Logo, quando Tiago afirma que "cobrirá uma multidão de pecados", afirma que esta atitude de conduzir alguém de volta ao caminho fará com que aquele que retornou tenha seus pecados cobertos e perdoados de suas transgressões. A Bíblia fala nestes termos sobre esta cobertura:
1 Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, cujo pecado é coberto.
Diante
2 Perdoaste a iniquidade de teu povo, encobriste todos os seus pecados.
12 O ódio provoca conflitos, mas o amor cobre todas as transgressões.
A amor tanto deste irmão que ajudou a reconduzir o pecador quanto, principalmente, o amor de Deus que faz este milagre do perdão e da regeneração. Só Deus tem este poder de nos dar uma nova vida, um novo coração, um novo caminhar. Só Deus pode nos tirar de uma vida distante dele, desinteressada nele, e nos trazer para uma nova vida, nos dar uma nova vida de um coração cheio de amor pelo Senhor.
Conclusão
Conclusão
Meus irmãos, queremos viver uma vida piedosa assim? Queremos viver para agradar ao Senhor? Queremos estar em seus caminhos e nunca nos desviarmos deles? Onde está o seu coração? Perto ou longe dele? Andando em obediência às suas Palavras ou andando de maneira relaxada sem nenhuma preocupação com a Palavra do Senhor?
Diante destes diversos conselhos que Tiago nos deu, o que você fará? Sobre não jurar. Sobre não ficar usando seu nome em vão o tempo todo, para nada, de forma irresponsável e imprudente. Sobre orar quando se está sofrendo, Sobre cantar quando se está alegre. Sobre confessar seus pecados a Deus e às pessoas que você ofendeu. Sobre pedir ajuda a irmãos para que lhe ajudem a lutar contra seus pecados e fraquezas. Sobre ajudar irmãos que se desviaram por um tempo e precisam de você para serem reconduzidas ao caminho do Senhor. O que você fará diante de tudo isso?
Que a sua escolha seja por viver uma vida piedosa, uma vida que agrada a Deus. Que a sua escolha seja a que o Espírito Santo deseja de você quando inspirou Tiago para escrever estas palavras. Que Cristo seja honrado em sua vida, que você o ame mais do que tudo e decida viver segundo tudo o que aprendemos nesta epístola.