O Grande mandamento é o amor
Mateus • Sermon • Submitted
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· 20 viewsExposições no Evangelho de Mateus Nesta sermão aprenderemos que Jesus nos ensina aqui que a lei de Deus não é uma mera questão de comportamentos, mas dos afetos de um coração. O coração enternecido pelo que Deus realizou em sua obra redentora, responde em amor que produz obediência voluntária.
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“Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (Mt 22.37–39)
Introdução
Introdução
Em sua resposta Jesus nos leva ao coração da Lei e, depois ao nosso próprio coração. O “amor é o cumprimento da lei” (Rm 13.10b). Mas a lei não nos manda amar somente, ou seja, que tenhamos um comportamento amável, polido, politicamente correto.
Proposição
Proposição
Jesus nos ensina aqui que a lei de Deus não é uma mera questão de comportamentos, mas dos afetos de um coração. O coração enternecido pelo que Deus realizou em sua obra redentora, responde em amor que produz obediência voluntária.
Ame o Senhor de todo coração
Ame o Senhor de todo coração
Jesus ensina que o grande e o primeiro (v.38) mandamento de toda lei é “Amar o Senhor nosso Deus”. Apesar de os fariseus e mestre da Lei terem desenvolvido um rígido sistema de regras com mais de 600 itens, Jesus não se preocupou de discorrer sobre nenhum deles. Nem mesmo os 10 Mandamentos foram citados um a um. Jesus se concentra no Shemá:
“Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força.” (Dt 6.4–5)
Ou seja, ele nos aponta para o que nos leva a obedecer a Deus da forma que o agrada com sinceridade e alegria: o amor que nutrimos e dedicamos a Deus. Por isso, o próprio Senhor diz que seus mandamentos devem, primeiro, estar no nosso coração. “Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração” (Dt 6.6).
O amor que nutrimos por Deus éo que nos faz obedecer com sinceridade e alegria
O amor que nutrimos por Deus éo que nos faz obedecer com sinceridade e alegria
Hávárias razões que levem uma pessoa a obedecer:
Castigos e Recompensas. Geralmente, as pessoas obedecem por medo da punição ou motivados por uma recompensa. Por exemplo, as crianças podem ser constrangidas a obedecer aos pais por medo de serem punidas com castigos, perda de privilégios ou disciplina física e, por outro lado, a promessa de um celular novo pode fazer com elas se dediquem mais aos estudos e às tarefas domésticas. Contudo, nós, pais, nos frustramos todas as vezes que percebemos que nossos filhos não obedecem porque nos amam, mas porque se amam mais do que tudo e que esse tipo de obediência é hipócrita e, geralmente produzem um trabalho malfeito. Além disso, mais frustrante ainda, é termos que admitir que sem castigos ou recompensas também não há obediência.
Aceitação. Há filhos, porém, que obedecem para ser amados pelos pais. O desejo do coração deles é ser aceitos pelo papai e pela mamãe. Eles obedecem não porque os amam, mas porque querem ser amados. Filhos que disputam a amor e a atenção dos pais podem usar a obediência como meio para conquistá-lo. Este parece ser o caso, por exemplo, do irmão mais velho na Parábola do Filho Pródigo.
Observe que, nos dois casos, amor-próprio é o que motiva a obediência. Este é o tipo de obediência dos fariseus e mestres da lei: uma obediência sem amor e fingida que é igual legalismo hipócrita.
Sinceridade e alegria
Sinceridade e alegria
Agora, preste atenção nisto que diz o apóstolo João:
“Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; ora, os seus mandamentos não são penosos,” (1Jo 5.3).
Os mandamentos do Senhor não são (não devem) ser penosos. Isso significa que eles não são opressivos nem arbitrários. Não são ordens severas de um pai mau que deseja provocar a ira de seus filhos. Ao contrário, são bons mandamentos baseados no caráter do próprio Deus que é santo e perfeito e que deseja que seus filhos sejam como Ele é: santos e perfeitos (Mt 5.48; 1Pe 1.15). Olhando dessa forma, entendemos que os mandamentos de Deus são a manifestação do seu próprio amor por nós.
Por isso, Deus não deseja que o obedeçamos motivados por hipocrisia, medo ou desejo por recompensas, mas por reconhecermos seu amor por nós e porque o amamos em resposta ao seu amor por seus filhos. Isso nos leva ao tipo obediência que agrada a Deus: sincera e alegre, cujo único constrangimento seja o amor: primeiro que Deus tem por nós e, em consequência, que nós nutrimos por Ele.
De todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo teu entendimento
De todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo teu entendimento
“Não devemos que exagerar na exegese”[1]aqui! Jesus provavelmente não pretende que diferenciemos as sutis diferenças estre os termos coração, alma e entendimento. O ponto aqui é o primeiro grande mandamento é que devemos amar a Deus com a totalidade do nosso ser. Todas as nossas faculdades –emoção, razão e vontade – devem ser totalmente devotadas ao amor a Deus.
Em vez disso, todos se referem à devoção sincera a Deus com todos os aspectos do ser, de qualquer ângulo que se escolha considerá-lo – emocional, volitivo ou cognitivo. Esse tipo de “amor” por Deus resultará em obediência a tudo o que ele ordenou.[2]
Coração. É fonte de tudo na vida do homem. Palavras, sentimentos, ações etc. O que domina o coração domina todo o homem. Ele é a sede de nossos amores. Tudo que amamos mora nele. Todos os nossos desejos habitam nele e, nele, também estão os ídolos que construímos como como substitutos de Deus. Quando Jesus diz para amarmos a Deus de TODO nosso coração, Ele está nos ensinando que Deus não quer concorrentes na sede do governo da nossa vida. Ele quer ser amado com todo o nosso coração e deseja que ele seja governado por sua lei.
Alma (ψυχῇ).Há vários sentidos para alma no AT e NT, mas o mais comum é vida. A energia vital, o folego da vida que sem o que as pessoas estão mortas e seu corpo é apenas um cadáver. Por exemplo, Jesus diz: “Porquanto, quem quiser salvar a sua vida (ψυχὴν) perdê-la-á; e quem perder a vida (ψυχὴν) por minha causa achá-la-á.”(Mt 16.25). Amar a Deus com toda sua alma significa amar a Deus mais do que se ama a própria vida. Isso implica uma consagração completa da existência a Deus como em Romanos 12.1-3, mas pode também exigir a morte se for necessário como em Mateus 10. 39. No centro do discipulado está o “negar a si mesmo e tomar a cruz”, ou seja, amar a Deus com toda a sua vida.
Entendimento. A mente também deve estar completamente comprometida em amar a Deus. Preste atenção neste Provérbio (4.7):
“O princípio da sabedoria é: Adquire a sabedoria; sim, com tudo o que possuis, adquire o entendimento.” (Pv 4.7)
Conhecimento, entendimento e sabedoria são fases diferentes da formação da mente do caráter do homem. Ele deve conhecer para, depois entender e, então se tornar sábio. O sábio é aquele que sabe aplicar todo seu conhecimento e entendimento naquilo que agrada a Deus, ou seja, no temor do Senhor. Sendo assim, amar a Deus de todo o entendimento significa empenhar a mente na busca pela compreensão do que agradável a Deus. Isso quer dizer que, por um lado, Estudar, pesquisar e buscar entender a criação para glorificar a Deus e, por outro, afastar da mente tudo o que a distrai desse propósito.
Paulo, nos dáuma dica como podemos amar a Deus de toda nosso entendimento:
“Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.” (Fp 4.8)
Essa é a única forma justa de amarmos a Deus com todo o nosso ser!
Uma pergunta antes de passarmos para o segundo grande mandamento: Qual é o maior pecado que podemos cometer? Sei que você uma lista de pecados terríveis como assassinato, estupro, traição etc. Mas concordo com o Dr. Sproul quando ele diz que nenhum desses éo pior, mas
se o mandamento mais importante que Deus já deu ao seu povo é o de amá-lo de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento, parece-me que a maior transgressão de todas é deixar de amá-lo de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento.[3]
Veja: Deus étotal e perfeitamente amável – Ele bom, misericordioso e fiel – isso significa que não ser mas digno de nosso amor do que Ele. Mas, além disso, Ele nos amou primeiro e absolutamente desde a eternidade.
Quando Deus ama, ele ama o mundo; quando ele dá, dá a seu Filho, portanto a si mesmo. Ele o entrega; ele não o poupa. Maior amor é impossível. [4]
A única resposta aceitável a um amor como esse é o que o amemos de todo nosso coração, de toda nossa alma e de todo nosso entendimento.
Ame ao teu próximo como a vocêmesmo
Ame ao teu próximo como a vocêmesmo
O primeiro e grande mandamento da lei não estácompleto. Há outro que lhe está atrelado e tão importante quando ele. Éo segundo, mas não em importância, mas em ordem porque é a consequência prática do primeiro. Disse Jesus:
“Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (Mt 22.38–39)
O primeiro ecoa Deuteronômio 6.4 e o segundo, Levíticos 19.16-18:
“Não andarás como mexeriqueiro entre o teu povo; não atentarás contra a vida do teu próximo. Eu sou o Senhor. Não aborrecerás teu irmão no teu íntimo; mas repreenderás o teu próximo e, por causa dele, não levarás sobre ti pecado. Não te vingarás, nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor.” (Lv 19.16–18)
Amar o próximo como a mim mesmo! Eu sei, ainda que seja difícil admitir, o quanto eu me amo, mas não sei amar as pessoas da mesma maneira.
Olhe para o mandamento em Levítico e observe que amar o próximo como a si mesmo significa não fazer qualquer mal a ele: fofoca, assassinato, ódio no coração (o mesmo que assassinato segundo Jesus), omissão quando ele peca, vingança, ira, “mas”, diz Jesus, “amarás o teu próximo como a ti mesmo”.
Nesta perspectiva, Paulo ensina (Rm 13.8-10):
“A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei. Pois isto: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e, se há qualquer outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o amor.” (Rm 13.8–10)
Por outro lado, amar o próximo também diz respeito a lhe fazermos bem, mesmo que o próximo seja um inimigo, mas principalmente aos nossos irmãos em Cristo.
Finalmente, o amor ao próximo é a consequência natural e extensão do amor que temos por Deus:
“Nós amamos porque ele nos amou primeiro. Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. Ora, temos, da parte dele, este mandamento: que aquele que ama a Deus ame também a seu irmão.” (1Jo 4.19–21)
Os dois mandamentos estão entrelaçados como gêmeos siameses. Eles partilham da mesma fonte vital o amor de Deus por nós revelado em Jesus Cristo. Todo amor que Deus nos pede vem Dele mesmo e deve voltar para Ele e através de nós alcançar as pessoas. Amamos a Deus e Cristo por meio de amar pessoas.
Conclusão
Conclusão
Toda a lei e os profetas foi resumida por Jesus em dois mandamentos. Não seria absurdo se a resumíssemos em uma única palavra AMOR. Não o amor mundano, que não tem qualquer sentido em um mundo de pessoas individualistas, egocentradas e egoístas. Mas o amor bíblico. Sacrificial por sua natureza e obediente em sua ética e moral. O amor que nos permite imitar a Deus, amando-o com a totalidade no nosso ser e nos impele a amar pessoas como amamos a nós mesmos.
Contudo, esse éum amor impossível para nós. Nem eu nem você conseguimos amar a Deus como Ele deseja que o amemos. Com Deus, em nosso coração, concorrem ídolos que nós chamamos de desejos. Amamos muito nossa vida para arriscá-lo amando a Deus e quantas distrações ocupam nossa mente e a desviam de amar a Deus com todo nosso entendimento. E, se achamos que amor o próximo émais fácil, ledo engano, não quem amemos mais do que a nós mesmos.
Graças a Deus, ELE NOS AMOU PRIMEIRO e seu amor é suficiente. Cristo sim amou o Pai perfeitamente. Sua morte da cruz revela isso. Ela é a prova cabal do amor absoluto que o Filho nutre pelo Pai. Mas na cruz ele também nos amou perfeitamente. Amou-nos como irmãos, amou-nos como necessitados e nos amou como inimigos.
Queridos irmãos, ainda que seja impossível para nós amarmos conforme os grandes mandamentos de Jesus. O amor Dele por nós deve nos constranger a amar a Deus de todo nosso coração, de toda nossa alma e de todo nosso entendimento e amor ao próximo como a nós mesmos. Seu amor por nós tornou possível amarmos também.
Portanto,
1. Gaste tempo meditando no amor de Deus e isso dilataráseu coração para amar a Deus e as pessoas.
2. Busque a comunhão com Deus, submeta sua vida a Ele, usa a sua mente para buscar a sabedoria.
3. Persegui a comunhão com os irmãos. A igreja éa comunidade do amor. É aqui que somos amados e aprendemos a amar.
4. Se você éum egoísta que não consegue amar, vocêprecisa conhecer o amor de Deus em Cristo.
[1] HENDRIKSEN, William, Mateus, 2. ed. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2010, p. 371.
[2] BLOMBERG, Craig, Matthew, Nashville: Broadman & Holman Publishers, 1992, p. 335.
[3] SPROUL, R. C., Estudos Bíblicos Expositivos em Mateus, São Paulo: Cultura Cristã, 2017, p. 579.
[4] HENDRIKSEN, Mateus, p. 372.