Como Viver com sabedoria em tempos de crise
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Como Viver com sabedoria em tempos de crise
Tiago 1:5-18
5 Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça a Deus, que a concede livremente a todos sem criticar, e lhe será dada. 6 Peça-a, porém, com fé, sem duvidar, pois quem duvida é semelhante à onda do mar, movida e agitada pelo vento. 7 Tal homem não deve pensar que receberá do Senhor alguma coisa, 8 pois vacila e é inconstante em todos os seus caminhos.
9 Mas o irmão de condição humilde deve gloriar-se na sua alta posição, 10 e o rico na sua humilhação, porque passará como a flor silvestre. 11 Pois o sol se levanta em seu ardor e seca a relva; então sua flor cai e sua beleza desaparece. Assim também o rico murchará em seus caminhos.
12 Feliz é o homem que suporta a provação com perseverança, porque, depois de aprovado, receberá a coroa da vida que o Senhor prometeu aos que o amam.
13 Quando tentado, ninguém deve dizer: Sou tentado por Deus, pois Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta. 14 Mas cada um é tentado quando atraído e seduzido por seu próprio desejo. 15 Então o desejo, tendo concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, após se consumar, gera a morte. 16 Meus amados irmãos, não vos enganeis.
17 Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto e descem do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação. 18 Segundo sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como os primeiros frutos de suas criaturas.
Introdução
TIAGO ESCREVE ESTA CARTA para ajudar os crentes dispersos a vencerem as provações a que estavam expostos, buscando, ao mesmo tempo, o alvo da maturidade crista.
Ele ensinou (1.2-4) que as provas fazem parte da fé cristã, podem ser variadas, passageiras e pedagógicas.
E agora, Tiago vai nos mostrar como viver com sabedoria neste mundo, no meio dessas provas.
Champlin, citando Cícero, disse que a sabedoria era “a princesa das virtudes”, a fonte do conhecimento bem aplicado.
Examinando Tiago 1.5,6, vemos que há pelo menos três passos para conseguirmos essa sabedoria:
O primeiro, é pedirmos; (ação)
O segundo, é pedirmos a Deus; (a quem pedir)
o terceiro, é pedirmos com fé. (Como pedir)
Nos versículos que lemos, Tiago nos ensina sobre como podemos lidar de forma sábia com as provações. Lidar de forma sábia com dificuldades, crises e provações estão profundamente relacionadas com a maturidade cristã que temos. É bom lembrar que um dos importantes alvos de Deus pra nós é a maturidade Cristã. Sem a maturidade, seríamos eternas crianças espirituais, mas com ela nos tornamos mais seguros e constantes no relacionamento com Deus e sua palavra.
Na medida em que somos provados, precisamos pedir a Deus para nos revelar qual é seu propósito para nós. O que vemos é que muitas vezes Deus nos prova para que assim como um bebê, sejamos “desmamados” de atitudes espirituais infantis.
Ao ler efésios 2:8-10, vemos que para alcançar esse alvo da maturidade, Deus trabalha em nós realizando pelo menos três coisas:
Em primeiro lugar, há uma obra que Deus realiza por nós: a salvação. (ato)
Em segundo lugar, há uma obra que Deus realiza em nós: a santificação. (Processo)
Em terceiro lugar, há uma obra que Deus realiza através de nós: o serviço. (resultado: as obras).
Deus trabalhou 25 anos na vida de Abraão antes de lhe dar o filho da promessa. Deus trabalhou 13 anos na vida de José antes de colocá-lo no trono. Deus trabalhou oitenta anos na vida de Moisés antes de usá-lo como líder do seu povo. Jesus trabalhou três anos na vida dos apóstolos antes de enviá-los ao mundo.
Assim como na vida deles, Deus está trabalhando neste exato instante em nossas vidas, para que possamos ter maturidade em nossa vida cristã, e não sejamos mais inconstantes.
Chamo de “tratamento” o amadurecimento que o Senhor produz em nossas vidas em meio às provas e tribulações. O nosso caráter é aperfeiçoado, enriquecido em meio à adversidade. Isto não significa, porém, que o crescimento vem somente desta forma. Há muitas formas de crescermos espiritualmente: o envolvimento com a Palavra, que é o nosso alimento espiritual; o ensino e a ministração dos mais maduros; a nossa vida de oração pessoal e as respostas e experiências que dela decorrem. Há tantas coisas que podem ser mencionadas! Mas, ao falar de “tratamento” refiro-me à forma de Deus tratar com as áreas difíceis das nossas vidas, especialmente aquelas em que não queremos ou não permitimos que o Senhor opere em nós e nos transforme profundamente.
Deus muitas vezes usa as provações para nos tratar em áreas vitais e essenciais de nossas vidas, onde somos resistentes e duros de coração. Deus usa as provações para nos aperfeiçoar e nos tornar mais preparados para sermos em suas mãos instrumentos possam ter alguma utilidade.
Nos versos que foram lidos vemos Tiago nos ensinando princípios para lidar com as provações. Vejamos eles:
Em primeiro lugar, quando somos provados precisamos pedir sabedoria (1.5-8).
5 Se algum de vós tem falta de sabedoria, peça a Deus, que a concede livremente a todos sem criticar, e lhe será dada. 6 Peça-a, porém, com fé, sem duvidar, pois quem duvida é semelhante à onda do mar, movida e agitada pelo vento. 7 Tal homem não deve pensar que receberá do Senhor alguma coisa, 8 pois vacila e é inconstante em todos os seus caminhos.
Quando estamos sendo provados, precisamos de discernimento e sabedoria (1.5; 3.13-18).
O que é sabedoria? E mais que conhecimento. Sabedoria é o uso correto do conhecimento.
Conhecimento pode ser definido, nesse contexto, como conhecer bem a Bíblia. Sabedoria é usar bem a Bíblia.
Sabedoria é olhar para a vida com os olhos de Deus. O sábio busca maturidade e não prazer. Há pessoas cultas e tolas. Há pessoas que têm erudição, mas não sabem viver a vida nem fazer escolhas certas.
Quando estamos sendo provados, precisamos de sabedoria para não desperdiçar as oportunidades que Deus está nos dando para chegarmos à maturidade.
A sabedoria nos ajuda a entender como usar as provas para nosso bem e para a glória de Deus.
Em segundo lugar, quando somos provados precisamos conhecer o caráter de Deus (1.5).
Tiago nos ensina três coisas sobre Deus neste versículo:
É da natureza de Deus dar (1.5): Deus é a fonte da sabedoria. Ele é o doador.
A generosidade de Deus é ilimitada. A generosidade de Deus não conhece limites na terra: é para todos. A generosidade de Deus não conhece limites no céu: Ele dá liberalmente.
A acolhida de Deus é garantida (1.5): Deus não rejeita aquele que o busca. Salmos 66:20 diz: Louvado seja Deus, que não rejeitou a minha oração nem afastou de mim o seu amor!
Em terceiro lugar, quando somos provados precisamos orar com fé (1.6-8).
5 Se, porém, algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida. 6 Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando; pois o que duvida é semelhante à onda do mar, impelida e agitada pelo vento. 7 Não suponha esse homem que alcançará do Senhor alguma coisa; 8 homem de ânimo dobre, inconstante em todos os seus caminhos.
Aqui, quero enfatizar e destacar a oração que feita sem fé.
Tiago compara o homem que ora a Deus, mas tem dúvidas no coração, a três figuras de linguagem:
Ele é como as ondas do mar (1.6), como uma pessoa que oscila entre fé e incredulidade, ânimo e desânimo, otimismo e pessimismo. Ora está no alto, ora no vale. Um dia fervoroso, outro dia abatido.
Você já ouviu falar sobre alguém ter dupla personalidade. Tiago diz, que Ele é também como alguém que tem duas mentes em um só corpo (1.6). A palavra grega “duvidando”, diacrimonai, significa duas mentes. E uma pessoa dividida entre duas mentes. A fé diz sim, mas a descrença diz não. Uma hora ele diz sim, outra hora ele diz não.
Ele é como alguém que tem duas almas em um só corpo (1.8). A palavra grega “dobre”, dipsychoi, significa duas almas, almas divididas. Refere-se aquele que tenta andar em dois caminhos. E tentar servir a dois senhores.
Quem ora com Dúvidas no coração, certamente não encontrará as portas do céu abertas. E nesse sentido, Tiago fala de dois resultados negativos ao crente que ora, mas com dúvidas:
Primeiro resultado, fracasso na oração (1.6).
Segundo resultado, inconstância espiritual (1.8). Ele não vai chegar à maturidade, mas vai estar exposto aos ventos de doutrina (Ef 4.14). Há crentes que não se firmam na igreja.
Nestes versos, Tiago ilustra bem a pessoa que ora, mas duvida, que oscila entre a fé e a incredulidade: O que duvida é como uma onda agitada pelo vento, para lá e para cá, para cima e para baixo, para frente e para trás, ao sabor do vento. Como um navio desorientado, como um homem sem direção e sem controle.
Será que já vimos pessoas assim? De um jeito hoje, de outro jeito amanhã, ontem por cima, hoje por baixo, à mercê das mais variadas circunstâncias, porque esse alguém não tem sua vida ancorada na Palavra de Deus e não busca a direção do Espírito de Deus.
Deus não responde a alguém assim, inconstante em todos os caminhos e atitudes em relação a Deus. E isso não ocorre por causa de uma falha no caráter de Deus ou uma falta de desejo da parte dEle… mas é a consequência de uma falha daquele que pede.
Em quarto lugar, quando somos provados precisamos nos alegrar com as riquezas espirituais (1.9-11).
9 Mas o irmão de condição humilde deve gloriar-se na sua alta posição, 10 e o rico na sua humilhação, porque passará como a flor silvestre. 11 Pois o sol se levanta em seu ardor e seca a relva; então sua flor cai e sua beleza desaparece. Assim também o rico murchará em seus caminhos.
Tiago aplica o princípio da sabedoria nas provas em duas circunstâncias específicas: cristãos pobres e cristãos ricos.
Lendo o livro de Tiago, veremos que Dinheiro e status eram problemas reais entre aqueles irmãos.
A Bíblia jamais ensina que a riqueza em si é um mal. O amor ao dinheiro, sim é um mal espiritual que assola a muitos. Na bíblia vemos que o próprio Deus deu a Salomão tanto a riqueza como a sabedoria (IRs. 3.12,13). Na verdade, tudo depende de como a riqueza é adquirida, como é usada e qual o lugar que ela ocupa no coração de quem a possui.
O pobre deve gloriar-se pelo que tem permanente no céu. O rico pelo que não tem permanente na terra. O pobre deve gloriar-se em sua dignidade, o rico em sua insignificância.
E conhecida a expressão do missionário, Jim Elliot, um mártir morto pelos índios astecas: “Não é tolo aquele que perde o que não pode acumular, para ganhar o que não pode perder”.
O pobre ao ser provado diz: mas quão rico eu sou da graça de Deus. O rico ao ser provado e tentando pelas glórias do mundo deve ser capaz de reconhecer: mas quão vulnerável eu sou. Cada um deve olhar para a sua vida na perspectiva da eternidade.
No versículo 10 Tiago oferece uma comparação: o rico é como a flor. Ele é extremamente frágil. No versículo 11b, ele tira uma conclusão: “… assim murchará também”. Tiago mostra, assim, a instabilidade da riqueza e da vida.
Nessa pandemia vimos, pessoas, ricas, importantes, e até famosas partirem do mesmo modo como aqueles que são humildes, mostrando que todos nós somos como flores que murcham. A NOSSA ÚNICA RIQUEZA E ESPERANÇA É A DA VIDA ETERNA.
Em quinto lugar, quando somos provados precisamos estar de olho na recompensa (1.12).
12 Feliz é o homem que suporta a provação com perseverança, porque, depois de aprovado, receberá a coroa da vida que o Senhor prometeu aos que o amam.
Quando Deus nos prova é para o nosso bem, por isso somos bem-aventurados. Quando somos provados, desenvolvemos a paciência triunfadora. Quando somos provados somos aprovados por Deus. Quando somos provados somos galardoados por Deus. Quando somos provados temos a oportunidade de demonstrar nosso amor por Deus.
A Bíblia diz que nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória (2Co 4.17). Como Lutero expressou no hino Castelo Forte, ainda que percamos os bens, prazeres, Deus continua sendo nosso castelo forte.
Esse hino foi composto por Lutero por volta de 1521, por ocasião de sua convocação para a Dieta de Worms. Essa assembléia foi convocada pelo imperador alemão Carlos V para os dias 27 de janeiro a 25 de maio de 1521 e, dentre outros assuntos, trataria da polêmica em torno dos ensinos do reformador. Havia o perigo de que Lutero fosse condenado após a Dieta, e acabasse na fogueira como John Huss cerca de cem anos antes. Conta-se que Lutero cantou este hino quando avistou as torres das igrejas em Worms, também em 1523, quando soube que dois jovens haviam sido queimados em Bruxelas por seguirem doutrinas da Reforma Protestante; e em 1527, ao saber da execução do seu amigo Leonhard Kaiser.
O fato de sermos provados nos capacita, não apenas para recebermos recompensa futura, mas também nos equipa para sermos usados por Deus agora.
Li algo maravilhoso que nos ajuda a entender esse princípio: O processo utilizado no passado para o cultivo das árvores que se tornariam os mastros principais dos navios militares e mercantes era assim: os grandes construtores de navios selecionavam as árvores localizadas no topo das altas colinas para, provavelmente, virem a ser o mastro de um navio. Então, eles cortavam todas as árvores que as circundavam e que protegeríam da força do vento as árvores escolhidas. Com o passar dos anos, e com os fortes açoites dos ventos contra aquelas árvores, elas cresciam e se tornavam mais fortes ainda, até que, finalmente, estavam suficientemente firmes para serem o mastro de um navio.
Conclusão
Gosto muito de uma declaração que o apostolo Paulo faz em Romanos 8:37: “Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou.”
Mas o que são “..todas estas coisas….” a que Paulo se refere?
O próprio texto bíblico responde. Basta que o examinemos dentro do seu contexto que diz:
“Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte o dia todo; fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores por aquele que nos amou” Romanos 8.35-37 (TB)
Todas estas coisas são aqui neste contexto: Tribulação, Angústia, Perseguição, Fome, Nudez, Perigo ou a Espada.
Podemos até enfrentar algumas dessas coisas, porque não pregamos e nem vivemos o evangelho da intocabilidade, da blindagem nos crentes, como muitos aí erroneamente ensinam, como se vivêssemos acima de qualquer possibilidade de lutas e tribulações.
Mas temos a promessa, de que em todas estas coisas vividas com luta e até aflição seremos mais que vencedores, e é por causa disso que devemos pedir a Deus que nos de sabedoria para enfrentar a tudo que surgir em nossa caminhada.
Que Deus nos ajude com sua graça a vencermos sempre com Cristo.