Digno é o Cordeiro

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Digno é o Cordeiro

Finalmente o problema do rolo foi resolvido! Alguém foi achado digno de tomá-lo e de abrir os seus sete selos. O verbo “tomar” (gr. lambano) significa “receber ou aceitar um objeto ou benefício para o qual a iniciativa cabe ao doador, mas o foco da atenção na transferência está no receptor”[1]. É necessário salientarmos isso porque uma leitura descuidada não nos permitirá perceber que o rolo está sendo oferecido para ser aberto, mas ninguém é digno para isso. Até que surge o Cordeiro, então, o Pai lhe dá o rolo e Ele o toma.
O significado disso é que o plano redentor foi consumado e se realizará perfeitamente. Jesus morreu e ressuscitou e, por isso, Deus lhe deu autoridade para reinar soberanamente sobre todo o universo físico e espiritual. Isso implica que a Igreja vencerá com Cristo e Ele colocará todos os inimigos debaixo de seus pés.

O louvor enche a sala do trono (Ap 5.8-14)

Cristo morreu e realizou a redenção do seu povo e, assim, tornou-se digno de abrir o rolo. Por isso a Sala do Trono se enche mais uma vez de louvor! Observe que a tensão anterior dá lugar a alegria. O choro de João é substituído pelo louvor ao Cordeiro por parte dos 24 anciãos, dos quatro seres viventes, dos incontáveis anjos e de toda criação.
O aparecimento do Cordeiro é o momento mais aguardado na sala do trono. Havia uma ansiedade a respeito da redenção do povo de Deus e da destruição de Satanás. Em Romanos 8.18-30, Paulo fala dessa ansiedade se referindo a ela como “a ardente expectativa da criação”, que aguarda a revelação dos filhos de Deus. Ele diz que, até que a redenção se manifeste, a criação e nós gememos por causa das aflições do tempo presente (v. 18). Até o Espirito Santo geme e intercede por nós (v. 26). A visão do trono e o aparecimento do Cordeiro nos dá a certeza de que nossa redenção foi consumada e que o nosso choro se tornará em louvor. Como diz Paulo, “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós.” (Rm 8.18).

O universo louva o Cordeiro

A última cena no capítulo cinco revela a reação do céu e da terra diante do fato de o Cordeiro ter tomado o livro. Vemos no verso oito que “quando ele tomou o rolo” o suspense terminou e começou o louvor.
Os quatro seres viventes e os 24 anciãos são os primeiros a se prostrar diante do Cordeiro. O círculo mais próximo do trono inicia o louvor. Vemos que os anciãos têm harpas e taças. Objetos próprios do AT que serviam ao culto a Deus. Com as harpas se fazia o acompanhamento dos cânticos de louvor e nas taças se colocavam libações e incenso para serem oferecidos a Deus. Assim, os anciãos tocam suas harpas e oferecem a Deus as orações dos santos e, juntamente com os quatro seres viventes, entoam um “novo cântico” ao Cordeiro.
João faz questão de nos dá o significado das taças cheias de incenso. Como no AT, o incenso representa as orações dos santos. Semelhantemente ao incenso, elas sobem como aroma suave para o Senhor. Portanto, Deus se agrada de nossas orações. Os anciãos não somente cantam e tocam suas harpas, mas também apresentam ao Cordeiro as orações de todos os santos. Isso “é uma indicação de que o Cordeiro é a resposta às orações mais fervorosas e sinceras do povo de Deus”[2].
Eles cantam o “novo cântico”. Essa expressão aparece nove vezes na Bíblia e sempre está relacionada àquilo que deve ser cantado pelo povo de Deus em louvor pelos seus atos redentores como no Salmo 40.1-3 “E me pôs nos lábios um novo cântico, um hino de louvor ao nosso Deus; muitos verão essas coisas, temerão e confiarão no SENHOR.” (Sl 40.3). Os rabinos ensinavam que um novo cântico seria cantado quando o Messias viesse[3]. De certo modo eles estavam certos. O Cordeiro surgiu vitorioso e um novo cântico é entoado em seu louvor.
Em resposta ao novo cântico dos querubins e dos anciãos, surgem as miríades de anjos. “Milhões de milhões e milhares de milhares” significa uma quantidade impossível de se contar. Todos os anjos de Deus, assim como no nascimento de Jesus, agora se unem aos querubins e aos anciãos e louvam ao Cordeiro.
Em seguida, toda criação – criaturas do céu e da terra – aparece para louvar ao Cordeiro e ao que está sentado no trono. Por fim, os quatro seres viventes e os 24 anciões respondem com um Amém! Ou seja, de fato, o Cordeiro e o que está sentado no Trono – o Pai e o Filho – são dignos de louvor e de receber a adoração do universo.

A visão do trono e a minha vida

Jesus Cristo nos comprou com seu sangue na cruz. Esse o motivo do louvor na visão do trono. A obra redentora consumada de Jesus no Calvário lhe deu dignidade para receber o poder, riqueza, sabedoria, força, honra, glória e louvor. Da mesma forma, na Terra, em nossa igreja local, Cristo e sua redenção é o motivo de nossa adoração e de nosso culto. E uma vez que Ele é o Cordeiro que foi morto, ele é digno de nosso cântico e de nossas orações.
A minha atitude para com o culto ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo deve ter a mesma reverência, alegria e voluntariedade que vimos na sala do trono na visão de João. Nossa ansiedade e gemido cessam com o aparecimento do Cordeiro. Ele converteu nossa tristeza em alegria e o nosso choro em um novo cântico, que deve dignificar Cristo e celebrar nossa redenção.
Cristo e sua redenção, não as circunstâncias, são o motivo para eu atender dominicalmente à convocação para o culto e prestá-lo com reverência e alegria. Nossa redenção em Cristo deve ser sempre celebrada. Portanto, “Por meio de Jesus, pois, ofereçamos a Deus, sempre, sacrifício de louvor, que é o fruto de lábios que confessam o seu nome.” (Hb 13.15)
[1] LOUW, Johannes P.; NIDA, Eugene Albert, δέχομαιa; λαμβάνωc; λῆμψις, εως, in: Greek-English lexicon of the New Testament: based on semantic domains, electronic ed. of the 2nd edition. New York: United Bible Societies, 1996, p. 571. [2] PATTERSON, Paige, Revelation, Nashville, TN: B&H, 2012, p. 168. [3] Ibid.
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