A Exaltação de Cristo
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Salmo 2
Salmo 2
Introdução: antes de começar a ministração propriamente dita, gostaria de falar a importância dos Salmos Davídicos. Eu considero que os textos que mais falam diretamente aos nossos corações são os Salmos de Davi. Isso pelo fato de que esses salmos têm a capacidade dissecar e expor todos os compartimentos da alma humana. Esses salmos revelam nossos altos e baixos emocionais. Revelam quem nós somos por dentro e quem nós somos por fora. Revelam quem nós somos na presença de Deus. Nos salmos Davídicos nós identificamos uma espécie de termômetro da espiritualidade da igreja. Neles nós encontramos orações, musicais, abordagens pastorais. Os salmos de Davi nos ensinam a ouvir de Deus, a falar com Deus e a viver para Deus. E falando especificamente do salmo de número 1 e 2, eles constituem o prefácio, a introdução dos Salmos de Davi. O salmo de número 1 fala sobre a prioridade da Palavra de Deus na vida do justo e o salmo de número 2 fala sobre a soberania de Jesus na história. E pelo fato desses dois salmos constituírem a introdução dos Salmos Davídicos, eles indicam como será o desdobramento dos demais salmos, com base nos destaques que eles possuem: a vida do homem deve estar fundamentada na Palavra de Deus e a vida do crente deve ter como foco o Cristo de Deus.
O salmo de número 2 é um salmo que não possui autoria declarada, mas que a igreja primitiva acertadamente atribui a Davi, basta que você leia Atos capítulo 4.25-26. Esse salmo, é de longe, o salmo mais citado no novo testamento, no mínimo 18 vezes. É um salmo de “coroação”, de proclamação. Quando um soberano morria, um rei morria, as nações que estavam sendo subjugadas por aquele Império se amotinavam, ajuntavam-se e planejavam uma grande rebelião para que pudessem sair da dominação daquele governo. E a primeira atitude do soberano, ao ser proclamado rei, seria acabar com essa rebelião estabelecer a paz em seu reinado. E este é o pano de fundo de todo o salmo: “a exaltação de Cristo em detrimento da rebelião dos homens”.
Transição: estamos diante de um salmo muito rico, que possui lições preciosas. E para que possamos capitar essas lições, precisamos fazer alguns movimentos. Precisamos direcionar nossa atenção para determinados lugares. E o primeiro movimento que faremos será em direção à assembleia dos homens (versos 1-3).
1. A rebelião humana – versos 1-3
Os versos que acabamos de ler destacam a rebelião dos homens contra Deus e contra o seu “ungido”. A Rebelião dos homens contra Deus e contra Cristo. Notem que o salmista fica boquiaberto, admirado com esse posicionamento dos homens. Mas por quê? Por que será que essa posição dos homens causa espanto para o salmista? Porque o Deus que nós conhecemos é um Deus gracioso, bondoso, amoroso. Um Deus que, diariamente, manifesta sua misericórdia sobre justos e injustos. É por causa desse posicionamento dos homens, em se rebelar contra Deus e contra Cristo, que faz com que o salmista fique boquiaberto.
É o que vemos hoje, os homens recebendo graça da parte de Deus e se rebelando contra Ele. E por que que os homens se rebelam contra Deus e contra Cristo? A resposta está no verso 3: “rompamos os seus laços e sacudamos de nós as suas algemas”. Satanás, por meio de seus enganos, faz com que os homens entendam as leis de Deus e o Reino de Cristo como sinônimo de escravidão. As pessoas olham para o evangelho, olham para o cristianismo e dizem: viver essa vida cheia de restrições morais (não mate, não roube, não minta) eu não quero. Essa é uma vida de escravidão – afirmam elas. Porém, sabemos que essas pessoas estão completamente equivocadas. Não vivemos uma vida de escravidão – já vivemos. No entanto, hoje somos livres! A verdade é que não existe liberdade fora de Cristo! Se podemos afirmar que somos livres é porque estamos em Cristo. É porque nos submetemos a lei de Deus. Portanto, é engano do Diabo falar que o reino de Cristo e a lei de Deus são sinônimos de escravidão. Todos nós que entregamos nossas vidas a Cristo, que pertencemos ao seu reino, fomos libertos da escravidão, de todo julgo do pecado. Agora é verdade que existe uma ética para a prática da liberdade que adquirimos em Cristo, o apóstolo Paulo diz em Gálatas 5.13-14 que o fundamento da nossa liberdade é o amor ao próximo e a submissão à lei de Deus. Talvez você esteja se perguntando como é que eu sou livre se eu tenho que me submeter à lei de Deus? Porque se nós não nos submetermos à lei de Deus, nós retornamos para escravidão. A lei do Senhor é com uma cerca que protege a nossa liberdade. Esse princípio é fundamental para que possamos ser verdadeiramente livres. O conceito de liberdade cristã aponta para dependência de Deus e não para uma autonomia nua e crua. Liberdade cristã não é liberdade “de”, mas liberdade “para”. E para quê? Para se submeter ao governo do Senhor. E somente quando nós estamos sob o governo do Senhor é que podemos viver em liberdade.
A vida que temos, sob o governo de Cristo, é uma vida maravilhosa. Sem dúvida alguma, somos o povo mais feliz desta terra. Mas, Satanás, com seus enganos perverte a visão dos homens sobre a vida cristã. E isso faz com que eles se rebelem contra Cristo, levando-os viver uma vida de inquietude, sem paz. Por quê? Porque enquanto o Cristo de Deus for rejeitado não haverá paz. Enquanto o homem rejeitar e se rebelar contra o governo de Jesus, o homem não poderá desfrutar de paz. Em João capítulo 14.27, Jesus diz que a paz que Ele oferece não pode ser encontrada em nenhum outro lugar. Entendam paz não como sinônimo de ausência de conflitos, mas como descanso da alma na soberania divina. Esse descanso da alma na soberania divina é o que garante nossa estabilidade em meio as guerras, as batalhas. Às vezes as pessoas até estranham nosso estilo de vida, olham para nós e perguntam se nós não temos problemas. A verdade é que nós temos problemas sim, todavia, ao reconhecermos o senhorio de Cristo em nossas vidas, recebemos algo extraordinário que é a Sua paz. Passamos a descansar na soberania e poder do nosso Rei.
Além disso, existe um princípio, uma aplicação muito tremenda nestes versos para nossas vidas. Os reis, os príncipes e os povos, descritos nestes versos, simbolizam Herodes, Pilatos e a nação de Israel, todos juntos contra ungido de Deus, mas nós sabemos a história: Cristo triunfou na Cruz! Apesar da oposição de Herodes, apesar da oposição de Pilatos, apesar da oposição de Israel, Cristo triunfou! Ele triunfou porque não há nada que impeça à vontade decretiva de Deus. Isso se aplica a nós! O profeta Isaías no capítulo 14.27 diz aquele a quem Deus estendeu a mão não há quem possa fazer recuar. Ou seja, se Deus proferiu, declarou algo ao meu respeito, ao seu respeito, mesmo que surjam inúmeras oposições, a vontade do Senhor vai se cumprir em nós. O seu chefe pode se levantar, o seu vizinho pode se levantar, podem se levantar os seus familiares, todavia a vontade decretiva de Deus irá se cumprir em sua vida. Jó declara no capítulo 42.2 que nenhum dos planos do Senhor podem ser frustrados. E o que ele estava alegando? Jó estava declarando o seguinte: “Senhor eu tive uma sublime experiência com tua magnitude, com tua grandeza e a minha resolução é que não existe nenhum ser que seja na terra, no céu ou em qualquer outro lugar que impeça que tua vontade seja realizada”.
Transição: neste momento eu peço para que você faça um segundo movimento, agora, em direção ao Santo trono de Deus. Vamos analisar a reação divina ante a rebelião dos homens.
2. A reação divina – versos 4-6
Esses versos nos mostram a posição de Deus em relação aos rebeldes, identificando o Senhor com uma postura dupla. Uma postura de paciência e desprezo. O texto fala que Deus “ri dos rebeldes”. Deus ele ri dos rebeldes, pois se satisfaz em confundir aqueles que se acham sábios aos seus próprios olhos. O apóstolo Paulo diz 1 Co 1.27 que Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes. Jesus quando veio até nós, não veio com pompas. Ele não nasceu em um Palácio real. Cristo veio até nós de forma humilde. Nasceu em uma manjedoura; desenvolveu-se em uma comunidade simples; andou com pessoas simples, porque esse era propósito de Deus para confundir aqueles que se julgavam serem sábios aos seus próprios olhos. A biografia de Cristo para o mundo é símbolo de loucura e fraqueza. Nietzsche, um dos filósofos mais aclamados em nosso tempo, entendia o cristianismo como algo decadente, fraco, louco. Sabemos que para muitos Jesus e o cristianismo são símbolos de loucura e fraqueza, no entanto, para nós que somos salvos, é o poder de Deus (1 Co 1.18)!
Uma outra coisa que identificamos aqui é que Deus não negocia, não dialoga com os rebeldes, muito pelo contrário, Ele ratifica, reafirma sua Palavra: “eu, porém constituí o meu rei sobre o meu Santo Monte Sião”. Da mesma forma que o nosso Deus não faz concessões com os rebeldes, nós também não podemos fazer. Vivemos no período da pós-modernidade. O período que, conforme o filosofo polonês Zygmunt Bauman, tudo é muito líquido, muito fluido, inclusive a ideia de verdade. Conforme os ditames da pós-modernidade não existe “verdade absoluta”. No mundo pós-moderno não há compreensão de apenas um caminho que leva a Deus, mas vários caminhos, pois o que deve prevalecer é a pluralidade. O reconhecimento da soberania de Jesus não é necessário para alcançar salvação, ou qualquer ideia do tipo. Todavia, o que a “voz de Deus” nos diz? Qual a proclamação do Senhor em relação a essas ideias? João capítulo 14.6 Jesus disse: “eu sou o caminho a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim”. Notem que Jesus emprega um artigo definido no singular, não existe vários caminhos, não existem várias verdades, existe somente um caminho, existe uma só verdade e uma só pessoa que pode nos dar vida que se chama Jesus Cristo! Não podemos fazer concessões, não podemos negociar a verdade do evangelho, nosso papel como igreja reafirmar aquilo que Deus falou. Se o Senhor não negocia com os rebeldes, nós também não podemos negociar, porque a partir do momento que a igreja começar a fazer concessões o resultado será o seu declínio moral e espiritual.
Transição: faremos um novo movimento, agora, em direção ao ungido de Deus (Cristo). O texto nos revelará a posição de Cristo e o Seu governo.
3. O governo de Cristo – versos 7-9
Percebe-se aqui a postura de Jesus completamente diferente da postura dos rebeldes. Jesus diz: “proclamarei o decreto do senhor”. Jesus, obedece a proclamação, as ordenanças do Pai. E você pode estar se perguntando por que Jesus obedece. Porque Jesus ama o Pai. E nós, da mesma forma, precisamos nos submeter a proclamação da vontade de Deus, a sua Palavra, porquanto é dessa forma que revelamos que o amamos. João em sua primeira carta no capítulo 5.3 diz: “Porque nisto consiste o amor a Deus: em obedecer aos seus mandamentos.”. Em outro texto, Jo 14.21, Jesus disse aos seus discípulos: “aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama”. Se você deseja demonstrar o seu amor ao Senhor, submeta-se a sua vontade, a sua Palavra.
Os versos 7 a 9, eles eram exatamente proclamados no momento da coroação do soberano, onde ele receberia os seus títulos e a sua herança por causa da sua obediência. Deus declara a respeito de Jesus: “eu te darei as nações por herança e as extremidades da Terra por tua possessão”. Em Filipenses 2.8-11 Paulo diz que Jesus foi obediente até a morte e morte de cruz, por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que está acima de todo nome. Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor. Por causa da obediência de Cristo ao Pai, vem a proclamação do seu reinado e da sua herança. O senhor Jesus na cruz do calvário comprou a todos pelo poder do seu sangue.
Se você deseja ser bem-aventurado, ter uma vida com fim glorioso da mesma forma que Cristo, é necessário que você se submeta a palavra de Deus, que você obedeça aos seus preceitos.
Gostaria de chamar sua atenção para o verso 9, pois ele fala como será o governo de Jesus, diz que “com vara de ferro” Jesus governará. No original esse verbo reger significa pastorear. E o cajado do pastor possui duas funções: uma de defesa e outra de ataque. O que o salmista está fazendo aqui é proclamando uma profecia em um sentido muito amplo, afirmando que no primeiro momento, Jesus, ele irá corrigir os corrigíveis, contudo, no segundo momento, ele irá destruir os incorrigíveis. A parte b do verso diz que ele “quebrará” como um vaso de oleiro. No antigo Oriente, os reis para celebrar o seu governo, eles escreviam o nome dos seus inimigos em vasos de barro e os quebravam. O texto fica mais claro quando analisamos Ap 15.19, que diz: “quando ele (Cristo), vier com a espada que sai da sua boca ele irá ferir às nações e com vara de ferro irá governá-las. Aqueles que não se dobrarem diante do governo de Cristo, no dia do juízo, irão se dobrar até que se quebrem. Sobre o que exatamente estou falando? Estou falando sobre perdição eterna, sobre uma palavra que não é tão usual nos nossos dias, chamada inferno. Uma palavra que, inclusive, foi muito utilizada por Jesus, e que precisamos falar sobre ela. Winston Churchill, certa vez afirmou que a Inglaterra estava passando por um momento de declínio moral e espiritual porque nos púlpitos não se falava sobre inferno. E por que precisamos falar sobre inferno? Porque o inferno é uma realidade bíblica. Precisamos conscientizar as pessoas a respeito das implicações de suas decisões, das implicações de seus estilos de vida. Existe em nossos dias uma ala de cristãos denominados progressistas que negam a existência do inferno. Eles alegam que o inferno é apenas uma experiência literal do mal na terra (assassinatos, roubos, genocídios, injustiça social). Todavia, essa é uma visão que não tem respaldo bíblico. Jesus em Mt 24.51, em seu sermão escatológico, aponta para uma realidade pós vida de sofrimento eterno, um lugar que haverá “choro e ranger de dentes”. Agora o inferno não deve ser entendido como uma espécie de câmara divina de tortura humana, em que Deus se alegra sadicamente com seu tormento. O inferno é apenas o Senhor concedendo o que o homem deseja, distanciamento eterno dEle. Concedendo o desejo daqueles que rejeitam o Seu governo. E Cristo não forçará ninguém a entrar em seu reino, a viver sob seu domínio. Portanto, o inferno existe. As escrituras falam sobre o inferno e nós também precisamos falar: “aqueles que não se dobrarem diante do governo de Cristo, no dia do juízo, irão se dobrar até que se quebrem”. Entretanto, o inferno, não é o propósito de Deus para minha e para sua vida. O propósito de Deus para minha e para sua vida é que um dia possamos reinar eternamente com Ele.
Transição: convido você a fazer um último movimento de volta à assembleia dos homens, para analisarmos a responsabilidade humana em relação ao convite misericordioso do Senhor.
4. A responsabilidade humana – versos 10-12
O texto é um apelo do senhor para que os homens abandonem a rebeldia e aceitem seu convite de misericórdia. O senhor os convoca para serem sábios e inteligentes. E como é que nós conhecemos um sábio? Conhecemos um sábio por aquilo que ele é, e por aquilo que ele teme. Provérbios capítulo 9 verso 10 diz: “o princípio da sabedoria é o temor ao senhor”. E o senhor faz esse convite solene: sejam prudentes; deixa-vos advertir; recebem a exortação juízes da terra; sirvam ao senhor com temor; sirvam com honradez; alegrai-vos no Senhor com consciência de quem Ele é. E quem ele é? Um senhor misericordioso, portanto, alegrem-se nele. Beijai o filho, um gesto simbólico de compromisso e fidelidade. O senhor nos convida a reconhecermos o seu senhorio e a servi-lo eternamente. Essa é a vontade do Senhor para nós. O convite do Espírito Santo para nós, nesta noite, é que sejamos bem-aventurados. Que, ao invés de se rebelar contra Deus e seu ungido, possamos nos filiar a ele, nos abrigar nele, nos apoiar nele, viver com ele e para ele.
Conclusão:
Hoje somos convidados a reconhecer o senhorio de Cristo em todos nossos caminhos. A permitir que Cristo governe em todas as áreas de nossas vidas. Jesus, diferentemente do Diabo, não quer governar apenas uma parte de nós, contudo seu desejo nos governar de maneira integral. E que você possa atender a esse convite do Espírito Santo e dizer: “Senhor governa sobre minha vida. Reina sobre mim!”.