1 Pedro 1. 22-25
1 Epístola de Pedro • Sermon • Submitted
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O Amor Mútuo
Introdução:
A experiência de viver neste mundo caído por mais 4 décadas, quase 5…kkk, me traz a impressão de que todos querem os benefícios do amor, entretanto, nem sempre estão prontos para os sacrifícios - querem os resultados, porém, não reservam tempo na agenda para os processos.
O fato é que as pessoas necessitam ser amadas, urgentemente, pelas pessoas que respeitam, admiram e imitam. O amor ainda hoje é muito lembrado e até cantado em verso e prosa. Porém, as vezes na falta deste capaz de amar mediga-se até uns segundos da atenção daqueles que depressam, escravizam e abandonam.
Neste mundo em pecado transita-se muito facilmente do “amor sagrado ao profano”, da ação para o pueril sentimento, entre a paixão passional e o amor celestial, entre o conceito e a prática do verdadeiro amor.
Na minha opinião, você e eu deveriamos andar “em busca de algo maior. Viver por alguma coisa maior do que você” (ou de que nós) (Cito aqui um título do autor Paulo Tripp)
Na vida é preciso definir bem aquilo que vale a pena viver e morrer. É essencial escolher o objeto do nosso amor. Tal definição nos levará fatalmente ao lugar e a pessoa chamada: Jesus Cristo!
Elucidação:
O apóstolo Pedro escreveu sua primeira epístola com o propósito de encorajar os cristãos perseguidos e confusos a permanecer unidos e firmes na fé por volta do ano 60 - 68 d.C.
Eles estavam sofrendo perseguição por causa da fé que professavam (1.6-7; 3.13-17; 4. 12-19; 5.9-10). E o pastor Pedro sendo amado pelo Senhor Jesus Cristo está agora amando as suas ovelhas dispersas em diversas partes da Ásia Menor.
Os sofrimentos referidos na carta eram as provações comuns aos cristãos do século 1, incluindo injúrias (4.4,14) e acusações caluniosas de mau procedimento (2.12; 3.16). As “bofetadas” (2.20), a exclusão social, a violência esporádica por parte de grupos de pessoas e a ação da polícia local.
Pedro escreveu para encorajar os cristãos perseguidos e confusos e para exortá-los a resistirem na fé (5.12). Por esse propósito, ele repetidas vezes volta os pensamentos dos cristãos para a alegria e glória da sua eterna herança (1.3-13; 3.7; 4.13-14; 5.1,4,6,10). […] Com base nessa epístola tem sido chamado com justiça de: o apóstolo da esperança” (cf. 1.3,13,21;3.5,15).
Seu impulso exortativo de toda a epístolo pode ser resumido na fórmula “confiar e obeceder” (4.19; cf. 2.23).
Quem e o quem? No Deus Triúno e na sua instrução. A salvação recebida, gratuitamente, possui implicações práticas. Diante da gloriosa salvação que Cristo realizou em favor deles (e de nós), existem responsabilidades dadas a todos aqueles que seguem a Jesus.
Neste item, seu argumentos será dividido em cinco partes: a necessidade de santida pessoal (1.13-16), a importância da reverência (1.17-21), o amor entre os cristãos (1.22-2.3), viver como um templo e sacerdócio (2.4-10) e em como se portar diante de uma variedade de relacionamentos sociais (2.11-3.12).
No bloco exposto - 1.22 - 2.3 - o amor mútuo é a implicação prática de que tendo sido os cristãos purificados pela fé em Cristo precisam agora manifestar a fé salvadora por meio do serviço e do amor mútuos.
Observem esta outra tradução do texto...
Epístolas de Pedro e Judas (C. Amem-se Uns aos Outros (1.22–25))
22 Agora que vocês se purificaram ao obedecer à verdade para que tenham amor sincero por seus irmãos, amem-se profundamente, de coração. 23 Pois vocês foram nascidos de novo, não de semente perecível, mas imperecível, por intermédio da palavra viva e duradoura de Deus. 24 Pois“Todos os homens são como erva, e em toda sua glória, como flores do campo; a erva murcha e as flores caem,25 mas a palavra do Senhor permanece para sempre”. Ora, esta é a palavra que vos foi evangelizada.
Pedro nos convida a dar um próximo passo na nossa caminhada espiritual, a saber, demonstrar nossa santidade amando o nosso próximo. É o passo de viver pela verdade da Palavra de Deus, a fim de colocar em prática de forma zelosa o ensinamento de Jesus.
Almeida Revista e Atualizada Capítulo 13
Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. 35 Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.
Almeida Revista e Atualizada Capítulo 3
Ora, o seu mandamento é este: que creiamos em o nome de seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que nos ordenou.
Agora, vamos a uma apresentação de algumas perspectivas do texto em exposição a partir de perguntas e respostas...
pespectiva - Qual é o “estado” daqueles que amam mutuamente?
Escreve Pedro: “Agora que vocês se purificaram”...
Não há evidências textuias ou históricas de que o apóstolo se refira a purificação cerimonial ou que estes tenham adotados regras cerimoniais. Ele parte aqui do ponto de que os crentes haviam se purificado moralmente.
Temos no NT a teologia de que os fiéis estavam e continuavam envolvidos pessoalmente na puruficação de si mesmos. Vejamos:
Tg 4. 8 - Almeida Revista e Atualizada (Capítulo 4)
8 Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós outros. Purificai as mãos, pecadores; e vós que sois de ânimo dobre, limpai o coração.
1 Jo 3.3 - Almeida Revista e Atualizada (Capítulo 3)
E a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, assim como ele é puro
Aplicação:
Notemos que o estado de purificação deve fazer parte da vida cristã. Porém, não obteremos tal graça pela utilização de ritos ou regras cerimoniais, ou mesmo litúrgicas.
A pergunta é: sua vida é pura? Nosso estilo de vida representa a pureza daqueles que amam a Deus e invocam o Seu nome?
2. pespectiva - Qual é a maneira pela qual os crentes obtêm a pureza?
Escreve Pedro: “ao obedecer à verdade”...
Fica implícito que os leitores aceitaram os ensinamento do evangelho pela fé.
“Ele quer dizer que os crentes são obedientes à Palavra de Deus; quando vivem em obediência dentro desse âmbito, eles são puros.” [Simon J. Kistemaker, Epístolas de Pedro e Judas, trans. Susana Klassen, 1a edição., Comentário do Novo Testamento (São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2006), 99.]
Note a correspondência entre a fala de Pedro com o contexto anterior, ao se dirigir ao concílio de Jerusalém na defesa dos cristãos gentios:
Almeida Revista e Atualizada (Atos - Capítulo 15.9)
“E não estabeleceu distinção alguma entre nós e eles, purificando-lhes pela fé o coração”.
Aplicação:
Vejamos que somos prurificados em Cristo a medida que obedecemos seus ensinamentos. Logo, a fé, o amor, a esperança, a alegria, o perdão, a paz, a verdade são os meios úteis e funcionais para nossa purificação na qualidade de discípulos de Cristo.
Pergunto: você é obediente a Palavra de Deus? Nós obedecemos mais a Deus do que aos homens? Obedecemos mais a Cristo do que ao nosso próprio enganoso coração?
3. perspectiva - E qual é o resultado esperado na vida do crente que foi e vem sendo purificado pela obediência a instrução de Cristo?
Escreve Pedro: “para que tenham amor sincero por seus irmãos”...
Existe aqui uma preciosa lição. Disse Jesus sobre o obedecer o mandamento do amor (Mt 22.37-39: “Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” - a expressão deste amor não é somente a Deus, mas a Deus e ao próximo, simultaneamente.
Detalhe este amor fraternal não poderá ser aparente ou dissimulado. Ele deve ser sincero. Escreve Paulo reforcando a ideia:
2Coríntios 6.6 (ARA)
“...na pureza, no saber, na longanimidade, na bondade, no Espírito Santo, no amor não fingido,...”
Aplicação:
A nossa experiência com o amor só será completa, estendida e satisfatória quando obedecermos nossos votos e compromissos implícitos neste amor para com Deus e com o próximo.
Lembremos da Canção de Paulo César Baruk - Tudo Igual - “Ano novo
Vida nova
Mas se a gente não for diferente, tudo vai ser igual”...(Baruk)
4. perspectiva - Mas, será que o mandamento foi devidamente compreendido por nós?
Ao escreve no final do versículo, arremata Pedro: “amem-se profundamente, de coração”.
Pedro quer da ênfase, segundo Kistemaker:
Epístolas de Pedro e Judas (C. Amem-se Uns aos Outros (1.22–25))
“Pedro está pensando na possibilidade de que membros da comunidade cristã possam apenas simpatizar uns com os outros sem ter um amor profundo e ardente.”
Epístolas de Pedro e Judas (C. Amem-se Uns aos Outros (1.22–25))
“Pedro qualifica o mandamento de amar com duas expressões adverbiais: “de coração” e “profundamente”. Essas expressões transmitem a extensão e seriedade do amor. Quando tal amor está presente, ele dissipa a tensão, põe fim à inimizade e lança fora o ódio.”
Olhem na carta outras ocorrências que provam tal ênfase. Epístolas de Pedro e Judas (C. Amem-se Uns aos Outros (1.22–25))
(1Pe 2.17; 3.8; 4.8)
Agora, para aqueles que pessam que somente este apóstolo desenvolvia a temática. Vejamos que o mesmo assunto é encontrada na boca e na pena de outros personagens bíblicos.
* Jesus na noite em que foi traído, disse -
“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. 35 Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.” [Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), Jo 13.34–35.]
* Paulo ensinando aos tessalonissenses -
“...e o Senhor vos faça crescer e aumentar no amor uns para com os outros e para com todos, como também nós para convosco, 13 a fim de que seja o vosso coração confirmado em santidade, isento de culpa, na presença de nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos.“ [Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), 1Ts 3.12–13.]
Almeida Revista e Atualizada (Capítulo 4. 9 - 1 Tessalonicenses)
“No tocante ao amor fraternal, não há necessidade de que eu vos escreva, porquanto vós mesmos estais por Deus instruídos que deveis amar-vos uns aos outros”.
Almeida Revista e Atualizada (Capítulo 1. 2 - 2 Tessalonicenses)
“Irmãos, cumpre-nos dar sempre graças a Deus no tocante a vós outros, como é justo, pois a vossa fé cresce sobremaneira, e o vosso mútuo amor de uns para com os outros vai aumentando”.
* Por fim, apostólo João -
“Ora, o seu mandamento é este: que creiamos em o nome de seu Filho, Jesus Cristo, e nos amemos uns aos outros, segundo o mandamento que nos ordenou.” [Almeida Revista e Atualizada (Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993), 1Jo 3.23.]
Aplicação:
Chegamos a conclusão depois de tantas bases textuais de que a marca registrada da igreja de Cristo precisa ser o amor, mas é claro sem desprezar as demais virtudes e, nem deixa-las de dosar.
5. Contudo, surge uma demanda na 5ª perspectiva - Como é possível seres imperfeitos, inconstantes e pecadores obedecerem o mandamento supremo do amor?
A resposta será encontrada nos versos seguintes:
Na conjução “pois” do verso 23 e do verso 24.
v. 23 - “Pois vocês foram nascidos de novo”. Vamos, agora, para um pouco de doutrina.
No processo de regeneração o crente é passivo uma vez que é o próprio Deus que o traz a vida por meio do nascimento espiritual. Todavia, uma vez nascidos de novo, nós crentes somos ativos e responsáveis no processo da purificação de si mesmos (vide v. 22).
Base bíblica se consolida quando Nicodemos pergunta a Jesus: “como pode um homem nascer, sendo velho?” (Jo 3.4)
A resposta de Jesus exclarece:
Almeida Revista e Atualizada (Capítulo 3.6-8 - No Evagelho de João)
“Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo. O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito.”
O próprio Pedro já havia feito tal referência nesta carta:
Almeida Revista e Atualizada (Capítulo 1.3)
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos.”
Em síntese, a ação divina de “regenerar” significa que Deus deu uma nova vida e sem essa vida, não podemos viver a prática do amor e nem poderemos entrar no reino de Deus, por um lado. Por outro, saberemos que já possuimos essa nova vida pela fé no Filho de Deus (Jo 3.36; 1Jo 5.11) e se o amor floresce em nós.
1João 4.7–12 (ARA)
“Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor. Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele. Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados. Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é, em nós, aperfeiçoado.”
Recapitulando, fomos regenerados mediante a semente da Palavra de Deus, imperecível, viva e duradoura (v.23b) para a prática mútua do amor. Tal realidade faz parte de nós e da nossa nova vida em Cristo.
Escreve Kistemaker:
Epístolas de Pedro e Judas (C. Amem-se Uns aos Outros (1.22–25))
“A semente é a natureza divina de Deus habitando dentro do filho de Deus. Pedro associa a semente incorruptível à Palavra de Deus, que é viva e permanente.”
O argumento de Pedro ganhará, doravante, cores:
v.24 e 25a - ocorre a ilustração do que fora dito verso 23 ao compar a pemanência das Escrituras (AT) com a fragilidade ou temporalidade ser humano. Seu argumento é reforçado ao faz isto citando o texto do profeta Isaías (40.7-8) relacionando com a autoridade do “Senhor Jesus Cristo”.
Escreve Kistemaker:
Epístolas de Pedro e Judas (C. Amem-se Uns aos Outros (1.22–25))
“A mudança que Pedro faz de “a palavra de nosso Deus” para “a palavra do Senhor” é intencional. No Antigo Testamento, a palavra SENHOR significa “a palavra revelada pelo Deus da aliança de Israel, Yahweh, ‘Jeová’. No Novo Testamento, é uma designação comum para Jesus Cristo”. Com o termo Senhor, Pedro realça a divindade de Jesus, mostrando que a palavra de Deus é semelhante à palavra do Senhor Jesus.”
Finaliza o verso 25b com a frase - “E esta é a palavra que foi pregada a vocês”. Numa tradução literal: “essa palavra é o evangelho que vos foi pregado”.
A pergunta é: Qual foi a pregação apostólica na fundamentação da igreja primitiva?
Escreve Kistemaker:
Epístolas de Pedro e Judas (C. Amem-se Uns aos Outros (1.22–25))
“A palavra que os apóstolos pregavam era o evangelho de Jesus. Deus revelou-se em Jesus Cristo, cujo evangelho os apóstolos proclamavam aos judeus e gentios. Essa palavra permanente da revelação de Deus em seu Filho também foi levada aos leitores da carta de Pedro, pois eles próprios tinham ouvido a mensagem peremptória do evangelho de Jesus (ver v. 12).”
Conclusão:
Os crentes em Cristo resultam da obra de Deus no coração do ser humano. Este a princípio estava passivo no processo, mas assim que nasceu de novo, se tornou ativo.
Os efeitos deste renascimento evidenciam-se no intelecto, nas emoções e na sua conduta moral. Lembremo-nos que a vida dada por Deus é demonstrada imediatamente por meio de pensamentos, palavras e atos.
Logo, é esperado de quem nasceu de novo pelo menos três marcas...
Um contínuo processo de purificação moral. Em seu novo coração que luta para obedecer a Palavra de Deus.
Sua nova vida dedicada a obedecer a Deus, amando-o e amando o seu próximo.
Ganhoando inúmeros irmãos e irmãs espirituais.