Em busca de uma identidade em Cristo - Despertai 2023
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Trocando de lente (18/02)
Trocando de lente (18/02)
Esse vestido é azul e preto? ou branco e dourado?
Isso tomou conta da internet a uns anos atrás. Na verdade essa imagem foi parte de uma pesquisa em neurociência, que ao fim chegou a conclusão que a cor “enxergada” depende de alguns aspectos. O vestido utilizado na pesquisa realmente era azul e preto, entretanto, a divergência entre observadores tem a ver com a forma em que o cérebro da pessoa lidou com a exposição ao azul. Naqueles que foram muito expostos ao azul, o cérebro tende a “subtrair” o azul e enxergar o vestido como branco e dourado.
Mas esse é somente um exemplo que eu escolhi para ilustrar o tema que falaremos aqui nesta noite. Justamente porque vamos falar de como algumas “estruturas” de pensamento que desenvovemos pode comprometer totalmente a nossa visão espiritual, nossa visão de mundo.
Você já ouviu falar em cosmovisão? Pois, cosmovisão seria, usando uma definição bem básica, a grosso modo, o filtro através do qual a gente enxerga tudo ao nosso redor. Seria como uma lente invisível que carregamos e não sabemos até alguém consiga nos mostrar que essa lente existe. Vamos seguir aqui utilizando essa metáfora da lente para se referir à cosmovisão.
Algumas citações:
“O coração tem razões que a própria razão desconhece” (Blaise Pascal - matemático, físico, escritor, filósofo e teólogo do séc XVII)
“É um complexo de ideias e sentimentos, abrangendo crenças e convicções sobre a natureza da vida e do mundo, hábitos e tendências emocionais baseados naquelas crenças e convicções. Um sistema de propósitos, preferências e princípios que governam a ação e dão unidade e sentido à vida. (Wilhelm Dilthey - filósofo alemão do final do séc XIX)
“É um compromisso, uma orientação fundamental do coração, que pode ser expresso como uma narrativa ou um conjunto de pressuposições que podem ser verdadeiras, parcialmente verdadeiras ou inteiramente falsas, que nós sustentamos consciente ou subconscientemente, coerente ou incoerentemente, sobre a constituição básica da realidade e que fornece o fundamento sobre o qual vivemos, nos movemos e existimos.” (James Sire - teólogo americano, faleceu em 2018).
Você já parou pra se perguntar se a forma como você vê o mundo está de acordo com a forma como a Bíblia descreve o mundo? Em outras palavras, será que a minha cosmovisão é cristã?
Isso é um assunto muito extenso, mas eu queria nesse momento apenas apresentar de forma resumida o que seria uma cosmovisão cristã:
Partimos do ponto em que existe um Deus que é transcendente, criador de todas as coisas, Soberano sobre tudo, e que se auto-revelou à humanidade por meio das Escrituras (Bíblia);
Na Bíblia encontramos o resumo da história humana da seguinte forma: CRIAÇÃO, QUEDA E REDENÇÃO/RESTAURAÇÃO;
Se eu acredito nisso como verdade absoluta eu preciso viver de acordo com essa verdade em todas as áreas da minha vida.
Dando um exemplo bem simples e prático. O cristão autêntico não confia nos impulsos do seu coração porque tem ciência de que é um ser humano caído que está em processo de restauração. E enquanto esse processo estiver em andamento esse cristão vai esbarrar em desejos e vontades contaminados pelo pecado!
Nossa cosmovisão, além de refletir o que a gente realmente acredita, tende a ser muito influenciada pelo nosso entorno (tudo o que vemos e ouvimos, os relacionamentos que desfrutamos, etc). E o nosso entorno está sob o governo de Satanás (1Jo 5.19 “Sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro jaz no Maligno.”)
Sendo assim é praticamente impossível não termos a nossa cosmovisão influenciada pelo mundo. Por isso precisamos sempre estar revisando essa lente usando a Bíblia como parâmetro.
É aqui que o texto de Rm 12.2 (“E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.”) se encaixa perfeitamente. Porque para que eu descubra a minha verdadeira identidade em Cristo, eu preciso estar comprometido diáriamente com a revisão dessa lente, transformando a minha mente todos os dias até que minha visão seja perfeita e eu possa experimentar uma visão plena, a visão de Deus a cerca de mim (usar o exemplo de 1Co 13.12 “Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente; então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido.”).
Esse convite para desconformar-se do mundo é o primeiro passo para esse grande desafio que é encontrar nossa verdadeira identidade em Cristo. E é sobre isso que falaremos agora. Para isso gostaria de citar e indicar o livro “Desconforme-se” do pastor Richarde Guerra.
Substituindo a lente do "cada cabeça um mundo”
Substituindo a lente do "cada cabeça um mundo”
Existe uma ideia que paira no mundo desde muito tempo e hoje não é diferente, de que (a semelhança do vestido que citamos acima) cada um pode ver as coisas do seu jeito e não há problema nisso. Cada um pode escolher sua própria verdade, segundo suas experiências, sua história, seu gosto pessoal, temperamente, etc. Não existe o certo, qualquer ponto de vista é aceitável, não existe um ponto de vista correto. Isso é o que se chama de relativismo.
Por outro lado acredita-se que além de aceitar que cada um descobre a sua própria verdade, é necessário que todas as verdades sejam respeitadas e precisam conviver juntas. Isso é o que chamamos de pluralismo. Entretanto, se não houver limites, o pluralismo pode gerar um caos. Para evitar isso, criou-se a ideia de politicamente correto. Todavia, o politicamente correto é algo cultural e a cultura muda, ou seja, algo totalmente abominável ontem, hoje pode se tornar totalmente aceitável (isso te lembra alguma coisa?)
Aplicando o relativismo à Deus, cada um pode então compreender Deus do jeito que quiser e isso deve ser respeitado. E como todas as “verdades” são aceitáveis então todos os caminhos levam a Deus (sincretismo religioso). Se você discordar disso você será rotulado de intolerante. Isso está acontecendo? E você? qual o seu posicionamento em relação a isso?
A Bíblia nos garante que:
Deus é absoluto
Ele é desde o princípio (1Jo 2.14 “Filhinhos, eu vos escrevi, porque conheceis o Pai. Pais, eu vos escrevi, porque conheceis aquele que existe desde o princípio. Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e tendes vencido o Maligno.”)
Nele está a origem de tudo (Jo 1.3 “Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez.”)
Ele é infinito (Sl 139.7-12)
Ele é imutável e eterno (Hb 13.8; Sl 90.2)
A Palavra de Deus é absoluta
Ela é inspirada por Deus (2Tm 3.16 “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça,”)
Podemos confiar na sua inspiração por alguns motivos:
Integridade - os manuscritos bíblicos são capazes de reconstruir o texto original com precisão de 99%. E esse 1% não contém nada que afeta a doutrina bíblica.
Precisão histórica - os eventos narrados na bíblia encontram respaldo em outros escritos históricos.
Verificabilidade arqueológica - a arqueologia já comprovou a historicidade da Bíblia;
Confiabilidade dos manuscritos - a quantidade de manuscritos bíblicos ultrapassa em muito os de outras obras antigas aceitas pelos historiadores;
Profecia - Um grande númerio de profecias contidas na Bíbia se cumpriu no decorrer da história;
Impacto extraordinário - a história está repleta de casos em que comunidades inteiras experimentaram uma transformação extraordinária a partir do ensino das Escrituras;
Relevância - A mensagem Bíblica é atemporal e segue relevante por séculos e séculos.
O Senhorio de Cristo é absoluto
Se Deus é absoluto e sua Palavra é absoluta, então a verdade nela contida é absoluta. Existe uma verdade absoluta e essa verdade está na Palavra de Deus. Ela revela que Cristo é SENHOR sobre todas as coisas. Se Ele é SENHOR lhe devemos obediência total, e teremos de prestar contas diante Dele (Jo 3.18 “Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.”)
Existem comportamentos inaceitáveis, portanto o pluralismo está equivocado!
Existe uma religião verdadeira, portanto o sincretismo religioso também está equivocado.
ILUSTRAÇÃO
Um cientista desafia Deus dizendo que era capaz de criar qualquer coisa que Deus fosse capaz de criar. Deus aceitou o desafio e propôs que ambos criassem um homem a partir do barro. O cientista concordou e falou então para Deus criar o dele primeiro. Deus criou um homem a partir do barro que ficou perfeito. Chegou a vez do cientista, que começou a juntar o barro da terra para criar também um homem. A essa altura, Deus o interrompeu e disse: “Espere um pouco. Se você quer fazer tudo como eu fiz, não venha pegar o meu barro, crie o seu barro primeiro, para depois criar o homem”.
Moral da história - você não vai conseguir fazer nada, inclusive viver de verdade, sem depender de Deus. Deus te convida a uma vida de rendição total a ELE!
Conhecendo um amor de outro patamar (19/02)
Conhecendo um amor de outro patamar (19/02)
Ontem nós conseguimos compreender, a partir da leitura de Rm 12.2 que a nossa identidade depende de uma mudança na forma de ver o mundo (cosmovisão). Precisamos trocar a lente do mundo pela lente de Deus. A lente do mundo é antropocêntrica, coloca o homem com seus desejos e vontades no centro, “governando” sua própria vida inclusive manipulando “Deus” ao seu bel prazer, de acordo com o que faz sentido para si mesmo. A lente de Deus, por sua vez, nos mostra que há um único Deus, uma única revelação desse Deus (Bíblia), e portanto uma única verdade: Esse Deus é SENHOR, Ele estabelece o que é certo e o que é errado, e nós prestaremos conta a Ele por nossas ações.
Sim! Deus é um soberano! Você sabe o que significa isso?
Segundo o dicionário de Oxdford, soberano é aquele que exerce domínio, cujo poder e autoridade são supremos, ou seja, estão ACIMA DE QUALQUER COISA.
Outra palavra bíblica que contém o mesmo sentido é SENHOR (κύριος, ʾā·ḏôn), e também se refere àquele que é dono ou proprietário! Esse título é atribuído a Deus tanto no AT quanto no NT.
Deus é O SOBERANO de todo o universo. Ele é o proprietário, Ele domina, Ele governa, Ele exerce o domínio e tem todo o poder e autoridade sobre tudo!
Imagine como seria a sua vida se você estivesse no lugar mais alto do universo, sobre tudo e todos! Tem um filme interessante que nos faz refletir sobre isso. Mesmo sendo antigo (2003), mas vale a pena assistir e refletir. Nesse filme, Bruce Nolan é um jornalista interpretado por Jim Carey, que passa a questionar Deus (interpretado por Morgan Freeman) a cerca das decisões de Deus, Deus, por sua vez, concede seus poderes ao jornalista que não demoramuito para compreender que é muito difícil estar no lugar de Deus e tomar conta de tudo o que acontece no planeta. Longe de mim aqui querer fazer uma análise mais detalhada e teológica da idéia do filme. Mas é muito facil para nós como cristãos, dentro de uma cosmovisão bíblica, concluirmos que o homem não teria a mínima condição de estar no lugar de Deus. Apesar de que todos nós acharíamos o máximo estar acima de tudo sem sofrer com as limitações humanas. Mas eu queria convidar você para ver o exemplo de alguém que trilhou exatamente o caminho oposto.
Jo 3.16 “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”
Fp 2.5-11 “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.”
Antes de fazer uma viagem na mensagem desse texto eu queria lembrar você de que JESUS é DEUS desde o princípio (Jo 1.1 “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” Hb 13.8 “Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será para sempre.”). Então,
Jesus é, sempre foi e sempre será Deus;
Deus é SENHOR SOBERANO do universo;
Logo, JESUS sempre foi e sempre será SENHOR e SOBERANO do universo.
Então, vemos aqui que o SOBERANO do universo foi movido por um amor indescritível, e esse amor indescritível fez Ele desejar algo totalmente inconcebível à mente humana. Veja bem, o texto de Filipenses fala de um sentimento que Cristo teve. Na verdade, a palavra sentimento aqui não expressa todo o significado do que Paulo quis dizer. A palavra que Paulo utilizou aqui (gr phrónēsis) significa uma mentalidade, uma forma de pensar que, por ser boa, útil, virtuosa, torna-se desejável e leva à prática. Ou seja, phrónēsis significa que eu penso que algo é bom, virtuoso, então eu passo a desejar e praticar aquilo. Sendo assim, Cristo não apenas sentiu. Quando o texto fala do sentimento que houve em Cristo, está dizendo de algo que Ele tinha consciência de que era bom, e por isso Ele desejou e praticou. Mas o que seria então a phrónēsis de Cristo, ou seja, o que seria isso que Cristo pensou, desejou e praticou por compreender que era bom?
A sequência do texto diz que ele se esvazia da deidade, e assume a forma de servo (duolos - escravo). A phrónēsis de Cristo foi tornar-se escravo. Cristo considerou como virtude, desejou e buscou o próprio esvaziamento da Sua Soberania e a condição de escravo de Deus. Ou seja, o amor desse SENHOR e SOBERANO Cristo é tão extraordinário que fez Ele tomar um cominho totalmente contrário ao de qualquer homem na face dessa terra. Não sei se você está conseguindo perceber a dimensão desse amor. Deus está dizendo aqui: “eu te amo tanto que eu vou, por um momento, deixar o meu lugar, deixar o meu trono, vou me tornar um escravo totalmente humilhado, vou morrer como um homem miserável pra tirar você da escravidão do pecado. O pecado é o seu dono, mas eu vou lhe comprar pra mim porque eu te amo, e amo a ponto de me submeter a tamanha humilhação como essa!” Você consegue perceber a dimensão desse amor?
Quem é objeto de um amor tão grandioso? Eu e você! miseráveis, orgulhosos, egoístas, perversos. A Bíblia nos chama em nosso estado de pecado de inimigos de Deus e muito mais que isso (Rm 1.29-31 “cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores, caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, insensatos, pérfidos, sem afeição natural e sem misericórdia.” )
Meu jovem, talvez a gente não tenha dimensão desse amor porque a gente não tem noção de quão miserável é a nossa miséria como homens! Quanto mais conseguimos enxergar o nível da nossa sujeira e miséria, mais compreenderemos o quanto esse amor é extraordinário!
Vamos lembrar o que aconteceu com Isaias.
Is 6.1-8 “No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo. Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e com duas voava. E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória. As bases do limiar se moveram à voz do que clamava, e a casa se encheu de fumaça. Então, disse eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos! Então, um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva, que tirara do altar com uma tenaz; com a brasa tocou a minha boca e disse: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniquidade foi tirada, e perdoado, o teu pecado. Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim.”
O encontro imerecido com a Glória de Deus gerou em Isaías um senso de pecado imperdoável - “ai de mim, vou perecendo, vou morrer”. Porque Isaías? Porque Deus é santo e eu sou totalmente impuro!
Mas ao invés de uma sentença de morte, o que emana daquele trono SOBERANO de Glória é AMOR! E como resultado desse amor, Deus estende o cetro da sua misericórdia a Isaías e diz “Eu não vou te matar. Você merece morrer, mas eu não vou te matar! Eu vou purificar o seu pecado!”
Redefinindo o conceito de liberdade (20/02)
Redefinindo o conceito de liberdade (20/02)
De domingo pra cá nós conseguimos compreender, a partir da leitura de Rm 12.2 que a nossa identidade depende de uma mudança na forma de ver o mundo (cosmovisão). Precisamos trocar a lente do mundo pela lente de Deus. A lente do mundo é antropocêntrica, coloca o homem com seus desejos e vontades no centro, “governando” sua própria vida inclusive manipulando “Deus” ao seu bel prazer, de acordo com o que faz sentido para si mesmo. A lente de Deus, por sua vez, nos mostra que há um único Deus, uma única revelação desse Deus (Bíblia), e portanto uma única verdade: Esse Deus é SENHOR, Ele estabelece o que é certo e o que é errado, e nós prestaremos conta a Ele por nossas ações.
Ontem meditamos sobre o amor incondicional de Deus. É um amor extraordinário destinado a nós. A ponto de um soberano assumir a forma de um escravo humilhado para nos comprar para Si mesmo. Compreendemos aqui que não merecemos tamanho amor, mas somos objetos desse amor pela graça!
E para iniciarmos a nossa reflexão de hoje, eu gostaria de contar a vocês uma história.
Conta-se que dois jovens morávios souberam que numa ilha no leste da Índia havia três mil escravos pertencentes a um ateu britânico. Sem permissão de irem para lá como missionários, eles decidiram vender a si mesmos como escravos e usar o dinheiro para pagarem as passagens para a ilha. No dia da partida, as suas famílias e os seus amigos estavam reunidos no porto, sabendo que, após a sua partida, jamais os veriam novamente. Indagados sobre a razão que os levava a uma decisão tão extrema assim, eles permaneceram calados. No entanto, quando o barco estava se afastando, os dois rapazes gritaram: “Que através das nossas vidas o Cordeiro que foi imolado receba a recompensa pelo Seu sacrifício!”
Para mim, este relato é profundamente comovente e inspirador. Ao mesmo tempo, no entanto, ele faz com que eu me sinta envergonhado. A história diz que os morávios enviaram milhares de missionários a várias partes do mundo. Eram pessoas que desistiam dos seus sonhos, que renunciavam o privilégio de viverem com as suas famílias e tantas outras coisas das quais a nossa geração se recusa a abrir mão! A chama missionária precisa ser reacendida na Igreja do Senhor Jesus em nossos dias! Estes morávios fizeram tanto para Deus, apesar de terem tão pouco. Em contrapartida, nós temos feito tão pouco, apesar de termos muito!
Esse episódio dos morávios nos lembra algo muito interessante que encontramos na Bíblia. Observe o que encontramos em Ex 21.1-6 “São estes os estatutos que lhes proporás: Se comprares um escravo hebreu, seis anos servirá; mas, ao sétimo, sairá forro, de graça. Se entrou solteiro, sozinho sairá; se era homem casado, com ele sairá sua mulher. Se o seu senhor lhe der mulher, e ela der à luz filhos e filhas, a mulher e seus filhos serão do seu senhor, e ele sairá sozinho. Porém, se o escravo expressamente disser: Eu amo meu senhor, minha mulher e meus filhos, não quero sair forro. Então, o seu senhor o levará aos juízes, e o fará chegar à porta ou à ombreira, e o seu senhor lhe furará a orelha com uma sovela; e ele o servirá para sempre.”
Vemos aqui o exemplo de um escravo que teria direito à liberdade após 7 anos de escravidão. Entretanto, curiosamente, o dono desse escravo poderia amá-lo a tal ponto de o escravo preferir escravidão à liberdade. A idéia aqui é de que o escravo não iria conseguir se amar e cuidar de si da mesma forma que aquele SENHOR amava e cuidava daquele escravo!
Como isso seria possível? Isso foge à nossa ideia de escravidão. Quando pensamos em escravidão pensamos em opressão, subjugar, castigar, explorar, etc… Mas para entendermos melhor como uma escravidão poderia ser baseada em amor, vamos a outro texto.
Lv 25.25-28 “Se teu irmão empobrecer e vender alguma parte das suas possessões, então, virá o seu resgatador, seu parente, e resgatará o que seu irmão vendeu. Se alguém não tiver resgatador, porém vier a tornar-se próspero e achar o bastante com que a remir, então, contará os anos desde a sua venda, e o que ficar restituirá ao homem a quem vendeu, e tornará à sua possessão. Mas, se as suas posses não lhe permitirem reavê-la, então, a que for vendida ficará na mão do comprador até ao Ano do Jubileu; porém, no Ano do Jubileu, sairá do poder deste, e aquele tornará à sua possessão.”
O que ocorria aqui? A redenção era o pagamento da dívida feito por um parente próximo. Por meio do pagamento ele comprava de volta o que se perdera. Então a pessoa que fora escravizada deixava de pertencer a quem antes ela devia e a quem servia. Por exemplo: se eu me endividasse a ponto de perder todas as minhas posses e ainda ser levado como escravo, e, se o meu irmão me resgatasse, eu não deixaria de ser escravo! Eu apenas mudaria de amo! Eu agora passaria a ser escravo do meu irmão, porque ele me comprou! Qual é então o proveito disso? De que adianta ficarmos livres de um para nos tornarmos escravos de outro? A diferença era que o novo dono era um parente que pagou essa dívida por amor (Um escravo normalmente não valia tanto.), e, justamente por causa do seu amor, ele trataria o escravo com brandura, com misericórdia.
E como isso se aplica a nós? Quando Adão peca no Édem, ele se vende como escravo a Satanás e ao pecado. Rm 5.12 afirma que em Adão todos pecaram, e consequentemente, todos entraram debaixo da escravidão do pecado. Cristo vem então em amor e nos compra, paga a dívida que era nossa. De agora em diante trocamos de dono, deixamos de ser escravos do pecado e passamos a escravos de Cristo! Isso mesmo, escravos de Cristo! A Bíblia afirma que fomos comprados por Cristo (Ap 5.9-10 “e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra.”)
Veja bem, se fomos comprados, somos escravos e não temos escolha! Entretando a mensagem do escravo da orelha furada deixa bem claro que o desejo do nosso dono, do nosso SENHOR Jesus Cristo é que nos entreguemos como escravos ao seu senhorio por amor, compreendendo o quanto que Ele nos ama e já provou isso.
Outro aspecto interessante é que esse escravo furava a orelha para deixar bem claro a todos que o vissem a mensagem de que ele fazia questão de ser eternamente escravo daquele SENHOR que o amava, e que ele também decidiu amar até o fim de sua vida terrena.
Curiosamente a Bíblia afirma Gl 5.1 “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão.” Como assim? somos escravos de Cristo? Ou somos livre? a resposta é: o amor de Deus é tão extraordinário, que ser escravo de Deus é a verdadeira liberdade!
Construindo uma nova mentalidade (21/02)
Construindo uma nova mentalidade (21/02)
Vimos até aqui, a partir da leitura de Rm 12.2 que a nossa identidade depende de uma mudança na forma de ver o mundo (cosmovisão). Precisamos trocar a lente do mundo pela lente de Deus. A lente do mundo é antropocêntrica, coloca o homem com seus desejos e vontades no centro, “governando” sua própria vida inclusive manipulando “Deus” ao seu bel prazer, de acordo com o que faz sentido para si mesmo. A lente de Deus, por sua vez, nos mostra que há um único Deus, uma única revelação desse Deus (Bíblia), e portanto uma única verdade: Esse Deus é SENHOR, Ele estabelece o que é certo e o que é errado, e nós prestaremos conta a Ele por nossas ações.
Depois meditamos sobre o amor incondicional de Deus. É um amor extraordinário destinado a nós. A ponto de um soberano assumir a forma de um escravo humilhado para nos comprar para Si mesmo. Compreendemos aqui que não merecemos tamanho amor, mas somos objetos desse amor pela graça!
Ontem meditamos sobre o que é a verdadeira liberdade. Éramos escravos de Satanás e do pecado. Cristo nos comprou para sermos seus escravos. Entretanto somos como os antigos escravos de orelha furada, que compreendiam que a verdadeira liberdade é pertencer a um SENHOR que ama verdadeiramente. O amor de Deus é tão extraordinário, que ser escravo de Deus é a verdadeira liberdade!
Neste último dia eu gostaria de encorajar você a investir na transformação da sua mente. Eu imagino, e espero, que essas ministrações tenham te despertado a se aprofundar no conhecimento da Palavra de Deus a fim de fortalecer a sua fé. E a minha missão nessa noite e mostrar pra você o quanto isso é importante.
Há uns 15 anos atrás um caso ficou famoso por ter passado no Fantástico. Veja que situação. Um pastor adulterava com as irmãs da igreja livremente e ainda argumentava que estava adulterando baseado na Bíblia! Ele usou como texto base o versículo de Os 3.1 “Disse-me o Senhor: Vai outra vez, ama uma mulher, amada de seu amigo e adúltera, como o Senhor ama os filhos de Israel, embora eles olhem para outros deuses e amem bolos de passas.”.
Esse é um caso extremo de falta de compreensão simplesmente da gramática portuguesa. Exageros a parte, existem coisas mais sutis que nós precisamos nos atentar a fim de não cometermos certos enganos e isso vir a comprometer nossa compreensão das Escrituras e , consequentemente, nosso relacionamento com Deus.
A necessidade de conhecer sua fé
A necessidade de conhecer sua fé
Tenho certeza de que você conhece alguém ou já ouviu falar de alguém que, por um tempo, declarava-se fiel a Deus, cristão, etc… e que por motivo desconhecido jogou tudo pra cima e caíram no mundão novamente. Talvez não tenhamos condições de dizer exatamente o que motivou cada uma dessas pessoas, mas, com certeza muitas delas se empolgaram com o evangelho por qualquer outro motivo (moda, medo, etc), e depois de um tempo se decepcionaram com o “evangelho” ou com a “igreja”.
Por isso, é importante você se perguntar: “porque eu sou cristão?” É porque foi criado na igreja? porque gosta do pastor e das pregações? porque tem medo do inferno e quer ter menos problemas na vida? Se for por conta de qualquer um desses motivos, infelizmente, os seus dias na igreja estão contados! (Misericórdia). Muitas pessoas tem medo de encarar essas perguntas e pensar sobre a sua fé, achando que isso vai distanciá-las de Deus. Mas na verdade encontrar a resposta certa para essa pergunta “porque eu sou cristão?” vai firmar cada vez mais a sua fé em Deus e na Sua Paavra. Inclusive, Pedro afirma que precisamos estar prontos para responder quando formos questionados a cerca da nossa fé (1Pe 3.15 “antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós,”)
Pense o seguinte, se o Evangelho é a Verdade absoluta de Deus, ele tem força suficiente para sobreviver a qualquer questionamento humano.
Veja bem, eu não estou te estimulando a compreender primeiro para então crer. Mas estimulando você que já crê a compreender cada vez mais à medida que vai estudando a sua fé. Estude, questione, aperte a mente do seu pastor! Ele vai amar e terá o maior prazer em entrar nessa jornada com você!
A necessidade de se preparar para defender sua fé
A necessidade de se preparar para defender sua fé
1Pe 3.15-16 “antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência, de modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo,”
Preparado - estar pronto, estar em condições de fazer algo;
Responder - fazer uma defesa. Argumentar a fim de defender um argumento ou ideia;
A ideia aqui é que precisamos estar firmes na nossa fé, preparados, com nosso discurso em mente, para resonder quando formos questionados!
Quando você busca esse preparo para defender sua fé, além de estar pronto para responder, você protege a sua própria mente.
Esse preparo significa que você vai investir tempo de qualidade para estudar a Palavra de Deus. Veja bem! É estudar! Não é apenas ler! Seja assíduo na EBD da sua igreja, seja um pesquisador, consulte boas bíblias de estudo e comentários bíblicos, leia bons livros. Pare de pensar que apenas o pastor vai se debruçar para estudar a Bíblia e te dar tudo mastigadinho. Estudar cansa, é trabalhoso, mas é muito recompensador!
Lembre que a lente do mundo quer nos levar ao imediatismo, eu quero a resposta pronta, agora, não quero precisar construir, pesquisar, quero “dar um google” e ter tudo na mão. Isso é a tendência de um mundo que jaz no maligno, mas você não pertence a ele! Sua lente é outra!