Agora eu posso ver
A Identidade do Rei • Sermon • Submitted
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Transcript
Introdução
Introdução
Você já passou por situações difíceis em que a a solução até chegou, mas não ocorreu de forma instantânea e esse periodo entre as coisas começarem a se resolver e serem solucionadas definitivamente te trouxe ansiedade ou algum outro tipo de sentimento?
Pois é, hoje falaremos sobre uma resolução gradual de um problema que Jesus trouxe a vida de um homem.
22 Então chegaram a Betsaida. E lhe trouxeram um cego e pediram a Jesus que tocasse nele. 23 Jesus, tomando o cego pela mão, levou-o para fora da aldeia. Então cuspiu nos olhos do homem e, impondo-lhe as mãos, perguntou:
— Você vê alguma coisa?
24 O homem, recuperando a visão, respondeu:
— Vejo pessoas, mas elas parecem árvores que andam.
25 Então Jesus novamente pôs as mãos sobre os olhos dele. E o homem, passando a ver claramente, ficou restabelecido; e distinguia tudo de modo perfeito. 26 E Jesus o mandou para casa, recomendando-lhe:
— Não entre na aldeia.
Vemos aqui Jesus operando mais um milagre, a cura de um cego que se assemelha muito a uma outra cura realizada por ele e em um surdo-mudo e é registrada no capítulo sete. Porém essa cura especificamente é registrada apenas por Marcos e ocorre em uma pequena cidade chamada Betsaida. Se você reparar, nas últimas semanas temos visto uma sequência repetitiva de eventos que logo em seguida Jesus e os discípulos fazem uma viagem de barco, e outro evento ocorre durante a viagem e após a viagem. Isso ocorre porque boa parte do ministério de Jesus se dá entorno do mar da Galiléia, que é na verdade um lago de aproximadamente 20x14 km de extensão. Jesus e seus discípulos viajavam de uma márgem a outra onde ocorriam esses eventos narrados até aqui. É interessante observarmos que em cada margem era possível encontrar diferentes contextos, em alguns locais uma realidade judaica, em outro lado um contexto formado majoritariamente por gentios…
Betsaida é mencionada por João, como cidade natal de Pedro, André e Filipe. Alem disso é mencionada também em Mateus 11.21 e Lucas 10.13 como alvo de lamento e juízo em contraste entre Betsaida e Corazim com as cidades gentílicas de Tiro e Sidom. Esses fatos indicam que Betsaida não era uma cidade gentílica, mas ao contrário, era uma cidade judaica.
Entendendo o contexto, vamos agora ao milagre em si. A cegueira era uma das grandes maldiçoes do oriente naquele período, estudiosos afirmam que esse era um mal comum provocados pelo forte resplendor do sol e também pela falta de higiene. O texto também fala de que aquele homem cego foi levado por outras pessoas até Jesus. Vemos também que Jesus tira aquele homem da aldeia, sai de perto da multidão com o objetivo de não dar publicidade aquele milagre.
Jesus usa um ritual inusitado. Ele aplica saliva em seus olhos e lhe impõe as mãos. A saliva era considerada na época um remédio para os olhos. O mundo antigo tinha uma curiosa crença no poder curativo da saliva. Jesus usa algo tangível para despertar nesse homem a fé. Para cada um dos sete milagres de cura aos cegos no Novo Testamento, Jesus usou um método diferente. Isso mostra que, em seu amor e sabedoria, o Mestre tratou cada pessoa de forma individual e singular. O tratamento que ele dava a cada caso nunca era uma mera duplicação do que já havia feito anteriormente.
Outra característica interessante neste milagre é que a cura foi progressiva ao invés de ser instantânea. E você talvez esteja se perguntando o motivo dessa cura ter sido progressiva ao invés de ser instantânea? Será essa enfermidade ser grave demais a ponto de Jesus não ter poder suficiente para curá-lo imediatamente e acabou impondo a necessidade de uma cura desta forma? Vamos a sequência dos fatos:
Jesus é novamente age com ternura no Seu tratamento para com este homem cego, como havia sido com o surdo em 7:31-37.
(1) Ele toma o cego pela mão;
(2) Ele o conduz para um lugar privado;
(3) Ele cuspe nos olhos e pergunta: "Você vê alguma coisa?" O Filho de Deus não esperava cura completa neste momento. Ele não ficou surpreso.
O homem responde: “Eu vejo alguns, mais do que nunca, mas ainda não vejo claramente”. Jesus então cura seus olhos perfeitamente.
Qual é o significado disso? Será que esse homem era um “caso particularmente difícil” para Jesus? De forma nenhuma! Então esse milagre - como outros - foi um sinal? Sim! Mas para quem? Para o homem cego? Não! — para aos discípulos. E isso é confirmado pelo fato de que Jesus já havia perguntado sobre a visão que tiveram dele (v. 18). Ele agora os conduzia pela mão até o ponto em que sua visão se tornaria muito mais clara, e Pedro confessaria: “Tu és o Cristo” (v. 29). Sua compreensão espiritual não veio instantaneamente, mas gradualmente. Eles também precisavam do segundo toque das mãos de seu Mestre.
Como antes, Jesus o mandou para casa com a ordem de não entrar na aldeia. Não há necessidade de show. Nenhum desejo de fazer dele um espetáculo. Este milagre foi para seus olhos físicos, e foi para os olhos espirituais dos discípulos. O fato de ter cumprido esses dois propósitos era suficiente.
A cura foi para o cego, mas a lição, o sinal era para os discípulos. Como homem, Pedro e os demais discípulos também estavam "cegos" espiritualmente, eles precisavam de um segundo toque. Eles precisavam desse toque pois não compreendiam como Jesus realmente é, nem mesmo a centralidade da cruz à missão. Os discípulos estavam prestes a reconhecer que Jesus era o Messias, as ainda não compreendiam que esse Messias deveria ser um servo sofredor. Logo, esse milagre simbolizava a presente cegueira e falta de entendimento dos discípulos e a sua "cura" futura. Eles tinham um caso sério de "miopia", eram tão cegos quanto os fariseus e precisavam de um segundo toque.
Portanto, entendendo esse milagre e qual era o seu propósito, quais são as lições que nós podemos tirar desse relato?
A cura em duas etapas
A cura em duas etapas
Todas as demais curas de Jesus foram completas, imediatas e perfeitas. Por que essa foi progressiva? Certamente Jesus usa esse método como fator pedagógico. Certamente essa cura aponta para a jornada espiritual dos discípuilos e a minha e a sua também. A cura espiritual pode ser um processo gradual e que às vezes é necessário um passo de cada vez.
O pastor presbiteriano J. Vernon McGee diz que há três estágios na vida desse homem: Primeiro, a cegueira. Todos nós estávamos cegos. Cristo é a luz que veio para nos iluminar. Segundo, a visão parcial. Essa é a condição do homem antes da glorificação. Agora vemos parcialmente (1Co 13.12). Terceiro, a perfeita visão. Essa será a condição dos remidos na glorificação. Um outro teólogo do passado, estudioso do NT, William Hendriksen alerta para o fato de que essa cura não está, de maneira alguma, de acordo com as curas lentas dos nossos dias, que requerem várias visitas ao “curador”. No caso aqui registrado, o processo completo de cura aconteceu em alguns momentos, alcançando um resultado pleno: a mudança de uma cegueira total para uma visão perfeita. Jesus queria transmitir algumas lições com esse milagre progressivo:
A pergunta de Jesus: "Você vê alguma coisa?"
A pergunta de Jesus: "Você vê alguma coisa?"
A pergunta de Jesus se faz necessária e traz para mim e para você uma importante pergunta que nós também precisamos responder: Você vê alguma coisa? E quando você vê, o que enxerga? Precisamos nos idnetificar como cegos que precisam do toque de Jesus para enxergar verdadeiramente. Precisamos do toque de Jesus para enxergar verdadeiramente e encarar de fato quais são os nossos reais problemas, nossas limitações e também para enxergar a realidade. Sem o toque de Jesus não conseguimos nos ver como pecadores de fato, temos uma visão equivocada sobre qual é de fato o nosso grande problema e vemos de forma distorcida a realidade do mundo.
Por isso as pessoas sem Cristo possuem uma visão tão diferente da realidade que por vezes você ache absurdo. Tenha dicernimento espiritual sobre isso.
A primeira etapa da cura: "Vejo homens como árvores"
A primeira etapa da cura: "Vejo homens como árvores"
Embora tocado por Jesus, esse homem vê os homens andando como árvores, pois seu discernimento ainda era vago e incerto. Ou seja, ele vê os homens como árvores. Ele não tinha pleno discernimento e por isso fazia uma confusão fundamental: olhava as pessoas como coisas. Esse é um estágio comum na jornada cristã, por isso o discipulado se faz necessário, a nossa compreensão é progressiva e somente a partir do toque de Jesus nós vamos clareando a visão. A nossa visão espiritual pode ser limitada e muitas vezes precisamos de ajuda para ver a verdade com clareza.
Isso aponta para nós a importância de agir com paciência aqueles que acabaram de ser tocados por Jesus, e como podemos ter uma postura dura com aqueles que estão acabando de sair de um estado de cegueira, exigindo deles uma visãom completa sobre as coisas. Uma visão clara sobre os seus pecados, sobre Deus e sobre a realidade do mundo. Sim, pessoas salvas, durante o inicio da sua caminhada possuem essa visão limitada que reflete no seu comportamento, mas temos a certeza que a cura é progressiva.
A segunda etapa da cura: "Vejo tudo com clareza"
A segunda etapa da cura: "Vejo tudo com clareza"
Essa cura progressiva é uma ilustração da maneira como frequentemente o Espírito Santo trabalha na conversão de nossas almas. A conversão é uma iluminação, uma mudança das trevas para a luz, da cegueira para a visão do reino de Deus. Só quando o Espírito de Deus age profundamente em nossa vida podemos ver as coisas com pleno discernimento. Agora, vemos as coisas de forma nublada, mas breve vem o tempo que veremos claramente. Então, conheceremos como também somos conhecidos.
Mas a cura de Jesus nunca é parcial, ela sempre é completa e nos faz em algum momento enxergar a verdade com clareza, gerando transformação de vidas. E essa transformação muda não só nossa visão, como também nosso comportamente o nossas ações, de modo que atendemos o chamado de Jesus para a Sua missão.
Vida em missão também faz parte do nosso processo de cura. Jesus não queria que aquele homem fosse objeto de especulação e curiosidade, mas fosse alegrar-se com sua família. Nesse tempo, Jesus já estava encerrando seu ministério na Galileia e Pereia e estava prestes a ir para Jerusalém, onde daria sua vida em nosso resgate. Por essa causa, o foco não deveria ser o milagre, mas a redenção.
Quando temos a visão restaurada passamos a enxergar a nossa miséria e a miséria do mundo caído. E somos levados a missão.
Por fim eu gostaria de destacar uma outraa verdade contida nesse texto:
Leve a sua dor a Jesus
Leve a sua dor a Jesus
Por mais que o propósito principal deste milagre foi mostrar um sinal a respeito do nosso estado de cegueira espiritual, essa passagem também fala de um Deus que nunca é indiferente as nossas dores, seja ela qual for. Jesus tem poder para fazer todas as coisas, e não cabe a nós determinar como e o que Ele deve fazer em nós. O que nos cabe, é apenas levar a nossa dor à Jesus e confiar naquilo que Ele vai fazer, independente da forma. Mesmo que pareça que está demorando, se alegre naquilo que Ele está fazendo, mesmo que você não entenda, mesmo que pareça que Ele não está fazendo nada. Levar e confiar a sua dor à Jesus é isso, crer que independente da forma, Jesus está sempre trabalhando por nós!
Conclusão
Conclusão
Amados irmãos e irmãs em Cristo, o texto que acabamos de meditar nos leva a refletir sobre a importância de uma visão clara. A história do homem curado da cegueira aponta para nossa própria condição espiritual. Essa história ilustra o processo de cura que muitas vezes experimentamos em nossas vidas. Às vezes, a cura não acontece de forma instantânea, mas é um processo que ocorre gradualmente. Precisamos confiar em Jesus, o médico das nossas almas, e continuar a buscar a cura espiritual mesmo quando parece que as coisas não estão acontecendo tão rápido quanto gostaríamos.
Assim como o homem só conseguia ver as coisas de forma distorcida e embaçada, muitas vezes nós também somos cegos para as verdades espirituais. Podemos acreditar em falsas doutrinas, ter visões distorcidas de Deus e das Escrituras, ou simplesmente não enxergar a realidade do pecado em nossas vidas.
Mas assim como Jesus curou o homem cego, Ele pode nos dar uma visão clara e nítida. Devemos buscar a verdade em Sua Palavra e nos achegar a Ele em oração, pedindo para que nos abra os olhos e nos revele as verdades espirituais.
Que possamos também ser instrumentos nas mãos de Deus para ajudar os que ainda estão cegos, mostrando-lhes o caminho da salvação e da verdadeira visão espiritual.
Que você saia daqui nesta noite com a certeza que o Senhor é quem te capacita a viver de acordo com Sua vontade, enxergando claramente a Sua obra em nossas vidas e no mundo. Portanto, meu convite a todos hoje é para que você confie em Jesus como o médico da sua alma, buscando sua cura e transformação. A compaixão e o poder de Jesus nos inspirazm a buscar sua cura e transformação em nossas vidas e a sermos agentes de cura e transformação no mundo ao nosso redor.