Conhecendo à Jesus - Parte 10

A PREGAÇÃO DO REI

Introdução: Até aqui, vimos como Jesus nasceu e como Deus preservou a sua vida. Aprendemos sobre a sua familia e também sobre como João Batista foi o precursor do seu ministério, também vimos sobre seu batismo e sobre a tentação que sofreu no deserto. Podemos agora analisar alguns fatos importantes, João Batista é preso e Jesus fica sabendo disso. Os registros feitos por Mateus não visam indicar nada de maneira cronológica, ele apenas narra os fatos sem dar detalhes sobre a ordem que eles foram acontecendo. Mas, algo é fato esse acontecimento faz com que Jesus inicie suas pregações (Marcos 1.14) e podemos aprender algumas coisas com esse texto.

Existe uma grande dificuldade de se pregar nos evangelhos, isso acontece porque muitos pregadores (principalmente os de teologia reformada) querem pregar como se fosse uma carta, sendo que não é. Os evangelhos não possuem uma idéia central, não possuem argumentos, a narrativa gira em torno de fatos. Sendo assim, gostaria de lembrar que os conceitos que aprendemos com os evangelhos são baseados nos fatos que decorrem da vida de Jesus e dos seus ensinos, por isso o nome da nossa série (ou estudo biblico) é conhecendo à Jesus e os seus ensinos.

ILUSTRAÇÃO

Considere uma semente que é plantada em um solo fértil e bem cuidado. O solo é bem irrigado, e a semente germina e começa a crescer rapidamente, dando frutos saborosos e abundantes.

1) Deus trabalha mesmo diante das circunstâncias ruins - porém, um dia, uma grande tempestade atinge a plantação, destruindo grande parte das plantas e arrancando as sementes que ainda estavam no solo. Parecia que todo o trabalho que havia sido feito para plantar e cuidar das plantas havia sido em vão. Mas, mesmo diante dessa circunstância ruim, Deus continua a trabalhar, pois uma das sementes que foi arrancada pela tempestade caiu em um lugar ainda mais fértil e começou a crescer com ainda mais vigor.

2) Deus direciona os seus filhos para onde Ele quer - à medida que a planta cresce, é notável que Deus a direcionou para onde Ele queria que ela estivesse. Embora a tempestade tenha destruído muitas plantas, a semente que germinou em solo fértil acabou sendo levada para um lugar ainda melhor, onde Deus poderia usá-la para trazer mais glória a Si mesmo.

3) Deus é glorificado na adversidade - Embora a tempestade tenha destruído a maioria das plantas, a semente que cresceu em solo fértil e resistiu à tempestade acabou produzindo ainda mais frutos do que as outras plantas que não foram danificadas. Deus foi glorificado na adversidade, pois a planta que sobreviveu mostrou a força da mão de Deus em circunstâncias difíceis e produziu ainda mais frutos do que as outras plantas que não enfrentaram a mesma dificuldade.

Assim como a semente que germina e cresce em solo fértil, os cristãos também podem crescer e frutificar mesmo diante de circunstâncias ruins, pois Deus trabalha em todas as coisas para o bem daqueles que O amam (Romanos 8:28). Deus direciona seus filhos para onde Ele quer que estejam, mesmo que isso signifique enfrentar dificuldades e adversidades. E, por fim, Deus é glorificado na adversidade, pois é nesses momentos que Sua força e poder são revelados de forma ainda mais clara.

Prosperidade é a bênção do Antigo Testamento; a adversidade é a bênção do Novo, que traz a bênção maior e a revelação mais clara do favor de Deus.

Francis Bacon

Mateus 4.12–17

Ouvindo, porém, Jesus que João fora preso, retirou-se para a Galileia; e, deixando Nazaré, foi morar em Cafarnaum, situada à beira-mar, nos confins de Zebulom e Naftali; para que se cumprisse o que fora dito por intermédio do profeta Isaías: Terra de Zebulom, terra de Naftali, caminho do mar, além do Jordão, Galileia dos gentios! O povo que jazia em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região e sombra da morte resplandeceu-lhes a luz. Daí por diante, passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus.

CONSTRUÇÃO

Como vimos anteriormente, a mensagem de João Batista era a de arrependimento Mateus 3.2 “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus.” E isso fez com que as pessoas o odiassem, Heródes mantinha um relacionamento com sua cunhada e a denúncia de João Batista contra este pecado fez com que isto custasse a sua cabeça, Mateus conta isso mais à frente em Mateus 14.9-12 e vemos isso nos outros evangelhos Marcos 6.26-29; Lucas 9.9.

Esse fundo de experiência fez com que Jesus saisse de uma localização (Nazaré Mt 4.12a) para outra (Cafarnaum na Galiléia Mt 4.12b), Lucas registra que o que isso não foi outra coisa senão a ação do Espirito Santo em Jesus Lucas 4.14 “Então, Jesus, no poder do Espírito, regressou para a Galileia, e a sua fama correu por toda a circunvizinhança.”

1) Deus trabalha mesmo diante das circunstâncias ruins - Na passagem, vemos Jesus iniciando seu ministério público em meio a um período de grande trevas e adversidade. João Batista havia sido preso e a região de Galileia estava sob o domínio do Império Romano e muitos opositores haviam se levantado contra o ministério da pregação. No entanto, mesmo diante dessas circunstâncias ruins, Jesus tomou uma atitude sob o poder do Espírito pois sabia de sua missão e estava atento aos acontecimentos que estavam se passando ao seu redor e isso fez com que Jesus evitasse conflitos desnecessários pois sua fama estava se expandindo como João 3.26 demonstra.

Ao invés de começar Seu ministério em Jerusalém, onde estavam as autoridades religiosas e políticas, Jesus decidiu iniciar na região da Galileia, um lugar mais distante e menos central. Essa escolha pode ter evitado um confronto imediato com as autoridades, permitindo que Jesus pregasse o evangelho e realizasse milagres antes de atrair muita atenção. O Senhor sabia que para cada evento em sua vida havia um tempo determinado no decreto de Deus. O motivo de Jesus sair de Nazaré também foi porque o expulsaram, isso fica claro em Lucas 4.16-30.

2) Deus direciona os seus filhos - Finalmente, a passagem mostra como Deus é glorificado na adversidade. Jesus não teve uma vida fácil durante seu ministério, enfrentando a oposição dos líderes religiosos e do Império Romano. No entanto, foi justamente em meio a essas dificuldades que a glória de Deus foi revelada de forma ainda mais clara, através dos milagres e das palavras poderosas que Jesus proferiu. Jesus também buscava o cumprimento das profecias de Deus pois como expressa o próprio texto, o propósito de Jesus ir para a Galiléia era o de que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías como descrito em Mateus 4.14c.

Podemos dizer que o ministério de Jesus ou a pregação do Rei inicialmente tinha um endereço e que como dito pelo profeta (Isaias 9.1-7) nos ultimos dias, este endereço se tornaria um lugar glorioso pois o próprio Rei do universo estaria ali, pregando e ensinando. A adversidade direcionou Jesus à percorrer um lugar que já estava estabelecido por Deus como um lugar que receberia o Messias. Por isso, “O povo que jazia em trevas, viu grande luz” e “aos que vivam na região e sombra da morte resplandeceu-lhes a luz.”.

Nas palavras de Spurgeon, “a grande luz se encontrou com a grande escuridão; os que estavam distantes foram visitados por aquele que congrega os dispersos de Israel. Nosso Senhor não atrai aqueles que se gloriam em sua luz, mas os que desfalecem em sua escuridão. Ele vem com a vida celeste não para aqueles que se gloriam de sua própria vida e poder, mas para aqueles que estão sob condenação e sentem as sombras da morte privando-os da luz e da esperança.”

3) A pregação verdadeira glorifica a Deus - Finalmente, a passagem mostra como Deus é glorificado na adversidade. Foi justamente em meio a essas dificuldades que a glória de Deus foi revelada de forma ainda mais clara, através dos milagres e da pregação de Jesus (Mateus 4:23-25).

A pregação de Jesus pode ser chamada de dura, com certeza, porém, ela jamais poderá ser chamada de infiel ou de falsa. Sua pregação - assim como a de João Batista - foi pura e simples, sem nenhum tipo de acréscimo. Este tipo de pregação custa caro, como vimos, João Batista foi preso por conta dela e nós esperariamos algo diferente? Como sabemos, Jesus foi crucificado por conta de sua pregação, nosso mestre foi morto, deveriamos esperar algo diferente?

Podemos ver nitidamente que toda essa ocasião fez com que Jesus iniciasse sua pregação na Galiléia para que o povo que estava lá se arrependesse e cresse em Jesus. Jesus não retornou para Nazaré onde foi rejeitado, mas, se estabeleceu em Cafarnaum pois por ser um local de comércio as pessoas divulgariam sua fama por vários lugares que faziam parte do povo gentilico.

O mais interessante de tudo isto é que o conteúdo não mudou, a pregação de rrependimento foi a mensagem dos profetas, João Batista, Jesus e os apóstolos. Ninguém pode entrar no reino dos céus sem se arrepender dos seus pecados! Não podemos esperar em Deus sem antes nos desesperarmos de nós mesmos. O arrependimento abrange as três áreas vitais da vida: razão, emoção e vontade. A palavra grega metanoia, “arrependimento”, significa mudar de mente, sentir tristeza segundo Deus e dar meia-volta. Uma pessoa arrependida reconhece seu pecado, sente tristeza por ele e o abandona, voltando-se para Deus. Essa foi a mensagem de Jesus que rendeu muitos e muitos frutos. Foi a mensagem dos apóstolos e deve ser também a nossa mensagem. Mateus 3.2; Atos 3.19; Mateus 4.17; Marcos 1.15; Atos 2.38.

CONCLUSÃO

Vimos neste estudo transição do ministério de João Batista para o ministério de Jesus, e como o acontecimento da prisão de João Batista levou Jesus a iniciar suas pregações. A mensagem central de Jesus era a mesma de João Batista: arrependimento, pois o Reino dos Céus estava próximo. Através da ilustração da semente que germina e cresce em solo fértil, aprendemos que Deus trabalha mesmo diante das circunstâncias ruins, direciona seus filhos para onde Ele quer e é glorificado.

APLICAÇÕES

Devemos estar sempre atentos às circunstâncias da nossa vida e como Deus pode estar trabalhando através delas. Mesmo em situações ruins, podemos confiar que Deus está trabalhando para o nosso bem e para Sua glória.

Devemos estar dispostos a seguir a direção de Deus, mesmo que isso signifique enfrentar dificuldades e adversidades. Deus sempre tem um propósito maior e sabe o que é melhor para nós.

Devemos lembrar que, como cristãos, a nossa mensagem central deve ser a mesma dos profetas, Jesus e João Batista e dos apóstolos: arrependimento e anúncio do Reino dos Céus. Devemos ser fiéis em pregar essa mensagem, mesmo que isso nos custe a rejeição ou a perseguição dos outros.