Em Cristo vencemos as tentações

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ICT: O Espírito Santo conduz Jesus ao deserto para vencer às tentações e ao diabo. Tese: O Espírito Santo nos conduz a situações ermas para que em Cristo vençamos às tentações e ao diabo. PB: Devocional PE: Alertar a igreja para que busque maior intimidade com Deus através das disciplinas espirituais e na meditação de sua Palavra para fugir das tentações e resistir ao diabo. Divisão: 1. Preparando-se para luta (v. 1-2) 2. Vencendo a carne (v. 3-4); 3. Vencendo os olhos (v. 5-7); 4. Vencendo o orgulho (v. 8-10); 5. Vitória e recompensa (v. 11)

Notes
Transcript

Introdução

A nossa perícope começa com a expressão “A seguir...”. Isto porque Mateus tinha acabado de relatar o batismo de Jesus realizado por João, o batista, no rio Jordão. Momento em que de forma descomunal Deus Pai declara que Jesus é seu filho amado e que sua vida lhe dá muita alegria.
Um momento muito muito marcante, pois ali temos a presença expressa da trindade: o Pai que rasga o silêncio com uma voz que veio dos céus que dizia: “— Este é o meu Filho amado, em quem me agrado.”; o Espírito Santo que desce do céu que se abriram e como uma pomba se dirige sobre Jesus que é o filho.
É o início do ministério vicário de Jesus. Ele está se preparando para uma jornada sem igual. Uma jornada dura e difícil. Uma missão impossível para qualquer ser humano. Apesar de sua humanidade, ele é ímpar e não há quem se compare. Ainda que se rejeite sua divindade, não há ser humano comparável a Jesus.

Preparando-se para luta (v. 1-2)

E sua preparação continua. Ela não termina no batismo. Agora o Espírito Santo que pousou sobre ele, o conduz ao deserto. E é estranho Mateus falar assim, que Cristo foi ao deserto, pois podemos pensar que Jesus já estava no deserto, já que João Batista, o asceta, ia a lugares desérticos, longe do centro da religiosidade judaica, Jerusalém, para pregar arrependimento, e lá no deserto, contrastando a tudo, atraía de forma controversa multidões, batizando-as como forma preparatória para a vinda do Reino de Deus.
Então Mateus, na verdade, quer ressaltar que Jesus se afastou da multidão que estava com João Batista e a expressão no original ἀνήχθη (anago) traduzida por “levado” traz a ideia de elevação, ou seja, o Espírito Santo conduziu Jesus a um lugar mais alto, pois o rio ficava num vale e subindo, aí se encontrava o deserto, o ermo, o nada.
Não havia ninguém, e Jesus jejuou por quarenta dias e quarenta noites. Pode nos parecer algo excêntrico ou radical praticar jejum, porque não estamos acostumados, mas para os judeus essa disciplina espiritual era bem comum entre eles. O pastor Luciano Subirá, autor de alguns livros e dentre eles o intitulado “A cultura do jejum”, escreveu que ao visitar uma comunidade da Assembleia de Deus na Coreia do Sul, se deparou com uma igreja que cultivava as disciplinas da oração e jejum ao ponto de conter afixadas placas de alerta orientando aos membros que não jejuassem mais de 40 dias.
Mas o jejum muito prolongado com certeza traz muito desconforto para nosso corpo se não estivermos com a mente muito focada no propósito que buscamos por meio dessa prática e também se não temos o hábito de praticá-lo. Porém Jesus certamente tinha o hábito de jejuar. E para quem tem esse hábito, normalmente se testemunha que chega a um ponto que não se sente fome. E quando se jejua por prolongado tempo seu corpo vai consumindo a gordura, podendo chegar ao ponto de gordura praticamente zero. Deve ter sido nesse ponto que Jesus chegou quando Mateus diz que ele teve fome.
Muito maior que o desejo de comer, Jesus estava necessitado de se alimentar. Pois apesar de ser Deus, uma das coisas que aprendemos com a história da igreja nas suas discussões teológicas, é que Jesus é totalmente Deus e totalmente homem. Isto quer dizer que Jesus em sua humanidade tinha necessidades fisiológicas assim como nós temos. Ele poderia sucumbir se chegasse a um ponto de crítico de estresse fisiológico.

Vencendo a carne (v. 3-4);

É nessa circunstância que o diabo vem tentá-lo. Não é como possamos pensar no simples desejo de saciar-se com o alimento, mas o diabo o tentou na sua necessidade humana.
O tentador se utiliza inicialmente como o sempre faz, suscitando dúvidas a respeito de nosso relacionamento com Deus. Lá no jardim, no início de tudo, ele lançou dúvida à Eva:
Gênesis 3.1 NAA
1 Mas a serpente, mais astuta que todos os animais selvagens que o Senhor Deus tinha feito, disse à mulher: — É verdade que Deus disse: “Não comam do fruto de nenhuma árvore do jardim”?
Cristo tinha acabado de receber a afirmação direta do Deus Pai que é o seu filho e o diabo vem tentar trazer dúvida. Desafiando Jesus a provar sua filiação. O diabo tenta nos confundir e trazer dúvidas, no sentido de obscurecer a realidade a tal ponto de não enxergarmos o que de fato é verdadeiro, fazendo-nos sentir inseguros e com medo diante das possibilidades e sugestões diabólicas que nossa própria mente vai produzindo.
Mas em contraste ao relato da queda de nossos primeiros pais, onde eles estavam num jardim farto de alimento, Jesus estava no deserto totalmente desprovido de comida. E enquanto lá houve a queda, aqui Jesus utilizando-se da Palavra de Deus no livro de Deuteronômio vence essa primeira tentação dizendo:
Mateus 4.4 NAA
4 Jesus, porém, respondeu: — Está escrito: “O ser humano não viverá só de pão, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.”
A citação de Jesus nos remete a outro contraponto na Bíblia, pois essa citação que se encontra em Deuteronômio relata um momento do êxodo do povo israelita jugo egípcio. Assim consta lá:
Deuteronômio 8.1–3 NAA
1 — Tenham o cuidado de cumprir todos os mandamentos que hoje lhes ordeno, para que vocês vivam, se multipliquem, entrem e tomem posse da terra que o Senhor prometeu sob juramento aos pais de vocês. 2 Lembrem-se de todo o caminho pelo qual o Senhor, seu Deus, os guiou no deserto durante estes quarenta anos, para humilhar vocês, para pôr vocês à prova, para saber o que estava no coração de vocês, se guardariam ou não os seus mandamentos. 3 Ele humilhou vocês, ele os deixou passar fome, ele os sustentou com o maná, que vocês não conheciam e que nem os pais de vocês conheciam, para que vocês compreendessem que o ser humano não viverá só de pão, mas de tudo o que procede da boca do Senhor.
E por sua vez esta passagem citada por Jesus tem a ver com o que consta no livro do Êx 17.1-7
Êxodo 17.1–7 NAA
1 Toda a congregação dos filhos de Israel partiu do deserto de Sim, fazendo suas paradas, segundo o mandamento do Senhor, e acamparam em Refidim; mas ali não havia água para o povo beber. 2 Então o povo discutiu com Moisés e disse: — Dê-nos água para beber. Moisés respondeu: — Por que vocês estão discutindo comigo? Por que estão tentando o Senhor? 3 Mas ali o povo estava com sede de água e murmurou contra Moisés, dizendo: — Por que você nos tirou do Egito, para nos matar de sede, a nós, a nossos filhos e aos nossos rebanhos? 4 Então Moisés clamou ao Senhor: — Que farei com este povo? Daqui a pouco vão me apedrejar. 5 O Senhor respondeu: — Passe adiante do povo e leve com você alguns dos anciãos de Israel. Leve também o bordão com que você feriu o rio Nilo e siga em frente. 6 Eis que estarei ali diante de você sobre a rocha em Horebe. Bata na rocha, e dela sairá água; e o povo beberá. Moisés assim o fez na presença dos anciãos de Israel. 7 E chamou o nome daquele lugar Massá e Meribá, por causa da discussão dos filhos de Israel e porque tentaram o Senhor, dizendo: — Está o Senhor no meio de nós ou não?
O povo de Deus passou 40 anos peregrinando no deserto e resmungou e reclamou de Deus a Moisés. A propósito, o número 40 é muito utilizado para indicar um período de preparação ou de prova/provação. Encontramos esse uso:
Moisés ao receber a Lei passou 40 dias de jejum (Ex 34.28);
Elias passou pela prova em 40 dias (1Rs 19.8);
Israel foi provado por 40 anos no deserto;
Jesus foi apresentado no templo aos 40 dias de nascido;
Após a ressurreição, Jesus passou 40 dias finais com os discípulos dando as últimas instruções até sua assunção.
Então Mateus, como bom judeu, assim qualificou o período de Jesus, como de preparação e de provação. E enquanto o povo falhou na prova, Jesus venceu!

Vencendo os olhos (v. 5-7);

O diabo derrotado pela Palavra de Deus, insistindo, agora tenta Jesus utilizando as Escrituras Sagradas. Já que Cristo recorreu à Santa Palavra, agora então seria tentado através dela. O ambiente da luta agora seria religioso. Ele leva Jesus à Cidade Santa, ou seja, para Jerusalém, o centro da religiosidade judaica, o conduz ao templo que representava a presença de Deus, era a habitação do Senhor, onde ficava o Santo dos Santos, o lugar santíssimo.
E no ponto mais alto do templo, o diabo, assim como Jesus se expressou, diz “Está escrito”. É como se dissesse, agora estou adequado a seu terreno, mas claro que se tratava apenas de uma astúcia com a finalidade de enganar. E então cita parte do Salmo 91.11-12
Salmo 91.11–12 NAA
11 Porque aos seus anjos ele dará ordens a seu respeito, para que guardem você em todos os seus caminhos. 12 Eles o sustentarão nas suas mãos, para que você não tropece em alguma pedra.
O tentador sorrateiramente tira de contexto a Palavra de Deus a fim de que Jesus seja tentado e caía na vontade de demonstrar que é verdadeiramente o Filho de Deus outra vez. Mas Jesus é o mestre supremo e como bom conhecedor das Escrituras, parecendo haver uma predileção ao livro do Deuteronômio, novamente cita a Palavra do Senhor expressando: “Também está escrito”.
Mateus 4.7 NAA
7 Jesus respondeu: — Também está escrito: “Não ponha à prova o Senhor, seu Deus.”
Fazendo referência justamente aquele caso do povo ter reclamado no deserto tentando ao Senhor dizendo: “Está o Senhor no meio de nós ou não?”.
Jesus sabia que foi retirado do contexto a citação do Salmo. Alguns comentaristas chegam a destacar que inclusive foi omitido pelo diabo uma parte do Salmo que diz “para que guardem você em todos os seus caminhos”. O trecho mais completo para compreensão do contexto seria citar ao menos um versículo antes, ficando:
Salmo 91.10–12 NAA
10 Nenhum mal lhe sucederá, praga nenhuma chegará à sua tenda. 11 Porque aos seus anjos ele dará ordens a seu respeito, para que guardem você em todos os seus caminhos. 12 Eles o sustentarão nas suas mãos, para que você não tropece em alguma pedra.
Perceba que o salmista diz que “praga nenhuma chegará à sua tenda”, ou seja, trata-se de uma proteção para acontecimentos que sobrevêm aos servos do Senhor e não uma desculpa para buscar perigos. Seria presunção de Jesus saltar dali e não uma atitude de confiança como verdadeiramente expressa o Salmo.

Vencendo o orgulho (v. 8-10);

Algumas vezes nos deparamos com alguma discussão inútil a cerca da compreensão de alguns fatos narrados na Bíblia e de vez em quando vem alguns questionamentos como o do tipo: “como o diabo levou Jesus do deserto até o pináculo do templo? Caminhando?”.
Gosto como Calvino entendeu essa realidade ao afirmar que pode ter se tratado perfeitamente de uma visão. E isso não diminui em nada a realidade da tentação. Afinal de contas há dois relatos comparáveis na Bíblia: um está no livro de Ezequiel onde ele declara nitidamente que isso aconteceu nas “visões de Deus” e no livro do Apocalipse em que João exilado em Patmos recebe visões que lhes foram mostradas enquanto estava no Espírito.
Em ambos relatos eles são levados ao alto de um monte. E agora o diabo leva Jesus a um monte muito alto e mostra-lhe não só todos os reinos do mundo, mas também a glória que neles há, ou seja, toda a riqueza e beleza que há.
Ele oferece a Jesus tudo que mostrou em troca de uma atitude de adoração. Agindo assim, o tentador, num ato que podemos dizer de desespero, pois já tinha sido derrotado nas duas tentações anteriores, apelou para aquilo que seria o propósito de Cristo, de reinar sobre todo povo, tribo e raça, sem que passasse pela cruz.
Ora, a cruz foi proferida desde o Gênesis e Satanás sabia bem que essa era forma que seria derrotado definitivamente:
Gênesis 3.15 NAA
15 Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela. Este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar.
Esse era o plano de Deus e o diabo queria destruí-lo. A tentação de Jesus foi real no sentido de que cumpriria facilmente o propósito do Pai, porque expressamente em momento posterior é relatado na Bíblia que Jesus não queria passar pela cruz, contudo a vontade de Deus estava acima e assim foi obediente até a morte de cruz.
Mas tudo não passava de mentira, pois nada pertence a Satanás. Ele pode sim ter poder e influenciar pessoas a servirem a seus propósitos, mas nada lhe pertence, porque tudo é do Senhor.
Jesus rejeita a proposta diabólica de que os fins santifica os meios e novamente com a a Palavra repreende o tentador:
Mateus 4.10 NAA
10 Então Jesus lhe ordenou: — Vá embora, Satanás, porque está escrito: “Adore o Senhor, seu Deus, e preste culto somente a ele.”

Vitória e recompensa (v. 11)

Por vezes chegam mensagens a nós pelas redes como se houvesse uma batalha dual entre Jesus e Satanás em pé de igualdade, mas isto é muito distante da verdade bíblica. Jesus é Deus, supremo, soberano, onipotente e não há nada, ninguém ou qualquer criatura que possa impedi-lo.
Jesus ignorou toda pala do diabo e simplesmente, em sua autoridade, ordenou que Satanás fosse embora e assim ele foi, vindo em seguida anjos que serviram ao Senhor.

Conclusão

Na Primeira Epístola de João encontramos essa verdade a respeito da tentação:
1João 2.16 NAA
16 Porque tudo o que há no mundo — os desejos da carne, os desejos dos olhos e a soberba da vida — não procede do Pai, mas procede do mundo.
Mateus, assim como Lucas, narram a tentação de Jesus no deserto nesse três aspectos:
Desejo da carne, ou seja, no físico ou numa necessidade;
Desejo dos olhos, isto é, na presunção religiosa; e
A soberba da vida, que envolve o poder, o governo e a política.
Jesus suportou a tentação da carne quando estava necessitando de comida. E o interessante foi que Satanás o tentou tanto na sua fraqueza humana quanto na sua potência divina quando levanta a condicional “Se és o filho de Deus”. Então estejamos certos de que seremos tentados em nossas fraquezas, mas também em nossas potências, ou seja, em nossas possibilidades.
Tenhamos como lição que a tentação “vem valendo” justamente quando estamos “em alta”. Às vezes somos levados a pensar que a tentação vem quando estamos fracos, passando por problemas em nossos relacionamentos, mas o que vimos é que Jesus acabara de passar por uma situação gloriosa, declarado filho amado, cheio do Espírito que o conduz em seguida justamente para a prova, para ser tentado.
Você está cheio do Espírito? está exercendo as disciplinas espirituais da oração e jejum? Saiba que seremos tentados! Portanto a oração e jejum não são práticas que visam afastar as tentações, mas são meios de graça para mortificarmos a carne e alimentarmos espiritualmente a fim de resistir ao dia mau.
Mas ao mesmo tempo não caíamos na armadilha do passarinheiro que certamente nos tentará em nossa religiosidade. O diabo conhece bem as Escrituras Sagradas e está pronto para nos induzir a pecar utilizando a própria Palavra de Deus.
Em alguns momentos nos sentimos cheios do Espírito, levamos uma vida bem disciplinada com oração e estudo da Palavra. E isso é muito bom! Mas como Jesus já bem nos instruiu: vigiai e orai, pois nesse aspecto seremos tentados. E já presenciei, bem como também já me senti um super crente, sabe? E assim nos tornamos arrogantes e soberbos.
Fora os que se deixam levar por más teologias que são obras satânicas para nos afastar da revelação de Deus, nos distanciar da verdade. Precisamos ter a Palavra de Deus gravada em nossos coração. Não me refiro a um conhecimento profundo da Palavra, mas que através dela tenhamos um relacionamento profundo com nosso Deus. E para isso não nos é requerido muito conhecimento e saber teológico, apenas nos basta a fé, crer que Deus nos dará a sabedoria que necessitamos para nossa vida.
Sabedoria essa que nos alerta que os fins não justificam os meios. Os meios, ou seja, a forma com a qual agimos deve estar de acordo com a santa vontade divina.
Hebreus 2.18 NAA
18 Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, quando foi tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados.
Filipenses 2.5–11 NAA
5 Tenham entre vocês o mesmo modo de pensar de Cristo Jesus, 6 que, mesmo existindo na forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus algo que deveria ser retido a qualquer custo. 7 Pelo contrário, ele se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se semelhante aos seres humanos. E, reconhecido em figura humana, 8 ele se humilhou, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz. 9 Por isso também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, 10 para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, 11 e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai.
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