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Título: O Evangelho destrói barreiras e constrói pontes
Texto: Efésios 2.11-18
INTRODUÇÃO
Um dos episódios mais marcantes do séc. 20 foi a queda do muro de Berlim. O muro foi uma marco na história alemã e mundial. Por quase 30 anos separou dois mundos totalmente opostos.
Após o término da II GM. Os países aliados (EUA, FRA, RU e URRS), vencedores, concordaram em dividir a Alemanha, derrotada, em 4 Zonas. Berlim ficou na parte soviética, mas por ser a capital foi dividida em 4 setores.
Assim, formou-se um bloco capitalista no lado ocidental e um bloco comunista na parte oriental, a famosa “cortina de ferro”: um muro ideológico que separava dois modelos antagônicos.
Na noite de 13/Ago/1961 deu-se início a “operação rosa”. Em poucas horas o Muro de Berlim foi erguido, um dos grandes símbolos da Guerra Fria e cercava Berlim Ocidental, isolando-a.
O Muro foi construído para conter o êxodo de pessoas que se mudavam para Berlim Ocidental. Foi construído em um dia. Separou as duas porções da cidade de Berlim, durante 29 anos.
Na década 80, a Alemanha Oriental estava em grave crise econômica que gerava forte insatisfação na população. A falta de liberdade e o autoritarismo do governo da Alemanha Oriental também era um motivo de insatisfação. Inúmeros protestos aconteciam em Berlim Oriental e Leipzig, grandes cidades da Alemanha Oriental.
Então, no dia 9/Nov/1989 o Muro de Berlim caiu. A euforia e a expectativa de melhoria pela reunificação da nação tomou conta de alemães orientais e ocidentais. Contudo, até hoje a certa inimizade e divisão entre alemães ocidentais (Wessis) e alemães orientais (Ossis).
· Ossis ainda pensam como comunistas, são preguiçosos e cidadão de segunda classe;
· Wessis são arrogantes, sedentos de poder, ambiciosos e egoístas.
Dessa forma, a queda do Muro de Berlim não foi tão eficaz assim para unir a nação alemã.
E se olharmos ao redor, as coisas só pioram. Tensões que pareciam ter acabado estão mais acesas do que nunca. A Guerra Fria que parecia ter acabo está sendo aquecida no microondas da Europa Oriental, com o conflito entre Russia x Ucrania.
PAZ parece algo muito improvável no nosso mundo. Ainda mais se olharmos para a história da humanidade, da perspectiva antropocentrica.
Diante disso, qual é a solução para tamanha inimizade?
Não é intelectual, porque filosofia e a ciência não trouxeram paz para a sociedade, é só olhar no retrovisor e perceber o que aconteceu no século passado:
· Filosofia: Marxismo e o Evolucionismo;
· Ciência: bomba atômica
· Política: divide as pessoas
· religioso: terrorismo islamico, guerra protestante
A ÚNICA SOLUÇÃO PARA A INIMIZADE HUMANA ESTÁ NO EVANGELHO: no Evangelho da Graça, no Evangelho da Reconciliação que traz PAZ.
CONTEXTO
v.1 - Paulo escreve aos santos e fiéis em Cristo Jesus e deseja Graça e Paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo
Paulo expõe esses dois pontos na carta, Graça e Paz:
1.3 - 2.10 a ênfase está sobre graça:
- 1.3-14: hino de bendição ao Deus de toda a graça que nos abençoou com todas as benção espirituais nas regiões celestiais em Cristo Jesus:
a) Eleição para a santificação
b) Predestinação para a adoção
c) Redenção e remissão pela obra de Cristo
d) Preservação pelo selo do Espírito
Isso tudo para o louvo da glória da graça de Deus
Após a doxogia, Paulo passa para a intersseção, orando para que os crentes possam compreender melhor o poder salvívifico de Deus e a esperança que a graça traz (1.15-23)
E Paulo no cap. 2 vai ajudar eles a entenderem isso:
- 2.1-10: como a graça impacta a nossa vida pessoal, como crentes, como individuos. Fala sobre os efeitos da graça regeneradora de Deus sobre o individuo.
Deus em Cristo Jesus deu vida a mortos espirituais e os criou para andar em boas obras.
- 2.11...: o enfoque muda de graça para PAZ - dos cristãos individualmente para a Igreja. Paulo mostra as implicações sociais do evangelho. O Evangelho da cruz tem implicações em nossa vida comunitária, como sociedade da fé.
ESBOÇO
[1] Um Passado Desfavorável - vv. 11-12
“Portanto, lembrem-se de que no passado vocês eram gentiosna carne...” (v.11)
“Portanto”, a luz do que foi dito, lembrem-se da situação e posição anterior de vocês. O intuito desta ordem – lembrar do passado – não era levá-los a um saudosismo, mas a uma análise da condição passada em contraste à transformação presente, a fim de nivelar a posição de todos; combater o orgulho e conduzir à humildade.
E, assim, apreciarem melhor a salvação que há em Cristo para que glorifiquem a Deus, o seu Benfeitor.
Além disso, salientar a ausência de méritos próprios da parte deles. E mostrar que pelo contrário, em relação a salvação, a posição a qual se encontravam era de desprezo dos judeus e de separação da Aliança com Deus.
Desprezados
“chamados incircuncisão por aqueles que se intitulam circuncisão, que é feita na carne por mãos humanas” (v.11)
Havia um certo desprezo do judeus para com o gentios, tudo por conta da sua identidade como o povo da aliança. E a circuncisão era o sinal físico desta Aliança, que demarcava um relacionamento particular e exclusivo de Israel com Deus. Portanto, a circuncisão simbolizava a identidade étnica do judeu como povo de Deus.
Desse modo, a circuncisão era uma boa demarcação para servir de testemunho tanto para os judeus quanto para os gentios. Porque ela – a circuncisão – deveria levar ambos ao entendimento do cenário sombrio que é estar longe de Deus.
Mas, os judeus tomaram a circuncisão apenas como sinal distintivo, nutrindo um sentimento de superioridade.
A identidade nacionalista deles fez com que esquecessem de que o fato de serem o povo escolhido de Deus não baseava-se no mérito pessoal, mas no amor misericordioso de Deus e da fé do pai Abraão.
E, por isso, eles precisam crer em Deus e viver de forma santa e separada para Deus. Eles deveriam, como povo, e como indivíduos, testemunhar desse grandioso Deus da Aliança. Contudo, a atitude deles era de divisão.
Ao invés de ser luz para as nações gentílicas, promoveram barreiras de inimizade. Até chegaram a criar uma nomenclatura para aqueles que não de identificavam com eles por meio da circuncisão.
A palavra “incircuncisão” (gr. ἀκροβυστία) no v.11 não é o oposto de circuncisão (gr. περιτομῆς), mas uma gíria dos judeus criada para se referir aos gentios: Aqueles que não pertencem a comunidade de Israel.
Separados
“Naquele tempo vocês estavam sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa...” (v.12)
E é nesse ponto que a circuncisão é também um testemunho para os gentios. Ela evidenciava que eles – os gentios – estavam numa posição completamente desfavorável:
1. “estavam sem Cristo” – sem nenhuma expectativa de um Redentor, de um Messias. Não importa a raça, a cor ou a posição social, sem Cristo não há Redenção.
2. Estavam “separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa” – por não fazerem parte do povo étnico, escolhido por Deus, Israel, não participavam dos privilégios que os judeus possuíam, sem nenhuma garantia do favor de Deus.
“não tendo esperança e sem Deus no mundo” (v.12)
E é claro que essa realidade culminava em apenas um cenário: “sem esperança”, sem nenhum sentido real e tangível para a vida e “sem Deus no mundo”.
As nações gentílicas tinham vários deuses, praticamente um panteão para cada nação. E em especial os cidadãos de Éfeso tinham Ártemis, a deusa da fertilidade, e que possuía um templo de culto a ela – o maior edifício arquitetônico do mundo grego.
Mesmo assim, eles estavam “sem Deus no mundo”, sem nenhuma amparo divino. Eles contavam apenas com seus ídolos, mas contar com ídolos é contar com nada. Pois, “Deus está com o seu povo; quem está fora do povo de Deus, fica sem Deus” (COMBLIN, 1987, p.45).
[CONCLUSÃO]: Esta era a situação deles, um povo sem Cristo. Na verdade, essa era a nossa situação. Totalmente alienados de Deus, sem nenhum privilégio; em completa inimizade com Deus e com o próximo, e sendo alvos da Ira divina.
Estávamos de fato “sem Deus no mundo”. Assim como eles, não possuíamos o verdadeiro conhecimento de Deus, portanto, sem santidade, sem a justiça, sem a paz e sem a alegria da Salvação.
Mas, Deus na sua rica misericórdia nos amou e nos salvou, sem haver mérito nenhum da nossa parte. Contudo, nós nos esquecemos disso – somos acometidos de uma amnésia crônica – e, assim, deixamos de estender misericórdia aos perdidos.
À semelhança dos judeus, passamos a achar que somos melhores que os outros. Quantas vezes você já ouviu alguém falando que os crentes se sentem superiores? Sendo que eram para serem os mais humildes e misericordiosos.
Essa triste realidade – o sentimento de superioridade – também acontece dentro da Igreja:
· Calvinistas se sentem ortodoxos e inteligentes que os Arminianos, e vice versa;
· Pactualistas x Dispensacionalista
· Cessacionistas x Pentecostais/Carismáticos
· Jovens x Adolescentes
· Senhores (a) x Jovens (“porque no meu tempo”)
Esse senso de superioridade é orgulho pecaminoso. Além disso, é uma das piores barreiras para a Evangelização e Missões.
Por quê?... Pelo simples fato de não haver demonstração de misericórdia para com aquele que é desprezado. Você nunca estenderá a mão para quem você despreza – isso só acontece porque você não tem um olhar de misericórdia, porque você se esqueceu de quem você era, apenas alimentou um orgulho religioso.
[2] Um Presente Privilegiado – vv. 13-16
“Mas agora, em Cristo...” (v.13)
Por causa da obra redentiva de Cristo, a barreira de inimizade entre judeus e gentios foi derrubada. Ambos, agora, participam de uma só comunidade, uma identidade trinitária: corpo do Filho, família do Pai e templo do Espírito.
Aproximados por Cristo
“...vocês, que antes estavam longe, foram aproximados pelo sangue de Cristo” (v.13)
1º Privilégio
Os gentios estavam longe e alienados das promessas de Deus, mas pela obra de Cristo eles foram aproximados.
Porém, como faz pra ter paz entre dois povos inimigos? Como faz pra ter paz entre judeus e palestinos, russos e ucranianos, remistas e bicolores?
A resposta é: “pelo sangue de Cristo” (v.13).
Ou seja, na obra de Cristo na cruz, pela sua morte expiatória e substitutiva os gentios e judeus foram aproximados. A morte de Cristo matou a inimizade entre povos distantes.
Aquilo que o pecado separa, Cristo aproxima, unifica em si mesmo, num só corpo. E, podemos ver isso claramente quando ele diz:
· No v. 14, “de dois povos ele fez um só”;
· No v.15, “para que dos dois criasse em si mesmo uma nova humanidade”;
· No v.16, “e reconciliasse ambos em um só corpo”.
Jesus pega dois povos inimigos que tem tão fixos em sua mente uma identidade nacionalista e, uni num povo só.
2º Privilégio
“Porque ele é a nossa paz. De dois povos fez um só e, na sua carne, derrubou a parede de separação que estava no meio, a inimizade” (v.14)
E Jesus faz isso por meio da cruz. A cruz é central no Evangelho, sem cruz não há Redenção; não há paz! Por meio dela foi derrubada “a parede de separação”.
A “parede de separação” ou “muro de inimizade” (NVI), provavelmente, faz referência a lei mosaica e ao templo:
· Lei mosaica:
A legislação mosaica impedia a convivência do judeus com os gentios por conta da circuncisão, das dietas e do calendário; assim, criou-se uma parede que cercou os judeus dos demais povos.
Na verdade, a lei mosaica separava toda a humanidade de Deus – não apenas judeus de gentios – pois, a lei condena e coloca todos debaixo do justo juízo de Deus.
· O templo:
Além disso, a estrutura do templo simbolizava essa parede de separação que era constituído pelo:
a) Santuário – o local de reunião do judeus;
b) Santo do santos – o local mais interior e restrito do templo, separado por um véu, onde somente o sumo sacerdote poderia entrar, uma vez por ano (no dia da expiação – yom kipur);
c) Átrio dos gentios – área externa, dividida por uma parede de 1,5 de altura. O gentio que atravessasse esse limite era passível de morte.
Desse modo, havia uma inimizade entre Deus e os homens e, entre judeus e gentios. Mas agora, em Cristo, Deus derrubou essa inimizade.
E Paulo esclarece isso mais ainda nos vv. 15-16, quando ele explica o modo (como ele destruiu a barreira de inimizade) e a finalidade (o objetivo que ele queria alcançar).
· O MODO – v.15a
“Cristo aboliua lei dos mandamentos na forma de ordenanças...” (v.15a)
Como Cristo aboliu? Através da sua vida e da sua morte:
a) Jesus, através da sua vida, cumpriu as demandas da lei mosaica. Ele obedeceu a cada regulamentação e ordenança da lei mosaica, sem cometer uma única infração – ou seja, sem pecado – sendo o nosso representante.
b) E, através da sua morte, satisfez a exigências da lei de Deus, porque sem derramamento de sangue não há remissão – não há perdão de pecados (Hb 9.22). Então, por isso, ele se ofereceu como sacrifício único e pleno pelos pecados do seu povo.
Dessa forma, de maneira ativa e passiva, Cristo cumpriu toda a legislação mosaica. Assim Deus pôde abolir (revogar) as demandas da lei – ou inutilizá-las, como ele próprio afirma em Cl 2.13-15 [LER TEXTO]
Portanto, na cruz de Cristo, Deus retirou a inimizade: a separação que havia entre os judeus e os gentios e que havia entre os homens e Deus.
Reconciliados por Cristo
· A FINALIDADE – v.15b-16
“..., para que do dois criasse em si mesmo uma nova humanidade, fazendo a paz, e reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por meio da cruz, destruindo a inimizade por meio dela”( vv. 15b-16)
Na cruz, Cristo cria uma nova humanidade reconciliada com Deus, fazendo a paz entre dois povos historicamente inimigos e, entre a humanidade que se tornou inimiga de Deus por conta do Pecado.
Aqui Paula evidencia o efeito duplo da obra de Cristo. Olha comigo o processo que ele descreve:
1. Jesus cumpri a Lei e revoga os efeitos dela;
2. Para quê? Para criar uma nova humanidade;
3. Essa nova humanidade é o Seu Corpo, a Igreja;
4. E esse Corpo é reconciliado com Deus, por meio da cruz.
Deus, através da obra de Cristo na cruz, reconcilia o homem consigo mesmo. O ofendido destrói a barreira de inimizade e constrói uma ponte de paz para que o ofensor tenha uma relacionamento salvífico com Ele.
Agora, nem a circuncisão e nem incircuncisão tem algum valor, mas a fé em Jesus Cristo é o que interessa (Gl 5.6). Judeus e gentios, em Cristo, são unidos e formam uma nova comunidade de fé marcada pela diversidade multiétnica, multicultural e multisocial.
[CONCLUSÃO]: Em Cristo, ambos possuem uma nova identidade como povo de Deus: a santa Igreja de Jesus Cristo. E essa identidade é mais fundamental que qualquer outra, pois antes de você ser brasileiro você é cristão.
Antes de ser rico ou pobre, branco ou preto, de direita ou de esquerda, jovem ou adolescente, adulto ou idoso, homem ou mulher... você é cristão.
Pessoas distintas – que no mundo, nunca ficariam juntas, nunca conversariam, nunca iriam para o mesmo lugar, nunca seriam amigas – estão vivendo em unidade da Igreja, testifica para o mundo o poder sobrenatural do Evangelho de Cristo.
A igreja de Cristo é marcada pela diversidade de membros do corpo, não por panelinhas. A igreja é um lugar onde brancos, índios, negros, pardos, ricos, pobres, brasileiros e estrangeiros vivem em harmonia, interagindo em unidade.
Um lugar onde pessoas que gostam de rap, pop, pagode, sertanejo... e até mesmo K-Pop, louvam juntos em uma só voz ao Deus Soberano e ao Senhor Jesus.
Um lugar onde jovens, adolescentes, adulto, senhoras e senhores transpõem as barreiras geracionais para estarem juntos.
Isso, meu irmão, o mundo não compreende de forma nenhuma.
[APLICAÇÃO]: Portanto, panelinha no meio da igreja é o maior desfavor, o grande antitestemunho, que os membros da igreja vivem contra o evangelho.
Quando você só interagi com quem é igual a você, você não está sendo em nada diferente do mundo. Na verdade, você está construindo barreiras e destruindo pontes.
Quando jovens só interagem com jovens, adolescentes com adolescentes, adultos com adultos e senhoras com senhoras, o que isso montra de diferente do comportamento do mundo? Nada! O mundo já faz isso.
Diversidade na igreja não é opcional, pois ela é fruto do Evangelho. E nós precisamos romper as barreiras das panelas. E nós jovens somos os primeiros a agir dessa forma e, entre nós mesmos desprezamos alguns.
[DESAFIO]: Por isso, desafio você a convidar alguém diferente de você para tomar um café e falar do que Cristo fez e tem feito na sua vida: contar como foi sua conversão.
Desafio você a conversar com um senhor ou uma senhora da igreja – um diácono talvez – e pergunta a ele “como é servir a Cristo por 50 anos?”.
Desafio você a convidar um adolescente pra tomar um sorvete ou uma guaraná na pça. Brasil, e ensiná-lo sobre a Bíblia e sobre Cristo Jesus
Quero desafiar a sair do seu comodismo, da sua panela, e amar a Igreja inteira. A destruir barreiras e construir pontes. A viver a diversidade do povo de Deus, do corpo de Cristo.
Pois fomos chamados pra viver a unidade na diversidade. Nós fomos chamados para sermos ministro da reconciliação (2Co 5.20), não dissensão. E, assim, vivermos em paz.
[3] Uma Vida de Paz – vv. 17-18
“E quando veio, Cristo evangelizou paz a vocês que estavam longe e paz também aos que estavam perto; porque, por meio dele, ambos temos acesso ao Pai em um só Espírito.”
E se tem alguma coisa que é mencionada aqui nesse texto é paz. Se a graça é o motivo da salvação (Ef. 2.8), paz é o resultado dela (Rm 5.1).
A palavra traduzida por paz, aparece 4 vezes nesse texto. E ela traduz muitas vezes o termo Shalom, na LXX. E, certamente aqui, Paulo tem em mente o conceito do AT e o aplica à reconciliação entre Deus e os homens e entre os próprios seres humanos.
Mas que entendimento de paz (de Shalom) é esse de Paulo?
O sentido básico da palavra Shalom é “ser completo, ser inteiro, sem defeito”. E no pensamento hebraico só haviam duas possibilidades no mundo: ordem ou caos. Na criação trouxe ordem e preencheu uma terra que “era sem forma e vazia” (Gn 1.2) – nos primeiros 3 dias deu forma a um mundo sem forma e nos 3 últimos preencheu o mundo que era vazio (Gn 1.3-19).
A natureza dessa ordem era harmonia e plenitude, o verdadeiro Shalom. Deus colocou o caos sob controle e, ao fazer isso nos deu o dom da vida plena.
Portanto, a “paz” no AT diz respeito, antes de tudo, a uma condição de harmonia entre Deus, os seres humanos e o restante da criação que traz pleno desfrute de saúde, prosperidade e bem-estar.
Quem não quer desfrutar dessa paz? Mas, a condição para o Shalom de Deus, a paz de Deus, é a justiça. E, por conta do Pecado no mundo não é possível desfrutar dessa paz, dessa condição de harmonia entre a Criação e Seu Criador.
E de acordo com os profetas, o Shalom, é a restauração da justiça e não pode ser alcançado enquanto se persiste no pecado e no mal. O Shalom é a expressão suprema de uma existência plena e satisfeita, de acordo com a ordem planejada por Deus e manifestada em prática e preservação de justiça.
Por isso, os judeus tinham como grande expectativa a vinda do Messias, aquele que faria justiça e traria paz (o Shalom) a Israel. Como profetizou Zacarias em 9.9-10 [LER TEXTO]
Esse texto, demonstra a visão de um rei justo e salvador que acabará com os (a) instrumentos de guerra e trará paz a todas as nações (b) “até os confins da terra”.
Agora, sabendo disso, imagina como somos surpreendidos com a presença do Rei da Paz anunciado por Zacarias entrando em Jerusalém e sendo saudado pelo povo (Mt 21.1-11).
Jesus, o Deus conosco (Mt 1.22-23), veio ao mundo para trazer a justiça e o Shalom (a paz) que nenhum ser conseguiu obter.
Em outras, “quando veio, Cristo evangelizou paz a vocês que estavam longe e paz também aos que estavam perto (v.17).
Cristo é nosso Shalom restaurando o relacionamento com Deus e com outros seres humanos.
Ele é a nossa paz! (v. 14). Ele fez a paz (v.15) e Ele anunciou a paz (v.17).
A paz que antes havia sido abstrata para os judeus e inexistente para os gentios, tornou-se personificada na pessoa de Jesus Cristo, o Príncipe da Paz.
O Shalom tão anunciado e aguardado pelos profetas, agora se torna realidade em Cristo Jesus: homens e mulheres, judeus e gentios, redimidos são reconciliados com Deus e uns com os outros como uma nova humanidade (v.15).
E, assim, por meio de Cristo – por meio única e exclusivamente dele –, ou seja, mediante o derramamento de seu sangue (v. 13), o sacrifício de sua carne (v. 15), a remoção da maldição feita por ele na cruz (v. 16) – que o acesso ao Pai em um só Espírito se tornou possível e real.
[CONCLUSÃO]:Só podemos ter acesso a Deus se estivermos em paz com Ele. E o único modo disso é sendo Justificados por Cristo. Pois, justificados, mediante a fé, temos paz com Deus por meio do nosso Senhor Jesus Cristo (Rm 5.1).
Portanto, se você ainda não se reconciliou com Deus: se arrependendo de seus pecados e crendo em Jesus Cristo como Salvador e Senhor da vida, você está em guerra com Deus, em completa inimizade. Vivendo separado da comunhão de Deus e da Igreja de Cristo.
Você, membro desta igreja, deve cultivar uma vida de santidade, pois quando vivermos em justiça e retidão como povo de Deus, naturalmente seremos promotores da paz em nossa família, nossas comunidades de fé (igrejas) e na vida da sociedade que nos cerca.
Somente assim, estaremos “fazendo de tudo para preservar a unidade do Espírito (no qual temos acesso ao Pai) no vínculo da paz” (Ef 4.3).
E, também, somente assim, seremos embaixadores de Cristo, somo se Deus estivesse fazendo o seu apelo por nosso intermédio, por amor a Cristo suplicando aos perdidos: Reconciliem-se com Deus.
Porque a pregação do Evangelho é a única solução para a inimizade humana, ele é o poder de Deus para destruir barreira e construir pontes.