A8 - Graça comum - bençãos divinas para todos

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Matthew 5:43–48 NAA
43 — Vocês ouviram o que foi dito: “Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo.” 44 Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês, 45 para demonstrarem que são filhos do Pai de vocês, que está nos céus. Porque ele faz o seu sol nascer sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos. 46 Porque, se vocês amam aqueles que os amam, que recompensa terão? Os publicanos também não fazem o mesmo? 47 E, se saudarem somente os seus irmãos, o que é que estão fazendo de mais? Os gentios também não fazem o mesmo? 48 Portanto, sejam perfeitos como é perfeito o Pai de vocês, que está no céu.
Uma pergunta intrigante: Por que pecadores que não nasceram de novo continuam a receber inúmeras bençãos de Deus?
A resposta a essa pergunta é que Deus concede a graça comum. Mas o que é a graça comum?
Graça comum é a graça de Deus pela qual Ele dá às pessoas inumeráveis bênçãos que não fazem parte da salvação. A palavra comum significa alguma coisa comum a todas as pessoas, não restrita aos crentes ou aos eleitos.

I. Exemplos da graça comum

Como explicar a vida relativamente ordenada que há no mundo, quando sabemos que “o mundo inteiro jaz no Maligno” (1Jo 5.19)? Por que a terra dá frutos bons e não somente cardos e abrolhos (Gn 3.18)? Como podemos explicar o fato de o homem pecador ter algum conhecimento de Deus e algum discernimento do bem e do mal? Como explicar a busca do homem por Deus através das religiões? A doutrina da graça comum responde a tudo isso.
Vida física
Deus é quem dá a vida a todos. Paulo lembrou os “sábios” de Atenas At 17.25(…) pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais.” . E Jesus disse que o Pai celeste Mt 5.45 “45 (…) faz o seu sol nascer sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos.”
A Bíblia registra que ímpios são abençoados por Deus, que eles também recebem graças dos céus (Gn 39.5; Sl 145.9,15-16; Jo 3.27). Tudo se resume nisto: Deus é o Autor e o mantenedor da vida de todos os seres humanos, salvos e não salvos.
Vida intelectual
Ao criar o homem à Sua imagem (Gn 1.26), Deus o fez como ser racional, lhe dando capacidade intelectual. Jesus Cristo é apresentado como aquele que “vindo ao mundo, ilumina a todo homem” (Jo 1.9). “O Filho de Deus permite que iluminação e entendimento cheguem a todas as pessoas do mundo” (Grudem).
Os homens que estão mortos em seus delitos e pecados (Ef 2.1) só conseguem realizar grandes obras por causa da graça divina, mesmo que não creiam.
Vida moral
Os seres humanos não caem totalmente nas profundezas do pecado porque Deus intervém e coloca limites, principalmente nos soberbos, como foi o caso de Nabucodonosor, em Daniel 4. E o que Deus faz? Ele usa a consciência. O apóstolo Paulo afirma que os que não têm lei, a consciência serve de lei, acusando ou  defendendo-os (Rm 2.14-15).
Grudem assevera que “essa percepção interna do certo e do errado, que Deus dá a todas as pessoas, significa que elas frequentemente aprovarão padrões morais que refletem muitos dos padrões morais das Escrituras”. Os pecadores também fazem o bem (Lc 6.33; compare 2Rs 12.2 com 2Cr 24.17-25).
Isso significa para os cristãos que o fato de um ímpio realizar boas obras mostra, na realidade, a graça de Deus em ação.
Vida social
As organizações sociais são evidências da graça de Deus na sociedade. A principal delas, a família, continua sendo usada por Deus para preservar a pureza e a moral na sociedade. Ainda que haja degradação nos valores familiares, continua sendo a principal instituição divina (Gn 2.24; Hb 13.4).
As autoridades são outra manifestação da graça comum de Deus para preservação da sociedade (Rm 13.1). É claro que os governos corruptos não representam a plena manifestação da graça divina, mas Deus os usa “apesar de”.
Vida religiosa
Paulo afirmou aos Romanos que os homens têm conhecimento de Deus; o que eles não fazem é glorificá-Lo como Deus, nem rendem-Lhe graças (Rm 1.21). Aos atenienses, o mesmo apóstolo falou: “Em tudo vos vejo acentuadamente religiosos... At 17.22-2322 Percebo que em tudo vocês são bastante religiosos, 23 porque, andando pela cidade e observando os objetos de culto que vocês têm, encontrei também um altar no qual aparece a seguinte inscrição: “Ao Deus Desconhecido”. Pois esse que vocês adoram sem conhecer é precisamente aquele que eu lhes anuncio. .
Aplicação: Muitas pessoas, em todo o mundo, recebem milagres e livramentos de Deus todos os dias, em todos os cantos da terra. O problema é que elas não atribuem a glória Àquele que realmente realizou o feito, que demonstrou Sua bondade. Essas pessoas acreditam que foi por causa da sua fé em algo ou produto de sua religião, quando, na verdade, foi a graça de Deus. É exatamente isso o que Tiago afirma em Tg 1.17 “17 Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm lá do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não pode existir variação ou sombra de mudança.”

II. Razões da graça comum

Embora a graça comum proporcione tantas bênçãos, ela não salva as pessoas, pois é diferente da graça salvadora. Grudem lembra-nos que “a graça comum não transforma o coração humano nem conduz as pessoas ao genuíno arrependimento e à fé. Ela reprime o pecado, mas não muda em medida alguma a disposição fundamental de alguém, nem purifica a natureza humana decaída”. A Bíblia nos mostra os motivos de os pecadores indignos receberem a graça comum do Senhor.
Redimir os que serão salvos: Deus permite que pessoas pecadoras vivam, gerem filhos, para que tenham oportunidade de se arrepender e crer no evangelho de Jesus Cristo. E assim os propósitos de Deus vão se cumprindo nas gerações futuras.
Demonstrar a bondade e a misericórdia de Deus: Jesus declarou que Deus “é benigno até para com os ingratos e maus” (Lc 6.35). Mas isso não significa que Deus suspenda a punição sobre o pecado, Ele apenas adia a punição para mostrar que não tem prazer em executar Seus juízos (Ez 33.11). Ele é o Deus que deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade (1Tm 2.4).
Demonstrar a justiça de Deus: Todas as pessoas que não aproveitam a bondade e a misericórdia de Deus tornam-se alvo da justiça de Deus. Alguns da igreja de Tiatira passaram por essa experiência em Ap 2.21-23 “21 Dei-lhe tempo para que se arrependesse, porém ela não quer se arrepender da sua imoralidade. 22 Eis que farei com que fique acamada, e trarei grande tribulação aos que com ela adulteram, caso não se arrependam das obras que ela incita. 23 Matarei os seus filhos, e todas as igrejas saberão que eu sou aquele que sonda mentes e corações, e retribuirei a cada um de vocês segundo as suas obras.”
Demonstrar a glória de Deus: Assim como é verdade que muitos não dão a glória devida a Deus, também é verdade que muitos O glorificam todos os dias em toda parte. Quando pessoas dizem “graças a Deus”, sabemos que muitos falam mecanicamente, mas outros fazem isso de coração, ao experimentarem um livramento, uma cura ou alguma benção. No episódio da cura do dez leprosos vemos isso (Lc 17.11-19).

III. Três conclusões sobre a graça comum

Graça comum e salvação: A graça comum não significa que aqueles que a recebem serão salvos. As pessoas que a Bíblia chama de “inimigos” de Deus (Rm 5.10; Cl 1.21; Tg 4.4), contra Cristo (Mc 12.30), “inimigos da cruz de Cristo” (Fp 3.18) e “filhos da ira” (Ef 2.3) são as mesmas pessoas mencionadas nos tópicos anteriores da aula. Ainda que experimentem uma enorme porção da graça comum de Deus durante a vida, se não crerem no evangelho de Cristo, não serão salvas da ira vindoura.
Incrédulos e suas boas ações: Não devemos rejeitar as coisas boas que os incrédulos fazem como se fossem totalmente más. Muitas coisas boas, oriundas de vários lugares, de variados profissionais, feitas de diversas maneiras, são o fruto da mão de Deus agindo graciosamente, através da vida de pessoas que não estão em Cristo (embora elas não saibam). Deus usou Ciro, um rei persa, como instrumento para abençoar Seu povo, Israel, e dele disse: Is 44.28 “28 Eu digo a respeito de Ciro: ‘Ele é meu pastor e cumprirá tudo o que me agrada.’”
Gratidão a Deus: A doutrina da graça comum deve conduzir nosso coração a uma extrema gratidão a Deus. As ruas, as praças, os jardins, os parques, as famílias, os amigos, os parentes, as escolas, as lojas, os hospitais, a segurança policial, o progresso tecnológico, são coisas boas que Deus, em Sua maravilhosa graça comum, nos proporciona. 1Tm 4.4-5 “4 Pois tudo o que Deus criou é bom, e, se recebido com gratidão, nada é recusável, 5 porque é santificado pela palavra de Deus e pela oração.”
Conclusão: É bom notar que a graça comum é diferente da graça salvadora: (1) em seus resultados (não oferece salvação); (2) em seus recebedores (é dada a crentes e incrédulos).
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