Verdadeiramente, o Cristo

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João 7. 25-36

Captação
Em 2019, quando estava em uma viagem missionária no Barco Luz do Guaporé, aportamos em uma comunidade riberinha de Bolivianos. Nessa comunidade existiam três grupos religiosos: 1) Católicos Romanos; 2) Membros da Congregação Cristã no Brasil e; 3) seita AEMINPU – Associação Evangélica da Missão Israelita do Novo Pacto Universal.
Essa última chamou muito a minha atenção. Os membros dessa seita misturavam conceitos judaizantes com uma expectativa apocalíptica. Conversando com eles, a ênfase deles estava sempre em cumprir os 10 mandamentos e se preparar para a volta de Jesus. Pesquisando sobre ela, vi que foi uma seita surgida na década de 60 no Peru, por meio de um homem chamado Ezequiel Gamonal, que afirma ter recebido os dez mandamentos, igual a Moisés. Os membros dessa seita se reunem aos sábados. Os homens não podem fazer a barba e as mulheres devem sempre usar véu.
Mas o fato que eu quero destacar, irmãos, é que enquanto nos preparávamos, o missionário que nos acompanhava nos deu uma orientação. Ele disse: “Quando vocês orarem ou falarem de Jesus, sempre falem JESUS CRISTO. Não falem apenas Jesus, porque pra eles o nome Jesus é um nome comum. Muitas pessoas na Bolívia colocam o nome de seus filhos de Jesus, assim como outros nomes comuns. Enfatizem JESUS CRISTO, para que eles percebam de quem estamos falando.”
Eu achei interessante essa observação, porque o missionário fez uma leitura correta do ambiente cultural onde ele estava. Mas creio, irmãos, que até mesmo em nosso meio precisamos enfatizar JESUS como o CRISTO. E essa passagem tem muito a nos dizer sobre isso. Antes de mais nada, permitam que eu faça uma breve recapitulação daquilo que havíamos visto em outras mensagens.

Recapitulação

Jesus estava na Festa dos Tabernáculos. Trata-se de uma festa que tinha duração de 8 dias e constituia uma das três grandes festas de Israel, juntamente com a Páscoa e o Pentecostes.
Nessa festa movimentada, Jesus não subiu a Jerusalém publicamente, mas em oculto. As autoridades estavam curiosas por saber se ele viria. Já a multidão, não falava abertamente por medo das autoridades judaicas, mas de forma privada conversavam entre si a respeito dele. Afinal, quem é esse Jesus?
Conforme v. 14, Jesus começa a ensinar. Não era mais o início, mas o meio da festa. As multidões estavam admiradas por que ele não falava com precedentes tais quais os escribas e fariseus. É então que Jesus anuncia seus precedentes que lhe dão autoridade não apenas como simples mestre, mas também como o verdadeiro Messias. São eles: 1) O Pai; 2) O cumprimento da Lei.
Ao falar sobre estes precedentes, Jesus demonstra a inconsistência do desejo de mata-lo por causa do ocorrido em 5. 18 (Curou um paralítico, mandou-o carregar seu leito e, ao ser questionado sobre isso, respondeu que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus).
O desejo por matá-lo era inconsistente porque ele não descumpriu a lei, pelo contrário, ele a cumpriu aperfeiçoando aquele paralítico de forma completa, conforme era ensinado a respeito da circuncisão, e dando renovação de vida aquele homem, como é, de fato, o significado do sábado.
É então que chegamos nos versículos que acabamos de ler. A pergunta v. 25 constrastada com a do v. 20 torna o cenário mais interessante para quem lê. Se antes a pergunta era “quem procura matar-te?”, agora a pergunta é: “não é esse a quem queriam matar?”
A multidão, ao perceber que ele falava publicamente, e não havia qualquer iniciativa para detê-lo começou a pensar se as autoridades estavam ficando convencidas de que ele era, verdadeiramente, o Cristo. Essa possibilidade é rapidamente descartada no v. 27, mas é então que Jesus apresenta algumas evidências da messianidade. Ele mostra nestes versículos algumas provas de que ele é, verdadeiramente, o Cristo.
Gostaria de olhar com você nestes versículos para vermos juntos algumas dessas provas.

1. Jesus tem sua origem no Pai

A primeira prova apresentada por Jesus é a respeito da sua origem. Ele veio do Pai. A sua origem está nEle e, portanto, isso demonstra que ele é, verdadeiramente, o Cristo. (v. 29)
Mas antes, observemos o que levou Jesus a falar isso. Como dito acima, cogitou-se entre a multidão a possibilidade de que Jesus poderia ser, de fato, o Cristo. Afinal, os líderes judeus queriam matá-lo, mas ele ensinava livremente, atraia grande multidão, demonstrava uma autoridade inconfundível e ninguém lhe fazia nada.
Entretanto, essa possibilidade foi logo negada, como mostra o v. 27. A negativa se deve ao fato de que os Judeus pensavam de onde Jesus era. Consideravam-o um galileu, nascido em Nazaré, cujos pais viviam em Cafarnaum. Como disse Natanael: João 1.46 “De Nazaré pode sair alguma coisa boa?”.
Não havia a menor possibilidade na cabeça daqueles judeus que o Messias poderia vir da Galiléia, uma região pobre e pouco considerada religiosamente.
Além disso, eles estavam supondo que o Messias seria completamente desconhecido e que só apareceria somente para efetuar a salvação de Israel. Assim, este argumento somado ao anterior de que sabiam da sua origem, rapidamente os deixaram céticos novamente em relação a Jesus.
Estes argumentos não são errados por si, porém, demonstram que eles não sabiam de fato quem era Jesus. Jesus foi criado em Nazaré e sua família residia em Cafarnaum, porém ele nasceu em Belém da Judeia, para que se cumprisse as Escrituras. Além disso, seu ministério já tinha algum tempo e foi aparecendo aos poucos, como eles mesmo acreditavam que seria o ministério do messias.
Mas, então, vemos que a resposta de Jesus caminha de uma forma surpreendente. Ele não se preocupa em dar explicações sobre seu nascimento e sua origem terrena aos judeus. Antes, ele coloca um ponto fundamental: a sua origem no Pai. Ele, primeiramente, afirma que a aquele que o enviou (o Pai) é verdadeiro. Aqui, verdadeiro tem o sentido de real, ou seja, Deus verdadeiramente o enviou a esta terra.
Ao fazer essa descrisção de Deus como verdadeiro, Jesus faz uma declaração inconveniente aqueles judeus: vocês não o conhecem. Falar para um judeu que ele não conhece a Deus é muito confrontador. Mas o que Jesus faz é demonstrar isso.
Os judeus se orgulhavam de ter recebido os oráculos de Deus. Eles achavam que conheciam a Deus porque conheciam a Lei. Mas Jesus já havia declarado que a Lei testifica a seu respeito. Ora, se as Escrituras, que são palavra de Deus, testificam a respeito de Jesus , e os judeus não creem em Jesus como Cristo, então a conclusão é que eles não entendem a lei e, consequentemente, não conhecem a Deus.
Mas Jesus o conhece. Ele o conhece porque veio da parte dele e por ele foi enviado. Essas duas sentenças (veio da parte dele e por ele foi enviado) declaram a divindade de Jesus em seu mais alto grau. Ele não apenas conhecia a Lei: a lei testificava a seu respeito. Ele não apenas tinha a autorização do Pai; ele veio do Pai.
A reação a essa frase de Jesus foi dupla. A primeira foi uma tentativa de prende-lo, da qual Jesus escapou. Não sabemos como aconteceu isso porque o texto não nos mostra, mas é fato que isso aconteceu. Mas sabemos o porquê: ainda não era chegada a sua hora. Ainda não havia chegado o tempo em que ele seria preso e crucificado, conforme o decreto do Pai.
A segunda reação foi de crença. Essa crença nós não sabemos se ela é verdadeira ou não, porque ela está baseada em sinais. Se você ler o evangelho de João, perceberá que uma fé meramente baseada em sinais não é boa. Lembre-se do caso de Nicodemos no cap. 3 ou até da multidão procurando-o por pão no capítulo. De qualquer forma, sendo ou não verdadeira, foi uma crença baseada nos sinais que Jesus fazia.
Aqui, então, percebemos uma prova de que Jesus é, verdadeiramente, o Cristo. Ele veio do Pai. Mas há outra prova que podemos enxergar nessa passagem.

2. Jesus tem o seu destino no Pai

Diante da multidão falando a respeito de Jesus como o Cristo, os fariseus perceberam que precisavam tomar uma atitude. Então, decidiram usar a guarda do templo para prender Jesus.
Segundo Carson, “os guardas do templo eram um tipo de força policial do templo tirada dos levitas, com a responsabiliade primária de manter a ordem na área do templo.” (p. 320) Mesmo com essa função definida, o Sinédrio usava a guarda do templo para fazerem outras funções. O texto não diz se Jesus continuou no templo ou estava em outro lugar, mas mostra claramente que a guarda do templo foi acionada para prendê-lo.
O desfecho da guarda do templo só será esclarecido no v. 45. Até lá, João se volta para uma declaração dada por Jesus após saber o início dessa tentativa. v. 33 - diante do mandato de prisão, Jesus resolve fazer mais uma declaração. ACF: pois; NVT: porém; ARA, NAA e NVI omitem. É interessante aqui que a ACF traduz a conjunção grega “pois” demonstrando a ligação consequente entre o mandato de prisão e a posterior fala de Jesus.
Na sua segunda declaração, Jesus não fala mais da sua origem, mas do seu destino. Que na verdade é o mesmo! O Pai! Jesus estaria ainda por algum tempo com eles, mas depois não estaria mais pois ele iria morrer! Só que quando morresse ele retornaria para aquele que o enviou! E nesse retorno ele teria a sua glória novamente. Conforme João 17.5: “e, agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo.”
Se eles não conheciam o Pai, como afirmado por Jesus anteriormente, tampouco eles poderiam ir até a morada celestial do Pai, que era o destino de Jesus. Nem mesmo seus discípulos fieis poderiam fazer esta jornada naquele momento. O que Jesus faz então é mais uma vez provar que ele não era um homem comum ou simplesmente mais um profeta, mas que ele era, verdadeiramente, o Cristo!
Contudo, mais uma vez, temos a reação incrédula da multidão. Eles não entenderam a declaração. Eles pensaram que Jesus poderia ir pregar para os gregos ou para os Judeus que habitavam fora do território de Israel, região conhecida como dispersão.
Mas aqui temos um exemplo especial de ironia joanina: o evangelho de fato alcançou não só a Judeia, mas Jerusalém, Judeia e Samaria, até os confins da terra (At 1.8). O que aconteceu é que os judeus de uma certa maneira acertaram quando afirmaram que Jesus iria pregar nessas regiões. Ele foi, mas através dos pés apostólicos da sua igreja.
Conclusão:
Vimos, então, irmãos, duas evidências que comprovam que Jesus é, verdadeiramente, o Cristo: 1) A sua origem está no Pai; 2) O seu destino está no Pai.
Diante disso, pense a respeito de algumas verdades:
É crucial crer em Jesus como Cristo. Assim como o missionário pediu que nós deixássemos claro em nossas orações e pregações que nós estávamos anuciando Jesus Cristo, precisamos trazer essa mesma ênfase na nossa vida cristã. Jesus não apenas mais um homem, mais um revolucionário, mais um profeta. Jesus é o Cristo, o filho do Deus vivo!
É crucial crer em Jesus como Deus. O que vemos nessa passagem é uma clara evidência de Jesus como divino, da mesma substância do Pai. Por isso, a fórmula apostólica e Nicena não pode ser desacreditada. Parece algo surreal, mas tem muitos “teólogos” por aí que estão dizendo que devemos questionar até as doutrinas mais básicas da fé cristã para dar entrada as chamadas “pautas identitárias”. De certa forma, estão certos. Para abrir espaço largo a heresia, toda ortodoxia do evangelho precisa ser derrubada. Mas essa tentativa, que é escandalosa até para alguns cristãos ditos “progressistas”, mostra o quão é importante nós voltarmos para as velhas verdades da fé cristã, porque é por meio delas que andamos em novidade de vida. Por iss, vamos valorizar nossos CREDOS E CONFISSÕES. Não negligencie a SUA BÍBLIA. Não negligencie a sua igreja, nem a oportundiade que você tem nela de estudar a Palavra!
É crucial falar de CRISTO as nações. Sabe como aquela comunidade boliviana soube da seita AEMINPU? Pelo rádio. Segundo uma reportagem do fantástico de 2014, houve uma proliferação desta seita ao longo da fronteira amazônica. Este tipo de seita cresce, e somente o evangelho pode trazer uma verdadeira restauração a vida dessas pessoas. Este é um exemplo do quão importante é, levarmos a mensagem de Jesus O CRISTO a todo mundo.
Você crê que Jesus é, verdadeiramente, o Cristo? Que Deus te abençoe!
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