1Coríntios 10.23-11.1
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· 15 viewsO autor apresenta a dinâmica restritiva-permissiva quanto ao uso da liberdade cristã, tencionando proporcionar aos cristãos um crivo por meio do qual possam julgar quando dela desfrutar ou não, tendo em vista o alvo maior da glória de Deus.
Notes
Transcript
"[....] Aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos" (1Co 1.2).
Pr. Paulo U. Rodrigues
Introdução
Após ter exortado a igreja de Corinto com base na própria história do povo de Israel no Antigo Testamento à luz do princípio da união com Cristo, a não viverem como pagãos que, em sua idolatria (conceito ampliado segundo a análise das atitudes ímpias de muitos dentre o povo de Deus no passado), se rebelaram contra o SENHOR, tendo sido por ele destruídos, Paulo passa agora a aprofundar sua ênfase com relação a liberdade cristã, conforme introduziu no capítulo 8.
Tendo em vista a complexidade da temática da ingestão de carne sacrificada em ritos pagãos e da relação do crente com esse aspecto da cultura da cidade de Corinto, sobretudo por parte daqueles que ainda não haviam compreendido bem o conceito da liberdade de consciência em razão da nulidade dos ídolos, o apóstolo passa a exortar os cristãos a usarem como critério consistente e útil de julgamento, a glória de Deus (v. 31), que tanto possibilita o uso de tudo o que há na criação (v. 26 - rf. Sl 24.1), quanto enfatiza a edificação do corpo de Cristo através da abstinência de algumas coisas em determinadas situações (v. 27-28), que feririam a consciência de outrem (v.29).
A exortação consiste em apresentar aos crentes daquela comunidade, a dinâmica do uso da liberdade de consciência, que embora muito complexa, prepara o crente para que seja um fiel imitador de Cristo, tal como o próprio apóstolo Paulo o era, ao procurar este ser agradável (gr. "ἀρέσκω" v.33 = acomodar-se, satisfazer a outrem) a todos, buscando o interesse de muitos, objetivando a salvação, e com isso, a glória de Deus.
Analisando essas informações, a presente seção da primeira carta do apóstolo Paulo aos coríntios, apresenta como tese central a glória de Deus como critério de julgamento e exercício da liberdade cristã.
Elucidação
Segundo introduzido, a estrutura argumentativa usada pelo apóstolo envolve uma dinâmica intrincada e aparentemente contraditória, em que permissões e restrições são intercaladas.
Novamente, aquilo que provavelmente era usado como adágio popular entre os cristãos coríntios (tendo provavelmente sido importado da cultura incrédula da cidade), ou que era no mínimo a expressão do pensamento de muitos naquela igreja, é usado pelo apóstolo no início de sua exortação, apresentando uma alteração em relação a primeira ocorrência dessa expressão na carta, que sugere o objetivo desta segunda abordagem:
Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convém; todas são lícitas, mas nem todas edificam"(v.23).
Antes, isto é, no capítulo 6.12, quando usou parte dessa mesma construção frasal, Paulo levou os coríntios a verem que a imoralidade ou impureza sexual é uma expressão de conexão com o que é impuro, com qual o próprio Cristo não pode se misturar, sendo isso, entretanto, o que os crentes em Corinto estavam sugerindo, ao darem vazão a imoralidade (cf. 6.15), o que era um grave erro. Agora no capítulo 10.23, Paulo não está apenas proibindo a licenciosidade, como fez no trecho precedente, mas também busca reforçar todas as exortações anteriores, por meio das quais procurou fazer com que cada membro daquela comunidade objetivasse a edificação de todos os irmãos, o que nesse ponto perpassará pelo sábio uso da liberdade, como já fora abordado à luz do capítulo 8.
Como dito, uma cadeia de restrições é deferida, às quais são anexadas permissões ou até incentivos a que, como salvos em Cristo Jesus, os coríntios desfrutem de tudo aquilo que há na criação. Os versículos 23, 24, 28-29, 32 e 11.1 encerram uma admoestação a que os crentes restrinjam-se de fazer uso de algo que possa ser "causa de tropeço" (v.32) à consciência de outra pessoa. Já os versículos 25, 27, 29-30 propõem que não há qualquer tipo de impedimento a que o cristão usufrua de todas as coisas que lhe forem disponibilizadas, coisas essas representadas mais uma vez pelo alimento vendido nos mercados, mesmo aqueles de que se sabia terem sido oferecida a ídolos.
Após afirmar que embora haja a possibilidade de o crente fazer "todas as coisas" (embora nem todas edifiquem), Paulo, no versículo 24, leva os cristãos coríntios a anelarem o estabelecimento ou satisfação do direito ou interesse outrem sobre os próprios interesses, o que pode ser um reflexo paralelo dos versículos 33 e 11.1. O "interesse" nesse caso, é a própria edificação do qual falou no versículo 23. Os crentes em Corinto deveriam buscar não o direito particular que tinham de usufruir de todas as coisas — o que era um pensamento até válido, conforme demonstrou através da analogia com os direitos pastorais no capítulo 9.1-12, a depender do que se quer desfrutar — mas sim, a edificação de outrem.
Por outro lado, a satisfação ou edificação do irmão, não significa necessariamente a completa anulação dos próprios interesses ou desejos, como o próprio apóstolo salienta no versículo 25: "Comei de tudo o que se vende o mercado...". Ao se referir a "tudo", Paulo tem em vista inclusive aquilo que era foco de tanta discussão entre aqueles irmãos: as coisas sacrificadas a ídolos, como dito. Os alimentos que eram sacrificados a deuses não estavam sob uma condição de impropriedade para os cristãos, pois o ídolo nada é no mundo (cf. 8.5) , e portanto, aqueles irmãos não precisavam nutrir qualquer receio que os levasse a perguntar (gr. "ἀνακρίνω" - "analisar", "julgar criteriosamente") ou realizar algum exame de consciência, a fim de saberem se podem ou não consumir aquilo, e essa concessão possui como fundamento um princípio muito simples, que inclusive já havia sido exposto anteriormente: " [...] Do Senhor é a terra e a sua plenitude" (v.26 ref. 8.6).
Nesse ponto, Paulo cita o texto do Salmo 24.1, em que o grande Rei de toda a terra é magnificado ao adentrar os portais eternos, sendo reverenciado como "o Rei da glória" (cf. Sl 24.9-10). Se o caráter messiânico do salmo for levado em consideração, isto é, se o salmo for interpretado como que se referindo tipologicamente (através da figura de Davi) à Cristo, a amplitude da afirmação paulina é ainda mais abrangente. Ao ter sido glorificado por sua obra expiatória e salvadora, Cristo não redimiu apenas os crentes, mas também toda a criação, ressaltando e publicando o pertencimento de toda ela ao SENHOR, Deus Triuno, como sempre foi desde do momento da criação. Assim sendo, o caráter redentivo da obra de Cristo reforça que nada há na criação de impróprio ao crente, pois tudo pertence a ele.
Seguindo esse raciocínio, o apóstolo intensifica ainda mais a liberdade cristã de consciência:
Se algum dentre os incrédulos vos convidar, e quiserdes ir, comei de tudo o que for posto diante de vós, sem nada perguntardes por motivo de consciência.
Prevendo uma situação hipotética, em que um crente é convidado por um incrédulo, isto é, um pagão — que inclusive se alimentava de coisas oferecidas à ídolos — para comer juntamente com ele esse tipo de alimento, Paulo afirma que, se o crente desejar assim fazer, ele deve "comer de tudo o que for posto diante de vós, sem nada perguntardes por motivo de consciência" (v.27).
Entretanto, alternando a dinâmica da exortação, Paulo volta a aplicar uma restrição, levando em consideração uma situação hipotética inversa, segundo registrado no versículo 28:
"Porém, se alguém vos disser: Isto é coisa sacrificada a ídolo, não comais, por causa daquele que vos advertiu e por causa da consciência".
Há duas possibilidades de interpretação quanto a referência apostólica a este "alguém" que identifica o alimento como tendo sido sacrificado a ídolos: 1) este alguém pode ser um irmão em Cristo que, como dito à luz do capítulo 8.12-13, tem a "consciência fraca", ou seja, ainda não compreende bem como funciona a liberdade que agora possui em Cristo Jesus, ou tem pouca compreensão quanto a como lidar com o mundo a sua volta, principalmente levando em consideração o paganismo e devassidão da cultura da cidade de Corinto, e por conta disso, os crentes mais maduros devem buscar a edificação deste, antes de usufruir de seus direitos, conforme exposto nos versículos 23-24; ou 2) trata-se de um ímpio (isto inferido pelo uso do termo "ἱερόθυτος", geralmente empregado por cristãos e judeus para se referir ao que era sacrificado em rituais pagãos (KISTEMAKER, 2014, p.437)) que de alguma forma compreende que existe uma distinção entre o seu modo de pensar e o do cristão a quem (hipoteticamente) direcionou o aviso de que aquele alimento é oferecido a ídolo, o que em sua imaginação seria algo impróprio aos cristãos.
Independente de qual seja a a possibilidade de interpretação, Paulo vê aqui uma situação em que a consciência deste alguém (cristão ou ímpio) nutre alguma dúvida quanto a validade de um cristão fazer uso do que era oferecido a ídolo, o que acarretaria não a edificação, mas algum tipo de prejuízo à consciência deste a quem ele se refere. Nesse caso, o melhor a ser feito é ordenado na sequência: "não comais, por causa daquele que vos advertiu e por causa da consciência; consciência digo, não a tua propriamente, mas a do outro."(v. 28-29a).
Ainda assim, outra concessão é feita, enfatizando que, embora em dada circunstância a abstinência seja recomendada, isso não pode ser feito a partir de algum tipo de imposição da vontade ou fragilidade da consciência do outro sobre a liberdade cristã da qual todo aquele que foi redimido em Cristo Jesus possui, conforme Paulo, retoricamente, pergunta nos versículo 29-30:
"Pois, por que há de ser julgada a minha liberdade pela consciência alheia? Se eu participo com ações de graças, por que hei de ser vituperado por causa daquilo por que dou graças?"
O questionamento leva em consideração o uso do daquilo que era "oferecido a ídolo" a partir da compreensão exposta no versículo 26, isto é, tendo em vista que do Senhor é a terra, desfrutando o cristão do que pertence a Cristo, ele dá graças e faz uso, ou no caso, dá graças ao Senhor pelo alimento, que embora os ímpios considerem pertencentes a ídolos, é na verdade propriedade do Rei da glória, e por isso, come com alegria. Dessa forma, como um cristão poderia ser julgado (gr. "βλασφημέω" (v.30) - "blasfemado"; "injuriado") negativamente? com que base sua liberdade seria cerceada?
Resolvendo a questão, após toda essa dinâmica aparentemente contraditória, em que limitações e permissões são expostas, Paulo revela o crivo último que proporcionará a cada crente a ferramenta que lhe fará edificar a igreja ou os incrédulos (mediante o testemunho do evangelho para salvação deste): a glória de Deus, conforme registra o versículo 31:
"Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus".
Ao ordenar isto, o apóstolo não tem em vista um "ideal de excelência" a ser perseguido, ainda que este aspecto também faça-se presente no campo semântico de seu imperativo, mas está revelando aos cristãos coríntios um meio de julgar quando a liberdade deve ser usufruída, e quando ela deve ser limitada. Tendo em vista que o crente tanto possui a responsabilidade de edificar ou servir de meio edificador para a consciência de outrem, quanto a liberdade de desfrutar de tudo o que há na criação, o que o fará ter clareza no que concerne como agir em dado momento, é se o objetivo maior do que está por fazer for dar glória a Deus, quer seja através daquilo que come, bebe, compra, vende, pensa, fala etc.
Se em determinado momento surgir no coração do crente alguma dúvida quanto a que ação tomar, refletir sobre a glória de Deus o ajudará a decidir, sem que isso lhe cause qualquer desconforto na consciência.
A partir do versículo 32, novamente o autor usa a si mesmo como exemplo claro do quão verdadeiro é o princípio que está ensinando à igreja. O próprio apóstolo, exortando os crentes a não tornarem-se "causa de tropeço nem para judeus, nem para gentios, nem tampouco para a igreja de Deus", mostra que ele mesmo, procura "em tudo ser agradável a todos, não buscando o meu próprio interesse, mas o de muitos", visando o objetivo maior que é salvação dos eleitos através do testemunho do evangelho que presta, mediante o uso sábio da liberdade que tem em Cristo. E mediante essa exemplificação, Paulo, convida os coríntios a "serem meus imitadores, como também eu sou de Cristo" (cf. 11.1).
O exemplo de Paulo, remete ao exemplo maior do próprio Senhor Jesus, aquele que por sua vez, não realizou sua obra (da qual todos naquela igreja desfrutam como beneficiários) visando seu próprio interesse, mas objetivando a edificação do povo que adquirira para Deus. A cadeia mimética "cristão-Paulo-Cristo", cuida de demonstrar quão superior é o alvo da glória de Deus, fazendo dos crentes a quem o texto está sendo dirigido, participantes do mesmo plano que fora executado pelo próprio Cabeça da Igreja, tendo este visado a glória do SENHOR sobre seus próprios interesses.
Transição
A complexidade da exortação apostólica consiste na apresentação da dinâmica alternante, em que a liberdade cristã é usada de maneira sábia pelo crente que pode tanto usufruir dela, quanto abrir mão, tendo em vista algo muito maior do que a satisfação de seus desejos, sabendo que, lhe está proposto o usufruto de tudo quanto (licitamente) está ao seu dispor, pois foi feito herdeiro daquele que possui a terra e sua plenitude: Cristo Jesus.
Diante disso, o texto de 1Coríntios 10.23-11.1 expõe duas verdades básicas a serem apreendidas pela igreja. Quais sejam:
Aplicações
1. O exercício da liberdade cristã consiste de uma dinâmica complexa, em que permissão e restrição forjam no crente a sabedoria necessária para que glorifique ao Senhor ao julgar quando dela usufruir, e quando dela abrir mão.
Diferente das receitas de "fast-food" com a qual estamos mais acostumados, por vivermos num mundo de "respostas rápidas", Paulo não bate o martelo afirmando que uma postura exclusivamente restritiva é a via ordenada por Deus com vistas a edificação, mas também não afirma que a liberdade irrestrita (ou libertinagem) é o meio de glorificação do Senhor.
A dificuldade que o cristão enfrenta consiste em desenvolver o equilíbrio espiritual que lhe permite tanto ver que está livre em Cristo Jesus para desfrutar de toda a criação, quanto ao mesmo preso ao princípio da abstenção dessa mesma liberdade, devendo ser uma ferramenta de edificação na vida de outros, quer sejam crentes ou não, a fim de que dessa forma o nome do Senhor seja magnificado.
Muitos crentes passam a vida inteira caminhando em direção à um extremo ou outro: ou se privam de tudo, acorrentados a visão pobre e legalista de que o pecado corrompe todas as coisas, ou entregam-se à libertinagem, alimentando o egoísmo de preocuparem-se apenas consigo mesmo, e em como desfrutar de tudo o que lhe está disposto na criação.
Nem um caminho nem o outro glorificam a Deus, mas devemos rogar ao Senhor que fortaleça nossa consciência a fim de que possamos discernir quando é possível dar graças a Cristo pelo alimento, pela bebida, pela veste, e por tudo o que na criação está ao nosso dispor, e quando devemos abrir mão dessa nossa liberdade, para que não sejamos causa de tropeço na vida dos nossos irmãos, ou mesmo dos incrédulos lá fora, que mediante o sábio uso de nossa liberdade, podem ser encaminhados à salvação pelo bom testemunho do evangelho que prestamos.
"Do Senhor é a terra e sua plenitude (Sl 24.1 - 1Co 10.26)", portanto, nada há na criação que seja pecaminoso em si mesmo, e com isso, impróprio ao crente. Por outro lado, como o próprio apóstolo Paulo diz anteriormente "[…] não há esse conhecimento em todos" (cf. 8.7), e assim, é necessário que levemos em consideração a consciência alheia, preservando-nos de obstruir o brilho da glória de Deus refletida em nossas vidas para com outros.
2. O crivo último através do qual decidimos quando desfrutar de nossa liberdade, e quando dela abrir mão, é a glória de Deus.
Após termos sido conscientizados pelo texto quanto a liberdade cristã que nos habilita desfrutar do que nos está proposto na criação do Senhor, e quando nos abster de algo tendo em vista a consciência de outros, o texto nos demonstra que o critério que devemos usar para decidir quando proceder dessas formas é a fruição da glória de Deus.
Muitos vêem nesse texto subsídio para a restrição, levando em consideração a maior facilidade que o homem tem para pecar, fazendo mal uso das coisas criadas, mas não é isso que é dito pelo texto bíblico. O mesmo texto que diz que não devemos buscar nosso próprio interesse, afirma que nossa consciência não pode ser julgada pela consciência de outros. Assim, a resposta final para a pergunta: devo/posso fazer tal coisa? é se isso que se deseja fazer, redundará na glória do SENHOR.
Um ponto deve ser ressaltado: o texto não está falando de pecados, como que os licenciando. Isto é, o texto pressupõe que os crentes têm discernimento quanto ao pecado, e portanto, quando Paulo afirma "quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer", está obviamente excluído aquilo que é ilícito aos olhos do SENHOR. De contra partida, em relação a todas as demais coisas, um irmão não pode se tornar árbitro sobre a consciência de outro, nem o ímpio, juíz sobre crentes. O que fará com que tal decisão seja corretamente tomada, é se o que estou por fazer (sendo válido diante de Deus) é um meio legítimo de dar glória a Cristo.
Alimentar-se de um prato bem preparado (como inclusive é demonstrado no próprio texto (cf. v. 27) pode glorificar ao Senhor, quando percebemos o quanto o ele foi bondoso conosco, dando-nos na criação os ingredientes necessário para fazê-lo. Ingerir uma deliciosa bebida, usar uma boa roupa, escutar uma boa música, conhecer um lugar bonito, todas essas coisas são válidas e meios através dos quais podemos dar graças ao Senhor. Diante disso, é mister que a pergunta do apóstolo seja repetida: Se eu desfruto de algo bom, que me faz inclusive dar graças a Deus, como posso ser julgado negativamente? (cf. v.30).
Por outro lado, a glória de Deus também pode ser refletida, quando eu abro mão de fazer ou usar todas essas mesmas coisas, em favor de alguém (crente ou não) que possui dúvidas quanto liberdade cristã que as licencia. Fazer ou não fazer, ter ou não ter, ir ou não ir, beber ou não beber, são decisões que deveremos tomar levando em consideração a glória do SENHOR. Como Cristo será enaltecido? se eu fizer ou deixar de fazer?
Antes de afirmarmos que esse tipo de pergunta é subjetiva, lembremos daquilo que afirma a própria Escritura: "Nós, porém, temos a mente de Cristo" (cf. 2.16), e estamos habilitados pelo poder do Espírito para julgar e discernir as coisas espirituais.
Se o que estou por fazer pode prejudicar a consciência de outro, mas estou estou convicto de que não há restrição, é melhor que me abstenha, então glória a Deus! Entretanto, se nessa circunstância, percebo que não haverá embaraço para ninguém, glória a Deus! Que seja feito.
Conclusão
Quando via-se livre para dar graças ao SENHOR, desfrutando de sua criação, Paulo assim procedia. Quando o testemunho do evangelho poderia resultar na salvação de um incrédulo, ou na edificação de um irmão, se deixasse de fazer algo, Paulo assim procedia. Ele não aprendeu isso sozinho, mas extraiu essa sabedoria a partir do exemplo do próprio Cristo, o rei da glória, que buscando os interesses do Pai, entregou-se em sacrifício para santificar um povo.
Sejamos pois imitadores de Paulo, tal como ele era de Cristo: que usemos a liberdade cristã com a sabedoria e discernimento que Deus nos concedeu, desfrutando de sua criação, e também testificando do evangelho, abstendo-nos dela, se preciso for, em razão da consciência do próximo, glorificando ao Senhor de ambas as formas.